• WhatsApp: +55 (98) 98414-1054

Doutrina


AS DUAS FASES DA EXPIAÇÃO


O Sacrifício Expiatório de Cristo


A Encarnação de Cristo



A prisca eras, sabe-se dos adocicados efeitos da natureza divina cobrindo Adão, fomentando amor, obediência e perfeição, enchendo o Éden de alegria e felicidade. A conspiração luciferiana no céu concebeu o pecado, brotando mistérios incompreensíveis ao vil e caído pecador. Valendo-se de Sua onisciência, o Senhor forjou o Plano de Redenção antes do pecado de Adão: "Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória." I Coríntios 2:7. Leia-se: antes dos séculos, em outra tradução, antes dos mundos; entende-se, antes da criação do homem. Destarte, o Plano de Redenção não foi concebido após Adão cometer pecado, mas antes do casal edênico cair. Na visão de Andreasen, com base nas Escrituras, mesmo quando Lúcifer pecou, o plano não estava completamente revelado, foi mantido em silêncio no viés do tempo: "Ora, àquele que é poderoso para estabelecer, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério mantido em segredo desde o início do mundo. mas que agora se manifestou e pelas escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, se fez conhecido a todas as nações para obediência da fé." Romanos 16:25-26. A esse respeito, o apóstolo Paulo prossegue asseverando: "Isto é, o mistério que me foi dado a conhecer por revelação, como já lhes escrevi em poucas palavras. Ao lerem isso vocês poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo. Esse mistério não foi dado a conhecer aos homens doutras gerações, mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus." Efésios 3:3-4. Conclui-se, com segurança, o Plano de Redenção não foi forjado posterior ao pecado, mas antes de Adão cair.

Se o homem fosse vencido por Satanás, originador do pecado, Jesus, como fiador, pagaria o preço da transgressão; neste sentido, manifesta-se o Espírito de Profecia:

Antes que os fundamentos da Terra fossem lançados, o Pai e o Filho se haviam unido num concerto para redimir o homem, se ele fosse vencido por Satanás. Haviam-se dado as mãos, num solene compromisso de que Cristo se tornaria o fiador da raça humana. Esse compromisso cumprira Cristo quando, sobre a cruz soltara o brado: 'Está consumado'.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 834

Cristo se ofereceu para restaurar o pecador, caso o mundo criado por Deus fosse contaminado pela miséria, enfermidade e morte causadas pela queda do homem. Adão pecou, e sua transgressão aterrorizou as hostes celestiais. Cristo, o Fiador, em concerto com o Pai, havia apresentado um meio de livramento para o transgressor. A esse respeito, esclarece o Espírito de Profecia:

Logo o vi aproximar-se da luz extraordinariamente brilhante que cercava o Pai. Disse meu anjo assistente: Ele está em conversa íntima com o Pai. A ansiedade dos anjos parecia ser intensa enquanto Jesus se comunicava com seu Pai. Três vezes foi encerrado pela luz gloriosa que havia em redor do Pai; e na terceira vez ele veio de seu Pai, e podia-se ver a sua pessoa. Fez então saber à hoste que um meio de livramento fora estabelecido para o homem perdido. Dissera-lhes que estivera a pleitear com seu Pai, e oferecera-se para dar sua vida como resgate, e tomar sobre si a sentença de morte, a fim de que por meio dele o homem pudesse encontrar perdão; que pelos méritos de seu sangue, e obediência à lei divina, ele poderia ter o favor de Deus, e ser trazido para o belo jardim e comer do fruto da árvore da vida.
WHITE, Ellen Golden. Primeiros Escritos. 3. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1988. pág. 149

Cristo pagaria o preço do pecado, formaria um caráter justo ao pecador unindo o esforço humano com Sua divindade, pleitearia em favor do pecador com Seu sangue, limparia o santuário e o universo da impureza do pecado, pacificando o céu e a terra. Para cumprir a supracitada obra, o Plano de Redenção foi criado e executado em duas fases, a saber, Cristo, vítima sofredora na cruz, tipos do primeiro advento, e, após vencer Satanás, ressuscitando, seria entronizado como rei vencedor e sumo sacerdote para cumprir os tipos do segundo advento.

Na visão de Ellen White, cunhada na página 129 do livro A Maravilhosa Graça de Deus, o propósito e plano da graça existiram desde a eternidade. Navegava em perfeita harmonia com o determinado conselho de Deus antes da fundação do mundo e das obras da criação. O homem foi criado à semelhança de Deus, dotado com poder para fazer a vontade divina. Mas a queda de Adão, com todas as suas consequências, não era desconhecida do Onipotente, e, todavia, ele não o impediu de levar avante o seu eterno propósito; pois, o Senhor estabeleceria o seu trono em justiça. Deus conhece o fim desde o princípio. Portanto, a redenção não foi um recurso posterior.

Com a concepção do pecado, o homem perdeu a natureza divina, o poder de fazer a vontade de Deus; caído, foi jogado no esgoto da natureza pecaminosa, escravo de Satanás. O Plano de Redenção consiste no pagamento do preço exigido pelo pecado, a morte. O Salvador rendeu a vida na cruz para pagar o preço exigido pela transgressão da lei e restaurar o perdido pecador, emprestando sua natureza divina para o homem adquirir novamente poder, capacidade e força espiritual de não transigir com a tentação, vencendo o pecado com a Justiça de Cristo imputada. Destarte, o homem volta a alimentar esperança de retornar ao Éden revestido de justiça divina, semelhante à natureza doada pelo Senhor em sua criação, reconciliando-se com os céus.

Em todo o Universo, apenas Cristo poderia assumir o lugar do transgressor para expiar o pecado, purificar o Santuário celestial e imputar Sua justiça para restaurar o pecador à santidade confiada antes da queda, reconciliando-o com Deus e os céus. O Filho de Deus desceria à Terra, morreria na cruz, cumprindo os tipos expiatórios do primeiro advento, resgatando este mundo caído das garras do tirano usurpador. Entrementes, Lúcifer levantou hipótese maliciosa, visando minar a obra de Cristo, semeou dúvidas na obra expiatória do Salvador, questionando qual natureza Cristo desceria à Terra: humana ou divina?



Em Qual Natureza Cristo Encarnou?



Visando contaminar a pureza do Plano de Redenção, Lúcifer teceu teses para arruinar o sucesso de Cristo, levantando suspeitas quanto à Sua encarnação e imunidade. A seu ver, se Cristo desceu à Terra imune ao pecado, usufruindo de Sua divindade, o plano seria uma fraude. Com natureza divina, Cristo venceria facilmente o pecado; não estava na mesma condição caída do pecador para suportar a prova e pagar o preço do resgate. De outro giro, se Cristo descesse à Terra munido da natureza pecaminosa, caída de Adão, Lúcifer acreditou aumentar sua chance de vencê-lo facilmente.

A famigerada tese macabra acerca da encarnação e imunidade de Cristo, da lavra de católicos e evangélicos, foi endossada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia na década de 1950. Trata-se da apostasia Ômega; com efeito, é algo repugnante; todavia, tem cunho profético. O declínio espiritual da Igreja Adventista do Sétimo Dia iniciou-se em 1888, em Minneapolis, rejeitando a doutrina da Justificação pela fé, apostasia Alfa, culminando na década de 1950 em apostasia Ômega, quando a liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia entrou em acordo com líderes porta-vozes evangélicos americanos, o Sr. Martin e Barnhouse, para a IASD não ser considerada seita, mas uma igreja como as demais igrejas evangélicas. O resultado dessa aliança logrou êxito em 1959, com a IASD fazendo concessões doutrinárias para se tornar membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, uma organização ecumênica. O preço pago foi alto; traição à doutrina, em especial à encarnação, imunidade de Cristo, manipulação dos Testemunhos e negação da Expiação em duas fases.

Ao viso de Andreasen, a Igreja Adventista do Sétimo Dia deveria abdicar de certas doutrinas fundamentais dos pioneiros adventistas, as quais são apoiadas pelo Espírito de Profecia e Ellen G. White. Dentre as doutrinas fundamentais, encontra-se a Encarnação; na tese levantada por católicos e evangélicos pré-lapsarianos, Jesus encarnou com natureza semelhante à de Adão antes da queda; portanto, dotado apenas de natureza divina, contrariando a posição dos pioneiros, endossada pelos Testemunhos de Ellen White. Segundo essa famigerada tese, Jesus encarnou com a natureza de Adão antes da queda; ou seja, sua natureza seria imune às paixões e às leis da hereditariedade, diferente, portanto, dos filhos de Adão, depois de sua queda.

Assim, a partir de 1957, os teólogos adventistas passaram a ensinar a tese pré-lapsariana; leia-se, Jesus veio com a natureza sem pecado de Adão, antes da queda, contrariando sólidos fundamentos ensinados pelos pioneiros e pela Sra. White. Ao seu ver, Jesus seria apenas nosso substituto e não nosso exemplo a ser seguido. Com essa mudança teológica, o mundanismo inundou a Igreja Adventista do Sétimo Dia, junto com o ecumenismo. Na ocasião, o Pastor Andreasen foi um dos poucos a se levantar contra essa apostasia, sofrendo severa represália e penalidades aplicadas pela liderança da igreja, removeram sua credencial de pastor e salário. Em retaliação, os membros da IASD recusaram-se a pagar seus dízimos enquanto a credencial e os salários do Pastor Andreasen não fossem restituídos; somente na década de 60, após o falecimento de Andreasen, a credencial foi restaurada.

Com efeito, a encarnação de Cristo faz parte do Plano de Redenção, um mistério para a limitada compreensão humana, caída. Entrementes, é de vital importância para o êxito do plano divino. Ao sentir de Andreasen, a palavra encarnação brota de duas palavras latinas, “in carnis”, significa em carne ou na carne. No sentido teológico, a encarnação revela Jesus assumindo a forma humana, revestido da natureza caída de Adão, posição pós-lapsariana, fato confirmado pelo apóstolo João: "Nisto conheceis o espírito de Deus; todo espírito que confessa que Jesus Cristo veia em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus." João 4:2-3. O supracitado texto de João confirma Jesus encarnar na natureza humana, pecaminosa, quebrando a tese luciferiana. Em assim sendo, o usurpador continua semeando dúvidas acerca da encarnação e imunidade do Salvador, transformando a doutrina em teste de discipulado para os remissos.

Com efeito, o Plano de Redenção está umbilicalmente ligado à encarnação, morte e ressurreição de Cristo. Motivo do áureo plano traçar a encarnação de Cristo na forma humana, absorvendo a natureza caída do pecador, purificado pelo fogo das tribulações, fazendo-se semelhante a seus irmãos, conforme testificam as Escrituras: "Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo." Hebreus 2:17. Nascido de mulher, encarnado em natureza pecaminosa, Jesus suportou as tentações, superou as provas e não transigiu com o pecado; destarte, sua vitória na cruz autorizou forjar um caráter moldado com a argamassa da sua natureza divina para auxiliar o pecador a não transigir com o pecado: "Ele é capaz de se compadecer dos que não tem conhecimento e se desviam, visto que ele próprio está sujeito à fraqueza." Hebreus 5:2. Sujeito às mesmas fraquezas humanas, Cristo, por experiência, sabia socorrer o débil pecador em suas tribulações; não podia fazer reconciliação (expiação) pelo homem sem tomar seu lugar e, em todas as coisas, se tornar como eles:

Cristo tomou a nossa natureza para que pudesse compreender como se compadecer de nossa fragilidade.
EGW , The Review and Herald, 19 de abril de 1870, parágrafo 12

Foi necessário Cristo ser tentado em todas as coisas e, como nós, sujeito à tentação e fraqueza. Leia-se: Cristo suportou a prova, conhece a medida de justiça necessária para cobrir o pecador, moldando um caráter divino, santificando o pecador. Cristo, superando o teste da cruz, pode emprestar sua natureza divina, na justa medida, enobrecendo o esforço humano com sua divina natureza, santificando o homem, devolvendo, em parte, poder divino para vencer o pecado, amar e obedecer ao Senhor, semelhante a Adão antes da queda; esta é a graça divina. A essência do Plano de Redenção visa resgatar, restaurar, recuperar o pecador, aproximando-o da santidade de Adão para reconciliá-lo com Deus e os céus.

Na visão de Andreasen, a palavra "convinha", lustrando o citado versículo 17 do capítulo 2 de Hebreus, ophilo, em grego, significa sob obrigação, deve, precisa, necessita, obrigado, devedor. No teor das Escrituras, para Cristo ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, obrigatoriamente, deveria ser igual a seus irmãos, isento de imunidade ou glória divina, impedindo os efeitos da natureza caída contraída no nascimento. Cristo não poderia fazer expiação pelo pecador sem tomar seu lugar e, em todas as coisas, se tornar semelhante a eles. Até a cruz, Cristo era semelhante a seus irmãos, ostentava a natureza humana, caída; contudo, ao vencer na cruz, foi entronizado, capaz de unir o esforço humano à sua natureza divina, construindo um caráter justo para ajudar o pecador vencer as tentações, não transigir com o pecado, passando no teste e recuperando a semelhança divina, capacitando-o obedecer a Deus e seus Mandamentos, cumprindo o ápice da expiação, a restauração do pecador à semelhança de Adão antes do pecado é a credencial indispensável para retornar ao Éden.

No promissor Plano de Redenção, Cristo não empunhava o poder de escolha sobre qual natureza desceria à terra; estava sob obrigação (convinha) de ser semelhante a seus irmãos, em igualdade de condições. Cristo necessitava, para cumprir o Plano de Redenção, sentir as tentações, fraquezas, provações e toda mazela da natureza caída para vencer e tornar-se Sumo Sacerdote, habilitado a fazer expiação pelo pecador, restaurá-lo, cobrindo-o com seu manto de justiça na exata medida necessária para santificá-lo. Sem experimentar o peso das tentações e se familiarizar com a natureza caída, Jesus não poderia auxiliar o pecador em suas tribulações:

Cristo tomou sobre Si a nossa natureza para que pudesse estar familiarizado com todas as nossas provações e tristezas, e, por conhecer todas as nossas experiências.
EGW, The Signs of the Times, 24 de novembro de 1887, parágrafo 10

Eis o motivo de Cristo obrigatoriamente se tornar semelhante a seus irmãos, rodeado de fraquezas: "Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado." Hebreus 4:15. Cristo suportou aflições, tomou nossas enfermidades e levou nossas doenças, conforme anunciado pelo profeta e esculpido no evangelho de Mateus; em tudo foi tentado: "Em toda a angústia deles ele foi angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e pela sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os dias da antiguidade." Isaías 63:9. Contudo, não pecou; modelou um manto na exata medida de sua justiça para lustrar a vontade humana, substituindo a natureza caída, pecaminosa, por sua divina natureza, restaurando e santificando o pecador. Fincado na comunhão com Deus, não transigiu com o pecado. Por exigência do Plano de Redenção, para Cristo se tornar sumo sacerdote e fazer expiação pelo pecado, necessitava passar por toda a experiência deflagrada sobre os ombros do caído pecador, forjando um manto de justiça capaz de santificar a herança de Adão.

A plenitude da natureza de Jesus é um tema palpitante e de profunda complexidade. Cristo esvaziou-se da natureza divina e assumiu a forma humana: "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo se semelhante aos homens." Filipenses 2:5-7. Como substituto do pecador, esvaziou-se da divindade e tomou a forma inteiramente humana:

Se ele não tivesse sido totalmente humano, cristo não poderia ter sido nosso substituto.
EGW, The Signs of the Times, 17 de junho de 1897, parágrafo 8

Ao vencer Satanás na cruz, Cristo resgatou este mundo, foi entronizado como Sumo Sacerdote e autorizado salvar a descendência de Adão, forjando um caráter justo para o pecador. Jesus uniu sua divindade à humanidade para reconciliar o homem com Deus; degenerado pelo pecado, o homem necessita da Justiça de Jesus:

Quando o Espírito de Deus toma posse do coração, transforma a vida. Os pensamentos pecaminosos são afastados, renunciadas as más ações; o amor, a humildade, a paz toma o lugar da ira, da inveja e da contenda. A alegria substitui a tristeza, e o semblante reflete a luz do céu. Ninguém vê a mão que suspende o fardo, nem a luz que desce das cortes celestiais. A benção vem quando, pela fé, a alma se entrega a Deus. Então, aquele poder que olho algum pode discernir, cria um novo ser à imagem de Deus. O Desejado de todas as Nações, pág. 172-173
WHITE, Ellen Golden. E Recebereis Poder. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1999. pág. 15

Somente a Justiça de Cristo é capaz de criar um novo ser à semelhança do caráter divino, perdido por Adão; alcançada pela fé, santifica o pecador, mudando sentimentos, pensamentos e ações, afastando-o do pecado e habilitando-o alcançar a justiça da lei. Leia-se; revestido do manto da Justiça de Cristo, o pecador é capaz de obedecer à Lei, amar a doutrina, trilhar os valores morais e adorar ao Criador com sua vontade cativa à vontade de Deus. A justiça da lei é alcançada pela justiça pela fé. Pela fé, o pecador alcança a Justiça de Cristo (santificação), tornando-se perfeitamente capaz de atender aos reclamos de justiça da Lei.

Por fim, conclui-se, Cristo encarnou na natureza humana, pecaminosa, sujeito às fraquezas e à queda, caso cedesse à tentação de Lúcifer. Tornou-se semelhante a seus irmãos. Em tudo foi tentado; contudo, não transigiu com o pecado.



A Suposta Imunidade de Cristo



É de bom tom tecer alguns comentários acerca da palavra encarnação. Deriva de duas palavras latinas, in carnis, significa 'em carne' ou 'na carne'.

Como termo teológico, denota assumir a forma e natureza humana por Jesus, sujeito às fraquezas e tentações; portanto, Cristo não estava imune, blindado contra o pecado.

De outro giro, faz-se necessário definir as palavras isento/imune e fraquezas. Andreasen coopera citando:

O College Standard Dictionary, define isento: liberar ou escusar de alguma obrigação pesada; libertar, desembaraçar ou dispensar de alguma restrição ou carga. O Webster´s New World Dictionary define isento: tirar, libertar, livrar como de um regulamento que os outros devem observar; escusado, liberado.... isenção implica uma dispensa de alguma obrigação ou exigência legal, especialmente quando outro não são liberados.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 11

Caso Cristo fosse imune, estaria blindado contra o pecado, Lúcifer acusaria Deus de injusto e o Plano de Redenção de fraude. Cristo assumiu a forma humana exatamente semelhante a seus irmãos, absorvendo a mesma natureza caída; contudo, não transigiu com o pecado. Quando Adão pecou, perdeu a justiça divina imputada por Deus, inclinando-se ao mal concebendo o pecado original. A obra de Cristo é emprestar a justiça perdida santificando o esforço humano, capacitando o pecador vencer as tentações, inclinando-se aos valores morais e ao bem. Cristo venceu o pecado, provando ao Universo a possibilidade de o pecador também vencer; basta ligar a argamassa de sua justiça com o esforço humano. Qual é o alvo do Plano de Redenção? Cristo imputar um pouco de sua justiça no coração do homem, ligando-a ao esforço humano forjado pelo livre-arbítrio, santificando o pecador, lustrando-o com poder espiritual capaz de não transigir com o pecado. Em suma, o pecador precisa participar da natureza divina de Cristo. Absorvendo a Justiça de Cristo, o pecador é santificado, volta a empunhar força física, poder mental e valor moral, como Adão antes do pecado.

Se Cristo fosse imune, isento das paixões humanas, com efeito, seria diferente de seus irmãos; não sentiria dores, emoções, fraquezas, tristeza, fome e demais emoções humanas, seria um Deus onipotente e não poderia sequer ser tentado:

Como Deus, Ele não podia ser tentado; mas, como homem, podia sê-lo, e isso fortemente, e podia ceder às tentações. Sua natureza humana teria de passar pela mesma prova e privação que Adão e Eva. Sua natureza humana foi criada; ela nem sequer possuía os poderes angélicos. Era humana, idêntica à nossa.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. v. 3. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1987. pág. 129

Na linha de colisão com teses contrárias, as Escrituras testificam Jesus sentindo as emoções citadas, comprovando absorver a natureza humana, caída. Ademais, Jesus não poderia receber nenhuma ajuda especial do Pai em seu teste; as Escrituras confirmam Cristo na cruz completamente abandonado, sem favores especiais. A ajuda dos céus recebida por Cristo no momento de prova é a mesma oferecida a todos os pecadores.

Satanás aguardava Cristo descer à terra ostentando a natureza caída, corruptora dos filhos de Adão; alimentava esperança de vencê-lo, assim como derrubou Adão. Seguindo o Plano de Redenção, Cristo desceu com a natureza pecaminosa de Adão; nesse sentido, emergem sólidas citações do Espírito de Profecia:

Deus permitiu a seu Filho vir, como um bebê carente, sujeito ás fraquezas da humanidade. Ele lhe permitiu enfrentar os perigos da vida em comum com cada alma humana, lutar a batalha que todo filho da humanidade deve lutar, ao risco de falha e perda eterna.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 41

Os Testemunhos se coadunam com as verdades esculpidas nas Escrituras. Cristo desceu com a natureza humana pecaminosa, sujeito a ceder às tentações e cair. Enfrentou o teste imposto a todo pecador, encarou perigos, lutou contra Lúcifer e venceu o pecado criando um modelo para salvar o pecador. O êxito da obra do Fiador consiste no pecador participar da natureza divina de Cristo, enobrecendo o esforço humano, crescendo em força física, poder mental, valor moral e fortaleza espiritual. De outro giro, a obra luciferiana é causar dúvidas, confusão e caos, motivo de Lúcifer criar doutrinas ancoradas em falsas teses teológicas visando enfraquecer a obra de Cristo e afastar o pecador dos privilégios da expiação. Em assim sendo, muitos irmãos bombardeados por falácias doutrinárias, teses falsas, escreveram para irmã White em busca de um porto seguro quanto a doutrina da natureza do Salvador, em resposta a profetisa respondeu:

Cartas têm me chegado, afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza como o homem, pois se o tivesse, Jesus teria caído sob tentações similares. Se Jesus não tivesse a natureza do homem, ele não poderia ser nosso exemplo. Se Jesus não fosse participante de nossa natureza, Ele não poderia ser tentado como tem sido o homem. Se não fosse possível Jesus ceder à tentação, Ele não poderia ser nosso ajudador. Foi uma solene realidade que Cristo veio para lutar a batalha como o homem, em favor do homem. Sua tentação e vitória nos dizem que a humanidade precisa copiar o Padrão; os homens devem tornar-se participantes da natureza divina. Reviw and Herald, 18 de fevereiro de 1890
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 14

Eis o mistério revelado: O Plano de Redenção exige do pecador participação da natureza divina de Cristo para se salvar. Ora, o pecado emergiu quando Adão perdeu a natureza divina recebida de Deus com o sopro de vida; portanto, os filhos de Adão só poderão retornar ao Éden, recuperar força física, poder mental e valor moral revestidos da natureza perdida no Éden. Como o pecador pode recuperar a divina natureza perdida no Éden? Simples: Cristo pagou o preço, passou no teste, venceu o pecado, Satanás e a morte; portanto, em todo o Universo, é o único ser capaz de emprestar justiça, adicionando a natureza divina perdida por Adão ao esforço humano. Neste parecer, se ancora o Plano de Redenção para restaurar o pecador ao status de Adão antes da queda:

Cristo tomou sobre si a natureza humana e depôs sua vida como sacrifício, para que o homem, tornando-se participante da natureza divina, pudesse ter vida eterna. Cristo não somente era o sacrifício, mas também o Sacerdote que ofereceu o sacrifício.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 3. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1987. pág. 141

Quando o pecador participa da natureza divina de Cristo, forjando um caráter justo, ele é santificado, recupera a força física, poder mental, valor moral e espiritual, maculados pelo pecado, nascendo de novo tornando-se nova criatura, fabricado pela Justiça de Cristo emprestada, vencendo nos méritos do Salvador.

À guisa de informação, diga-se, quando Adão e Eva foram seduzidos por Lúcifer, ostentavam natureza divina; a glória de Deus santificava o casal edênico. Cristo, por sua vez, quando foi assaltado pelo tentador, encontrava-se sujeito à natureza caída por quatro mil anos, pecaminosa, inteiramente humana:

Quando Adão foi assaltado pelo tentador, nenhum dos efeitos do pecado estava sobre ele. Adão permaneceu na força da perfeita varonilidade, possuindo o pleno vigor de mente e corpo... Não foi assim com Jesus quando entrou no deserto para lutar com Satanás. Por quatro mil anos a raça humana tinha estado decrescendo em força física, em poder mental, em valor moral; e Cristo tomou sobre Si as enfermidades da humanidade degenerada. Somente assim poderia Jesus resgatar o homem das mais baixas profundezas de sua degeneração.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 102

Do tempo de Adão até Cristo, a condescendência havia aguçado o poder letal dos vícios, apetites e paixões; o pecador aviltado não tinha forças para vencer. Cristo enfrentou Satanás, açoitado pela natureza pecaminosa, com quatro mil anos de decadência; sob seus ombros pesava os pecados da humanidade, segundo o profeta de Deus: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido." Isaías 53:4. Cristo não venceu o teste amparado por sua divindade; encontrava-se coberto pela natureza caída, pecaminosa. Seu êxito deve-se ao fato de o Salvador ligar-se ininterruptamente com Deus e não transigir com o pecado. Leia-se: transigir com o pecado significa alimentar pensamentos, inclinações, desejos e sentimentos voltados ao pecado. A título de exemplo, quando o pecador cobiça, primeiro ele transige, se familiariza com o ato pecaminoso, alimenta pensamentos e nutre desejos para depois consumar. Cristo não transigia com o pecado; não alimentava desejos pecaminosos. Sua mente, razão, vontade e afeições estavam umbilicalmente ligadas ao Criador; cativo à vontade do Pai, por esse canal alimentava seu espírito com a glória divina, forjando um modelo para restaurar o penitente pecador.

Outro ponto controverso merece ser levado a desate: trata-se de infundada tese luciferiana acusando Cristo de fraude, alegando impossibilidade de Cristo ser vencido pela tentação amparado por sua natureza divina. Contudo, Cristo desceu à Terra na natureza humana pecaminosa, assumindo todos os riscos e venceu. Nesse sentido, a irmã White escreveu:

Muitos reclamam que era impossível para Cristo ser vencido pela tentação. Então Ele não poderia ter sido colocado na posição de Adão ... nosso Salvador tomou a humanidade com todas as suas responsabilidades. Ele tomou a natureza de Adão com a possibilidade de ceder à tentação.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 102

Os Testemunhos se coadunam com as Escrituras neste particular; para ambos, Cristo tomou a natureza pecaminosa de Adão, sujeito a cair, ceder à tentação:

As tentações às quais Cristo estava sujeito eram uma terrível realidade. Com um agente livre Jesus foi colocado em provação com a liberdade de ceder às tentações de Satanás e operar em oposição a Deus. Se assim não fosse possível que Cristo caísse, ele não poderia ter sido tentado em todos os pontos como a família humana é tentada.
The Youth’s Instructor, 26 de outubro de 1899, parágrafo 8 / ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 13

Se Adão caiu quando portava natureza divina, Cristo poderia ser vencido pela tentação ostentando natureza pecaminosa. Cristo ficou exposto às mesmas tentações da descendência de Adão, com quatro mil anos de degeneração, podendo se rebelar contra Deus:

As tentações às quais Cristo estava sujeito eram uma terrível realidade. Com um agente livre Jesus foi colocado em provação com a liberdade de ceder às tentações de Satanás e operar em oposição a Deus. Se assim não fosse possível que Cristo caísse, ele não poderia ter sido tentado em todos os pontos como a família humana é tentada.
The Youth’s Instructor, 26 de outubro de 1899, parágrafo 8 / ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 13

Cristo não foi favorecido pelo céu ou por sua divindade; pelo contrário, suportou a provação, contaminado pela caída natureza, estranha para ele. Todavia, era a única forma de resgatar o pecador e este mundo das teias do usurpador:

Cristo portou os pecados e enfermidades da raça como ela existia quando Ele veio à terra para ajudar o homem.... Jesus tomou a natureza humana, e suportou as enfermidades da raça degenerada. As Tentações de Cristo, 30;31.
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 14

Com natureza caída, pecaminosa pesando sob seus ombros, Cristo tomou a enfermidade da humanidade, enfrentou e venceu Satanás, portando natureza humana. A divindade de Cristo, no momento da provação, foi escondida, conforme relatam os Testemunhos:

Cristo venceu a Satanás na mesma natureza sobre a qual Satanás obteve a vitória sobre o homem. O inimigo foi vencido por Cristo em sua natureza humana. O poder da divindade do Salvador foi escondido. Ele venceu na natureza humana, dependendo de Deus para ter força. Este é o privilégio de todos. The Youth’s Instructor, 25 de abril de 1901, parágrafo 11
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 14

Cristo esvaziou-se de sua glória, deixou o poder de sua divindade com o Pai e desceu à Terra com a natureza caída de Adão:

Ele deixaria toda sua glória no céu, apareceria na Terra como um homem, humilhar-se-ia como um homem, familiarizar-se-ia pela sua própria experiência com as várias tentações com que o homem seria assediado, a fim de que pudesse saber como socorrer os que fossem tentados...
WHITE, Ellen Golden. Primeiros Escritos. 3.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1988. pág. 150

A vida de um anjo não podia pagar a dívida. Cristo era o único ser no Universo com a mesma substância do Pai, único capaz de modelar um caráter justo para capacitar o pecador obedecer por seus méritos. Em natureza caída, Jesus desceu à Terra:

Jesus lhes disse que pela sua morte salvaria a muitos; que a vida de um anjo não poderia pagar a dívida... Que ele tomaria a natureza decaída do homem, e sua força não seria mesmo igual à deles.
WHITE, Ellen Golden. Primeiros Escritos. 3. ed. Casa Publicadora Brasileira, 1988. pág. 150

Cristo foi um exemplo, modelo para o pecador. Unindo esforço humano com sua divindade ou Espírito Santo, o pecador formaria um caráter justo e santificado. Entrementes, como acontece esse processo, segundo o Espírito de Profecia:

Ele não consentia com o pecado. Nem por um pensamento. O mesmo se pode dar conosco. A humanidade de Cristo estava unida à divindade; estava habilitado para o conflito, mediante a presença interior do Espírito Santo. E veio para nos tornar participantes da natureza divina. Enquanto a ele estivermos ligados pela fé, o pecado não mais terá domínio sobre nós. Deus nos toma a mão da fé, e a leva a apoderar-se firmemente da divindade de Cristo, a fim de atingirmos a perfeição de caráter.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 109

Cristo, a exemplo de qualquer pecador dotado da natureza caída, precisa lançar mão do Espírito Santo. O texto é claro: a presença interior do Espírito Santo alimentava o poder moral e espiritual de Cristo, criando barreira de contenção contra tentações e paixões.

O homem foi criado à imagem e semelhança do Criador. Dotado de faculdades puras, atributos perfeitos, santificados pela glória divina. Com o pecado, Adão perdeu a glória divina; os atributos foram contaminados pelo pecado, razão, consciência, vontade e as afeições se inclinaram ao mal. A obra de Cristo na expiação consiste em restaurar, santificar os aludidos atributos, imputando sua justiça, permitindo ao pecador participar de sua divindade:

É nosso privilégio possuir os mais altos atributos de seu ser, se por meio das providências tomadas por ele nos apropriarmos dessas bênçãos e diligentemente cultivarmos o bem em lugar do mal. Temos razão, consciência, memória, vontade, afeições – todos os atributos que um ser humano pode possuir. Mediante a providência tomada quando Deus e o Filho de Deus fizeram um concerto para libertar o homem da escravidão de Satanás, foram providos todos os meios que a natureza humana se unisse com a sua natureza divina.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 3. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1987. pág. 130

O pecador possui os mesmos atributos de Cristo; a diferença consiste na contaminação. Cristo conservou seus atributos perfeitos, conforme a obra da criação, e o homem foi contaminado pelo pecado, inclinando-se ao mal. O único remédio capaz de restaurar o pecador encontra-se na obra expiatória de Cristo, permitindo aos descendentes de Adão participarem da natureza divina de Cristo:

Sendo participantes da natureza divina podemos permanecer puros, e santos e incontaminados.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 3. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1987. pág. 131

Restaurando a pureza dos atributos da razão, consciência, vontade e afeições, o pecador penitente volta a amar e obedecer ao Criador.

Alimentando comunhão constante com o Pai, absorvendo a natureza divina de Cristo, o Espírito Santo, o pecador adquire força física, valor moral e poder espiritual, vencendo tentações pequenas e médias até as grandes tentações se tornarem irrelevantes, não mais uma tentação, pela força da ligação do ramo com a videira. Cristo se alimentou da comunhão com o Pai, seu espírito, robustecido, regado pelo Espírito ou glória de Deus, venceu a tentação, Satanás e a morte, aprovado no teste sem nenhum benefício de seu poder divino:

E Cristo não devia exercer poder divino em seu próprio benefício. Viera para sofrer a prova como nos cumpre a nós fazer, deixando-nos um exemplo de fé e submissão.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 105

Destarte, Cristo forjou um caráter justo, na medida exata para santificar o pecador, restaurando-o e reconciliando-o com o Pai.

Cristo enfrentou Satanás com natureza inferior à de Adão após a queda, com quatro mil anos de degeneração. De acordo com a Bíblia e os Testemunhos, não restam dúvidas acerca da natureza de Cristo no momento de prova. Cristo enfrentou Lúcifer com a natureza humana, pecaminosa, sem imunidade nem blindagem contra o pecado; sua divindade foi escondida. Cristo venceu revestido da natureza dos caídos filhos de Adão, podia ceder à tentação, contudo, não transigiu com o pecado. Venceu Satanás, o pecado e a morte, tornando-se Sumo Sacerdote, digno de fazer expiação, emprestar Justiça e santificar o pecador.



A Posição Adventista Antes e Depois da Apostasia Ômega



Os pioneiros adventistas labutaram arduamente para consolidar o corpo doutrinário da igreja, a reluzente obra ocorreu lenta e paulatinamente; todavia, ao final, conseguiram construir um porto doutrinário seguro para os membros da igreja, em especial, a doutrina da encarnação, imunidade de Cristo, santuário e as duas fases da expiação. De acordo com textos já apresentados, laureando a Bíblia e os Testemunhos, Cristo encarnou na natureza pecaminosa dos filhos de Adão, sem imunidade ou blindagem contra o pecado, podia cair, ceder à tentação. Desta forma, acreditavam os pioneiros adventistas; contudo, a verdade foi invertida, transformada em mentira na apostasia ômega da Igreja Adventista. A posição doutrinária da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quanto à tese da encarnação e imunidade de Cristo, antes da apostasia ômega, é defendida em duas publicações do Biblie Readings (estudo Bíblico): uma da Pacific Press, de 1916, e outra da Southern Publishing House, de 1944, ensinavam a respeito da humanidade do Salvador de acordo com os pioneiros e Testemunhos de Ellen White:

Em sua humanidade Cristo participou de nossa pecaminosa natureza caída. Se assim não fosse, então, Ele não teria sido feito ‘como seus irmãos’, não fora em todos os pontos tentado como nós somos, não vencera como temos de vencer, e não é, portanto, o completo e perfeito Salvador que o homem precisa e deve ter para ser salvo. A ideia de que Cristo foi nascido de uma mãe imaculada e sem pecado (os protestantes não reivindicam isto para a virgem Maria, [mas os católicos sim]), que não herdou tendências para o pecado, e que por isto não pecou, remove Jesus do mundo caído, e do próprio lugar onde a ajuda é necessária. Em seu lado humano, Cristo herdou exatamente o que todo filho de Adão herda – uma natureza pecaminosa, caída. Do lado divino, desde a sua própria concepção Jesus foi gerado e nascido de Espírito. E isto foi feito para colocar a humanidade em posição vantajosa, e para demonstrar que do mesmo modo que todos os que são nascidos do Espírito podem ganhar semelhante vitória sobre o pecado em sua própria carne pecaminosa. Assim cada um deve vencer como Cristo venceu (Apocalipse 3:21). Sem este nascimento não pode haver vitória sobre a tentação, e nenhuma salvação do pecado (João 3:3-7).
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 40

Até as supracitadas datas, de acordo com os textos, defendiam a teologia dos pioneiros, acreditavam na encarnação de Cristo, semelhante a seus irmãos, participando da natureza caída, sem imunidade, sujeito a ceder à tentação.

Entrementes, esta posição mudou na década de 1950, quando lideranças da Igreja Adventista do Sétimo Dia firmaram acordo com ministros evangélicos, Walter R. Martin e Donald Grey Barnhouse, para a Igreja Adventista do Sétimo Dia ser considerada semelhante às igrejas evangélicas e não uma seita.

Os ministros evangélicos, Martin e Barnhouse, nos termos do acordo selado, impuseram condições escusas para a igreja seguir, denunciadas pelo ferrenho opositor da famigerada aliança, o pastor Andreasen:

Para tanto, a IASD deveria abdicar de certas doutrinas fundamentais dos pioneiros adventistas, as quais são apoiadas pelo Espírito de Profecia de Ellen G. White. Dentre essas doutrinas fundamentais está a da Encarnação, a qual os evangélicos e católicos crêem que Jesus encarnou com a natureza de Adão antes de sua queda, ou seja, Sua natureza seria isenta ou imune às paixões e às leis da hereditariedade a que estão sujeitos os filhos de Adão, depois de sua queda.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 03

A condição para a Igreja Adventista do Sétimo Dia ser considerada evangélica era mudar certas doutrinas fundamentais, adulterar os Testemunhos, passando a crer semelhante aos evangélicos. Segundo o ditado popular, uma vez com sapos, de cócoras com eles.

O incômodo pastor Andreasen, testemunha ocular dos citados fatos, com lamento protestou, levantou-se contra a aliança; contudo, em vão, a igreja cedeu às exigências, aceitando as condições espúrias impostas. Walter Martin, em reunião com lideranças da Igreja Adventista, criticou a literatura da igreja, defendendo a teologia dos pioneiros ancorada nos Testemunhos; de inopino, os livros foram recolhidos e "corrigidos", segundo a nova teologia:

O Sr. Martin imediatamente... percebeu que os adventistas estavam energicamente negando certas posições doutrinárias que antes eram-lhes atribuídas. Principalmente entre essas estavam a questão da marca da besta, e da natureza de Cristo enquanto em carne. O Sr. Martin apontou-lhes que na livraria adventista anexa ao edifício em que essas reuniões estavam ocorrendo, um certo volume publicado por eles e escrito por um dos seus ministros categoricamente afirmava o contrário do que eles estavam agora declarando. Os líderes mandaram buscar o livro e descobriram que o Sr. Martin estava correto, e imediatamente levaram esse fato à atenção dos oficiais da Conferência Geral, que a situação tinha de ser remediada e que tais publicações tinham de ser corrigidas.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 18

Feitas as devidas correções exigidas pelo ministro evangélico Walter Martin, a igreja negou a fé uma vez confiada aos santos e naufragou na apostasia ômega, infiltrada no ecumenismo:

À partir de 1957, os teólogos adventistas passaram a ensinar que Jesus veio com a natureza sem pecado de Adão, antes de sua queda, ao contrário do que ensinavam os pioneiros e a Sra. White. Jesus seria apenas nosso substituto e não nosso exemplo a ser seguido. Com essa mudança teológica o mundanismo entrou na IASD, junto com o ecumenismo.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 03

Cumpridas as condições impostas, em 1959, a Igreja Adventista do Sétimo Dia passou a fazer parte como membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, uma organização ecumênica, sendo considerada uma igreja evangélica, gozando de privilégios mundanos abandonando o adventismo.

O nascente paradigma ancorado na nova teologia adventista posicionou os membros diante de uma dicotomia: ou acreditavam na nova teologia ou nos Testemunhos da irmã White. Ninguém poderia reivindicar fé nos Testemunhos e crer na nova teologia escrita no livro Questões sobre Doutrina. Segundo ANDREASEN (2001), com essas reflexões em mente, lemos com espanto e perplexidade, mesclado com tristeza, a falsa declaração em Questões sobre Doutrina, pág. 383, asseverando:

Cristo foi "isento das paixões herdadas e das poluições que corrompem os descendentes naturais de Adão".
Questões sobre Doutrina, pág. 383

Na página 383 do livro Questions on Doctrine ocorre a declaração onde Cristo:

Estava isento [imune] das paixões herdadas e das poluições que corrompem os descendentes naturais de Adão.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 3

A nova teologia, oposta à posição dos pioneiros e dos testemunhos, abalou a estrutura da igreja. A inovação doutrinária, moldada para cumprir exigências de evangélicos, corrompeu a doutrina da Igreja Adventista do Sétimo Dia, culminando em apostasia, ecumenismo e rompimento com Deus.



Axioma para Ancorar a Nova Doutrina: Primeira Premissa



A moderna teologia se ancorou em duas premissas. A primeira falsificou a interpretação de textos da irmã White, no sentido de forçar o contexto para sustentar isenção ou imunidade do Salvador. Ao seu sentir, Cristo era imune às paixões herdadas. Eis os textos apresentados:

Cristo é nosso exemplo em todas as coisas. Ele é um irmão em nossas enfermidades, mas não em possuir paixões semelhantes. Testimonies, vol. 2, pág. 202
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 93

O outro texto, também deslocado do contexto pela nova teologia adventista, diz:

Jesus era um poderoso suplicante, não possuindo as paixões de nossas humanas naturezas caídas, mas cercado com enfermidades semelhantes, tentado em todos os pontos mesmo como somos. Testimonies, vol. 2, pág. 509
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 93

Se faz necessário observar abissal diferença entre paixões e poluição; a primeira se manifesta em afeto, desejo, atração, emoção, enquanto a segunda é sinônimo de impureza, mácula, corrupção, degradação, sujeira, contaminação. Os dois textos tratam de Cristo sujeito a paixões; contudo, Jesus não se poluiu. Quando a irmã White declara Cristo não possuía paixões, não significa ser imune; ele simplesmente não alimentou paixões, contudo era sujeito a cair na tentação. Cristo nasceu sujeito às fraquezas humanas:

Deus permitiu seu Filho vir, um indefeso bebê, sujeito à (não imune à) fraqueza da humanidade. Ele lhe permitiu enfrentar os perigos da vida em comum com toda alma humana, lutar a batalha como cada filho da humanidade precisa combate-la, ao risco de fracasso e ruína eterna.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 41

Não ter paixões não equivale a ser isento. Adão não alimentava paixões antes do pecado, todavia, caiu.

Cristo, quando criança, pensava como qualquer criança; a diferença descansa no fato de Jesus não alimentar paixões, não transigir com o pecado:

Enquanto ele era uma criança, ele pensava e falava como criança, mas nenhum traço de pecado desfigurava a imagem de Deus dentro dele. Não obstante ele não estava isento (não imune) a todos os conflitos que temos que enfrentar.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 60

Os primeiros anos da vida de Cristo foram de estudo das Escrituras; orientado por Maria, sua mãe, recusou as escolas das sinagogas. A luz da presença de Deus crescia, alimentada pelo Espírito Santo: "E o menino crescia, e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele." Lucas 2:40. A comunhão com Deus, mediante oração, consagração e meditação, desenvolveu as faculdades mentais, morais e espirituais, conservando os pensamentos de Cristo umbilicalmente ligado ao Pai. Vigilância para conservar a semelhança de Deus era o segredo de Jesus não ser poluído pelas paixões. A comunhão com Deus, mediante oração, desenvolve as faculdades mentais, morais e espirituais; esse era seu porto seguro, contudo, a tentação batia à porta frequentemente. Segundo afirma a irmã White, era necessário Jesus estar sempre em guarda para preservar a imagem de Deus dentro dele. As paixões consomem os herdeiros de Adão por desfigurarem a imagem de Deus e rejeitarem sua justiça.

Não ter paixão equivale a uma pessoa não diabética; contudo, ela pode vir a contrair caso alimente fatores causadores da patologia; a título de exemplo, ingerir exagerada quantidade de açúcar. De igual modo, as paixões não brotam do acaso; precisam ser regadas por pensamentos impuros, desejos carnais acariciados para contaminar a alma, transigindo com o pecado. A paixão só contamina o pecador caso se coloque em situação de risco. Jesus era vigilante, orava sem cessar para conservar a semelhança de Deus, antídoto das paixões. O pecador, copiando Jesus, pode alcançar força física, valor moral e poder espiritual para resistir às paixões e não transigir com o pecado. Os textos apresentados em defesa da tese aniquilam, ceifam a nova teologia adventista, não confirmam a imunidade de Cristo; dizem simplesmente a imagem de Deus era uma barreira de contenção contra as paixões. Qualquer pecador pode conservar a semelhança de Deus, laureado pela Justiça de Cristo, e não ser poluído por paixões.

Concluindo, diga-se: por qual motivo Jesus não tinha paixões? A irmã White responde:

Porque a alma precisa propor-se ao ato pecaminoso antes que a paixão possa ter domínio sobre a razão, ou a iniquidade triunfar sobre a consciência. Testimonies, vol. 5, p. 177.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 94

Cristo não transigiu com o pecado. Sua obra é imputar justiça no coração humano, conservar a semelhança divina intacta, santificando o pecador para brotar força física, valor moral e firmeza espiritual, apto a resistir às paixões, dominando a razão. Jesus não alimentava paixões; não significa ser imune, era necessário estar em constante oração, alerta, para preservar sua pureza:

Ele poderia ter pecado, Ele poderia ter caído. SDABC, vol. 5, pág. 1128.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 94

Tentação não é pecado. No bojo dos Testemunhos, textos explicativos desatam o nó. Ao sentir da profetisa, quando pensamentos impuros são acariciados, eles não precisam ser expressos em palavras ou atos para consumar o pecado e levar a alma à condenação. Um pensamento impuro tolerado, um desejo pecaminoso acariciado, e a alma está contaminada. Todo pensamento mau deve ser imediatamente repelido. Paixão e poluição são diferentes; não podem ser colocadas no mesmo nível, a exemplo da obra nefasta manchando o livro Questões sobre Doutrinas. Jesus poderia ter pecado e caído; contudo, cuidou em conservar a semelhança divina em seu coração, repelindo a fumaça das paixões.



A Segunda Premissa



A segunda premissa, adulterou os Testemunhos, visando sustentar a nova doutrina manipulada. A infeliz adulteração dos Testemunhos sacrificou pilares fundamentais da fé cristã. O fruto da maléfica aliança apodreceu o sistema doutrinário da Igreja Adventista, confirmando a apostasia Ômega. Este fato foi omitido dos irmãos; neste sentido se manifestou Andreasen:

Nossos membros estão muito desapercebidos das condições existentes, e todo esforço está sendo feito para mantê-los em ignorância. Ordens foram emitidas para manter tudo em segredo, e será notado que mesmo na última sessão da Conferência Geral [1958] nenhum relatório foi dado sobre o tráfico de nossos líderes com os evangélicos e de fazer aliança com eles. Nossos oficiais estão brincando com fogo, e a conflagração resultante cumprirá a predição de que a vinda da apostasia Ômega será de natureza mais surpreendente.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 24

A apostasia Alfa ocorreu em 1888, quando a Igreja Adventista rejeitou a mensagem da Justiça de Cristo. A apostasia Ômega, de natureza surpreendente, foi observada por Andreasen:

Alcançamos uma crise nesta denominação, quando os líderes estão tentando impor falsa doutrina e ameaçar aqueles que protestam. O programa inteiro é inacreditável. Os homens estão tentando agora remover os fundamentos de muitas gerações, e penso que terão sucesso. Se não tivermos o Espírito de Profecia não poderemos saber do afastamento da sã doutrina que agora está nos ameaçando, e a vinda do Ômega que dizimará nossas fileiras e causará feridas graves. A situação presente foi claramente prevista. Estamos próximos do clímax.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 55

A apostasia Ômega envolve negar doutrinas pilares do adventismo, agravada pela adulteração dos testemunhos para ancorar fraudes visando bens temporais, posição social e ganância, rompendo o vínculo com Deus. A apostasia anunciada pelo Espírito de Profecia se cumpriu no malsinado evento:

Senti, e agora sinto, que esta denominação está enfrentando a apostasia predita há longo tempo atrás, que nossos líderes estão seguindo o exato procedimento que o Espírito de Profecia delineou que se seguiria, e que eu tenho um dever do qual não devo me esquivar.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 79

A surpreendente apostasia ômega não resultou em um simples afastamento de Deus, mas em um rompimento definitivo com os céus e na queda da igreja. Ao sentir do Andreasen:

Era uma completa ruptura da fé. Era como substituir Lia por Raquel, uma transação desonrosa.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 87

Demolir pilares do Cristianismo equivale anular a graça divina, rejeitar a sã doutrina e romper com os céus. Líderes adventistas derrubaram as colunas do adventismo em troca de favores seculares, cumprindo-se a surpreendente apostasia ômega. A obra destruidora dos pilares do adventismo brotou de dentro da igreja, rompendo com Deus definitivamente. A igreja foi vomitada; cortaram o cabo ligando à rocha eterna. A igreja Adventista encontra-se à deriva no mar, sem mapa ou bússola. A igreja caiu e não se levantará mais.

Precisamente na década de 1950, líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia firmaram aliança com ministros evangélicos visando à glória terrestre. Os ministros exigiram reforma no corpo doutrinário da igreja. Entre as doutrinas a serem reformuladas ou aniquiladas, encontrava-se a encarnação de Cristo, imunidade, marca da besta, expiação e santuário, colunas da fé adventista.

Para sustentar a nova doutrina, era necessário torcer os contextos dos escritos de Ellen White e adulterar os testemunhos. A imprudente obra de remover os marcos fixados por Deus, modificando os testemunhos, coube a Leroy Froom e Roy Allan Anderson, auxiliados por Walter Read. A Associação Geral confiou aos supracitados irmãos a missão de investigar os depositários de White, forjar textos e escrever o livro Questões sobre Doutrina, com acentuada mudança doutrinária nos pilares da fé adventista, confirmando a nova teologia em detrimento das verdades eternas:

em Questions on Doctrine [livro forjado por Leroy Froom e Roy Anderson, publicado em 1957, que contém mudanças doutrinárias para agradar evangélicos, a fim da IASD não mais fosse considerada como seita].
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 48

A ordem da vez trata da expiação, ora em progresso no santuário celestial, doutrina negada pelos evangélicos, comparsas dos líderes adventistas na obra de demolição dos pilares fundamentais do adventismo:

Em primeiro de maio de 1957 dois homens Roy Allan e Walter Read, membros da comissão foram escolhidos para escrever o livro Questions on Doctrine (Questões sobre Doutrinas) e convidados pela mesa para reunir-se, a fim de discutir as questões que tinham recebido alguma consideração na reunião de janeiro de 1957. Referia-se a afirmações feitas pela Sra. White com relação à Expiação ora em progresso no santuário celestial. Essa concepção não estava de acordo com as conclusões atingidas pelos líderes da denominação em conselho com os evangélicos.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 25

Os evangélicos questionavam e criticavam a doutrina da Expiação em andamento no céu, Santuário, juízo investigativo, 2.300 dias e data de 1844. A seu viso, deveriam ser abolidas, como doutrinas fantasiosas criadas para cobrir aparências do desapontamento de 1844:

O assunto que tomou muito tempo nas conferências foi o do santuário. O Dr. Barnhouse foi franco em sua estimativa dessa doutrina. Ele chamou a não importante e quase ingênua doutrina do juízo investigativo que ele caracterizou como "o fenômeno mais colossal, psicológico, para salvar as aparências na história religiosa."
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 28

Diante da infundada crítica, o pastor Andreasen esperava, no mínimo, a defesa da fé confiada aos santos. Contudo, não o fizeram os líderes adventistas; pelo contrário, forjaram um livro para suprimir e modificar as doutrinas, fruto do incômodo dos evangélicos.

Outras reuniões secretas aconteceram ao longo de três anos, envolvendo líderes adventistas e ministros evangélicos, visando à aceitação dos adventistas e associação em grupos ecumênicos de igrejas dos Estados Unidos:

Os líderes Adventistas estiveram por algum tempo em contato com dois ministros de outra fé, evangélicos, o Dr. Barnhouse e o Sr. Martin. A questão de grande importância foi se os adventistas poderiam ser considerados cristãos enquanto mantêm tais pontos de vista, como a doutrina do santuário; os 2300 dias; a data de 1844; o juízo investigativo; e a obra expiatória de Cristo no santuário no céu desde 1844.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 26

As ocultas, longe dos holofotes dos irmãos, líderes adventistas tramavam como remover os marcos fixados, quebrar os pilares da fé adventistas seduzidos pelos favores seculares.

Os dois grupos gastaram centenas de horas estudando, e escreveram muitas centenas de páginas. Os evangélicos visitaram nossa sede em Takoma Park, e nossos homens visitaram Filadélfia e foram hóspedes do Dr. Barnhouse em sua confortável casa. Após longas e demoradas discussões, os dois partidos chegaram finalmente a um acordo.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 26

Em adocicadas reuniões, os evangélicos exigiram reforma e rejeição de doutrinas fundamentais adventistas, os líderes prontamente atenderam. Adulteraram o Espírito de Profecia e torceram contexto para moldar os irmãos a nova doutrina, visando reconhecimento evangélicos para serem considerados cristãos e filiar-se nos movimentos ecumênicos.

Como dito alhures, tudo costurado nas trevas, as ocultas, inclusive de pastores, a exemplo do pastor Andreasen, ferrenho opositor, foi punido, perdeu a credencial de pastor. Com muita insistência e investigação, colheu documentos confidenciais e começou a desvendar a fraude:

Até hoje (1959) não sabemos, e não supomos saber, quem realizou as conferências com evangélicos. Não sabemos, e não supomos conhecer, quem escreveu Questons sobre Doctrine.
[Posteriormente, soube-se que fora escrito pelos pastores Leroy Froom e Roy Allan Anderson]. Não sabemos, nem supomos saber, exatamente que mudanças foram feitas, e em que livros, concernente a marca da besta e a natureza de Cristo enquanto em carne. Não sabemos quem autorizou a omissão do capítulo 13 do Apocalipse em nossas lições da Escola Sabatina para segundo trimestre de 1958, que trata da marca da besta. [Não é à toa que já em 1959 a Conferência Geral da IASD entrou como sócia da organização ecumênica Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos].
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 27-28

De fato, ocorreu mudança nos livros de Ellen White referentes à doutrina do santuário. A título de exemplo, faz-se necessário citar um texto cunhado no livro de Elias Thomé Zorub (pastor adventista), escrito em 1938. A supracitada obra não foi publicada pela Casa Publicadora Brasileira; entrementes, cita um texto do livro A Grande Controvérsia, posteriormente recebeu novo título de O Grande Conflito ou Conflito dos Séculos. Na obra de Zorub, "O Tempo da Chuva Serôdia à Luz do Santuário", página 09, existe uma citação de Ellen White nos termos seguintes:

O assumpto do santuário e do juízo de investigação devia ser perfeitamente comprehendido do povo de Deus. Todos necessitam conhecer a posição e a obra do seu grande summo sacerdote, alias ser-lhes-á impossivel exercer a devida fé no que é essencial no presente tempo até nós reconhecermos que a doutrina do santuário celestial é caracteristica do movimento da adventismo de sétimo dia. A Grande Controversia, págs. 488.
ZORUB, Elias Thomé. O Tempo da Chuva Serôdia à Luz do Santuário. 1. ed. 1938. pág. 09

Este livro de Ellen White, A Grande Controvérsia, citado por Zorub, foi publicado antes do acordo dos líderes adventistas com evangélicos.

Levando em consideração a gravidade dos fatos, faz-se necessário apresentar o mesmo texto no livro O Grande Conflito, publicado após o famigerado acordo com porta-vozes evangélicos:

O assunto do santuário e do juízo de investigação, deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, serlhes-á Impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 491-492

Veja o texto suprimido, eliminado do livro: alias ser-lhes-á impossível exercer a devida fé no que é essencial no presente tempo até nós reconhecermos que a doutrina do santuário celestial é característica do movimento da adventismo do sétimo dia. O texto é um dos pilares do adventismo. Segundo o Espírito de Profecia, é impossível exercer fé sem reconhecer a doutrina do santuário celestial como característica do movimento do adventismo do sétimo dia. Leia-se: se retirar a doutrina do santuário, modificar, suprimir ou modelar, o adventismo perde sua característica; a igreja deixa de ser adventista e se transforma em evangélica.

Observe agora o texto suprimido para se amoldar à nova teologia adventista: Aliás, ser-lhes-á impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar. No novo texto, eliminaram a frase "santuário celestial característica do adventismo do sétimo dia", substituída por nova expressão "ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar", fugindo completamente do sentido. Suprimiram a teologia do santuário, pilar e coluna de sustentação da doutrina adventista. Como se pode observar, a denúncia de Andreasen é verdadeira: mudaram os livros de Ellen White, eliminaram textos referentes ao santuário e, em alguns casos, adulteraram contextos para sustentar a nova teologia herética adventista, cumprindo acordo espúrio.

Estarrecido, Andreasen descobriu o plano sombrio dos líderes da Associação Geral: mudar os Testemunhos de Ellen White, repudiar doutrinas fundamentais, pilares do adventismo, para agradar evangélicos, afrontando Deus. O ministro evangélico Barnhouse critica o álibi de Hiron Edson acerca do desapontamento e menoscaba a obra de Cristo no Santuário celestial e a expiação. Os líderes adventistas comungaram com a equivocada posição evangélica, repudiaram as doutrinas pilares da fé adventista, criticaram os irmãos comprometidos com os marcos fixados por Deus e assumiram crença divergente dos pioneiros. Ao descobrir a verdadeira intenção da Associação Geral, chocado, Andreasen escreveu:

O Dr. Barnhouse, ao discutir a explicação de Hiron Edson sobre o desapontamento de 1844, diz que a posição de que Cristo tinha uma obra a realizar no lugar santíssimo antes da vinda a esta terra... é uma idéia humana, para salvar as aparências, que alguns adventistas desinformados... levam a extremos literários fanáticos. O Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas dizerem, positivamente, que eles repudiavam tais extremos. Isto eles disseram sem nenhum equívoco. Além disso, eles não creêm, como alguns de seus pioneiros ensinavam que a obra expiatória de Jesus não foi completada na Calvário, mas que em vez disso que Jesus ainda estava realizando uma segunda obra ministerial desde 1844. Essa ideia os líderes adventistas também repudiaram totalmente.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 28-29

Os ministros evangélicos publicaram em seus periódicos a posição dos líderes adventistas, resultado das secretas reuniões. A Associação Geral se rendeu à crença evangélica, repudiando a expiação em duas fases. Os líderes adventistas, por sua vez, confirmaram as declarações dos evangélicos, permanecendo silentes; não protestaram, fato lamentado por Andreasen:

Os homens estavam bem familiarizados com as declarações feitas pelo Dr. Barnhouse e o Sr. Martin, de que a ideia do ministério de Cristo no lugar santíssimo do santuário tinha sido totalmente repudiada pelos nossos líderes. Isto tinha sido publicado há vários meses na ocasião, e não tinha sido protestado.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 29

Leia-se: a Associação Geral sabia das publicações e permaneceu em silêncio, confirmando a trama veladamente, procurando não despertar a curiosidade dos irmãos para não inflamar suspeitas e reações.

Em verdade, segundo Andreasen, quatro homens empunharam o encargo de adulterar os Testemunhos e forjar o livro Questões sobre Doutrina, projetado para torcer contextos e acrescentar notas de rodapé, tentando forçar o Espírito de Profecia aprovar o repúdio das doutrinas pilares do adventismo, a saber: T. E. Unruh, Roy Allan Anderson, Leroy Froom e Walter Read. De inopino, os paladinos da apostasia investigaram o Depositário White, garimpando textos para firmar a nova doutrina e escrever artigos, modelando a congregação à nova fé:

Na ocasião em que os dois homens visitaram os Depositários, uma série de artigos apareceu na Ministry [da qual Roy Allan Anderson era editor-chefe], que reivindicava ser “o entendimento adventista da expiação, confirmado e iluminado e clarificado pelo Espírito de Profecia”. Na edição da Ministry, de fevereiro de 1957, a declaração ocorre que “ato sacrifical sobre a cruz é uma expiação completa, perfeita e final em favor do pecado do homem”. Esse pronunciamento está em harmonia com a crença de nossos líderes, como o Dr. Barnhouse citou-os. Está também em harmonia com a declaração assinada por um oficial encarregado [R.R. Figuhr, presidente da Associação Geral na época], numa carta pessoal: “Não podes, Irmão Andreasen, tirar de nós este precioso ensino que Jesus fez um sacrifício expiatório completo e todo suficiente sobre a cruz…
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 30

Os artigos, escritos na revista adventista Ministry em 1957, repudiaram pilares fundamentais do adventismo e apresentavam a nova doutrina, defendendo a expiação na cruz como definitiva e única, falsamente amparada pelo Espírito de Profecia, insinuando tratar-se da fé dos pioneiros.

Rapidamente, Andreasen reagiu. Em sua obra Cartas às Igrejas, rebateu a versão falsificada, dizendo:

A verdade é, nossos antepassados não criam nem proclamaram tal coisa. Eles não criam que a obra sobre a cruz fosse completa e toda-suficiente. Eles criam que o resgate foi pago ali e que era todo-suficiente; mas a expiação final aguardava a entrada de Cristo no santíssimo em 1844. Isto os adventistas tinham sempre ensinado e crido, e esta é a antiga e estabelecida doutrina que nossos venerados antepassados criam e proclamavam...
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 30-31

Contrariando a usurpadora doutrina, Andreasen se posicionou: ao seu sentir, o pagamento foi efetuado: "Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado." I Pedro 1:19. Na cruz, Jesus pagou o preço; contudo, o precioso tesouro se torna eficaz quando Cristo saca em nosso favor, e isso deve esperar a vinda ao mundo de cada indivíduo. Daí, a expiação deve continuar enquanto pessoas forem nascendo, conforme a antiga doutrina adventista:

Há um fundo inexaurível de perfeita obediência advindo de sua obediência. Como é isto, que tal infinito tesouro não é apropriado? No céu os méritos de Cristo, sua abnegação e sacrifício próprio, estão entesourados como incenso, a ser oferecido com as orações de seu povo. General Conference Bulletin, vol. 3, pág. 101, 102, quarto trimestre, 1899
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 31

Explicando o tema em comento, Andreasen desata o nó, asseverando:

Notem as frases: fundo inesgotável, tesouro infinito, méritos de Cristo. Esse fundo foi depositado na cruz, mas não exaurido lá. Ele está entesourado e é oferecido com as orações do povo de Deus. Especialmente desde 1844, esse fundo é sacado pesadamente conforme o povo de Deus avança em santidade; mas não é exaurido, há suficiente e para poupar.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 31

Jesus cumpriu a primeira fase da expiação na cruz, executou os tipos do primeiro advento, conforme projetado no Plano de Redenção. A expiação não findou na cruz; se estende como fonte inesgotável até o cumprimento da segunda fase, com os tipos do segundo advento.

A expiação, no sentido espiritual, purifica a alma dos pecados. O pecador é regenerado e participa da natureza divina de Cristo, tornando-se nova criatura, nascendo de novo à semelhança de Adão antes da queda. A expiação permite Cristo imputar sua justiça, fonte inesgotável; quem tem sede, beba. Restaura a força física, o poder moral e espiritual do pecador, misturando o esforço humano ao mérito da obediência de Cristo, devolvendo a capacidade de o pecador amar e obedecer à Lei do Criador:

Jesus que através de sua própria expiação proveu para eles um fundo infinito de poder moral, não falhará a empregar esse poder em favor deles. Ele lhes imputará sua própria justiça... Há um fundo inesgotável de perfeita obediência advindo de sua obediência.... Conforme orações humildes e sinceras ascendem ao trono de Deus, Cristo mistura com elas os méritos de sua própria vida de perfeita obediência. Nossas orações se tornam perfumadas por esse incenso. Cristo comprometeu-se a interceder em nosso favor, e o Pai sempre ouve a seu Filho. Ibidem.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 31-32

A expiação é uma obra complexa, não uma simples morte na cruz pagando o preço do pecado. Com esse importe, deve ser cuidadosamente estudada e compreendida pelo povo de Deus, concomitante ao Santuário e ao Juízo de investigação:

O assunto do santuário e do juízo de investigação, deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e obra de seu grande Sumo Sacerdote.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 491-492

A obra de Cristo como Sumo Sacerdote é de vital importância para compreender o Plano de Salvação e a obra expiatória.

A oração dos santos é recebida pelo Pai quando sobe misturada com a fragrância da Justiça de Cristo. Jesus intercede ao Pai em prol do pecador, mistura sua justiça às orações dos santos e é ouvido pelo Pai. Entrementes, repudiando a obra de Cristo, o livro Questões sobre Doutrina traz nova teologia, diferente e contrária ao Espírito de Profecia e à fé dos Pioneiros:

Nossa orações perfumadas pelo incenso o Pai sempre ouve. Cristo intercede por nós e mistura nossas orações, o contraste em Questões sobre Doutrinas: Contrastem isto com a afirmação em Questions on Doctrine, pág. 381: Jesus apareceu na presença de Deus por nós... Mas não foi com a esperança de obter algo nessa ocasião ou em algum tempo futuro. Não! Ele já o tinha obtido por nós na cruz.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 32

Segundo a nova doutrina adventista, em linha de colisão com o Espírito de Profecia, Jesus intercede junto ao Pai, mas não é ouvido; não precisa, pois Ele já fez tudo na cruz. A expiação, conforme a posição evangélica e católica, é única, na cruz. Repudiam a expiação em duas fases, conforme pregavam os pioneiros e o Espírito de Profecia. Faz-se necessário indagar: os investigadores dos Depositários White não encontraram textos afirmando a posição dos pioneiros?

Com efeito, Roy Allan e Walter Read visitaram os Depositários White, pesquisando as obras da irmã White. Em suas pesquisas, ficaram agudamente a par das declarações de Ellen White; segundo ela, a obra da expiação de Cristo está agora em progresso no santuário celestial, fato confirmado pelos Testemunhos:

Ao término dos 2.300 dias, em 1844, Cristo entrou no lugar santíssimo do santuário celestial, para executar a obra de encerramento da expiação, preparatória para sua vinda. O Grande Conflito, 422. Cristo tinha apenas completado uma parte de sua obra como nosso intercessor para entrar noutra porção da obra, e ele ainda pleiteia seu sangue diante de Deus em benefício dos pecadores. Ibid, 429.
Na abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, Cristo entrou lá para executar a obra de enceramento a expiação. Eles viram que jesus estava agora oficiando diante da arca de Deus, pleiteando seu sangue em favor dos pecadores. Ibidem, 433.
Cristo é representado como continuamente de pé no altar, momentaneamente oferecendo o sacrifício pelos pecados do mundo... Um mediador é essencial devido ao contínuo cometimento de pecado... Jesus apresenta a oblação oferecida por cada ofensa e cada falta do pecador. MS 50, 1900
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 34-35

A doutrina ensinada pelo Espírito de Profecia, defendida pelos pioneiros, é sólida. No final dos 2.300 dias, em 1844, Cristo entrou no santíssimo para empunhar a obra de encerramento da expiação. Jesus tinha completado uma parte da obra expiatória como intercessor no primeiro compartimento. Agora, Ele entra em outra porção da obra expiatória. Lá pleiteia seu sangue perante o Pai. Ele está de pé diante do altar. Isso é necessário por causa da contínua perpetração do pecado. Jesus apresenta a oblação por toda ofensa e toda falta do pecador. Isso prova uma expiação contínua e presente. Ele, segundo exorta o festejado apóstolo Paulo no livro de Hebreus, intercede por nós para salvar perfeitamente quem se chega a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Diante dos fatos qual foi a postura dos líderes adventistas? Andreasen responde:

Presume-se que quando os dois homens declararam que se tinham tornado agudamente cientes das declarações de Ellen White que indicam que a obra expiatória de Cristo até agora em progresso no santuário celestial, que eles tinham lido as citações dadas aqui e talvez outras. Em vista deste conhecimento, o que eles sugeriram que fosse feito? Mudariam eles as suas opiniões erradas anteriores e se harmonizariam com as claras palavras do Espírito de Profecia? Não, ao contrário, eles sugeriram aos Depositários que algumas notas de rodapé ou apêndices devessem aparecer em certos livros de Ellen G. White, esclarecendo muito largamente nas palavras de Ellen White nosso entendimento das várias fases da obra de expiação de Cristo. Minutes, 1483.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 35-36

Após exaustiva pesquisa, os paladinos da apostasia aparentam perplexidade com o resultado. O Espírito de Profecia é claro: a obra expiatória de Cristo está em progresso no santuário celestial, portanto, não foi definitiva na cruz. Mesmo admitindo o inquestionável fato, os líderes sugeriram inserções para manipular os Testemunhos e confundir os irmãos, facilitando a aceitação da errônea doutrina ou nova teologia:

Somente em harmonia com a declaração oficial em Questions on Doctrine de que quando se lê nos escritos de Ellen G. White que Cristo está fazendo expiação agora, deve ser entendido que simplesmente queremos dizer que Cristo está agora fazendo aplicação etc., pág. 354, 355.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 36

Apesar de silenciarem sua voz, Andreasen se esforçou, fez severa denúncia contra os abusos e adulteração dos livros da irmã White. Em sua obra, alerta:

Após os dois homens terem sugerido a inserção de notas de rodapé e explicações em alguns livros de Ellen G. White. Isso passou a ser feito com regularidade a partir da década de 1960 em vários livros de Ellen G. White, por exemplo, Primeiros Escritos, Testemunhos para Ministros, baseados no princípio papal, de que a igreja é a única fonte genuína de interpretação, quando na verdade é o Espírito Santo.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 37

A malsinada obra maléfica, tentando derrubar os pilares da fé adventista, posicionou a Igreja Adventista do Sétimo Dia na balança celestial:

Nas balanças do santuário há de ser pesada a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela será julgada pelos privilégios e vantagens que tem gozado. Se sua experiência espiritual não corresponde às vantagens que, a preço infinito, Cristo lhe concedeu; se às bênçãos que foram conferidas não a habilitarem para fazer a obra que lhe foi confiada, sobre ela será pronunciada a sentença: Achada em falta. Pela luz que lhe foi concedida, pelas oportunidades dadas, será ela julgada.
WHITE, Ellen Golden. Eventos Finais. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1994. pág. 53

As doutrinas confiadas à Igreja Adventista do Sétimo Dia a preço infinito foram repudiadas, culminando com a apostasia Ômega, conforme antecipado pelo Espírito de Profecia:

Satanás lançou seus planos para debilitar nossa fé na história da causa e obra de Deus. Estou profundamente convicta conforme escrevo isto: Satanás está operando com homens de posição proeminente para vencer os fundamentos de nossa fé. Permitiremos que isso aconteça, irmão? Reviw and Herald, 12 de novembro de 1903.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 36-37

Na balança celestial, a Igreja Adventista foi pesada e achada em falta; as bênçãos confiadas não corresponderam com suas obras. Em outro texto, o Espírito de Profecia aconselha em vão a igreja refutar falsos ensinos; contudo, os falsos ensinos brotaram da própria Igreja Adventista do Sétimo Dia:

Minha mensagem é: Não mais consintais sem protestar contra a perversão da verdade... Fui instruída a advertir nosso povo. Pois muitos estão em perigo de receber teorias e sofismas que minam os pilares fundamentais de nossa fé. Leter to the Physicians and Ministers, Series B, nº 2, pág. 15.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 37

Por fim, o Espírito de Profecia relata tentativas do inimigo corromper a doutrina, derrubar colunas da fé e manipular os Testemunhos; contudo, os membros não esperavam a obra corruptora e a apostasia geral vir da lavra dos próprios líderes, pseudos defensores da verdade:

Nos passados cinquenta anos cada fase da heresia tem sido trazida sobre nós, para obscurecer nossas mentes com relação aos ensinos da palavra – especialmente correlação à ministração de Cristo no santuário celestial... Mas os marcos-guias que nos tem feito o que somos, devem ser preservados, e serão preservados, como Deus tem significado através de sua Palavra e dos testemunhos de seu Espírito. Ele nos chama para ficarmos firmes, com as garras da fé aos princípios fundamentais que estão baseados em inquestionável autoridade. Ibidem, 59.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 37

Os acalorados apelos do Espírito de Profecia, visando proteger a Igreja Adventista do Sétimo Dia, não foram suficientes para manter a igreja erguida. Lúcifer continuou sua obra de engenharia demolidora dos pilares do cristianismo. Por fim, triunfou, varrendo marcos fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ligando-a ao olho do furacão do engano, adulterando doutrinas pilares da fé e forjando uma nova igreja:

O inimigo das almas tem buscado introduzir a suposição de que uma grande reforma deveria ter lugar entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistiria em renunciar às doutrinas que permanecem como pilares de nossa fé, e engajar-se num processo de reorganização. Caso essa reforma tivesse acontecido, o que resultaria? Os princípios da verdade que Deus em sua sabedoria tem concedido à igreja remanescente seriam descartados. Nossa religião seria mudada. Os princípios fundamentais que têm sustentado a obra durante os últimos cinquenta anos seriam considerados como erro. Uma nova organização seria estabelecida. Livros de uma nova ordem seriam escritos. Um sistema de filosofia intelectual seria introduzido. Os fundadores desse sistema iriam às cidades e realizariam uma maravilhosa obra. O sábado, logicamente, seria considerado levianamente, bem como o Deus que o criou. Nada seria permitido permanecer no caminho do novo movimento. Os líderes ensinariam que a virtude é melhor do que o vício, mas Deus sendo removido, eles depositariam sua dependência no poder humano, o qual, sem Deus, é sem valor. O seu fundamento seria edificado sobre a areia, e a tempestade e a tormenta levariam de roldão a estrutura. Specialimonies, série B, # 7, págs. 39-40, outubro de 1903
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 33

O supracitado texto se cumpriu copiosamente na Igreja Adventista do Sétimo Dia na apostasia Ômega. Romperam com Deus, forçando o Soberano do Universo abandonar a igreja:

A igreja está na condição laodiceana. A presença de Deus não está no meio dela.
WHITE, Ellen Golden. Eventos Finais. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1994. pág. 44

Sem Deus, perderam a bússola da salvação. Rejeitaram a sã doutrina; novos livros foram escritos a exemplo de Questões sobre Doutrina e Nisto Cremos, distorcendo a verdade, ascendendo nova teologia, apostatada.

Quando a igreja rejeitou a doutrina adventista, adulterando os testemunhos para aceitar doutrina evangélica, deixou de ser igreja adventista doutrinariamente, para se tornar evangélica. Do adventismo restou apenas uma casca vazia, um nome gravado na parede; contudo, divorciada da essência do adventismo. Uma nova igreja foi criada, a exemplo da Nova Semente, coberta com manto do secularismo; por fim, transgridem o Sábado dolosamente. Professam santificar; contudo, profanam ao extremo, honram a Deus com os lábios, mas o coração glorifica o usurpador. A tempestade da apostasia ômega causou tormenta do secularismo. Os ventos de doutrinas arquitetados para substituir os fundamentos da fé adventista repudiaram o Espírito de Profecia, a fé confiada aos santos e pioneiros, rompendo com os céus; Deus não dirige mais a igreja. A Igreja Adventista do Sétimo Dia caiu para nunca mais se levantar. A nova teologia abalou a estrutura da igreja, rompendo com a sã doutrina arduamente construída sob duras penas, a saber, orações, vigílias e estudos bíblicos, em conformidade com a semelhança de Deus, dirigido pelo Espírito Santo.



Conclusão



Com efeito, a doutrina da encarnação de Cristo é um dos pilares do cristianismo. Sobre a laureada doutrina se ancora a salvação do pecador. Em qual natureza Cristo desceu à Terra? Divina ou pecaminosa? Em resposta à irmã White, se valendo de ensinamentos do profeta Isaías, assevera:

Cristo tomou sobre Si as enfermidades da humanidade degenerada. Somente assim poderia Ele resgatar o homem das mais baixas profundezas de degradação humana.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 102

Em perfeita sintonia com as Escrituras e a antiga teologia defendida pelos pioneiros adventistas, se manifesta Andreasen:

Se Cristo fosse isento/imune das paixões da humanidade, ele seria diferente dos outros homens, nenhum dos quais é assim imune. Tal ensino é trágico, e completamente contrário ao que os ASDs têm sempre ensinado e crido. Cristo veio como um homem entre homens, não pedindo nenhum favor nem recebendo nenhuma consideração especial. De acordo com os termos do concerto, Jesus não deveria receber nenhuma ajuda de Deus que não estivesse disponível a qualquer outro homem. Esta era uma condição necessária se sua demonstração tivesse de ser de algum valor e sua obra aceitável. O menor desvio dessa regra invalidaria o experimento, tornaria nulo o acordo, falto o concerto, e efetivamente toda esperança para o homem.
ANDREASEN, M. L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 11-12

Se colocando ao nível do pecador, seus irmãos, Jesus poderia ensinar como vencer paixões e não transigir com o pecado. Na nova teologia defendida pelos Adventistas do Sétimo Dia, Jesus era isento de paixões; portanto, não tinha nada para vencer. Se os pecadores acreditassem na isenção de Cristo, blindagem contra o pecado, a obra de Cristo cairia em descrédito, sua influência destruída; ele seria considerado enganador, e o Plano de Redenção, uma fraude. A declaração pública de Cristo: "Eu venci o mundo." João 16:33, seria desonesta se Jesus não estivesse sujeito às paixões, tentações e fraquezas; não tinha nada para vencer. Como poderia Cristo dizer "eu venci" e ensinar o caminho, a verdade e a vida para o pecador como modelo? Andreasen conclui com presteza: ao seu ver, a nova teologia adventista, defendendo Deus isentar Cristo das paixões, é o auge da heresia, leia-se, da apostasia ômega.

Diante dos fatos, conclui-se, a obra expiatória de Cristo não se consumou na cruz, como defendem alguns; estende-se aos tipos do segundo advento. Na seara espiritual, o pecador depende do auxílio de Cristo para vencer o pecado. Se a obra de Cristo se encerrou na cruz, o pecador está desamparado, cativo e segregado no esgoto do pecado. O pecador, por si só, regado de esforço, vontade e ações humanas, não pode superar o pecado. Impotente, o penitente pecador depende do auxílio permanente de Cristo, de sua natureza divina abrigada no coração, para manter a santificação: coração regenerado, obediente à Lei e cativo à vontade do Criador. Despido da graça divina, sem a Justiça de Cristo nutrindo o coração, o homem fracassa; será impossível vencer o pecado. Não adianta Jesus morrer na cruz, como fiador, pagar o preço exigido pela transgressão da Lei, se o pecador não vencer o pecado. Abandonado à própria sorte, o homem não é capaz de se santificar com singelo esforço humano. Mesmo Cristo morrendo na cruz, a obra é infrutífera se o Salvador não imputar sua Justiça para santificar os atributos danificados; o pecador continua rendido à tentação, cativo do pecado e condenado à morte. O pecador penitente é santificado pela Justiça de Cristo; enquanto o pecador estiver ligado à videira (vara), é nutrido pela seiva do Espírito de Cristo (videira), santificado com propensões regadas de valores morais, amor e obediência à Lei. Cortado da videira, o ramo seca, morre por inanição, carece da seiva da Justiça de Cristo alimentando sua alma: "Eu Sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e Eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim não podeis realizar obra alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca." João 15:5-6. A obra de Cristo transcende e supera a cruz. Cristo, a videira, precisa alimentar a vara com a seiva de sua justiça até os tipos do segundo advento se cumprirem na segunda fase da expiação, onde o pecador receberá chuva serôdia, o Espírito Santo em medida dobrada, regenerando o pecador para a eternidade.

Destarte, faz-se necessário entender os motivos de Cristo absorver a natureza caída, sentir as tentações e fraquezas de seus irmãos. O Salvador precisa medir o quanto de auxílio o pecador necessita para vencer o pecado, modelar o caráter justo, recuperando os atributos danificados, ligando o esforço humano com a argamassa de sua justiça. Se Cristo encarnasse pré-lapsariano, unicamente com a natureza de Adão antes da queda, seria uma fraude; Lúcifer acusaria Deus perante o Universo de deslealdade por enviar o fiador em condição diferente do pecador, protegido pela divina natureza, sem lutar contra paixões e pecado, semelhante a seus irmãos.

A título de esclarecimento, diga-se pecado não é fazer coisas erradas, blasfemar contra o Espírito Santo ou transgredir a Lei; estas ações, adicionadas a outras práticas de rebeldia, são frutos do pecado. O pecado é a árvore (natureza caída); fazer coisas erradas, blasfêmias e transgressão da Lei são frutos. Para entender a natureza do pecado, em sua origem, faz-se necessário retroagir à criação do homem. Quando Deus criou Adão, o fez à sua semelhança, depositando seu espírito sobre ele; de barro, passou a ser alma vivente, perfeito, obediente, puro. A glória de Deus repousava sobre Adão como uma veste:

Depois de sua transgressão, Adão e Eva estavam nus, pois, a vestimenta de luz e proteção se apartara deles.
WHITE, Ellen Golden. Eventos Finais. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1994. pág. 214

O Espírito de Deus depositado em Adão o tornava santo, puro, imaculado. Quando Adão desobedeceu, o Espírito de Deus foi retirado, a veste de luz e glória foi removida, e Adão percebeu a nudez de seu caráter. Não era mais santificado, semelhante ao caráter divino de Deus; a glória divina não mais repousava sobre Adão. Sua natureza caiu, declinando-se ao mal: "Nunca mais amaldiçoarei o solo por causa do homem, pois a inclinação do coração do homem é má desde a sua juventude." Gênesis 8:21. Em sintonia com as Escrituras se manifesta os Testemunhos:

Quando o homem transgrediu a Lei divina, sua natureza se tornou má, e ele ficou em harmonia com Satanás, e não em desacordo com ele. Não existe, por natureza, nenhuma inimizade entre o homem pecador e o originador do pecado. Ambos se tornaram malignos pela apostasia.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 509

Satanás concebeu o pecado original (árvore) e lançou a semente em Adão, brotando dúvida, desobediência e morte, estendendo-se a sua descendência, a lei da hereditariedade. A harmonia compartilhada, circulando o casal edênico, esvaiu-se; foi completamente destruída pelo pecado. O domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo foi quebrado, e a pureza dos atributos da razão, consciência, vontade e afeições declinou ao mal. Por causa do pecado, a raça humana degenerou, declinando físico, mental, moral e espiritual, sujeita à servidão da corrupção. O homem voltará ao pó: "O pó retorne à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o concedeu." Eclesiastes 12:7. Desta forma a morte adentrou na seara humana.

À vista disso, seguindo a analogia, foi concebido o pecado original, a árvore; leia-se: pecado é uma natureza caída, pecaminosa, declinada ao mal e autossatisfativa. Ela substituiu a natureza divina, enchendo Adão de justiça própria, fazendo separação entre os homens e Deus, segundo relata o profeta: "O problema são os seus pecados; por causa deles, vocês estão separados de Deus. Por causa de seus pecados, Deus desviou o seu rosto de vocês e não ouve mais o que vocês pedem." Isaías 59:2. Adão tornou-se inclinado ao mal, cativo às paixões, sujeito à rebeldia e à satisfação própria, rendendo brotos de frutos pecaminosos. Toda oferta, esforço humano, sacrifícios, devoção, louvor e adoração, oriundos da natureza caída, são trapos imundos para o Altíssimo: "Ora, todos nós estamos na mesma condição do impuro! Todos os nossos atos de justiça se tornaram como trapos de imundícia. Perdemos o viço e murchamos como folhas que morrem, e como o vento as nossas próprias iniquidades nos empurram para longe." Isaías 64:6. Somente Cristo, o Messias, pode devolver a natureza divina perdida por Adão, santificar o pecador, regenerar e reconciliá-lo com os céus novamente, com direito de oferecer sacrifícios, louvar, adorar e herdar o Jardim do Éden para habitar eternamente. Pecado (árvore) é a natureza caída, inclinada ao mal, satisfação própria, egoísta, herança de Adão para seus descendentes. Fazer coisas erradas, transgredir a lei e desobedecer são os frutos da caída natureza. A obra de Cristo é substituir a caída natureza por sua Justiça, santificando o pecador, fazendo-o nascer de novo para os valores morais, lucidez da razão, perfeição de caráter, brilho da vontade, polidez da consciência e justas afeições, voltando a obedecer, tal como foi Adão antes da queda. Sob este pilar se ancora a graça divina.

Quando Cristo nasceu de mulher, absorveu a natureza pecaminosa, pós-lapsariana, sujeito a cair, sentir fraquezas, sem imunidade ou qualquer blindagem contra o pecado. Dotado da mesma natureza de seus irmãos, Cristo venceu, costurou um caráter na medida da necessidade humana, forjado sob medida, ligando o esforço humano, fruto do livre-arbítrio, à sua justiça, santificando o penitente pecador ao nível de Adão antes da queda, capaz de superar tentações e não transigir com o pecado. Desse modo, o Plano de Redenção se completa. O Salvador, Fiador, morreu na cruz, pagando o preço pela transgressão, restaurando a natureza caída, substituindo-a por sua justiça, santificando e reconciliando o pecador com o ofendido Criador. A obra de Cristo consiste em pagar o preço pelo pecado na cruz, erguer e sustentar o pecador com o manto de sua justiça e purificar o Santuário celestial, contaminado com o pecado de Lúcifer.

A obra expiatória de Cristo em favor do pecador, arquitetada no Plano de Redenção, exige duas fases da expiação, a saber, tipos do primeiro advento de Cristo e tipos do segundo advento. As fases do Plano de Redenção, cumprimento dos tipos/antítipo, do primeiro e segundo advento, estão umbilicalmente ligadas às Festas Fixas. Jesus morreu na Páscoa, ressuscitou nos ázimos, derramou o Espírito Santo no Pentecostes, primeira grande colheita de almas, cumprindo-se os tipos do primeiro advento nas festas da primavera.

Quanto aos tipos do segundo advento, encontram-se vinculados à Festa dos Tabernáculos, festa do outono e ao Santuário celestial, Juízo Investigativo. A expiação é forjada em duas fases: tipos do primeiro advento cumpridos na cruz, por ocasião das Festas da Páscoa, ázimo e Pentecostes; e tipos do segundo advento, ligados à Festa dos Tabernáculos, ainda em vigor, atraindo o Juízo Investigativo, o derramamento da chuva serôdia e o palco da última grande colheita de almas, requisitos projetados no Plano de Redenção.

.



AS DUAS FASES DA EXPIAÇÃO

Introdução



É de bom tom trazer à baila a hipocrisia dos líderes adventistas, em especial da Associação Geral, condenaram o pastor Andreasen por ler minutas supostamente secretas, revelando a apostasia em curso forjada nas trevas do anonimato e denunciando a conspiração. Para os líderes adventistas, o fato de o pastor Andreasen descobrir a trama diabólica para adulterar o Espírito de Profecia e negar a doutrina da expiação, encarnação de Cristo, o santuário e a marca da besta é de menor relevância. A seu ver, a gravidade se ancora em ler minutas secretas, ocultas do povo, e não na apostasia de rejeitar doutrinas fundamentais, pilares do adventismo, visando se alinhar com evangélicos e grupos ecumênicos na calada das trevas. Eis o testemunho da própria vítima, o pastor Andreasen:

Numa carta anterior relatei como, no mês de maio de 1957, entrei de posse de algumas minutas oficiais dos Depositários White – supostamente “secretas” – que revelavam uma tentativa de mexer nos Testemunhos ao inserir em alguns dos volumes notas e explanações que fariam parecer que a irmã White estava em harmonia, ou pelo menos não oposta, com a nova teologia advogada na revista adventista Minstry e no livro Questions on Doctrine [Perguntas sobre Doutrinas, aprovado pela Associação Geral da IASD].
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 81

Em verdade, os líderes se revoltaram com o pastor Andreasen porque as minutas revelaram a conspiração contra doutrinas pilares do adventismo. Dois homens foram escolhidos para garimpar os depositários White em busca de textos para endossar a nova teologia, contrária ao Espírito de Profecia, como se pode ver:

De acordo com as Minutas White, foi em 1º de maio de 1957 que dois homens [Roy Allan Anderson e Walter Read], membros da comissão que fora apontada para escrever o livro Questions on Doctrine, foram convidados pela mesa para reunir-se, a fim de decidir a questão que tinha recebido alguma consideração na reunião de janeiro de 1957. Referia-se a afirmações feitas pela Sra. White com relação à expiação ora em progresso no santuário celestial.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 25-26

O resultado da pesquisa rendeu adulteração de contextos para firmar a nova teologia apostatada esculpida no livro herético Questões sobre Doutrinas.

O artigo publicado no jornal religioso Eternity, da lavra do editor e ministro de fé evangélica, Sr. Martin, enaltecia os líderes adventistas por repudiarem os pilares do adventismo na linha de colisão com a fé dos pioneiros e do Espírito de Profecia:

O Sr. Martin e eu ouvimos os líderes adventistas dizerem, positivamente, que eles repudiavam tais extremos. Isto eles disseram sem nenhum equívoco. Além disso, eles não crêem, como alguns de seus pioneiros ensinavam que a obra expiatória de Jesus não foi completada no Calvário, mas que em vez disso que Jesus ainda estava realizando uma segunda obra ministerial desde 1844. Essa ideia os líderes adventistas também repudiaram totalmente.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 28-29

Repudiavam tais extremos, leia-se: os líderes adventistas repudiaram a doutrina da expiação em duas fases e a fé dos pioneiros, comprometidos em lançar freios à orla de lunáticos, pastores e membros alinhados com a fé dos pioneiros e do Espírito de Profecia, defensores dos fundamentos da fé adventista original, para exaltar a nova teologia forjada pelos evangélicos, em especial pelo Sr. Martin e Dr. Barnhouse.

As reuniões secretas com evangélicos renderam resultados macabros:

Na edição da Ministry, de fevereiro de 1957, a declaração ocorre que ato sacrifical sobre a cruz é uma expiação completa, perfeita e final em harmonia com a crença de nossos líderes, como o Dr. Barnhouse citou-os.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 30

A nova teologia herética adventista foi publicada na revista Ministry, confirmando a fé evangélica. Segundo a nova posição adventista, a expiação de Cristo na cruz foi completa, definitiva, final; não há continuação da expiação no santuário celestial iniciada em 1844. Pior, ainda teceram teses falsas no livro Questões sobre Doutrinas, ancoradas em adulteração de contextos para alinhar-se falsamente com os pioneiros.

Vergonhosamente, tentaram enganar os irmãos com a falácia da nova doutrina ser a mesma dos pioneiros. A este absurdo herético, Andreasen reagiu da seguinte forma:

Eles (os pioneiros) não criam que a obra sobre a cruz fosse completa e toda-suficiente. Eles criam que o resgate foi pago ali e que todo-suficiente; mas a expiação final aguardava a entrada de Cristo no santíssimo em 1844. Isto os adventistas tinham sempre ensinado e crido, e essa é a antiga e estabelecida doutrina que nossos venerados antepassados criam e proclamavam.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 30-31

Contrariando a nova teologia adventista, os escritos da irmã White alinham-se com a fé dos pioneiros e apontam para a obra de Cristo em progresso no santuário celestial, a partir de 1844:

Ao término dos 2.300 dias, em 1844, Cristo entrou no lugar santíssimo do santuário celestial, para executar a obra de encerramento da expiação, preparatória para sua vinda.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 421

A obra sacerdotal de Cristo começou após sua ascensão ao céu. Na cruz, era impossível Cristo realizar uma expiação completa, final; segundo o modelo sacerdotal terrestre, seria uma expiação sem sumo sacerdote, haja vista sua entronização como Sumo Sacerdote ocorrer após sua morte e ressurreição. Jesus experimentou as paixões, semelhante a seus irmãos, venceu onde Adão caiu e foi entronizado como sumo sacerdote para prosseguir no santuário celestial com a obra expiatória, conforme relata o apóstolo: "Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo." Hebreus 2:17. Em verdade, segundo esclarece o Espírito de Profecia: Cristo tinha apenas completado uma parte de sua obra como nosso Intercessor para entrar noutra porção da obra, e ele ainda pleiteia seu sangue diante de Deus em benefício dos pecadores. Na cruz, Cristo completou uma parte da obra; quando entrou no segundo compartimento, cessou a obra do primeiro:

Assim, quando Cristo entrou no lugar santíssimo para efetuar a obra final da expiação, terminou seu ministério no primeiro compartimento. Mas, quando o ministério no primeiro compartimento terminou, iniciou-se o do segundo compartimento.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 428

A expiação realizada na cruz não poderia ser final ou completa. Cristo precisou ser entronizado como Sumo Sacerdote para ministrar no santuário celestial. A princípio, efetuou a obra do primeiro compartimento; após 1844, adentrou o Santíssimo, iniciando a expiação final. Para fazer expiação, o sacerdote precisa matar a vítima; na cruz, Cristo não era sumo sacerdote; assim sendo, não poderia matar a si mesmo para fazer expiação, como apontou o pioneiro Crosier. Ademais, o Calvário não é santuário; portanto, Cristo não poderia fazer expiação final enquanto estivesse palmilhando este mundo.

Encerrando a obra no primeiro compartimento, em 1844, Cristo entrou no Santíssimo para encerrar a expiação:

Na abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, Cristo entrou lá para executar a obra de encerramento da expiação. Eles viram que Jesus estava agora oficiando diante da arca de Deus, pleiteando seu sangue em favor dos pecadores.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 433

O apóstolo João relata o fechamento de uma porta e a abertura de outra; em suas palavras, via-se claramente a mensagem de Cristo dirigida às igrejas: "E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre: Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome." Apocalipse 3:7-8. A porta pela qual anteriormente o pecador encontrava acesso a Deus foi cerrada e fechada; outra foi aberta. Cristo migrou do lugar santo para o Santíssimo no santuário celestial para encerrar a obra expiatória:

Cristo é representado como continuamente de pé no altar, momentaneamente oferecendo o sacrifício pelos pecados do mundo.... Um Mediador é essencial devido ao continuo cometimento de pecado. ... Jesus apresenta a oblação oferecida por cada ofensa e cada falta do pecador. MS 50, 1900.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 35

As declarações do Espírito de Profecia são límpidas: ao final dos 2.300 dias, em 1844, Jesus encerrou a obra no primeiro compartimento do santuário celestial. Jesus completou uma parte da obra como intercessor no primeiro compartimento. Em 1844, Jesus entrou no Santíssimo para realizar outra porção da obra, no segundo compartimento: o Juízo Investigativo. Jesus apresenta oblação pelos pecados, comprovando a expiação contínua do Salvador.

Entrementes, a nova teologia adventista da expiação defende a expiação completa, definitiva e final no Calvário; no céu, segundo a nova teologia, Cristo está apenas aplicando os benefícios da expiação, de acordo com a tese defendida em fevereiro de 1957. No supracitado ano, foi publicado um artigo na revista Ministry, da lavra de Leroy Froom, alcunhado “A Aplicação Sacerdotal do Ato de Expiação”. O aludido artigo nega a expiação em duas fases, defende o ato sacrificial na cruz completo e definitivo, contrariando o Espírito de Profecia. Segundo a pena inspirada, a expiação não se limitou à morte de Cristo na cruz, prossegue no santuário celestial. Visando comprovar a nova teologia ancorada nos escritos de Ellen White, selecionaram textos, omitindo citações para sustentar a nova teologia, negando a expiação em duas fases.

Ainda no mesmo contexto, o Espírito de Profecia refuta a nova teologia adventista, referindo-se à data de 1844, e revela:

Ao término dos 2.300 dias em 1844. Assistido por anjos celestiais, nosso grande Sumo Sacerdote entra no lugar santíssimo, e ali aparece na presença de Deus a fim de se entregar aos últimos atos de seu ministério em prol do homem, a saber, realizar a obra do juízo investigativo, e fazer uma expiação por todos que se mostraram habilitados aos seus benefícios. Isto é dito ser o grande dia da expiação final.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 484

Como se pode notar, Jesus aplica os benefícios da expiação atual, em curso no santuário celestial ao pecador, e não oriundos da cruz. O supracitado texto foi omitido na coletânea do artigo postado na revista Ministry. Cristo entrou no Santíssimo em 1844 para fazer a expiação final, via Juízo Investigativo, para purificar o santuário celestial manchado pelo pecado de Lúcifer:

Este é o serviço que começou quando os 2.300 dias findaram. Nessa ocasião, como predito por Daniel o profeta, nosso Sumo Sacerdote entrou no santíssimo, para realizar a última divisão de sua solene obra – para purificar o santuário. O fim dos 2.300 dias em 1844 marcou uma crise importante.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 429

O texto é claro: a obra expiatória de Cristo não foi completa no Calvário, como afirma a nova teologia adventista; continua no santuário celestial. Para espancar qualquer resquício de dúvidas, faz-se necessário meditar no texto seguinte, jogando uma pá de areia no assunto. A obra expiatória de Cristo prossegue; a expiação empunha duas fases, e a obra expiatória de Cristo está em progresso no céu:

A obra sagrada de Cristo que prossegue no tempo presente no santuário celestial, ... a obra expiatória de Cristo está agora em progresso no santuário celestial. Hoje ele está fazendo expiação diante do Pai. Testimonies, vol 5, 520; White Board Minutesw, pág. 1483; Mss, 21, 1895, citado em Ministry, fevereiro de 1957, pág. 30.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 49-50

A expiação começou na cruz e finaliza com a limpeza do santuário; trata-se da expiação final. Todas as citações do Espírito de Profecia ofensivas aos evangélicos foram dolosamente omitidas, referentes à crise de 1844, ao juízo investigativo, à entrada de Cristo no lugar santíssimo para a expiação final, à realização da expiação agora e à execução da expiação hoje diante do Pai. As enfáticas citações de Ellen White acerca do tema aniquilam a nova teologia. A rigor, o povo não aceitaria a nova teologia; mediante o empasse, concluíram por enfraquecer a fé do povo adventista no Espírito de Profecia. Todas as citações não adequadas ao novo ponto de vista precisavam ser mudadas ou aniquiladas, e assim o fizeram.

Tentando superar o dilema, Leroy Froom questiona:

Por que, nos primeiros dias, à luz de tudo isto, a Sra. White não apontou e corrigiu os conceitos limitados e algumas vezes errôneos de alguns de nossos primeiros escritores sobre a expiação? E por que emprega ela algumas das frases restritivas deles sem contrastar, na ocasião, seu próprio significado mais amplo, mais verdadeiro ao utilizá-los? Ministry, fevereiro de 1957, pág. 11.

No artigo, Froom reivindica erro dos pioneiros sobre a expiação. Ele tenta rebaixar os pioneiros e a irmã White. Como solução para o suposto problema, Froom fornece a estarrecedora proposta de negar o Espírito de Profecia:

Nenhuma verdade doutrinária ou interpretação profética jamais veio a este povo inicialmente através do Espírito de Profecia – nem um único caso. (Ênfase de Froom).
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 52

Segundo Leroy, a irmã White nunca, em nenhum caso, contribuiu inicialmente para qualquer verdade doutrinária ou interpretação profética. Essa era a posição oficial da Associação Geral na época. Segundo Andreasen:

Essas mentiras que a Sra. White não teve participação no estabelecimento das doutrinas adventistas básicas e interpretações proféticas, mas que estas foram todas definidas pelos pioneiros sem a participação dela, vem sendo ensinadas, desde a década de 1950, para os teologando e professores adventistas e estes para os membros de hoje.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 52

Continuando o protesto contra a iminente apostasia ômega, Andreasen, critica e rebate as palavras de Froom:

O leitor terá notado que o autor não diz que a irmã White nunca contribuiu par qualquer verdade doutrinária ou interpretação profética. Ele diz que ela nunca contribuiu com nada inicialmente, isto é, ela nunca fez qualquer contribuição original. Ela conseguiu aquilo de alguém mais, ela o plagiou. Nossos inimigos têm feito essa afirmação por anos, mas nunca pensei que tal coisa seria anunciada a todo o mundo com o consentimento dos líderes.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1. ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 53

Contrariando os falsos ensinamentos de Froom, o Espírito de profecia expõe a fraude da nova teologia:

Muitos de nosso povo não compreendem quão firmemente a fundação de nossa fé foi abalada. Meu esposo, o ancião José Bates, o Pai Pierce, o ancião Edson, e outros que eram perspicazes, nobres e verdadeiros, estavam entre os que depois da passagem do tempo de 1844, pesquisaram pela verdade como tesouro escondido. Eu me reunia com eles, e estudávamos e orávamos fervorosamente. Frequentemente permanecíamos juntos até tarde da noite, e algumas vezes a noite inteira, orando por luz e estudando a palavra. Várias vezes esses irmãos reuniam-se para estudar a Bíblia, a fim de que pudéssemos saber seu significado, e estar preparados para ensiná-la com poder. Quando eles chegavam a um ponto de seu estudo em que diziam, nada mais podemos fazer, o Espírito do Senhor vinha sobre mim. Eu estava em visão, e uma clara explanação das passagens que estávamos estudando era-me dado, com instruções como deveríamos trabalhar e ensinar efetivamente. Assim a luz era dada que nos ajudava a entender as Escrituras com relação a Cristo, sua missão, e seu sacerdócio. Uma linha da verdade estendendo-se desde aquele tempo até o tempo quando entraremos na cidade de Deus, foi tornada clara para mim, e eu dava aos outros a instrução que o Senhor me dera.
Testimonies for the Church, série B, nº 2, pág. 56, 57

A irmã White tinha pleno conhecimento acerca de Cristo, sua obra expiatória e sacerdócio dentro do plano de redenção, instruída pelo Senhor dos Exércitos dissertou:

Ao principiar o santo sábado, 5 de janeiro de 1849, entregamo-nos à oração com a família do irmão Belden, em Rocky Hill (Connecticut), e o Espírito Santo caiu sobre nós. Fui levada em visão para o lugar santíssimo, onde vi Jesus ainda intercedendo por Israel.
WHITE, Ellen Golden. Primeiros Escritos. 3.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1988. pág. 36

A arranjo de Froom é constrangedor. Ellen White foi instruída pelo Espírito Santo acerca das duas fases da expiação. Tentar corrigir o Espírito de profecia cai na incômoda posição de corrigir o Espírito Santo, fonte inspiradora e iluminadora da doutrina das duas fases da expiação. O Espírito de Profecia é límpido; Cristo ainda intercede e realiza expiação no céu.

Na visão de Andreasen, a imposição de falsa doutrina, substituindo a verdade levantada por gerações, trata-se da apostasia ômega:

Alcançamos uma crise nesta denominação, quando os líderes estão tentando impor falsa doutrina e ameaçar aqueles que protestam. O programa inteiro é inacreditável. Os homens estão tentando agora remover os fundamentos de muitas gerações, e penso que terão sucesso. Se não tivermos o Espírito de Profecia não poderemos saber do afastamento da sã doutrina que agora está nos ameaçando, e a vinda do ômega que dizimará nossas fileiras e causará feridas graves. A situação presente foi prevista. Estamos próximos do clímax.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 55

Confrontado pelo Espírito de profecia, confirmando a posição de Ellen White, ou seja, ela não mudou de posição, Jesus está fazendo expiação agora em favor do pecador. Froom levantou uma tese esdrúxula:

Ele calmamente afirmou que a irmã White não queria significar dizer o que ela disse! E assim, ele explica quando ela diz que Cristo está fazendo expiação (ele está omitindo a palavra agora), ela está obviamente significando aplicar a expiação completa [feita na cruz] ao indivíduo.
Isto está em completa harmonia com a declaração em Questions on Doctrine onde o autor audaciosamente afirma que se alguém ouve um adventista dizer ou lê na literatura adventista – mesmo nos escritos de Ellen White – que Cristo está fazendo expiação agora, deve ser entendido que queremos dizer (significar) simplesmente que Cristo está fazendo aplicação dos benefícios da expiação sacrifical que ele fez sobre a cruz.
ANDREASEN, M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 58

A nova teologia, furtivamente desnutriu, fragilizou a confiança no Espírito de Profecia. Foi imposta por sanções, perseguições e corte da comunhão da igreja. A exemplo do pastor Andreasen, perdeu a credencial de pastor e salários por protestar contra a apostasia ômega. Satanás usou os líderes para enganar o povo, desconsiderando e minando a fé nos testemunhos, conforme advertiu a profetisa:

Se diminuis a confiança do povo de Deus nos Testemunhos que Ele lhes tem enviado, estais vos rebelando contra Deus tão certamente como como fizeram Corá, Datã e Abirão.
WHITE, Ellen Golden. Testemunhos para a Igreja 5. pág. 66

Como se pode notar, a rebelião contra Deus, semelhante à de Corá, Datã e Abirão, não foi uma simples apostasia; trata-se de um rompimento definitivo. O resultado dos três rebeldes se aplica à igreja Adventista do Sétimo Dia: A MORTE.

Os evangélicos, de comum acordo com líderes adventistas, atacaram e criticaram o evento do desapontamento dos pioneiros, visando enfraquecer a fé nos Testemunhos. O fato criticado aconteceu na manhã seguinte ao grande desapontamento. Crozier e Hiram Edson atravessavam o milharal para evitar críticas de seus vizinhos, quando Hiram Edson foi iluminado: Jesus não viria à Terra; ele migrou do primeiro para o segundo compartimento do santuário celestial. Ao fim de dois 2.300 dias, Jesus entrou pela primeira vez no Santíssimo para concluir a obra de expiação no juízo investigativo.

Faz-se necessário indagar: quem foi Crosier? Trata-se de um atuante pioneiro adventista. Contribuiu com Hiram Edson e Dr. F. B. Hahn na publicação do panfleto milerita, o Alvorecer. Após Hiram Edson receber iluminação divina sobre o engano, corrigiu o erro: Jesus não vinha à Terra; migrou do Santo para o Santíssimo no santuário celestial. Crosier e Hiram Edson se debruçaram no estudo sobre o tema. Crosier foi escolhido para escrever e esclarecer a questão do santuário, conforme a inspiração divina. Crosier contribuiu ativamente no desenvolvimento da doutrina do santuário, a mesma doutrina refutada pelos líderes adventistas na apostasia ômega.

Por fim, Joseph Bates e James White, esposo de Ellen White, foram convencidos acerca da doutrina do santuário arquitetada por Crosier em artigo publicado em 1846. Quando Ellen White leu o artigo publicado no The Day-Extra, em 7 de fevereiro de 1846, imediatamente recomendou a leitura do artigo, endossando-o como verdadeira luz oriunda do céu.

A doutrina desenvolvida por Crosier gerou polêmicas e críticas dos adversários, máxime evangélicos. Familiarizado com a doutrina do santuário, Crosier criticou igrejas fincadas em doutrinas da expiação completa no Calvário; ao seu sentir, tal doutrina não é sagrada nem ancorada na autoridade divina. Em defesa da expiação no santuário celestial, Cristo fazendo expiação agora no céu, o pioneiro laureou com os seguintes fundamentos:

Se a expiação foi feita no Calvário, por quem foi feita? Fazer a expiação é obra de um sacerdote; mas quem oficiou no Calvário? Os soldados romanos e os judeus. Matar a vítima não fazia expiação; o pecador matava a vítima. Levítico 4:1-4, 13-15, etc.; após aquilo o sacerdote pegava o sangue e fazia a expiação. Levítico 4:5-12, 16-21.
Cristo era o apontado Sumo Sacerdote para fazer a expiação, e certamente não podia ter agido com tal autoridade até depois de sua ressurreição, e não temos registro de ele fazer algo sobre a terra após a Sua ressurreição pudesse ser chamado de expiação.
A expiação era feita no santuário, mas o Calvário não era tal lugar. Ele não podia, de acordo com Hebreus 8:4 fazer expiação enquanto estava sobre a terra. Se ele estivesse sobre a terra, Ele não poderia ser sacerdote. O levítico era o sacerdócio terrestre; o Divino, era celestial.
Portanto, Jesus não começou a obra de fazer a expiação, seja qual fosse a natureza daquela obra, até após Sua ascensão, quando por seu próprio sangue Cristo entrou no santuário celestial por nós.
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 62

Esta é a verdadeira luz derramada por Deus sobre seus servos. O Senhor iluminou os pioneiros com brilhantes raios de luz, autorizando ensinar a todos os homens acerca da obra de Cristo no santuário celestial.

Com efeito, os pioneiros acreditavam e ensinavam os pilares fixados por Deus como irremovíveis. Em sua visão, a obra expiatória de Cristo não se completou no Calvário. Jesus realiza uma segunda obra ministerial no santuário celestial como sumo sacerdote: o juízo investigativo. O próprio Tiago White escreveu acerca do tema, endossando a doutrina firmada por Crosier:

Cristo viveu nosso exemplo, morreu nosso sacrifício, ressuscitou para nossa justificação, ascendeu ao alto, para ser nosso único mediador no santuário do céu, onde, com seu próprio sangue, ele faz expiação pelos nossos pecados; cuja expiação, longe, de estar acabada na cruz, o que foi senão o oferecimento do sacrifício, é ela a última porção de sua obra como sacerdote.
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 67

Andreasen elencou as crenças fundamentais repudiadas no livro Questões sobre Doutrinas, com endosso da Associação Geral. Os líderes adventistas repudiaram a doutrina de Jesus realizar uma segunda obra ministerial desde 1844. A seu sentir, Cristo está ministrando apenas os benefícios da expiação.

Como cediço, o sumo sacerdote matava a vítima fora do tabernáculo; contudo, o ato de matar o sacrifício por si só não é expiação. Expiação é feita com sangue: "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma." Levítico 17:11. Em assim sendo, o sacerdote trará o sangue para dentro do véu, e o espargirá sobre o propiciatório, e fará expiação pelo lugar santo: "Depois degolará o bode, da expiação, que será pelo povo, e trará o seu sangue para dentro do véu; e fará com o seu sangue como fez com o sangue do novilho, e o espargirá sobre o propiciatório, e perante a face do propiciatório. Assim fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, e de todos os seus pecados; e assim fará para a tenda da congregação que reside com eles no meio das suas imundícias. E nenhum homem estará na tenda da congregação quando ele entrar para fazer expiação no santuário, até que ele saia, depois de feita expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel." Levítico 16:15-17. A expiação era feita dentro do Tabernáculo. Cristo precisava entrar no Tabernáculo para fazer expiação; fato não compatível com o Calvário, ou seria uma expiação sem sangue. Os líderes adventistas rejeitaram a expiação feita desde 1844, substituindo-a pela aplicação dos benefícios da expiação. Repudiar o ministério de Cristo no segundo compartimento é repudiar o adventismo; este é um dos pilares fundamentais da doutrina adventista, forjada a duras penas pelos pioneiros e Ellen White.

Por fim, Andreasen cunhou a nova doutrina, negando a fé dos pioneiros, como a maior apostasia já registrada na seara da Igreja Adventista do Sétimo Dia; trata-se da apostasia ômega:

Considero o presente caso como a maior apostasia que jamais ocorreu nesta denominação, e isto queres manter encoberto? E agora fechaste a porta... Não creio, Irmão Figuhr, que consideraste a seriedade da situação. Nosso povo não apoiará qualquer adulteração ou tentativa de adulterar os Testemunhos. Isto lhes dará um sentimento incômodo de que nem tudo está bem na Associação Geral.
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 76

A nova teologia, forjada nas trevas, costurada às ocultas dos membros, em parceria com evangélicos, destronou a antiga fé dos pioneiros e quebrou os pilares fundamentais da doutrina exclusiva adventista para se filiar a grupos ecumênicos. A supracitada apostasia, rompendo com Deus e os céus definitivamente, foi apontada pelo Espírito de Profecia, fato revelado por Andreasen:

Senti, e agora sinto, que está denominação está enfrentando a apostasia predita há longo tempo atrás, que nossos líderes estão seguindo o exato procedimento que o Espírito de Profecia delineou que se seguiria, e que eu tenho um dever do qual não devo me esquivar.
ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 79

O pastor Andreasen, natural de Copenhague, Dinamarca, maior teólogo da Igreja Adventista na época, se esforçou para conter a onda de apostasia consumindo a igreja; contudo, em vão, prevaleceu a imposição dos líderes, colocando freios na orla de lunáticos. Os membros fiéis, perseguidos e cortados da comunhão da igreja, a exemplo do pastor Andreasen, cujo único crime foi lutar para manter a fé dos pioneiros, os pilares fundamentais intactos. A verdade foi deitada por terra: "A justiça é obrigada a se afastar. E a retidão fica longe; pois a verdade tropeçou na praça. E o que é certo não consegue entrar. A verdade desapareceu, e quem se desvia do mal é vítima de saque. Jeová viu isso e se desagradou, pois não havia justiça." Isaías 59:14-15. A apostasia dominou a igreja, acumulando pecado sobre pecado; a igreja caiu para nunca mais se levantar. Não existe salvação na igreja adventista, tal como não existe no judaísmo.



A EXPIAÇÃO



CONTINUA...

CONTINUA...

CONTINUA...

CONTINUA...

CONTINUA...

CONTINUA...

CONTINUA...

.

.

.

.

"."

"." .





.

Autor: Pr. Walber Rodrigues Belo