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MANUAL DE DOUTRINAS DA REFORMA Volume I


GRAÇA, FÉ, JUSTIFICAÇÃO, JUSTIÇA & LEI

Prefácio

No presente capítulo se faz necessário analisar a correlação dos institutos acima elencados, a saber, graça, fé, justificação, justiça e lei, bem como, função e conceito individualizado dos temas ventilados.

A princípio, se faz necessário trazer a lume o esforço de Satanás em anular a Lei, em assim sendo, tece rede de teses infundadas perseguindo o supracitado objetivo. Focados no mesmo propósito, ingente maioria de evangélicos, maestros da doutrina Dispensacionalista entrincheiram-se no texto: "Porquanto a Lei foi dada por intermédio de Moisés; mas a graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo." João 1:17. Visam anular a lei, exaltando a graça. Em verdade, a lei foi codificada por Deus, entregue a Israel por intermédio de Moisés, enquanto a graça consiste na misericórdia de Deus restaurar a semelhança divina perdida por Adão mediante imputação da justiça de Cristo santificando o pecador, habilitando-o amar e obedecer a lei. Destarte, os dispensacionalistas cometem erro fatal. Convergindo na linha de colisão com as Escrituras, atacam exaustivamente a Lei de Deus entrincheirados na desidratada graça cometendo verdadeiro suicídio espiritual. A graça não anula a Lei, pelo contrário, santifica o pecador via justiça de Cristo para obedecer a lei espiritualmente.

Em sua ótica, a Lei pertence a dispensação do Velho Testamento, abolida por Cristo na cruz. A graça, por sua vez, pertence ao Novo Testamento, desvinculada da Lei. Diante da tese levantada, se faz necessário inquirir, existia graça no Velho Testamento? Perquirindo as Escrituras é possível vislumbrar a resposta nos textos paulinos: "Porquanto, não foi pela Lei que Abraão, ou sua descendência, recebeu a promessa de que ele havia de ser o herdeiro do mundo; ao contrário, foi pela justiça da fé. Pois se os que vivem pela Lei são herdeiros, a fé não tem valor e a promessa é nula. Porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também não pode haver transgressão. Por esse motivo, a promessa procede da fé, para que seja de acordo com a graça, a fim de que a promessa seja garantida a toda a descendência de Abraão, não somente a que é da Lei, mas igualmente a que é da fé que Abraão teve. Ele, portanto, é o pai de todos nós!" Romanos 4:13-16. Com efeito, existia graça no Velho Testamento, o supracitado texto deita por terra o gélido argumento dispensacionalistas, negando atuação da graça no Velho Testamento. A promessa procede da graça mediante fé, leia-se, Deus prometeu a Abraão e descendência um lapso de tempo, para o Salvador restaurar a perdida semelhança divina emprestando sua justiça habilitando-os guardarem a Lei, isto é graça. O método da salvação pela graça mediante fé, não foi exclusividade do Novo Testamento, como visto, o áureo método imperou no Velho Testamento. Ademais, o renomado apóstolo descortina Israel tentando obter salvação pelo legalismo fincado na lei, obras e mérito, caindo da graça. O arcabouço da salvação ancora-se na promessa do Messias justificar o pecador mediante fé e suprir as deficiências humanas imputando sua justiça pela graça, santificando-o, tanto no Velho como Novo Testamento.

Como visto, a graça não é peculiaridade do Novo Testamento, nesse sentido se manifestou Tito: "A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens." Tito 2:11, do Velho e Novo Testamento, haja vista, a impossibilidade de adquirir salvação sustentada por mérito humano, obediência legalista da lei, cerimonialismo ou baseada apenas na fé. A salvação é pela graça mediante a fé, ancorada na promessa divina, ratificada pelo sangue expiatório de Cristo nosso Salvador. Se no Antigo Testamento não existisse graça, a salvação seria por obras da Lei, tremendo absurdo confrontando as Escrituras, negando os méritos do Salvador.


Graça

Traduzido do hebreu. chen e no grego charis, significa favor ou bondade, mormente, não merecido ou ganho. Acerca do tema, Paulo se destaca apresentando ao mundo a doutrina da salvação pela graça: "Porquanto, pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus." Efésios 2:8. Em sua tese, a salvação não resulta de obediência legalista da Lei, nacionalidade, raça ou cor, mas, do favor divino distribuído livremente mediante a fé: "Portanto, havendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem obtivemos pleno acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmados, e nos gloriamos na confiança plena da glória de Deus." Romanos 5:1-2. No texto, o festejado apostolo ilustra as bênçãos do Evangelho, acesso a graça mediante fé. Como cediço, o pecado abriu um abismo separando o homem de Deus, a graça, cultivada pela fé, aproxima o pecador do Altíssimo reconciliado pela justiça de Cristo, leia-se, o sangue expiatório de Cristo sarou as feridas abertas pelo pecado de Adão, reaproximando criatura e Criador, com direito a salvação pela cobertura do manto da justiça de Cristo.

Por fim, é forçoso concluir, assim como a lei não tem condão de salvar, a graça, por si só, não pode resolver o problema do pecado. Na cruz Cristo não eliminou a lei, sua vigência é necessária para apontar pecados, auxiliando o pecador não permanecer pecando, entrementes, foi necessário Cristo pagar o preço da transgressão em lugar do injusto, contaminado pecador: "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna por intermédio de Cristo Jesus, nosso Senhor!" Romanos 6:23. Na cruz, Cristo, simplesmente cumpriu a sentença de morte atendendo as reivindicações da Lei.


Graça, Concertos & Lei
O presente capítulo toma como prisma o livro Patriarcas e Profetas de Ellen White

A princípio o Senhor escolheu, exaltou e abençoou Israel para obedecer sua Lei, visando revelar aos habitantes da terra o plano de salvação e não para se tornarem exclusivos recipientes de suas bênçãos pelo legalismo insano.

Diante do exposto, insta tecer alguns comentários acerca dos concertos revelados nas Escrituras. Assim, a Bíblia descortina com meridiana clareza a existência de duas leis, uma imutável, eterna e outra temporária, provisória, de igual modo, há dois pactos, novo concerto e velho concerto. Como visto alhures, o concerto da graça foi firmado no Éden após queda de Adão, fundamentado na promessa divina: "Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe picarás o calcanhar." Gênesis 3:15. Na aludida promessa, a semente da mulher, Cristo, fere a cabeça da serpente, Satanás, alcançando vitória contra o astuto inimigo, favorecendo sua igreja, estendendo o Plano de Salvação a todos os homens. Segundo Ellen White:

A todos os homens este concerto oferecia perdão, e a graça auxiliadora de Deus para futura obediência mediante a fé em Cristo. Prometia-lhe também vida eterna sob condição de fidelidade para a lei de Deus. Assim receberam os patriarcas a esperança de salvação.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 384-385

No primeiro concerto firmado, o Senhor ofereceu ao homem perdão e graça auxiliadora, leia-se, promessa de Cristo auxiliar o pecador imputando sua justiça mediante a fé para obediência da Lei, com esse enfoque os patriarcas foram abençoados obedecendo ao Senhor fincados na promessa. Insta repisar, existia graça no Antigo Testamento.

Nesse diapasão, o supracitado concerto foi renovado com Abraão, ancorado na promessa: "Por intermédio dos teus inúmeros descendentes serão abençoadas todas as nações da terra, porquanto tu me obedeceste!" Gênesis 22:18. A exuberante promessa apontava para Cristo, esta verdade axiomática foi perfeitamente compreendida por Abraão: "E a Escritura, prevendo que Deus iria justificar os não-judeus pela fé, anunciou com antecedência as boas novas a Abraão: Por teu intermédio, todas as nações serão abençoadas... Desse mesmo modo, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não declara: E aos seus descendentes, como se referindo a muitos, mas exclusivamente: “Ao seu descendente”, transmitindo a informação de que se trata de uma só pessoa, isto é, Cristo." Gálatas 3:8;16, creu Abraão na augusta promessa, confiando na obra redentora do Messias para perdão dos pecadores. A supracitada fé foi atribuída a Abraão como justiça.

Ainda no mesmo contexto, diga-se, o concerto com Abraão vinculava obediência da Lei sustentada pela graça auxiliadora do Messias. O Senhor apareceu a Abraão e disse: "Quando Abrão completou noventa e nove anos, o SENHOR lhe apareceu e declarou: Eu Sou o Deus Todo-Poderoso, anda na minha presença e sê íntegro!
Eis que estabeleço a minha Aliança entre mim e ti, e multiplicarei grandemente a tua descendência."
Gênesis 17:1-2. Cônscio do plano divino, Abrão desfrutou em penumbra a graça auxiliadora do messias, esbanjando confiança externou fidelidade e manteve o concerto divino: "porque Abraão me obedeceu, guardou minhas ordenanças, meus mandamentos, meus princípios e minhas leis!" Gênesis 26:5. Diante da confiança, fidelidade e obediência a sua Lei, o Senhor confirmou aliança com Abraão e sua numerosa descendência em Cristo: "Estabelecerei minha Aliança entre mim e ti, e teus futuros descendentes, de geração em geração, uma Aliança perpétua, para ser o teu Deus e o Deus te tua raça, depois de ti." Gênesis 17:7. Obriga-se frisar, a princípio o supracitado concerto foi firmado com Adão e renovado com Abraão, contudo, exigia ratificação: "De fato, conforme a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não pode haver absolvição!" Hebreus 9:22, leia-se, remissão é ato ou ação de perdoar, redimi, obra redentora ratificada pelo precioso sangue de Cristo uma única vez. Nesse sentido se manifesta Ellen White:

Existira pela promessa de Deus desde que se fez a primeira indicação de redenção; fora aceito pela fé; contudo, ao ser ratificado por Cristo, é chamado um novo concerto. A lei de Deus foi a base deste concerto, que era simplesmente uma disposição destinada a levar os homens de novo à harmonia com a vontade divina, colocando-os onde poderiam obedecer à lei de Deus.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 385

Frise-se, o concerto firmado com Adão, renovado com Abraão e ratificado por Cristo foi chamado novo concerto, alicerçado na fé, mediante graça auxiliadora de Cristo para obedecer a Lei. Em assim sendo, a promessa de perdão, obediência pela justiça do Messias e salvação, foi um pacto eterno, estendido a Abraão e seus descendentes em Cristo.

Vencido o primeiro pacto, se faz necessário tecer comentários acerca do outro pacto, conhecido como velho concerto, firmado entre Deus e Israel no Sinai, ratificado pelo sangue de um animal sacrificado. O supracitado concerto foi firmado depois de selar concerto com a descendência de Abraão no segundo ou novo concerto ratificado com sangue puro do Salvador, conforme explica White:

O concerto abraâmico foi ratificado pelo sangue de Cristo, e é chamado o segundo ou novo concerto, porque o sangue pelo qual foi selado foi vertido depois do sangue do primeiro concerto. Que o novo concerto era válido nos dias de Abraão, evidencia-se do fato de que foi então confirmado tanto pela promessa como pelo juramento de Deus, duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta. Hebreus 6:18.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 385

Segundo os lídimos ensinamentos da irmã White, o concerto abraâmico foi rotulado de segundo concerto, mesmo firmado antes do concerto Sinaítico entre Deus e Israel, porque foi ratificado depois do aludido concerto com precioso sangue de Cristo na cruz.

Diante do exposto, merece questionar, se o concerto abraâmico continha promessa de redenção, porque firmar outro concerto no Sinai? Em resposta a irmã White, esclarece:

Em seu cativeiro, o povo em grande parte perdera o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico. Libertando-os do Egito, Deus procurou revelar-lhes Seu poder e misericórdia, a fim de que fossem levados a amá-lo e confiar nEle. Trouxe-os ao Mar Vermelho – onde, perseguidos pelos egípcios, parecia impossível escaparem – a fim de que se compadecessem de seu completo desemparo, e da necessidade de auxilio divino; e então lhes operou o livramento. Assim eles se encheram de amor e gratidão para com Deus, e de confiança em Seu poder para os ajudar. Ele os liga a Si na qualidade de seu Libertador do cativeiro temporal.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 386

O livramento do cativeiro egípcio foi paliativo, o Senhor precisava libertar Israel do cativeiro da idolatria, negligência e corrupção. Embora livre dos grilhões de ferro, Israel continuou cativo da mentalidade serviente, declinado a idolatria. No Egito, os hebreus perderam a salutar concepção da santidade de Deus, da malsinada pecaminosidade de seus corações e incapacidade, de por si mesmos, obedecerem a Lei, compelindo o Senhor gravar em suas mentes a dependência e necessidade do Salvador, contudo, os frutos foram colhidos em gerações posteriores.

Sustentando braço forte, o Senhor utilizou Moisés como mediador. Conduzindo o povo ao Sinai manifestou sua glória, codificou o Decálogo e entregou ao povo com promessa de grandes bênçãos sob condição de obediência, verbis: "Agora, se ouvirdes a minha voz e obedecerdes à minha aliança, sereis como meu tesouro pessoal dentre todas as nações, ainda que toda a terra seja minha propriedade. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa. Estas são as palavras que dirás aos filhos de Israel." Êxodo 19:5-6. Israel ignorou a impossibilidade de obedecerem a Lei sem a justiça do Messias, desconheciam a malignidade do coração nutrido de natureza pecaminosa. Entrementes, acreditando na conduta humana firmaram concerto com Deus, ancorados na própria justiça, disseram: "Em seguida, leu o Livro da Aliança e o leu para o povo; e eles responderam: "Tudo o que Yahweh ordenou, nós o faremos e obedeceremos." Êxodo 24:7. Alavancando sentimento de zelo, Israel testemunhou a proclamação da Lei no Sinai com manifesta glória e majestade do Altíssimo e temeram aterrorizados, contudo, passada algumas semanas, violaram o concerto firmado no Sinai prostrando-se diante do bezerro de ouro.

Não poderiam esperar o favor de Deus mediante um concerto que tinham violado; e agora, vendo sua índole pecaminosa e necessidade de perdão, foram levados a sentir que necessitavam do Salvador revelado no concerto abraâmico e prefigurado nas ofertas sacrificais. Agora, pela fé e amor, uniram-se a Deus como seu libertador do cativeiro do pecado. Estavam então, preparados para apreciar as bênçãos do novo concerto.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 386-387

O novo concerto transcendia a mera obediência formalista, concebia perdão de pecadores e restauração da semelhança divina sob o manto da justiça do Messias, habilitando-os obedecerem a Lei.

Nesse compasso, indaga-se, quais as diferenças ente os dois concertos? Segundo a pena de Ellen White:

As condições do velho concerto eram: Obedece e vive – cumprindo-os [estatutos e preceitos] o homem, viverá por eles (Ezequiel 20:11; Levítico 18:5); mas maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei. Deuteronômio 27:26. O novo concerto foi estabelecido com melhores promessas: promessas de perdão dos pecados, e da graça de Deus para renovar o coração, e levá-lo à harmonia com os princípios da lei de Deus. Este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a Minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração... Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados. Jeremias 31:33-34.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 387

Graça, não é liberdade para transgredir a lei, cravando-a na cruz, pelo contrário, é a via eleita para purificar o coração mediante imputação da justiça de Cristo alcançada pela fé para obedecer a Lei, este é o cerne do segundo concerto. É forçoso concluir, a Lei não foi revogada, nem transformada em barreira, muro de separação, ao contrário senso, foi confirmada sua vigência. Mudou a forma de obedecer, removida a obediência pela singela tábua de pedra, foi cravada no coração pelo Espírito Santo, leia-se, a graça de Deus estendeu-se a todos os homens, um período para o Salvador imputar sua justiça em seus corações, renovando-o, mediante a fé habilitou-os guardarem a Lei por amor, na grandeza de sua santidade.

Impotentes diante dos pecados cometidos no Sinai, Israel rompeu a aliança, o concerto com Deus, celebraram culto idolatra adorando malsinado bezerro de ouro, destarte, se faz necessário o pecador sentir a necessidade do Messias cravar a lei em seu coração, declinando do legalismo aceitando a justiça de Cristo pela fé:

A mesma lei que fora gravada em tábuas de pedra, é escrita pelo Espírito Santo nas tábuas do coração. Em vez de cuidarmos em estabelecer nossa própria justiça, aceitamos a justiça de Cristo. Seu sangue expia os nossos pecados. Sua obediência é aceita em nosso favor. Então o coração renovado pelo Espírito Santo produzirá os frutos do Espírito. Mediante a graça de Cristo viveremos em obediência à lei de Deus, escrita em nosso coração. Tendo o Espírito de Cristo, andaremos como ele andou. Pelo profeta Ele declarou a respeito de Si mesmo: Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do meu coração. Salmos 40:8. E, quando esteve entre os homens, disse: O Pai não Me tem deixado só, porque. Eu faço sempre o que lhe agrada. S. João 8:29.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 387)

Como exposto, a Lei não foi revogada, a mesma Lei escrita pelo dedo de Deus, entregue a Israel no Sinai, é cravada pelo Espirito Santo no coração dos servos de Deus. Leia-se, o Senhor mudou a forma de obedecer a Lei. Mediante a graça auxiliadora de Cristo, o pecador recebe justiça emprestada para obedecer a Lei, rompendo com obras meritórias santificando o coração.

Por fim, Ellen White cita texto de Paulo trazendo lume acerca da relação ente fé e Lei no novo concerto, em suas apresentações o festejado apóstolo diz:

Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei. Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, - ou seja, ela não podia justificar o homem, porque em sua natureza pecaminosa este não a poderia guardar- Deus, enviando o Seu filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Romanos 5:1; 3:31; 8:3-4.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 387-388

Na visão paulina, o pecador não consegue obedecer a Lei em sua natureza pecaminosa, necessita da justiça de Cristo. De forma sucinta Paulo iluminou o tema em comento, a justificação se efetiva pela fé, contudo, a fé não anulou a Lei. Segundo exortação paulina, a lei não pode justificar o homem, sob o manto da natureza pecaminosa era impossível o pecador obedecer a Lei, necessitando tomar a justiça do Salvador emprestada para santificar o coração e obedecer a Lei por amor. Não olvidando, a função da Lei é apontar, revelar o pecado, para o crente, andar segundo o Espírito e não pecar. A lei proclamada no Sinai é a mesma Lei do Novo Testamento, ajudando Paulo conhecer o pecado e não cobiçar. A lei é imutável, mudou a forma de obedecer, não mais, pela justiça própria, formalismo, legalismo, mas, pela justiça de Cristo, por amor e santificação.

Ademais, é forçoso indagar, quem será justificado pela fé, quem obedece a Lei ou quem ignora, transgredindo? A resposta encontra-se nas Escrituras: "Pois, diante de Deus, não são os que simplesmente ouvem a Lei considerados justos; mas sim, os que obedecem à Lei, estes serão declarados justos." Romanos 2:13. Somente o pecador justificado, santificado pela justiça de Cristo é capaz de praticar, obedecer a Lei fincado na fé. Noutro giro o simples conhecedor, ouvinte ou praticante da Lei sustentado em mero formalismo, legalismo ou cerimônias, despido da justiça do Salvador não será justificado, nem mesmo pela fé. Leia-se, o pecador justificado pela fé toma emprestado a justiça de Cristo atendendo exigência da Lei via santificação, obra do Espírito Santo ou imputação da justiça de Cristo. Os cristãos não podem cometer os erros do judaísmo. Os judeus ouviam a lei regularmente nas Sinagogas: "Porque desde os tempos antigos, Moisés é pregado em todas as cidades, bem como é lido nas sinagogas em todos os dias de sábado." Atos 15:21, alimentavam esperança de justificação ancorados na mera posse das Escrituras, contudo, o velado conhecimento extraído era insuficiente para santificar. Em assim sendo, perderam a condição de povo eleito recusando a graça auxiliadora do Messias, leia-se, desprezaram a santificação mediante a justiça de Cristo, fincados em sua própria justiça, trapo de imundícia para Deus, tentaram o impossível, obedecer a Lei revestidos de natureza pecaminosa.


Graça & Justiça de Cristo

A princípio é forçoso indagar, qual a finalidade da graça? Resposta: Restaurar o pecador ao nível de Adão antes da queda, recuperando a semelhança divina suplementado pela justiça de Cristo. Mirando o supracitado alvo, o Senhor fixou um lapso de tempo destinado a restauração humana no bojo do Plano de Redenção, leia-se, Cristo tomou lugar do pecador, pagou o preço exigido pela sentença de morte na cruz, eliminou a condenação, não a lei, em assim sendo, cumpriu a promessa firmada com Adão e Abraão de restaurar a semelhança divina. O pecador penitente mediante a graça será restaurado ao status de Adão antes da queda, santificado pela justiça de Cristo: "Quanto à antiga maneira de viver, fostes instruídos a vos despirdes do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serdes renovados no vosso modo de raciocinar e a vos revestirdes do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade proveniente da Verdade." Efésios 4:22-24. Vislumbra-se duas naturezas no supracitado texto, velho homem dominado pelos desejos da carne, natureza pecaminosa. Novo homem revestido da justiça e santidade de Cristo rendendo frutos do Espírito, santificado, habilitado amar e obedecer a Lei.

Na mesma toada, Ellen White se manifesta expondo o Plano de Redenção, segundo a renomada escritora:

No plano de restaurar nos homens a Imagem Divina, foi estipulado que o Espírito Santo atuasse na mente humana e fosse, como a presença de Cristo, uma influência modeladora no caráter humano. Aceitando a verdade os homens também se tornam recipientes da graça de Cristo e dedicam sua santificada capacidade humana à obra em que Cristo se empenhou – os homens tornam-se cooperadores de Deus.
WHITE, Ellen Golden. E Recebereis Poder. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1999. pág. 47

O plano de Redenção traçado por Deus visa restaurar a semelhança divina perdida por Adão, isso é graça, devolvendo a capacidade de obedecer a lei. No aludido processo, o Espírito Santo se manifesta modelando o caráter humano ao de Cristo santificando-o e habilitando guardar os mandamentos. Na visão de Ellen White, a graça se fundamenta no lapso de tempo dedicado a restaurar a imagem divina no homem mediante a fé. Envolto pela justiça de Cristo, o pecador se santifica e coopera com a obra reconciliado com Deus.

Visando sedimentar o entendimento veiculado, se faz necessário traçar o cerne do Plano de Redenção, a saber, o contrato firmado entre Pai e filho no céu incluía, o Filho vir a terra, suportar a Lei da Hereditariedade (natureza caída de Adão) em sua encarnação e desenvolver caráter justo sobre a terra como exemplo para humanidade, a esse respeito, em texto citado por Andreasen, a irmã White comenta:

Jesus desenvolveu um caráter justo sobre a terra como exemplo para o homem.
Spirit of prophecy, vol. 3, pág. 260. (ANDREASEN. M.L. Cartas ás Igrejas. 1.ed. Ed.Folhas de Ouro, 1959. p. 112)

Jesus desenvolveu o aludido caráter unindo esforço humano ao divino. No segundo momento, Jesus comprovaria a possibilidade do homem também desenvolver caráter santo tomando sua justiça emprestada. Por fim, Jesus apresentaria o pecador penitente santificado, nova criatura nutrido da justiça divina perante os céus, em assim sendo, o Pai o receberia como filhos e filhas reconciliados, fato endossado por Ellen White em Desejado de Todas as Nações, texto citado por Andreasen:

O Pai ratificou a aliança feita por Cristo, que haveria de receber os homens obedientes e arrependidos, e os amaria mesmo como ele ama seu Filho.
(ANDREASEN. M.L. Cartas às Igrejas. 1.ed. Ed.Folhas de Ouro, 1959. p. 112)

Antes de lançar os fundamentos da Terra, Pai e filho haviam firmado concerto de restaurar o homem caso cedesse a tentação, vencido por Satanás, carecia da obra redentora do fiador, Cristo, para remir o perdido pecador. Vitorioso, Cristo apontou os sinais de seu triunfo, apresenta a Deus os molhos movidos, os salvos, fruto de sua obra redentora, reconciliados por sua justiça, amados pelo Pai, tornando-se um com eles.

Diante do exposto, conclui-se, focado em restaurar a perdida imagem divina, Cristo empresta sua justiça santificando o pecador: "Entretanto, nesses últimos tempos, se manifestou uma justiça proveniente de Deus, independente da Lei, mas da qual testemunham a Lei e os Profetas; isto é, a justiça de Deus, por intermédio da fé em Jesus Cristo para todas as pessoas que crêem. Porquanto não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação por meio da fé, pelo seu sangue, proclamando a evidência da sua justiça. Por sua misericórdia, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que deposita toda a sua fé em Jesus." Romanos 3:21-26. Lei, legalismo, formalismo ou cerimonialismo não empunha condão de salvar, justificar ou reconciliar com Deus. A salvação é pela graça mediante a fé vinculada a promessas de Cristo erguer o perdido pecador com sua justiça. A função da Lei é apontar pecados, auxiliando o penitente pecador, revestido do manto da justiça de Cristo evitar pecar ou transgredir a Lei. O Plano de Redenção se fundamenta em restaurar a imagem ou semelhança divina, perdida por Adão, segundo a teoria da Convergência de Irineu..

De fato, o Senhor formulou o Plano de Redenção visando recuperar a semelhança divina cunhando o caráter de Cristo no homem, destarte, o santifica agraciado por seus atributos e afeições:

Antes que o mundo fosse feito, estava combinado que a divindade de Cristo fosse envolta na humanidade.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas, V.1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 250

Nesse viés, a graça se efetiva no lapso de tempo, pautado no Plano de Redenção, para Cristo recuperar o homem, envolvendo a humanidade dos cristãos com sua divindade recuperando a semelhança divina, tornando o homem semelhante a Adão antes do pecado:

Assim Cristo deu a humanidade uma existência provinda dele mesmo. Levar a humanidade a Cristo, levar a raça caída à unidade com a divindade, tal é a obra da redenção. Cristo tomou a natureza humana a fim de que pudessem os homens ser um com Ele, como Ele é com o Pai, a fim de que Deus possa amar o homem como ama o seu filho unigênito, e os homens possam ser participantes da natureza divina, e ser completos nele.
O Espírito Santo, que procede do unigênito Filho de Deus, une o instrumento humano, corpo, alma e espírito à perfeita natureza divino-humana de Cristo. Esta união é representada pela união da videira e seus ramos. O homem finito une-se a varonilidade de Cristo. Por meio da fé a natureza humana assimila a natureza de Cristo. Somos feitos um com Deus em Cristo.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas, V.1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 251

O Espírito Santo, procede do Filho, ao ser imputado no coração humano semeia atributos e afeições de Cristo santificando o pecador. Assimilando o caráter de Cristo, o pecador é refrigerado pelo Espírito Santo:

O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual na alma. A comunicação do Espírito é a transmissão da vida de Cristo. Reveste o que O recebe com os atributos de Cristo. Antes de os discípulos poderem cumprir seus deveres oficiais em relação com a igreja, Cristo soprou sobre eles Seu Espírito.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações, 14.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 769

O Espírito de Cristo imputado transmite justiça, semeando os atributos divinos no coração do pecador, de posse dos dons da cruz ou atributos de Cristo, o pecador testemunha em favor da verdade compelido obedecer à Lei, sã doutrina e estatutos mediante a graça regeneradora de Cristo:

Quer que seus servos dêem testemunho de que, mediante Sua graça, podem os homens possuir caráter semelhante ao de Cristo e regozijar-se na certeza de seu grande amor.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações, 14.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 790

De acordo com o aludido texto, os homens podem recuperar a semelhança divina cunhando o caráter de Cristo ao absorver sua justiça, isto é graça, favor imerecido.

Com esse enfoque, é de bom alvitre evidenciar a exortação de Jesus: "Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33. Buscar a justiça de Cristo equivale a restaurar a semelhança divina desperdiçada por Adão. Em assim sendo concluído o processo de justificação pela fé (perdão dos pecados passados), se faz necessário o cristão buscar em primeiro lugar a justiça de Cristo para se santificar, de posse da divina natureza, o Senhor acrescenta os dons necessário para desenvolvimento espiritual. Envolto com o manto da justiça de Cristo, o pecador é santificado recebendo as afeições, atributos ou dons da cruz, refletindo o caráter de Cristo:

A graça se efetiva quando o Salvador imputa sua justiça no coração do pecador. Cunhando seu caráter, santifica o pecador e habilita obedecer a lei por amor adicionando os dons oriundos da cruz. Concluindo, graça é a mão de Deus alcançando a Terra. Fé é a mão do homem se estendendo para agarrar a mão de Deus (NEUFELD, Don F. Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. V. 8. 1. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 2016. pág. 576). A graça da mão de Deus se estende a terra disponibilizando a justiça de Cristo ou natureza divina emprestada para santificar o pecador, restaurando-o ao status de Adão antes da queda, noutro giro, o pecador necessita levantar a mão para pegar a mão de Deus, sentindo desejo de ser participante da natureza divina de Cristo. A graça é despejada sobre os homens, todos têm direito de estender a mão em busca da justificação, santificação e salvação, contudo, depende do livre arbítrio abrir o coração e confiar (fé) na promessa divina, Cristo imputar sua justiça restaurando a semelhança divina.


O que é Justiça

Como cediço, o homem perdeu a justiça quando caiu em transgressão, inclinado ao mal, tornou-se ímpio, pecador e injusto, condenado a perdição e morte. O Plano de Redenção concebeu graça divina, leia-se, graça é a restauração do pecador via imputação da justiça de Cristo emprestada. A graça permite o homem formar caráter semelhante ao de Cristo, entendimento compartilhado por Ellen White em sua obra, com propriedade a renomada autora afirma:

Quer que seus servos dêem testemunho de que, mediante sua graça, podem os homens possuir caráter semelhante ao de Cristo e regozijar-se na certeza de seu grande amor.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de Todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1986. pág. 790

A título de exemplo é possível comparar o pecador a veículo danificado necessitando de reparos para funcionar. No caso do pecador, Cristo é o mecânico, enviado para repor a peça avariada, a saber, a natureza divina arruinada no evento do pecado de Adão. Danificado pela natureza pecaminosa carece de justiça. Emprestando sua justiça, a peça é substituída, o pecador é recuperado e apto para funcionar em perfeita obediência a Deus e sua lei. Santificado o pecador frutifica amor e perfeição, dotado das afeições e atributos divinos, reflete o caráter de Cristo.

Em assim sendo, é forçoso conceituar justiça como afeições e atributos comunicados por Deus via imputação da natureza divina no coração do pecador penitente, refletindo o caráter divino. De posse da natureza divina, a justiça é restaurada ativando virtudes morais e espirituais culminando com os dons da cruz, a saber, retidão, zelo, obediência, amor, bondade, misericórdia, desprendimento secular, perdão, altruísmo, beneficência, caridade entre outros. Pode-se definir justiça como aperfeiçoamento espiritual, físico e moral ativando reta conduta, destarte, o pecador só é capaz de obedecer à lei se a justiça for restaurada tomando emprestada de Cristo, único possuidor do supremo padrão de conduta moral e espiritual. A justiça divina não reside no legalismo ou formalismo, é fruto da graça de Deus em favor do pecador, alcançada pela fé.

Diante do exposto é forçoso indagar, como alcançar a sonhada justiça santificadora? Como formar caráter justo? A princípio vale enfatizar, segundo Andreasen, o caráter não é criado. É trabalhado, lapidado, desenvolvido paulatinamente, construído e exercitado vencendo múltiplos testes, tentações e provações. Deus prova o pecador visando santifica-lo, posto isto: "Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar. Portanto, meus amados, fugi da idolatria." I Coríntios 10:13-14.

A princípio Deus permite tentações leves, vencidas estas, virão tentações médias e fortes. Aos poucos o pecador consegue resistir à tentação. Dá-se, por exemplo, os vícios, tabaco, álcool, drogas, apetites, paixões etc. O homem é capaz de vencê-los unido a Cristo, nutrido de sua justiça. A cada singela vitória, superando pequenas tentações, purifica a mente, o caráter é moldado a semelhança divina, culminando com resistência a grandes tentações, até se tornarem insignificantes. O processo de santificação exige vencer singelos pecados e faltas, comece abandonando pequenas transgressões a exemplo de lavar louça sábado, controle do apetite, resistência a doutrina. Santidade não é obtida em um dia. Redenção é um processo pela qual a alma é treinada para o céu. Um processo de toda vida, a exemplo de Paulo: "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus." Filipenses 3:12. A vida de Paulo, a exemplo de Cristo, foi de constante vigilância e comungar com Deus. A forma de adquirir justiça divina, é vencendo pequenas tentações, solidificando o caráter, treinando resistir à tentação. Cada tentação superada, favorece receber mais justiça divina solidificando e modelando o caráter a semelhança divina.

Como exposto, a justiça é alcançada quando a amente treinada vence o pecado, modelando o caráter de Cristo até a completa santificação. Santificado, o pecador adquire justiça de Cristo capacitando-o obedecer a lei. Destarte, Ellen White define justiça com obediência a Lei:

Justiça é obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas é ele incapaz de a apresentar. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a alma arrependida e crente, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama seu Filho. Assim é que a fé é imputada como justiça; e a alma perdoada avança de graça em graça, de uma luz para luz maior.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 91

Despido de justiça, o homem não empunha capacidade, santidade suficiente para obedecer a Lei, motivo da irmã White conceituar, vincular justiça a obediência da Lei. A justiça pela fé requisita controlar impulsos, apetites, paixões e submete-los a razão. A fé se aperfeiçoa na obediência, leia-se, o pecador treina a mente comungando com Cristo, meditando nas Escrituras, ouvindo áudio dos Testemunhos, desse modo, exercita obediência vencendo pequenas tentações diariamente. Jesus olha o esforço humano, quando percebe o crente levando os fardos com fé, une o divino ao humano santificando o pecador, capacitando amar e obedecer a sã doutrina, enaltecendo estatutos, preceitos e leis.

Diante do exposto, é penoso descortinar a vida religiosa dos Fariseus legalistas do passado e presente, perseguindo a justiça alicerçada na obediência formalista da Lei, debruçados em justiça própria, méritos humanos. Formalismo, legalismo e cerimonialismo não são sinônimo de salvação. Vislumbra-se com frequência fanatismo, hipocrisia e justiça própria (confiança nas obras), grassarem (espalham-se) copiosamente dentro e fora dos grupos de Reforma, sob manto de santidade, totalmente alheios a verdade da justiça de Cristo, único fio condutor capaz de auxiliar o pecador na senda da obediência. Muitas destas almas sinceras, são induzidas por Satanás a desligarem torneira, lâmpadas e geladeiras aos Sábados, tirar sandálias dos pés nos cultos, usar túnicas, orar de olhos abertos, comparar bicicleta com jumento, usar roupas brancas, como requisito de santidade e justiça. A esse respeito, Jesus falou: "Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus." Mateus 5:20. A justiça dos fariseus assentava-se em seus méritos, justiça própria, obediência formal da Lei, anulando a graça de Deus: "Não torno inútil a Graça de Deus; porquanto, se a justiça pudesse ser estabelecida pela Lei, então, Cristo teria morrido em vão." Gálatas 2:21. Adeptos fanáticos, semelhantes aos ascéticos anacoretas, caminham na linha de colisão com ensinamentos de Jesus, a justiça é pela graça, mediante justificação pela fé, nesse sentido se manifesta Ellen White:

Não é por meio de penosas lutas ou fatigante lida, nem de dádiva ou sacrifícios, que alcançamos a justiça; ela é porém, gratuitamente dada a toda alma que dela tem fome e sede. 'Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tem dinheiro, vinde, comprai, e comei... sem dinheiro e sem preço'. 'Sua justiça...vem de mim, diz o Senhor'. 'E este será o nome com que o nomearão; Senhor justiça nossa'. Isa 55:1; 54:17; Jer. 23:6.
WHITE, Ellen Golden. O Maior Discurso de Cristo. 16. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2014. pág. 18

Como exposto alhures, a função da Lei é apontar o pecado e não fornecer justiça. Unicamente Cristo pode emprestar justiça ao pecador: "E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da Lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé." Filipenses 3:9. Se fosse possível o pecador obter justiça, restaurar a semelhança divina perdida por Adão mediante esforço próprio, obediência formal da Lei, fincado unicamente em sua fé e fanatismo religioso, Jesus não precisaria morrer. Em verdade, quem busca justiça por obras, mérito humano, caiu da graça, para tais pessoas Jesus morreu em vão, basta exercitar o comportamento humano para alcançar a sonhada justiça.

Em verdade, a fantasia do pecador obter justiça por obediência formal, mérito, conduta humana, não passa de sofisma satânico para reter as almas em pecado, longe da salvação. Antes do pecado Adão era feliz, alimentado pela justiça divina, capaz de amar e obedecer a Lei:

Cristo somente é a 'expressa imagem' do pai (hebreus 1:3); mas o homem foi formado à semelhança de Deus. Sua natureza estava em harmonia com a vontade de Deus. A mente era capaz de compreender as coisas divinas. As afeições eram puras, os apetites e paixões estavam sob o domínio da razão. Ele era santo e feliz, tendo a imagem de Deus, e estando em perfeita obediência à sua vontade.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 28

A única forma do homem harmonizar-se com a vontade de Deus, é revestido da justiça de Cristo, todavia, o pecado desfigurou a semelhança divina, familiarizando o coração de Adão com o mal. A justiça, natureza divina fonte da nobre conduta esvaiu-se, substituída pela natureza pecaminosa, inclinada a satisfação própria. A famigerada natureza impedia Adão obedecer a Lei como antes, exigindo intervenção divina por meio da graça. Quem poderia interver em favor do pecador e restituir a justiça perdida, fio condutor ligando o pecador com Deus e perfeita obediência a lei? O profeta responde de forma cirúrgica: "Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um renovo justo; e, sendo rei, reinará e precederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
Nos seus dias será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: SENHOR JUSTIÇA NOSSA."
Jeremias 23:5-6. O pecador perdeu a justiça divina, somente Cristo, a expressa imagem do Pai, um ser perfeito poderia morrer na cruz pagando o preço do pecado e restituir a justiça, natureza divina perdida por Adão, capacitando o pecador amar e obedecer outra vez com perfeição. Segundo Ellen White, a semelhança divina, justiça, perdida por Adão será restituída por Cristo:

No princípio o homem foi criado à semelhança de Deus, não somente no caráter, mas na forma e aspecto. O pecado desfigurou e quase obliterou a imagem divina; mas Cristo veio para restaurar aquilo que se havia perdido.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1985. pág. 696

Cristo veio restaurar a justiça, natureza divina perdida, capacitando o pecador santificado trilhar na senda da obediência, familiarizando-se com a divindade. Como se pode notar, justiça é emprestada por Jesus. Quando a justiça é imputada, o pecador recebe afeições e atributos divinos, muda sentimentos, o caráter é enobrecido semelhante ao caráter de Cristo, trata-se da santificação, com a justiça recuperada o homem manifesta atitude nobre, justa, capaz de resistir tentações e obedecer a Lei por amor. O pecador, por si só, não é capaz de produzir nem armazenar justiça. Não pode ser cultivada separado de Cristo.

Por fim Ellen White define, conceitua justiça cirurgicamente, em sua ótica:

Justiça é santidade, semelhança com Deus e 'Deus é amor'. I João 4:16. É conformidade com a Lei de Deus; pois, todos os teus mandamentos são justiça'.(Sal. 119:172) 'e o cumprimento da Lei é o amor' (Rom.13:10). Justiça é amor, e o amor é a luz e a vida de Deus. A justiça de Deus se acha concretizada em Cristo. Recebemos a justiça recebendo-o a ele.
WHITE, Ellen Golden. O Maior Discurso de Cristo. 16. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2014. pág. 18

Segundo o conceito acima levantado pelo Espírito de profecia, quando Jesus imputa sua justiça no coração do pecador, eclode os frutos, a saber, santidade, amor, obediência aos mandamentos, pensamentos e sentimentos finados com os céus. Justiça pode ser definida como virtude moral (atributos) e espiritual (afeições) oriundos de Cristo para reger a conduta no combate aos frutos da natureza pecaminosa. Sim, justiça é santidade, única forma do pecador recuperar a semelhança divina, é tomando justiça emprestada de Jesus.

Resumindo, quando Deus formou Adão pôs sua natureza divina, Adão foi alma vivente, justo, santo, perfeito e obediente graças a justiça divina. A queda de Adão resultou na perda da natureza divina, substituída pela natureza pecaminosa originada por Satanás. A graça foi estendida, na cruz, Cristo pagou o preço do pecado, morreu no lugar do pecador restituindo a natureza divina. A justiça de Cristo, é a imputação de seu Espírito no coração do pecador, recuperando a semelhança divina, cunhando seu caráter no homem santificando-o. Noutro giro, o pecador revestido da natureza pecaminosa rende frutos do pecado, inclinado ao mal, egoísta, satisfaz-se transgredindo a lei, desnudo da justiça divina, não empunha forças para obedecer a Lei. A cobertura da justiça de Cristo, por sua vez, produz frutos do espírito, habilitando obedecer a lei, resistir tentação, aborrecer o mundo e seus prazeres. Não confundir justificação com justiça. Justificação é perdão de pecados passados. Justificado, limpo de pecados cometidos, Cristo imputa sua justiça santificando o pecador habilitando-o a obedecer a Lei evitando pecar, enquanto o penitente pecador comunicar, alimentar a justiça de Cristo no coração permanecerá santo. A justiça de Cristo, natureza divina, é o fio condutor santificando, aperfeiçoando o caráter humano danificado pelo pecado.


Fé & Confiança

A princípio se faz necessário conceituar fé. Do hebreu emum; emunah; do grego pistis. A fé se desenvolve mediante uso. Não pode ser ensinada, forçada ou mercadejada. O objeto da fé se traduz em confiança nas promessas divinas e no sistema de princípios religiosos (doutrina), apropriando-se dos méritos de Cristo desenvolvendo virtudes, ou dons da cruz oriundas do Salvador, colhendo frutos, práticas ou exercício da fé, tornando o pecador espiritual mediante imputação da natureza divina.

Visando fixar os conceitos acima levantados, insta ilustrar uma parábola descriminando a diferença entre crença e fé: Um renomado equilibrista promove evento se deslocando de um monte a outro sobre um cabo de aço há mil metros de altura empurrando um carro de mão. Você acredita no êxito do equilibrista? Ele é capaz de cruzar o monte, mil metros de altura empurrando um carro de Mão? Se você responder, sim ele é capaz, você creu, todavia, isto é fé? Se o equilibrista se voltar para você e perguntar, muito bem você creu, então entre no carro de mão e vamos atravessar juntos, você entraria no carro de mão? Se você responder não tenho coragem, não é fé, você não confia, embora crendo no êxito do equilibrista, noutro giro, caso responda, sim e entrar no carro de mão atravessando o abismo, trata-se de fé, você confiou na capacidade do equilibrista. Desse modo é perfeitamente percebível a margem diferenciando crer de confiar, fé não é apenas crer, sim confiar. Existe diferença abissal entre crença e fé:

Quando falamos em fé, devemos ter presente uma distinção. Existe uma espécie de crença que é inteiramente diversa da fé. Diz a Bíblia que também os demônios creem e estremecem; mas isto não é fé.
WHITE, Ellen Golden. Caminho a Cristo. 27. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 63

Fé genuína, não crer somente, confia, espelha convicção e aceita, crer é apenas um elemento da fé. Ademais, é possível crer sem confiar, contudo, jamais confiar sem crer. Fé esmerada na confiança, produz submissão à vontade divina, obediência a sã doutrina e renova o coração à semelhança divina.

Ainda no mesmo contexto, diga-se, fé genuína empunha lealdade, certeza, confiança em Deus e fidelidade a doutrina, mesmo sem ver, com esse viés, a irmã White pergunta:

O que é fé? A certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem. Hebreus 11:1. É uma anuência do entendimento às palavras de Deus que prende o coração em voluntária consagração e serviço a Deus, o qual deu o entendimento, o qual enterneceu o coração, o qual primeiro levou a mente a contemplar a Cristo na cruz do Calvário. Fé é entregar a Deus as faculdades intelectuais, submeter-lhe a mente e a vontade e fazer de Cristo a única porta de entrada no reino dos céus.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 23

A fé liga o crente voluntariamente ao serviço divino, entrega as faculdades intelectuais, morais e espiritual a obra do Senhor, obedecendo a sã doutrina prazerosamente iluminado pela justiça de Cristo. Trata-se de confiança nas coisas esperadas, prova das coisas invisíveis, fé genuína frutifica boas obras, arquiteta o impossível, inclusive transportar montes.

Como cediço, Cristo, em natureza humana, caída, satisfez exigência da Lei suportando o peso da cruz, morreu em lugar do pecador expiando seus pecados. A condição traçada no Plano de Redenção para perdoar pecadores foi a fé. A salvação mediante fé, tolhe méritos humanos, obras da lei. Na fé não há virtudes meritórias, pela qual a salvação seja merecida, contudo, a fé pode apegar-se aos méritos de Cristo. Revestido da justiça creditada por Cristo o pecador é santificado, habilitado obedecer a Lei e participar da natureze divina, recuperando a semelhança do Criador, neste sentido se manifesta texto esculpido na Review and Herald, 1º de julho de 1890:

A fé genuína se apropria da justiça de Cristo, e o pecador torna-se vencedor com Cristo, pois ele se fez participante da natureza divina. Assim se combinam divindade e humanidade.
DANIELLS, Arthur G. Cristo Nossa Justiça. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2022, pág. 75

A verdadeira fé, não crer somente, se apossa da justiça de Cristo transformando o coração, nascendo outra vez. O esforço humano precisa do tempero da justiça de Cristo. O exercício da fé é a parte do pecador na grande transação pela qual pecadores são santificados. Participando novamente na natureza divina, a vontade do pecador se harmoniza com a vontade de Deus, capacitando obedecer a Lei, como um dia fez Adão no Éden.

Com efeito, a Lei demanda justiça, o texto veiculado na Review and Herald, 4 de novembro de 1890, confirma o alegado, eis o texto:

A lei requer justiça, e isso o pecador deve á lei; porém, ele é incapaz de apresenta-la.
DANIELLS, Arthur G. Cristo Nossa Justiça. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2022, pág. 92

A lei do Senhor é perfeita, justa e boa, o pecador caído, imperfeito, despido de justiça não pode cumprir a exigência legal. Mediante fé, o pecador se apropria dos méritos de Cristo, participa da natureza divina, santificado pode apresentar justiça emprestada para obedecer a Lei. A única forma pela qual o pecador pode alcançar justiça é pela fé, inibindo qualquer tentativa de apresentar sujeira dos méritos humanos maculado pelo pecado original de Adão.

Com esse importe, não há desculpa para o pecador, incapacidade humana não justifica transgressão ou indolência. Ao fracassado Jesus disse: "Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me." Mateus 16:24. Não há vitória sem cruz, o débil pecador desfruta de ajuda divina para se santificar, com esse propósito:

Jesus veio ao nosso mundo trazer poder divino ao homem, para que por meio de sua graça possamos ser transformados à Sua semelhança.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 43

Jesus veio ao mundo trazer poder divino, recuperar a semelhança divina, leia-se, emprestar sua justiça santificando o pecador para obedecer a Lei. Graça significa restaurar a semelhança divina perdida por Adão, com esse escopo Jesus imputa sua justiça ou poder divino para restaurar o pecador, danificado pelo pecado de Adão contaminando os homens pela lei da hereditariedade. Mediante esforço humano na inglória tentativa de obedecer a Deus, Jesus oferece graça auxiliadora alcançada pela fé, e aceita a disposição humana unindo sua divindade ao esforço humano, desse modo, supre a deficiência humana com as vestes de sua justiça emprestada, recuperando o pecador a santidade de Adão antes do pecado no longínquo Éden.

Entrementes, para receber poder divino, justiça de Cristo, se faz necessário o pecador empunhar fé, confiança, apropriar-se dos méritos do Salvador e aceitar a verdade eterna, não apenas de lábios, comprovando sua fé pelas obras:

Conquanto a verdadeira fé confie inteiramente em Cristo para a salvação, ele conduzirá a perfeita conformidade com a lei de Deus. A fé é manifestada pelas obras.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 10

Reiteradas vezes ecoam vozes enaltecendo a salvação pela graça mediante fé, todavia, desprezam as obras. A fé genuína, lustrada na confiança esmera no crivo das obras. Fé e obras conduz um realce equilíbrio entre justificação pela fé (perdão de pecados passados) e santificação pela justiça de cristo culminando na perfeita obediência a Lei. O pecador é justificado pela fé, apropriando-se dos méritos de Cristo, para alcançar a sonhada justiça santificadora habilitando-o obedecer (obras). As Escrituras condenam obras legalistas, formalismo pautado na justiça própria, mérito humano, trapo de imundície e não as boas obras frutos da santificação. Boas obras deitam raízes no coração frutificado pela justiça de Cristo, restaurado a semelhança divina, culminando em obediência a Lei pelos méritos do Salvador, creditando justiça no coração do penitente pecador. O pecador não pode salvar-se sem obediência, contudo, suas obras não podem brotar de si mesmo. O pecador, participante da natureza divina produz dignos frutos de boas obras de obediência.

Não pense o pecador apegar-se a justiça de Cristo visando apagar os próprios pecados. Antes de absorver a justiça de Cristo é necessário produzir arrependimento convincente. Nesse viés, indaga-se, como o homem se arrepende? Em resposta a irmã White escreveu:

Pois bem, como é que o homem se arrepende? É algo dele mesmo? Não; porque o coração natural está em inimizade com Deus. Então, como pode o coração natural mover-se ao arrependimento, se não tem poder para fazê-lo? Que leva o homem ao arrependimento? É Jesus Cristo. Como Ele conduz o homem ao arrependimento? Há milhares de maneiras pelas quais Ele pode efetuá-lo.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 36

O pecador não se arrepende por si só: "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo sua boa vontade." Filipenses 2:13. O Espirito Santo toca a alma fomentando arrependimento, dotado do livre arbítrio, o pecador toma sua decisão para vida ou morte. Caso escolha vida se converte operando suas faculdades na seara do Senhor:

E é dessa fé operante que necessitais. Como ela opera? Ela opera pelo amor. Que amor? Ora, o amor que dimana da cruz do calvário.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 63

Fé não é crer somente, trata-se de confiar nos méritos de Cristo, aceitar a verdade, se apossar de sua justiça produzindo verdadeiro reavivamento espiritual, culminando em obediência a sã doutrina, estatutos, preceitos e leis, forjando a Reforma, frutos. Da supracitada fé, depende a salvação:

Por meio de fé viva, de fervorosa oração a Deus e confiança nos méritos de Jesus, somos revestidos de Sua justiça e salvos.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 62

A justiça de Cristo obtida pela fé habilita o pecador guardar todos os Mandamentos. Arrependimento é obra da graça de Deus. A fé humana, sem auxilio divino, não empunha força para romper as impetuosas sombras malignas e aceitar Jesus, seu Salvador. Ademais, Satanás reivindica toda alma apartada de Cristo como sua propriedade peculiar.

Agindo incansavelmente, o nobre Espírito de Deus almeja resgatar almas atuando na mente humana o tempo todo, toca o coração oferecendo convite divino. Duas atmosferas circulam a alma humana, divina e satânica, quando o homem é posto no raio da gloriosa luz divina irradiada da justiça de Cristo, o pecador encontra-se diante de uma linha distintiva, Deus e o Diabo, todavia, o pecador detém o poder de escolha autorizado pelo livre arbítrio. Sua decisão determina o destino, salvação ou perdição. Quando o arrependimento toca a alma, confirma comissiva atitude, testemunho e conversão impulsionada pela esfera de influência divina. Desse modo aflora o arrependimento. Uma mudança inicia, novo nascimento via justiça de Cristo. De outro giro, atmosfera sombria, satânica opera na mente do homem não arrependido produzindo resistência, tornando impossível romper a atmosfera de dúvida, desconfiança, descrença e rebeldia, conformando a alma no pecado, completamente desinteressado de alcançar salvação.

A verdadeira fé (fé genuína) se apega inteiramente aos méritos de Cristo visando imputação de sua justiça para alcançar salvação. Vestido da justiça de Cristo, confiareis na doutrina divina aceitando verdade após verdade com convicção. Sem mim, disse Jesus, nada podereis fazer. Nenhum mandamento, preceito, lei ou estatuto será obedecido despedido da justiça de Cristo, nesse particular a irmã White comenta com propriedade:

Que é então? É ouvir e ver que com a justiça de Cristo que possuís pela fé, justiça provinda por seus esforços e por Seu poder divino, podeis guardar os mandamentos de Deus.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 62

Diante do exposto é forçoso afirmar. Jesus não veio anular a Lei, muito menos rebaixar auréola de santidade circulando ao seu redor, seu alvo, é santificar o homem, creditando sua justiça, para obedecer aos Mandamentos. A fé, cobiçada pela igreja pauta-se na justiça de Cristo, única capaz de santificar o pecador e habilitá-lo amar, obedecer e se salvar, dessa fé estamos carecidos, grande esforço se faz necessário visando apoderar-se dos méritos de Cristo para reavivar os santos, reformar e santificar. Em assim sendo, a irmã White acrescenta:

Pois bem, irmãos, precisamos de fé, precisamos educar a alma na fé; precisamos que todo passo seja um passo de fé; precisamos de fé nesse sacrifício que foi efetuado por nós.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 63

As almas precisam se educarem, treinar a mente trilhando a vereda espiritual, entregar suas faculdades ao Senhor para alcançar a supracitada fé e nutrir o coração com a justiça de Jesus, superando os açoites do pecado. Fincado nesta axiomática verdade:

Preciso ensinar a outros como podem elevar-se do estado pecaminosos em que eu me encontrava e apossar-se, com fé viva, da justiça que há em Cristo Jesus. Essa é a única maneira pela qual o pecador pode ser salvo.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 63

Sem justiça pela fé, não há salvação, o mundo precisa conhecer, se apossar e praticar a justiça pela fé, ou sofrer as consequências da perdição eterna. Fé pautada unicamente em crer, autorizando transgredir lei, estatuto, preceitos, fomentar pecados e rebelião contra Deus, ancorada nos méritos humano, justiça própria e abominável legalismo, anula o sacrifício do Salvador. A descrita fé afronta o Senhor. Fé sustentando liberdade para pecar, produz autoconfiança, humanismo e rebeldia, em verdade não é fé, trata-se de presunção. Não há salvação fora da justiça pela fé, todas as doutrinas são fundamentadas nesta verdade encoberta, revelada apenas aos espirituais.

Ainda no mesmo contexto, diga-se, crer unicamente em Jesus como fiador, salvo pela graça, lavado no sangue de Cristo, negando ponto após ponto da gloriosa verdade cunhada na doutrina divina, não é fé genuína, trata-se de presunção. Apenas crer não é fé, nesse sentido esclarece a irmã White:

Que espécie de fé é essa? É crer simplesmente, ou é uma fé de aceitação? Há muitos aqui que tem essa espécie de fé.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 61

A verdadeira fé produz fruto de aceitação da gloriosa verdade alimentada pela justiça de Cristo. A fé genuína, crê, confia e aceita a justiça de Cristo como única via eleita capaz de restaurar a semelhança divina perdida por Adão com convicção, santificando o penitente pecador habilitando-o obedecer a Lei. Na apurada ótica da irmã White, fé genuína se ancora na aceitação da justiça de Cristo para santificar o homem, em uma de suas obras a festejada autora pergunta:

O que é crer? É aceitar plenamente que Jesus Cristo morreu como nosso sacrifício; que Ele Se tornou maldição por nós, tomou nossos pecados sobre Si e imputou-nos sua própria justiça. Por isso reivindicamos essa justiça de Cristo, cremos nela, e ela é nossa justiça.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 61

Crer no sentido de fé é aceitar Jesus como Salvador apoderando-se de sua justiça com convicção. De posse da justiça divina, Jesus unifica esforço humano a divindade, o pecador é santificado, plenamente capaz de obedecer a Lei e a doutrina de Cristo, convicto das verdades esculpidas na Palavra do Senhor. Cristo assumiu a forma humana para desmentir Satanás. O astuto inimigo levantou esdrúxula tese apontando impossibilidade do homem obedecer a Lei por conta de sua caída natureza. Cristo veio a Terra, para formar caráter santificado unindo esforço humano ao poder divino regado a argamassa de sua justiça, provando perante o universo a capacidade do pecador desenvolver caráter divino revestido de sua justiça, habilitando-o obedecer a Mandamentos, Estatutos, Preceitos e Leis. Acreditar na supracitada verdade eterna é a mais pura fé produzida pelo pecador. Revestido da justiça de Cristo, adquirida mediante fé genuína, o esforço humano é lustrado pelo poder divino de Cristo, capacitando o pecador guardar a Lei, sem transgredir nenhum dos mandamentos. Necessitamos dessa fé.

Por fim, é forçoso concluir, fé pode ser conceituada como confiança extrema, convicção, obediência isenta de dúvidas ou incertezas: "Pela fé Abraão, quando convocado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar que no futuro receberia como herança, embora não soubesse para onde estava sendo dirigido." Hebreus 11:8. A fé se arrima na confiança em Deus e cumprimento de suas promessas, trata-se de pré-requisito para aproximação com Deus: "Portanto, andamos sempre confiantes, conscientes de que enquanto presentes nesse corpo, estamos distantes do Senhor." II Coríntios 5:6-7. Mediante a fé o homem é justificado por Cristo: "Concluímos, portanto, que o ser humano é justificado pela fé, independentemente da obediência à Lei!" Romanos 3:28. Justificado, o pecador se torna participante da justiça de Cristo pela fé iniciando o processo de santificação: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor." Hebreus 12:14. A graça permite ao pecador alimentar esperanças de alcançar justiça de Cristo pela fé, recuperando a semelhança divina, verbis: "Entretanto nós, pelo Espírito mediante a fé, aguardamos a justiça que é nossa esperança." Gálatas 5:5. Por fim, adverte o renomado apóstolo: "Em verdade, sem fé é impossível agradar a Deus; portanto, para qualquer pessoa que dele se aproxima é indispensável crer que Ele é real e que recompensa todos quantos se consagram a Ele." Hebreus 11:6. Sem fé é impossível se aproximar de Deus. Fé, é um dos fundamentos da salvação, confiança na existência do Altíssimo, Deus invisível, mesmo sem vê-lo, aceitação das verdades eternas e convicção do cumprimento de suas promessas de recuperar a semelhança divina se apossando dos méritos de Cristo. Confiar, sem ver é fundamento máximo da fé genuína.

Por fim, é forçoso repisar, obedecer a Lei exige justiça, o pecador não há possui, perdeu no evento do pecado, transmitido pela lei da hereditariedade aos descendentes de Adão. A solução do entrave é a fé genuína traçada no Plano de Redenção. Qualquer tentativa de obedecer a lei pautado no esforço humano, obras da lei é imundície na ótica divina. Entrementes, a carência de justiça é suprida quando o pecador se apossa dos méritos do Salvador mediante fé. Cristo, imputa sua justiça como crédito santificando o pecador, participando da natureza divina sua vontade harmoniza-se com a vontade divina, capacitado obedecer aos Mandamentos, Estatutos e lei por amor.

Em suma, fé genuína é a convicção, de apoderar-se dos méritos de Cristo para recuperar a perdida semelhança divina. Revestido da justiça de Cristo recebe poder divino para amar e obedecer novamente a Lei, mediante a graça (recuperar a semelhança divina mediante imputação da justiça de Cristo). Fé, não se resume a crença, crer é apenas um elemento da fé, adicionada a convicção e aceitação da justiça de Cristo. Graça é o alvo divino na recuperação do pecador. É a restauração da semelhança divina perdida por Adão, santificando novamente o homem, harmonizando a vontade humana com a divina. Qual meio empregado para alcançar o supracitado alvo? Na fé genuína. Mediante fé, o pecador se apossa dos méritos de Cristo recebendo poder divino, ou justiça de Cristo creditada, santificado é elevado ao nível da justiça da lei, tornando-se perfeitamente capaz de obedecer todos os Mandamentos do Senhor.


Justificação

Breve histórico

A princípio se faz necessário tecer augustas linhas acerca da doutrina da justiça de Cristo apresentada por Waggoner e Jones no congresso de Minneapolis em 1888. O Senhor ordenou aos aludidos mensageiros proclamarem a mensagem da Justiça pela fé, visando purificar a igreja, santificando-a para obedecer ao Decálogo e receber chuva Serôdia unindo-se ao Terceiro Anjo no Alto Clamor. De inopino os destemidos pastores obedeceram:

No ano de 1888, a Igreja Adventista do Sétimo Dia recebeu uma mensagem de reavivamento muito clara. Ela foi, nesta hora, chamada a mensagem da Justiça pela Fé. Muitos que naquele tempo a ouviram, honraram-na firmemente, tendo até, durante estes anos todos, a firme convicção e alegre esperança, que esta mensagem um dia seria posta à frente, para poder efetuar a obra de purificação e renovação na igreja, indicada pelo Senhor.
Chr. U. Ger, p. 15. (MEYER, W. Minneápolis 1888. Onde e por que falhamos? Ed. Educativa, 2001. pág. 86

Nos faustos dias dos pioneiros, o Senhor confiou aos dois jovens pastores, uma poderosa mensagem, empunhando poder transformador na igreja e no mundo:

Em Sua grande misericórdia o Senhor enviou uma preciosa mensagem a seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones... esta é a mensagem que Deus ordenou que fosse dada ao mundo.
WHITE, Ellen Golden, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 91,92

Naquele momento a cúpula dos veteranos líderes adventistas acreditavam na máxima, obedece e vive, fincados no texto: "Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus." Apocalipse 14:12. Na visão dos Pioneiros, a salvação dependia apenas de formal obediência da Lei, ainda não compreendiam a impossibilidade de o pecador obedecer a lei sem a justiça pela fé, cometeram grave erro confiando na conduta humana:

Há os que professam servir a Deus, ao mesmo tempo que confiam em seus próprios esforços para obedecer à sua lei, formar caráter reto e alcançar salvação.
WHITE, Ellen Golden. Caminho a Cristo. 27. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 44

Noutro giro, Waggoner, Jones e Ellen White, defendiam a tese da justiça pela fé, necessidade de unir o esforço humano ao divino para obedecer a Lei. A esse respeito Ellen White acrescentou:

Por anos tem estado a igreja olhando para o homem, e esperando muito dele, mas sem olhar para Jesus.
MEYER, W. Minneápolis 1888. Onde e por que falhamos? Ed. Educativa, 2001. pág. 14

A igreja Adventista depositava méritos na capacidade humana para obedecer aos Mandamentos, por mera conduta humana sem justiça divina, ancorados na tese obedece e vive. Por autorização divina, A.T. Jones apresentou nova interpretação de Apocalipse 14:12 em dezembro de 1887. Escreveu ele:

A única maneira pela qual podemos harmonizar-nos com a justa Lei de Deus, é pela justiça de Deus, que se obtén pela fé em Jesus Cristo…

Na terceira Mensagem Angélica acha-se incorporada a suprema verdade e a suprema Justiça, Jones comparou a suprema verdade aos mandamentos de Deus e a suprema justiça à fé de Jesus. Me permitam acrecentar, a suprema verdade trata da Lei, contudo, carece da suprema justiça, justiça de Cristo para habilitar o pecador obedecer. As duas se completam.

Nesse diapasão, convém reiterar o conteúdo lustrando a augusta mensagem apresentada por Waggoner e Jones, rejeitada pelos líderes adventistas, endossada por Ellen White, a áurea mensagem divina:

Apresentava a Justificação pela Fé no Fiador; convidava o povo para receber a Justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. ... Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada como derramamento de seu Espírito Santo em grande medida.
Special Testemonies to Ministers and Gospel Workers, Série A 151; TM 91-92

A límpida mensagem celestial convidava o povo receber a justiça de Jesus para obedecer a Lei, visando santificar a Igreja. Trata-se da terceira mensagem angélica com força de iluminar o mundo. Diante do exposto, é forçoso afirmar, a graça mira recuperar semelhança divina. Em assim sendo, o Senhor definiu um tempo no Plano de Redenção para o povo receber a justiça de Deus pela fé em Cristo. Imputada a justiça pela fé, o crente é santificado pelas afeições e atributos de Cristo, o caráter divino é moldado enobrecendo mente, sentimentos, conduta, atitudes, pensamentos, sujeitando apetites e paixões ao domínio da razão, tornando-o santo igual a Lei. Restaurada a semelhança divina, nessa condição, só resta ao penitente pecador obedecer ao Estatuto, Preceito e Lei, em suma, a sã doutrina por amor. Todavia, a obediência permanece enquanto a justiça é comunicada, leia-se, enquanto os ramos receberem da videira (Cristo) sua seiva, ou justiça.

De fato, Ellen White endossou a tese apresentada por Waggoner e Jones. A renomada profetisa observou tratar-se de verdade antiga defendida por Paulo, Lutero e Wesley, perdida de vista no curso do tempo. Em sua ótica, os adventistas precisavam colocar a fé de Jesus no devido lugar. Com efeito, na terceira Mensagem angélica a Lei ocupa ingente protagonismo, contudo, é impotente, salvo se a justiça de Cristo for posta ao seu lado para emprestar sua glória ao régio padrão de justiça. Uma confiança completa e perfeita em Jesus imprimirá correta qualidade à experiencia religiosa. À parte disso, a experiencia não vale nada. O serviço é semelhante a oferta de Caim destituída de Cristo.

A luz dos fundamentos acima levantados, vislumbra-se a misericórdia divina cair sobre os Adventistas do Sétimo Dia em 1888 na Conferência de Minneápolis. Como chuva regando os vales floreceu a salvadora Mensagem, entremetes, enfrentou ferrenha oposição, a Associação Geral execravelmente rejeitou, desprezou, ridicularizou a mensagem angélica:

Em 1888 na Conferência Geral realizada em Minneapolis, Minnesota, o anjo de Apocalipse 18 desceu para fazer sua obra, e foi ridicularizado, criticado e rejeitado, e quando a mensagem que ele trouxer novamente, alargar-se num alto clamor, será novamente ridicularizada, criticada e rejeitada pela maioria.
E. G. White in Taking Up a Reproach. Também encontrado em Some History, Some Experience, Some Facts, p. 1 A.T. Jones

A augusta mensagem foi imprudentemente rejeitada, escarnecida e ridicularizada, os mensageiros oprimidos, perseguidos e separados. O Senhor, por sua vez, enviou a gloriosa mensagem a Igreja Remanescente (Reforma) nos últimos dias, posta à frente das doutrinas, santificará a igreja na chuva Serôdia unindo ao Terceiro Anjo na Mensagem do Alto Clamor. Reavivamento depende da justiça de Cristo. Os Adventistas nominais rejeitaram a poderosa mensagem caindo da fé, a Igreja Remanescente, por seu turno, acolheu, ensina em todas suas congregações a poderosa mensagem de reavivamento e reforma. Trata-se da única via capaz de despertar a igreja, tolhendo mornidão, frieza, negligência, preguiça e comodismo. A imputação da justiça de Cristo santificará os irmãos permitindo obedeceram a gloriosa Lei do Senhor. Hoje, a supracitada mensagem encontra-se à frente do bojo doutrinário desta Igreja.

A Igreja Remanescente (Reforma) não pode repetir o erro dos adventistas nominais. A mensagem enviada a Reforma foi prazerosamente acolhida e amada, convém desfrutar seus benefícios gozando os atributos da justiça de Cristo:

Por conseguinte, esperemos que a mensagem da justiça pela fé, que tão claramente foi dada à igreja no ano de 1888, possa encontrar, no fim do grande movimento em que nos encontramos, o papel dominante, que lhe tinha sido atribuído. Chr. U. Ger., pág. 18.
MEYER, W. Minneápolis 1888. Onde e por que falhamos? Ed. Educativa, 2001. pág. 87

A Igreja Adventista do Sétimo Dia recusou a mensagem na apostasia alfa e rompeu definitivamente com o Senhor na apostasia ômega. Trata-se da justiça pela fé, doutrina protagonista, fundamental da Reforma atualmente. Da aceitação da supracitada mensagem depende a transladação, salvação da igreja sem provar a morte, verdade sabiamente traçada na pena de A.T. Jones:

Da aceitação da mensagem dependia não somente a chuva serôdia, mas também o privilégio de ser transladado sem provar a morte. É isto o que esta mensagem significa para ti e para mim, - transladação. AT.Jones, BCG 1893,185.
MEYER, W. Minneápolis 1888. Onde e por que falhamos? Ed. Educativa, 2001. pág. 65

Não há salvação sem justiça pela fé, embora emprestada de Cristo. A Igreja Remanescente, Reforma, aceitou a gloriosa mensagem cunhando no bojo teológico e ensino doutrinário desta humilde Igreja, contudo, no adventismo foi rejeitada, forçando Waggoner, Jones e Ellen White vislumbrarem o declínio da Igreja Adventista do sétimo Dia, iniciado a famigerada apostasia alfa. Profundamente decepcionada, Ellen White escreveu acerca do lamentável fato:

Vi que Jones e Waggoner tiveram sua contrapartida em Josué e Calebe. Como os filhos de Israel apedrejaram os espias com pedras literais, vós apedrejastes esses irmãos com pedras de sarcasmos e ridículo. Vi que vós voluntariamente rejeitastes o que sabeis ser a verdade. Apenas porque ela era por demais humilhante para a vossa dignidade. Vi alguns de vós em vossas tendas arremedando e fazendo toda a sorte de galhofas desses dois irmãos. Vi também que se tivesse aceito a mensagem deles teríamos estado no reino após dois (1888+2= 1890) anos daquela data, mas agora temos de retornar ao deserto e ficar 40 anos.
E. G. White, escrito em Melbourne, Austrália 09/05/1892

A rejeição da mensagem divina, gravita em torno de ciúmes, cegueira espiritual por parte de experientes líderes, forçando a igreja retroceder rumo ao Egito. Na visão de Ellen White, a Igreja Adventista se encontrava no caminhou de Canaã celestial, contudo, a rejeição da Mensagem criou considerável obstáculo para atingir o alvo, culminando em verdadeiro paralelos com o povo Hebreu. A incredulidade impediu Israel alcançar Canaã mais cedo, retardando a conquista. De igual modo, na passagem do século XX, se o povo adventista tivesse permanecido fiel, Cristo poderia ter vindo. Rejeitando áurea Mensagem, a Igreja Adventista retrocedeu ao Egito (mundo) declinando da fé:

Na nossa cegueira e indolência desviamo-nos muito deste caminho. Durante muitos anos falhamos em nos familiarizar com esta verdade divina. Mas, durante todo este tempo, o nosso Senhor, sem interrupção, chamou o Seu povo, para se lembrarem desta parte importante e básica do Evangelho.
Chr. U. ger, p. 15. (MEYER, W. Minneápolis 1888. Onde e por que falhamos? Ed. Educativa, 2001. pág. 86

Na crise de 1888, Conferência de Minneápolis, a Igreja Adventista do Sétimo Dia rejeitou a justiça pela fé, culminando na apostasia alfa, relatada com pesar pela irmã White:

Não vos enganeis, muitos se afastarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Temos agora perante nós o alfa desse perigo. O ômega será de natureza mais assustadora.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. 1985. pág. 197

A mensagem foi escarnecida, os mensageiros enviados por Deus Waggoner e A.T. Jones desprezados, repelidos e separados, chancelando apostasia alfa enfraquecendo a igreja.

Nesse diapasão, a rejeição da justiça pela fé empurrou a igreja ao profundo abismo da apostasia alfa. Na sequência da rejeição da gloriosa mensagem floreceu os frutos da apostasia, o doutor J. H. Kellogg lançou o livro Living Temple (Templo vivo), publicado em 1903 eivado de perigoso veneno filosófico de cunho panteísta. Kellog era médico, homem meticuloso e enérgico. Vislumbrando o perigo ameaçando a igreja, Ellen White escreveu:

Foi-me dada uma mensagem para vos transmitir a vós, e ao resto de nossos médicos ligados com a Associação Missionário-Médica. Apartai-vos da influência exercida pelo livro Living Temple; pois ele encerra ensinamentos enganadores. Há nele opiniões inteiramente verdadeiras, mas estas se acham mesclada de erro. Os textos são tirados de seu contexto, e usados para sustentar teorias errôneas.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. 1985. pág. 199

Em meio a publicação do aludido livro, o Senhor iluminou Ellen White, ordenando enfrentar a maléfica obra condenando-a sob pena de ruir os pilares da fé adventista:

Estou instruída a falar claramente. Enfrenta-o é a palavra que me é dirigida. Enfrentai-o firmemente, e sem tardança. Mas não deve ser enfrentado retirando nossas forças operantes do campo a fim de examinar doutrinas e pontos divergentes. Não temos tal investigação a fazer. No livro Living Temple acha-se apresentado o alfa de heresias letais. Seguir-se-á o ômega, e será recebido por aqueles que não estiverem dispostos a atender à advertência dada por Deus.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. 1985. pág. 200

Enfrentai a apostasia, foi a ordem. Deveria a igreja se opor firmemente ao conteúdo do livro, mistura de verdades práticas mesclado com vigorosos erros doutrinários. No ano da publicação do livro, por mãos divinas a publicadora adventista e o sanatório, onde Kellog trabalhava como médico foram totalmente consumidos pelo fogo.

Por fim, diga-se, a rejeição da doutrina justiça pela fé, rendeu frutos de apostasia gradativa, Kellog foi apenas o início, romperam as crenças fundamentais levantadas pelos pioneiros a exempla da trindade, acentuado desprezo rebaixou e adulterou os Testemunhos de Ellen White, criando nova doutrina acerca do Santuário na apostasia ômega. Na década de 50, precisamente em 1959 negaram a fé para se tornar membro cooperador do Concílio Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, uma organização ecumênica, cumprindo a profecia de Ellen White quando disse:

O ômega será de natureza mais assustadora.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. 1985. pág. 197

Até aqui tratou-se resumidamente da apostasia alfa.

O cerne da questão envolvendo a apostasia ômega, gravita em torno dos evangélicos cunharem a Igreja Adventista do Sétimo Dia de seita, os adventistas bateram na porta da igreja secular pedindo permissão para entrar, queriam ser evangélicos ecumênico, membro do concílio Nacional de Igrejas americanas, remover o incomodo estigma de seita e comungar seus prazeres. Visando alcançar o supracitado alvo, lideranças da Igreja Adventista firmaram acordo com evangélicos, liderados por Martin e Barnhouse em 1950. Um alto preço foi exigido.

As condições impostas pelos evangélicos imperava mudar doutrinas fundamentais ancoradas no Espirito de profecia e adulterar escritos do depositário White abdicando das crenças fundamentais levantadas pelos Pioneiros, a saber, natureza de Jesus, sua encarnação e aceitar novas regras, a exemplo da Trindade. A partir de 1957 os teólogos adventistas passaram a ensinar doutrinas na linha de colisão com ensinamentos dos Pioneiros. Obstinados, os líderes da Igreja adventista forjaram o livro Questões sobre Doutrinas adulterando o Espírito de profecia para sustentar o novo ponto de vista doutrinário. Na ótica da nova doutrina, Jesus nasceu ostentando natureza sem pecado de Adão, antes da queda, contrariando ensinamentos sedimentados dos pioneiros, ao seu viso, Jesus nasceu com natureza divina e humana, subordinado a Lei da Hereditariedade, sujeito a paixão podendo ceder ao pecado. Outro ponto doutrinário abdicado foi a doutrina do Santuário. O novo ponto de vista agradável aos evangélicos, negou expiação em duas fases, sobreviveu apenas uma fase, Cristo fazendo expiação completa e definitiva na cruz. Na vã tentativa de conciliar o novo ponto e vista ao sabor do voraz apetite dos evangélicos, criaram astuciosamente aplicação dos benefícios da expiação no santuário celestial tentando salvar a doutrina do santuário. Ao viso dos pioneiros, a expiação empunha duas fases, a primeira na cruz, se estende da encarnação a ressureição, Jesus como sacrifício e segunda fase no Santuário celestial, expiação ou juízo Investigativo, Jesus como redentor do pecador, eliminação do pecado reconciliando o homem com Deus.

A inusitada apostasia foi advertida pelo Espírito de profecia, ventilando iminente perigo grassando as ombreiras da igreja, em sua obra a irmã White com pesar narrou:

O inimigo das almas tem buscado introduzir a suposição de que uma grande reforma deveria ter lugar entre os adventistas do sétimo dia, e que essa reforma consistia em renunciar às doutrinas que permanecem como pilares de nossa fé, e engajar-se num processo de reorganização. Caso essa reforma tivesse acontecido, o que resultaria? Os princípios da verdade que Deus em sua sabedoria tem concedido à igreja remanescente seriam descartados. Nossa religião seria mudada. Os princípios fundamentais que tem sustentado a obra durante os últimos cinquenta anos seriam considerados um erro. Uma nova organização seria estabelecida. Livros de uma nova ordem seriam escritos. Um sistema de filosofia intelectual seria introduzido. Os fundadores desse sistema iriam às cidades e realizariam uma maravilhosa obra. O Sábado, logicamente, seria considerado levianamente, bem como o Deus que o criou. Nada seria permitido permanecer no caminho do novo movimento. Os líderes ensinariam que a virtude é melhor do que o vício, mas Deus sendo removido, eles depositariam sua dependência no poder humano, o qual, sem Deus, é sem valor. O seu fundamento seria edificado sobre areia, e a tempestade e a tormenta levariam de roldão a estrutura. Specialimonies, série B, $ 7, pág. 39-40 (outubro de 1903).
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V. 1. 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. 1985. pág. 204-205

Sob caricata cobertura de reforma, a supracitada apostasia consumiu os pilares da fé adventista, mudando a doutrina apostatando a igreja. A apostasia consistia em abdicar das doutrinas esteios do adventismo, a exemplo da severa negligência do Sábado, causando rompimento com Deus, não foi apenas apostasia. Como cediço, nos dias atuais, a Igreja Adventista cumpre todos os requisitos da apostasia ômega. Rebaixou e adulterou o Espírito de Profecia, relegado a meros conselhos, deu nova roupagem a doutrina do Santuário, negou a lei da hereditariedade de Cristo, imiscuiu-se nos grupos ecumênicos de igrejas amaricas, criou novo título e logotipo, a nova semente, enfim, vem degenerando, desidratando e rompendo com os pontos doutrinários relevantes, fundamentos da fé adventista, se convertendo vergonhosamente ao mundo.

Com esse importa, é de bom alvitre enfatizar novo paralelo com os hebreus. Israel perdeu o posto de povo eleito, caindo da fé, quando rejeitou o Messias e desprezou a última gota de graça no apedrejamento de Estevão no ano 34. De igual modo, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, rompeu definitivamente com Deus rejeitando a mensagem enviada pelo Senhor, justiça pela fé no Congresso de Minneápolis 1888. Negaram a Cristo, culminando com apostasia alfa e selaram a total rejeição na apostasia ômega na década de 50. Para se tornarem evangélicos, abdicaram das doutrinas fundamentais levantadas pelos Pioneiros, a saber, encarnação de Jesus, lei da Hereditariedade, as duas fases da expiação, o Juízo Investigativo e a obra de Cristo em favor do pecador após 1844, sustentando apenas os benefícios da expiação ancorados em textos manipulados dos Testemunhos para sustentar a nova fé agradável aos evangélicos unindo-se a eles, visaram favores do mundo em detrimento da verdade.

Na ocasião uma rara voz oficial levantou-se em protesto a grande apostasia, trata-se do pastor e escritor, autor da obra Ritual do Santuário, Andreasen. Com quatro anos de apostasia plenamente evidente, os líderes enfraqueceram deliberadamente a fé no Espírito de Profecia adulterando os Testemunhos e mudando doutrinas pilares da fé adventista, torcendo contexto explicitamente escrito por Ellen White. O pastor Andreasen reagiu, opondo-se a infrene apostasia, escreveu ao Presidente da Igreja Adventista na época, Figuhr, com seguinte teor:

Considero o presente caso como a maior apostasia que jamais ocorreu nesta denominação, e isto queres manter encoberto? E agora fechastes a porta. Não creio, Irmão Figuhr, que consideraste a seriedade da situação. Nosso povo não apoiará qualquer adulteração ou tentativa de adulterar os Testemunhos.
ANDREASEN. M.L. Cartas ás Igrejas. 1.ed. Ed.Folhas de Ouro, 1959. pág. 76

Depois de longa e tenaz oposição, de apontar a maior apostasia enfrentada pela igreja, pedido de audiência e defesa da antiga fé, Andreasen foi finalmente repelido, perseguido e cortado da comunhão da igreja como herege. Esgotado os meios legais, o pastor Andreasen resolveu escrever cartas (Cartas as igrejas) alertando a Igreja contra os perigos iminentes. Contudo sem sucesso, a apostasia ômega consumiu a igreja, rompendo com Deus, caíram definitivamente da fé consumidos pela apostasia ômega.

Como exaustivamente exposto, na década de 50, a igreja Adventista do sétimo Dia firmou aliança com evangélicos. Atendendo ao acordo, removeram pilares da fé adventista flexibilizando a doutrina do Santuário, visando filiação em grupos ecumênicos de igrejas Evangélicas dos Estados Unidos, para tanto abdicaram das doutrinas fundamentais, adulterando o Espírito de Profecia, fato denunciado pelo pastor M.L. Andreasen, testemunha ocular, com propriedade relatou o autor:

Até hoje (1959) não sabemos, e não supomos saber, quem realizou as conferências com os evangélicos. Não sabemos e não supomos conhecer, quem escreveu Questiones on Douctrine. [posteriormente, soube-se que foram escrito pelos pastores Leroy Fromm e Roy Allan Anderson]. Investigação diligente não deu resultado. Não sabemos, nem supomos saber, exatamente que mudança foram feitas, e em que livros, concernentes à marca da besta e à natureza de Cristo enquanto carne. Não sabemos quem autorizou a omissão do capítulo 13 do Apocalipse em nossas lições da Escola Sabatina para o segundo trimestre de 1958, que trata da marca da besta. [Não é à toa que já em 1959 a Conferência Geral da IASD entrou como sócia da organização ecumênica Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos].
ANDREASEN. M.L. Cartas ás Igrejas. 1.ed. Ed.Folhas de Ouro, 1959. pág. 27-28

Atendendo espúria aliança, cometeram o crime de mudar textos dos Testemunhos de Ellen White, fato narrado pelo autor, em sinal de protesto narrou:

Se a irmã White estivesse viva e devesse ler isto, ela certamente estaria tratando com certos escritores presunçosos e em palavras que poderiam ser entendidas. Ela não concederia o direito para que ninguém, quem quer que fosse, de mudar o que ela tinha escrito ou interpretá-lo para viciar seu claro significado.
ANDREASEN. M.L. Cartas ás Igrejas. 1.ed. Ed. Folhas de Ouro, 1959. pág. 36

Cometeram tamanho despautério favorecendo exigências dos evangélicos em detrimento da verdade eterna, culminando com apostasia ômega e consequente rompimento com os céus. Com o malsinado evento, a igreja não apostatou apenas, rompeu os laços com o Senhor, forçando o Soberano do Universo escolher outro povo, segundo seu coração:

Irmãos, se continuardes a ser tão indolentes e egoístas, como estivestes até agora, Deus então passará por vós e aceitará os que são menos egoístas, que procuram menos a honra do mundo e que, como o seu Mestre, não se recusam a sair do acampamento para suportarem a vergonha.
WHITE, Ellen Golden. 5 T 461

Trata-se do povo Remanescente, a última igreja, ancorada na justiça de Cristo proclamará o Alto Clamor unida ao Terceiro Anjo, com efeito, é a Reforma. Qual igreja de Reforma? Em princípio, a Mensagem da Reforma é única, a divisão de grupos foi obra satânica fomentada por sede de poder de homens carnais, contudo, a Igreja de Reforma amparada na justiça de Cristo pela fé, obedece a Lei por amor se unindo ao Terceiro Anjo alcançando, finalmente a Canaã espiritual. A chuva serôdia e alto clamor é, segundo a Escritura e Testemunhos, a doutrina da Justiça, ou seja, segundo Justiça. A igreja familiarizada com essa doutrina é a Igreja Remanescente, prolongamento da Igreja do Deserto, doutrina de Antioquia, a verdadeira Igreja de Deus nos últimos dias.

Por fim, não se engane, Satanás moverá céus e terra para frustrar a obra, atropelando a doutrina da Justiça de Cristo:

O inimigo do homem e de Deus não está disposto a permitir que esta verdade (Justificação pela fé) seja claramente apresentada, pois ele sabe que se o povo a receber integralmente, seu poder será quebrado. Se ele conseguir controlar mentes de maneira que a descrença e as trevas se constituam a experiência daqueles que professam ser filhos de Deus, ele conseguirá dominá-los com a tentação.
Review and Herald, 03/09/1889

Com efeito, a verdadeira igreja empunha rigidamente as credenciais divinas:

Esta mensagem, tal como foi apresentada, deve ir a toda igreja que pretenda crer na verdade... Queremos ver quem tem apresentado ao mundo as credenciais divinas.
RH 18 março 1890

Da aceitação da Mensagem da justiça de Cristo, depende a igreja Remanescente para receber chuva Serôdia, proclamar Alto Clamor, enfrentar a Angústia de Jacó alcançando a Nova Terra.


Justificação pela Fé

Em verdade, poucas Igrejas de Reforma compreendem adequadamente o tema em comento. A vital compreensão acerca do assunto exige auxilio divino:

Não existe um dentre cem, que compreenda por si mesmo a verdade bíblica sobre este assunto [Justificação pela fé], tão necessário ao nosso bem-estar presente e eterno
Cristo Nossa Justiça, pág. 96

O Senhor abre mentes e corações de homens sinceros, auxilia compreender o tema, chama atenção para importância da Justificação pela fé e habilita-os na defesa da verdadeira doutrina, tal como foi entregue aos santos. A exemplo da Igreja de Antioquia, Igreja do Deserto, assemelhando-se a Luciano de Antioquia, homem de Deus, beneficiado com dom acima dos outros homens para defender a verdadeira fé em seus dias:

Nascido entre as colinas da Síria, este devoto estudioso foi destinado a exercer uma influência dominante sobre o pensamento dos homens através das eras. Ele foi dotado de um espírito de discernimento incomum, que o Espírito Santo usou para ampliar e fortalecer as bases estabelecidas pelos apóstolos.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 36

Ensinamentos venenosos grassavam nos dias de Luciano, ameaçava destruir a infante doutrina cristã, Luciano foi chamado por Deus a enfrentar nefastas doutrinas, dotado de discernimento espiritual incomum, protegeu as bases da sã doutrina construindo um abrigo seguro para o cristianismo.

Vencida as devidas considerações, se faz necessário trazer a lume escritos da lavra de Ellen White, abordando o tema em comento, pergunta a renomada escritora:

Que é justificação pela fé? É a obra de Deus de lançar no pó a glória do homem, e fazer pelo homem aquilo que ele não pode fazer por si mesmo.
WHITE, Ellen Golden, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 456

O homem não pode obter perdão por seus méritos, muito menos se santificar, de acordo com ensinamento paulino: "Sendo justificado gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Jesus Cristo. Deus o apresentou como oferta de propiciação, por intermédio da fé no seu sangue. Isto se deu, a fim de exibir a sua própria justiça, porque ele estava perdoando os pecados que ocorreram no passado, enquanto Deus exercia indulgências." Romanos 3:24-25. Somente Cristo podia tomar lugar do pecador, pagar o preço do pecado, perdoar pecados passado (Justificação) mediante a fé, restituindo a justiça perdida (santificação), capacitando obedecer a Lei. Resumindo, Justificação é perdão de pecados passados, nesse sentido se manifesta Ellen White, ao seu viso, a justificação é um perdão absoluto e completo do pecador. Quando o pecador aceita Cristo pela fé, é perdoado. A justiça de Cristo imputada prossegue o processo de santificação, recuperando a semelhança do Criador. Ao se sujeitar a Cristo, o coração se une ao seu, a vontade imerge em sua vontade, o espírito torna-se cativo a ele. Vivemos sua vida. Isto significa estar trajado com as vestes de sua justiça.

Ainda no mesmo contexto, diga-se, Justificação é perdão de pecados passados, limpo da imundice do pecado, a justiça de Cristo torna o homem justo diante de Deus, semelhante Adão antes da queda:

O caráter de Cristo substituirá o vosso caráter e sereis aceitos diante de Deus como se não houvésseis pecado.
WHITE, Ellen Golden. Caminho a Cristo. 27. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 62

Trata-se do perdão da sentença de morte causada pelo pecado de Adão. Jesus substituiu o pecador arrependido morrendo em seu lugar, emprestando sua justiça restaura a semelhança divina. Neste sentido, a irmã White comenta:

Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o crente passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como seu filho, por adoção. O pecador obtém o perdão de seus pecados, porque esses pecados são carregados por seu Substituto e Penhor. O senhor fala a seu Pai celestial, dizendo: Este é Meu filho. Eu o absolvo da condenação da morte, dando-lhe minha apólice de seguro de vida – a vida eterna – porque tomei o seu lugar e sofri por seus pecados. Ele é mesmo meu filho amado. Assim o homem, perdoado, e revestido das belas vestes da justiça de cristo, se encontra irrepreensível diante de Deus.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 93

Justificação é o contrário de condenação, é perdão de pecados passados. O pecador justificado é adotado, o caráter de Cristo substituirá o caráter humano, e sereis aceitos diante de Deus exatamente como se não houvésseis pecado, na visão de Ellen White, a justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso humano, e Deus recebe, perdoa e justifica a alma arrependida e crente, trata-a como se fosse justa e a ama como seu filho. Desse modo a fé resulta em justiça imputada, cabendo ao pecador, manter a justiça comunicada, alimentada diariamente.

O pecador não alcança perfeição, santificação absorvido em seus méritos, esforço humano de obediência ou práticas de boas obras. Quando a alma rejeitar seus méritos, sua justiça auto satisfativa, aceitando os méritos de Cristo e a expiação realizada em seu favor, arrependido suplicar clemência e ajuda, o Senhor o justificará e o adotará revestindo da justiça de Cristo, conforme explica a irmã White:

É a justiça de Cristo que torna o pecador penitente aceitável a Deus e opera sua justificação. Por mais pecaminosa que tenha sido a vida, se ele crê em Jesus como seu Salvador pessoal, permanece diante de Deus nas imaculadas vestes da justiça imputada de Cristo.
WHITE, Ellen Golden. Fé e Obras. 4. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2003 pág. 96

Nenhum pecador permanece diante de Deus despido da sagrada veste da justiça de Cristo imputada. O Senhor, Justiça Nossa, Jesus imputa sua justiça, contudo, cabe ao pecador comunicar, absorver, conservar a justiça divina alimentando a chama de obediência alocada no coração para se santificar e obedecer ao Senhor.

Por fim é forço concluir, é impossível alcançar justificação por justiça própria, esforço humano, obediência legalista da Lei, muito menos transgredindo a Lei entrincheirado na graça arrotando presunção com verniz de fé, segundo Ellen White:

Muitos estão perdendo o rumo certo, em consequência de pensar que devem alcançar o céu realizando algo meritório para obter o favor de Deus. Buscam tornar-se melhores por seus próprios esforços. Jamais lograrão êxito.
Cristo nossa Justiça. pág. 115

A justificação, por sua vez, é perdão de pecados passados, Justificado, Jesus troca a justiça do homem (natureza pecaminosa) imputando sua justiça, forçosamente o pecador depende do alimento da justiça de Cristo, semelhante vara ligada a videira:

Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao seu, nossa vontade imerge em sua vontade, nosso espírito torna-se cativo a ele. Vivemos sua vida. Isto é o que significa estar trajado com as vestes de sua justiça.
WHITE, Ellen Golden. Parábolas de Jesus. 8. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1987. pág. 312

A dependência da natureza divina de Cristo, Wesley conceituou de justiça comunicada, leia-se, o pecador necessita comungar com Cristo diariamente, alimentar-se de suas afeições e atributos, tornando-se participante perene de sua natureza divina:

É unicamente tornando-nos participantes de sua natureza que recebemos poder para obedecer a seus mandamentos.
Cristo Nossa Justiça. pág. 126

A união da natureza humana a divina santifica o pecador. Revestido de poder espiritual oriundo de Cristo, o penitente obedece a Lei legitimamente. Desse modo, o pecador é justificado pela graça mediante a fé, santificado pela imputação da justiça de Cristo. Jesus restaura a semelhança divina perdida por Adão, habilitando o restaurado pecador amar e obedecer verdadeiramente ao Criador e sua Lei.


Lei

Do hebreu, torah, “direção”, instrução; dath, “regulamento”, lei; do grego nomos, regra, princípio, Lei. No contexto bíblico, Lei significa princípios ou padrão de conduta. A palavra hebraica usualmente traduzida para lei é torah, a vontade revelada de Deus, ou qualquer parte dela.

Função da graça, justificação, fé, justiça e Lei

À guisa de informação, diga-se, a existência da graça comprova a vigência da Lei. A transgressão da lei, pecado, tornou obrigatório a existência da graça, se não houvesse pecado (transgressão da Lei), não precisava da graça. A lei não justifica o pecador, assim como a observância da lei não empunha poder de apagar pecados passado. Essa obra pertence a justificação pela fé. Justificar, apagar pecados passados é outorgado pela graça mediante fé ratificado pelo sangue do Salvador. A lei guia o homem evitando permanecer no pecado após a justificação, assim, para o pecador saber se determinada conduta é ou não pecado, basta consultar a Lei. "Pela lei vem o conhecimento do pecado." Romanos 3:20. Com efeito, não existe pecado sem lei anterior definindo a conduta pecaminosa, no contexto bíblico a norma reveladora do pecado é a Lei Moral dos Dez Mandamentos.

Outro ponto deturpado por evangélicos merece atenção. Trata-se das expressões debaixo da lei e livre da lei. Ao viso dos evangélicos, debaixo da lei significa debaixo da obediência da lei, de outro giro, livres da lei, quer dizer livres da obediência da lei. Em assim sendo, não guardam o Sábado porque estão livres da lei, todavia, afirmam obedecer aos outros nove mandamentos da Lei, a flagrante contradição, despeja sua tese no esgoto beirando o ridículo.

De fato, quem busca salvação ancorado em obras da lei ou arraigado em presunção disfarçada de fé, caiu da graça. O pecador não pode alcançar salvação por obras meritórias, contudo, santificado pela justiça de Cristo eleva a espiritualidade, equiparando-se a santidade de lei, capaz de obedecê-la. Com esse enfoque, segundo as Escrituras o crente não está debaixo da lei, mas debaixo da graça: "Porquanto o pecado não poderá exercer domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça! Súditos da Justiça pela Graça." Romanos 6:14. A perfeita relação entre lei e graça, não deixa margem para revogar, anular ou abolir a lei. Se faz necessário tecer comentários acerca da expressão "debaixo da lei". Quem está debaixo da lei e quem não está debaixo da lei? Quem obedece ou quem transgride?

No campo espiritual, a lei foi escrita em tábuas de pedra, posteriormente cravada no coração pelo Espírito Santo cunhando censuras e condenação aos infratores: "Sabemos, todavia, que a Lei é boa, se alguém a usa de forma adequada. De igual modo, sabemos que ela não é feita para os justos, mas para os transgressores e insubmissos, para os perversos e pecadores, para os profanos e irreverentes, para os que matam pai e mãe, para os assassinos." I Timóteo 1:8-9. A Lei serve de guia para o obediente evitar pecar, está livre da Lei, e punir o transgressor, ao cobiçoso, ela diz não cobiçaras, desta forma o transgressor está debaixo da condenação da lei, entrementes, o cristão justificado pela fé, coberto pelo manto da justiça de Cristo, santificado a altura da exigência da lei, por certo, obedece a lei por amor, não transgride, portanto, está livre da lei. Em suma, a função da Lei é apontar o pecado, guiar o obediente para não transgredir e servir de lastro para punir transgressor obstinado, impenitente e rebelde.

Para ilustrar e fixar os conceitos levantados, diga-se, "... a Lei é santa, o mandamento, santo, justo e bom." Romanos 7:12. De outro giro, o homem é inclinado ao mal, por si só, revestido de natureza pecaminosa é incapaz de adquirir espiritualidade equiparando-se a santidade da lei para obedecê-la. Leia-se, para o homem obedecer a lei precisa ser justo e nutrir espiritualidade semelhante a lei. Dá-se por exemplo, o mandamento não cobiçar, o supracitado mandamento jamais será cumprido por obediência legalista ou formal. Eis o motivo da salvação sustentar-se na graça (justiça de Cristo) e não na obediência formalista da lei, ou fé sem obras. Obedecer ao comando normativo não cobiçar, assim como os demais, exige graça, ou imputação da justiça de Cristo santificando o pecador ao impoluto caráter de Cristo adicionados aos dons oriundos da cruz, elevando o pecador espiritualmente a altura da santidade da lei para obedecer. Somente um homem justificado pela fé, santificado, revestido da natureza de Cristo ou semelhança divina, é capaz de dominar os sentimentos resistindo facilmente a cobiça. Assim como, não tem prazer na idolatria, chamar o nome do Senhor em vão, com certeza honra pai e mãe, guarda o sábado espiritualmente, não mata, não rouba, não adultera, não levanta falso testemunha, em suma, obedece a Lei por amor, espiritualmente como ela deve ser obedecida, segundo a visão do Criador. A mera obediência despida do padrão apresentado é trapo de imundície para Deus.

Diante do exposto, indaga-se, quais perigos gravitam em torno da obediência da lei? Existem duas formas perigosas de suposta obediência à Lei. A primeira consiste buscar salvação ancorado na obra, nos méritos, comportamento humano, tentam o impossível, alcançar salvação pela obediência da lei, ritos e cerimônias gélidas, semelhante ao judaísmo. Ellen White exortou a esse respeito, em sua concepção uma religião legal nunca conduzirá almas a Cristo; as boas obras não compram a salvação; não adquirimos salvação por nossa obediência; pois a salvação é dom gratuito de Deus obtido pela fé. Outra obra áurea assevera:

A justificação pela graça mediante a fé, é a primeira fase da salvação, e seu fruto é a obediência. Obedecemos, não para seremos salvos pela obediência, mas por estarmos salvos.
BALBACHAS, Alfonsas. Um Novo Mundo. 15. ed. Ed. Missionária a Verdade Presente, pág. 264

Merece atenção a expressão "por estarmos salmos". Evangélicos acreditam estarem salvos, entrincheirados na frase; uma vez salvo, sempre salvo, enquanto permanecer salvos, pelo simples fato de professar discipulado e assentar o nome do livro da igreja, acreditam estarem salvos do mundo e do pecado, acima da lei. Paulo, em sua epístola aborda a tese em comento, avidamente defendida por evangélicos, embora removida do contexto: "Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão sendo destruídos, porém para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus." I Coríntios 1:18. A supracitada tradução king James, "estamos sendo salvos" ” se coaduna com a realidade. Uma vez salvo, quem recebe justiça de Cristo, (os discípulos receberam no Pentecoste), sempre salvos, exige permanecer revestido pelo manto da justiça divina, enquanto permanecer salvo, caso perca a imputação da justiça de Cristo, cai. Semelhante Adão, cedeu a tentação de Satanás, caiu, perdeu a divina natureza imputada pelo Criador.

A graça empunha o condão de recuperar a semelhança divina. Cristo imputa sua justiça no coração do pecador penitente, elevando ao patamar da justiça ou espiritualidade da lei, tornando-o justo capaz de obedecer. Quem não recebeu natureza divina não está salvo, embora com nome assentado no livro da igreja. A maior prova do alegado sustenta-se no fato das igrejas evangélicas acreditarem estarem salvas do mundo, idolatria e pecados, quando na verdade, a vida religiosa exala corrupção, ganância, mentiras, fraudes, curvam os joelhos ao secularismo, modas, idolatria, alimentando o rebanho com entretenimento vazio. Absorvidos pelo secularismo, romperam com Deus, revogaram a lei e desprezaram a sã doutrina.

O segundo erro, trata da revogação da Lei, na ótica evangélica, Cristo isenta a humanidade da obediência da lei, contudo Cristo desmente a supracitada tese: "Eis que alguém chegou perto de Jesus e consultou-o: Mestre, que poderei fazer de bom para ganhar a vida eterna? Questionou-o Jesus: Por que me perguntas a respeito do que é bom? Há somente um que é bom. Se queres entrar na vida eterna, obedeça aos mandamentos. Ao que ele perguntou: Quais? E Jesus lhe respondeu: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe o jovem: A tudo isso tenho obedecido. O que ainda me falta? Jesus disse a ele: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me. Ao ouvir essa palavra, o jovem afastou-se pesaroso, pois era dono de muitas riquezas." Mateus 19:16-22. No aludido episódio o jovem deseja vida eterna, Jesus respondeu, é preciso guardar os mandamentos para alcançar salvação, o jovem citou comandos normativos do decálogo, afirmando obedecer a todos. Jesus o pôs a prova, vende teus bens e segue-me. O jovem retirou-se triste, possuía muitos bens. Jesus não fechou a porta da salvação, o jovem preferiu bens perecíveis a seguir o filho de Deus, infringiu os Mandamentos, negando sua afirmação de obedecer todos. Preferiu idolatrar materialismo, cobiçando bens terreno a seguir o Messias. O aludido episódio, expõe o dever de obedecer aos mandamentos para herdar a vida eterna, assim como, fica límpido o fato do homem não obedecer a lei ancorado em justiça própria, legalismo ou cerimonias. Se Cristo, pela graça mediante a fé, imputasse sua justiça no coração do jovem, com efeito, obedeceria aos mandamentos verdadeiramente, abandonaria todos os bens da terra, distribuía aos pobres e seguiria Jesus sem olhar para trás. A exemplo de Abraão, abandonou terra e parentela para seguir ordem divina, ou Jó, perdeu bens, família, ainda assim nunca abandonou o Senhor. Em suma, o jovem não guardava os Mandamentos, sua obediência era legalista. Ignorava a graça auxiliadora de Cristo, imputação de sua justiça para obedecer a Lei.


Conclusão

Evangélicos acreditam na justificação pela fé, amparado pela graça, contudo, ignoram maliciosamente a necessidade de reconhecer a lei, apontando o pecado para cessar de pecar. A justificação remove pecado passado, contudo, não é licença para permanecer pecando. Na visão de Paulo, não é pecado obedecer a Lei: "Portanto, que concluiremos? A Lei é pecado? De forma alguma! De fato, eu não teria como saber o que é pecado, a não ser por intermédio da Lei. Porquanto, na realidade, eu não haveria conhecido a cobiça, se primeiro a Lei não tivesse dito: “Não cobiçarás”. Mas o pecado, aproveitando-se da ocasião dada pelo mandamento, provocou em mim todo o tipo de cobiça; porque, onde não há lei, o pecado está morto." Romanos 7:7-8. No teor do texto esculpido, a função da Lei é revelar o pecado, a função da graça é salvar do pecado capacitando o pecador obedecer. Com esse enfoque se faz necessário ilustrar uma parábola para fixar os conteúdos levantados:

Um tanque molhado não pode ser secado pelo sol e vento, a menos que lhe fechemos a torneira. Assim também nós não podemos obter, pela graça, a justificação dos pecados já cometidos, a menos que cessemos de pecar, não mais violando a lei. Somente os que praticam a lei hão de ser justificados (Rom. 3:20) pela graça mediante a fé. O tanque molhado representa na ilustração, o homem carregado de pecados. O sol e o vento são a graça e a fé. A secagem é a justificação; a torneira, a lei; torneira aberta, a transgressão de lei. Torneira fechada, a obediência da lei. A observância da lei moral dos Dez mandamentos não tem por finalidade justificar (tirar pecados já cometidos), mas, evitar continuar no pecado, porque assim como é impossível secarmos um tanque sem lhe fecharmos a torneira, é também, sem cessarmos de pecar, impossível sermos justificados das transgressões já cometidas.
BALBACHAS, Alfonsas. Um Novo Mundo. 15. ed. Ed. Missionária a Verdade Presente, pág. 269

Depois de justificado, a graça não autoriza voltar a pecar. De acordo com as escrituras: "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?" Romanos 6:1-2. Uma vez justificado, revestido da justiça de Cristo, gozar das benesses da santificação e envergonhar a cruz de Cristo deliberadamente, a palavra adverte: "Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados." Hebreus 10:26. Quem, uma vez justificado das transgressões; pela graça, voltar a transgredir a lei, confirma o provérbio: "Dessa maneira, confirma-se neles o quanto é verdadeiro o provérbio que diz: "O cão volta ao seu vômito" e mais: "A porca lavada volta a revolver-se no lamaçal". II Pedro 2:22. É dever de todo homem justificado obedecer a lei, evitando anular a justificação alcançada e invalidar a graça, retornando ao lamaçal do pecado. É forçoso concluir, a função da graça é restaurar a semelhança divina perdida por Adão, dentro do lapso temporal disposto no Plano de Redenção. Justificação, apagamento de pecados passados. Justiça de Cristo, imputação da natureza divina perdida por Adão santificando o pecador. Fé, confiança na promessa de restaurar o pecador pela justiça de Cristo, por fim, a Lei, empunha a finalidade de apontar, revelar o pecado ajudando o penitente pecador evitar reincidência no pecado com consequente anulação da graça.




Autor: Walber Rodrigues Belo