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MANUAL DE DOUTRINAS DA REFORMA Volume I


OS DOIS CONCERTOS


A Aliança Eterna

Sem resquício de dúvidas, o pecado de Adão gerou miséria, doenças e morte degenerando seus descendentes, de acordo com as Escrituras:"O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." Romanos 6:23. Como exposto alhures, somente um ser com a mesma substância de Deus, poderia levantar o homem de sua natureza caída, restituindo a natureza divina: "O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas." Hebreus 1:3. Unicamente, Cristo, Filho do Altíssimo desfruta da mesma natureza do Pai, portanto, ostenta o condão de regenerar o caído pecador, trocando a natureza pecaminosa por sua justiça. Esta é a única forma de resgatar a humanidade da morte, preço exigido pela transgressão da Lei. Cabe aqui ressaltar, o Plano de Redenção foi elaborado antes da queda do homem. O supracitado plano não foi elaborado unicamente para Israel, em verdade esta nação sequer existia na elaboração do Plano, mas, para todo homem vencido pelo pecado original. Com efeito, a forma escolhida por Deus para salvar a humanidade foi à aliança divina, primeiramente com Adão, estigmatizada com uma promessa: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Gênesis 3:15. A mencionada aliança, conhecida teologicamente como aliança protoevangelho, simboliza o primeiro anuncio do evangelho. Onde Cristo vence Satanás. Satanás, por sua vez, tenta picar a mulher, fazendo os servos de Deus pecarem alimentados pela natureza pecaminosa, noutro giro, Cristo, esmaga a cabeça da serpente, revestindo sua igreja com a natureza divina, habilitando-os a amarem e obedecerem aos mandamentos de Deus. Segundo os escritos de Paulo: "E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo de seus pés a Satanás." Romanos 16:20. Enquanto o incansável Satanás arma ciladas visando o tropeço do povo de Deus, os fiéis devem perseverar na obediência da doutrina confiante na justiça de Cristo, o seu unigênito Salvador, perpetuando a aliança divina.

Findo os calamitosos dias de Adão, Deus, posteriormente firmou aliança com Noé. Tratava-se de uma aliança sustentada na promessa de graça e vida. O Criador prometeu solenemente preservar a vida das criaturas sobre a face da terra: "Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência, e com todos os seres viventes que estão convosco; tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra. Estabeleço a minha aliança convosco; não será mais destruída toda a carne por água do dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a terra." Gênesis 9:9-11. Haja vista, tratar-se de uma promessa de misericórdia para todos os seres viventes, a aludida aliança foi cunhada de aliança eterna: "O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda a carne que há sobre a terra. Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda a carne sobre a terra." Gênesis 9:16-17. Desde então, o Senhor deixou o arco-íris como sinal perpétuo no céu, lembrando sua promessa de nunca mais destruir o mundo pelas águas. Como o fez nos dias de Noé.

Após o dilúvio o Senhor firmou aliança de graça com Abraão, fincada na gloriosa promessa: "Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê uma benção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra." Gênesis 12:1-3. Por certo, o Senhor garantiu a Abrão multiplicar grandemente sua descendência: "Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade." Gênesis 15:5. Entrementes, até este momento Abrão em idade avançada, não tinha filhos, nesse contexto o Senhor asseverou: "Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes, para ser o seu Deus e o Deus de seus descendentes." Gênesis 17:7. Superado o momento de provação, o Senhor cumpriu a promessa: "Ao filho que lhe nasceu, que Sara lhe dera à luz, pôs Abraão o nome Isaque." Gênesis 21:3. Alhures (em outro lugar), abordamos o tema em questão, a descendência de Abraão não se limita a Israel literal. O Senhor, apontou um descendente de Abraão em particular, Cristo, o Messias prometido, neste momento, o Senhor anunciou antecipadamente o Evangelho a seu servo fiel. Doravante os gentios seriam abençoados, fariam parte da semente de Abraão, portanto seriam herdeiros do Patriarca pela fé, segundo a promessa: "É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, prenunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados em Abraão." Gálatas 3:6-9. Não importa a nacionalidade do pecador penitente, "Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome." Atos 15:14, qualquer homem justificado pela fé, mediante arrependimento, confissão dos pecados e conversão é um herdeiro de Abrão em Cristo.

De acordo com os escritos de Paulo, as promessas feitas a Abraão conduziam a um único herdeiro: "Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falasse de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo." Gálatas 3:16. Cumprindo-se a promessa divina, a conhecida aliança eterna: "Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiro segundo a promessa." Gálatas 3:29. Leia-se, no teor da aliança eterna, somos filhos de Abraão pela fé: "Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão." Gálatas 3:7. Todos (Judeus e Gentios), pela fé fazem parte da linhagem da Abraão, considerados povo de Deus, mormente os gentios, resgatados pelo Senhor das trevas para sua maravilhosa luz: "Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome." Atos 15:14. Com efeito, o evangelho foi anunciado previamente por Deus a Abraão: "Ora, tendo as Escrituras previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos." Gálatas 3:8. Nesse diapasão, os verdadeiros adoradores, descendentes de Abraão não seriam os da carne, mas, pelo espirito e pala fé, os tementes ao Senhor em qualquer nação. Neste sentido, Pedro assevera: "Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, lhe é agradável aquele que o teme e faz o que é justo." Atos 10:34-35. Sem resquício de dúvidas, Paulo se destaca como apóstolo dos gentios, assim sendo, foi comissionado pelo próprio herdeiro de Abraão, Cristo, com a seguinte função: "Para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim." Atos 26:18. Em sua calamitosa jornada, Jesus relatou: "A salvação vem do judeu", no entanto, Ele se refere aos judeus espirituais e não os da carne, como se pode notar: "Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores." João 4:22-23. Seguindo os rastros do Messias, Paulo ratifica seus ensinamentos dizendo: "nem todos os de Israel, são de fato, israelitas.", os verdadeiros israelitas e herdeiros da promessa são pela fé em Cristo e não pela carne: "E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa." Romanos 9:6-8. Em verdade o festejado apóstolo se refere a aliança eterna firmada com Abraão, de multiplicar sua descendência por intermédio do Messias, espalhando-os entre os povos da terra: "O restante de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem dependem dos filhos dos homens." Miquéias 5:7. Com efeito, os servos do Senhor confiam no livramento, pois o Senhor prometeu socorrer a descendência de Abraão, herdeiros pela fé em Cristo, arrependidos e debruçados aos pés do Mestre confessando seus pecados: "Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão." Hebreus 2:16. Encontram-se espalhados entre os povos, conhecidos como linhagem bendita do Senhor, ostentam as credenciais da natureza divina defendendo zelosamente a Sã Doutrina: "E sua posteridade será conhecida ente as nações, e a sua descendência no meio dos povos; todos os que vierem, os conhecerão logo, por serem a linhagem que o Senhor abençoou." Isaías 61:9.. Este pequeno rebanho, guarda os mandamentos de Deus corajosamente confirmando a fé de Jesus; segundo Apocalipse 14:12, onde o apóstolo João faz referência aos remanescentes, a igreja dos últimos dias, guardadores dos mandamentos, estatutos, e preceito, assim como Abraão, sustentados pela natureza divina de Cristo (tem a fé de Jesus), ou seja, só é possível amar e obedecer a Deus e sua Lei, se o crente nascer de novo, renovado pela natureza divina de Cristo em substituição da malsinada natureza pecaminosa.

Como já exposto, ao confirmar aliança eterna com Isaque, o Senhor aponta a eleição de Abraão como pai da fé, e sua descendência, os herdeiros da promessa em Cristo Jesus: "Porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandamentos, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis." Gênesis 26:5. Logo, restou evidente, o Senhor não isentou a descendência de Abraão em Cristo Jesus, da obediência a sua santa Lei, Cristo, veio para imputar sua natureza divina nos corações de seus servos, habilitando-os a guardarem os mandamentos, estatutos, preceitos e leis por Amor.



A Circuncisão Do Coração

Como já exposto alhures, o Senhor firmou aliança com Noé, símbolo do arco íris. De igual modo, firmou aliança com Abraão, confirmada através da circuncisão: "Disse mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: Todo macho entre vós será circuncidado." Gênesis 17:9-10. A aliança via circuncisão, empunhava o condão de conservar os hebreus separado e livre da contaminação idólatra das nações pagãs.

Com esse importe, Abraão obedeceu aos mandamentos, estatutos, preceitos e lei, resultado da sólida aliança firmada com seu Criador, segundo relatos da irmã White:

A ele (Abraão) foi dado o rito da circuncisão, que era um sinal de que os que o recebiam eram dedicados ao serviço de Deus __ garantia de que permaneciam separados da idolatria e obedeceriam à lei de Deus.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 377

Mesmo em tempos remotos, na época do antigo Israel, o Senhor iluminou os hebreus acerca da verdadeira circuncisão, enaltecendo a circuncisão do coração em detrimento da mera circuncisão na carne: "Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz." Deuteronômio 10:16. A circuncisão do coração fincada nos sólidos fundamentos de amor, zelo e devoção, com efeito, resultaria em memorável obediência a santa Lei divina, conservando Israel separado da idolatria: "Guardai-vos não suceda que o vosso coração se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos prostreis perante eles." Deuteronômio 11:16. A supracitada aliança foi estabelecida por fé. Com os descendentes de Abraão, o Senhor firmou uma promessa exclusiva, prometeu circuncidar seus corações e não somente a carne, imputando sua justiça, com escopo de conserva-los separados do paganismo aptos a amar e obedecer seus Mandamentos, Estatutos, Preceitos e Leis: "O Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o Senhor, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma para que vivas." Deuteronômio 30:6. A famigerada circuncisão, deveria traduzir-se em robusto pacto de amor e obediência, contudo, Israel não cumpriu os termos pactuados com o Senhor. A mera circuncisão na carne fracassou, os Hebreus confiaram na justiça própria, sucumbindo no gélido formalismo, atraindo severa repreensão do Senhor: "Circuncidai-vos para o Senhor, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem apague, por causa da malícia das vossas obras." Jeremias 4:4. Com esse enfoque, os Israelitas desprezaram a vigorosa circuncisão do coração, submergindo no desprezível cerimonialismo insano, resultando em apostasia e inevitável afastamento do Senhor. Acerca do tema, impende questionar a função da circuncisão para os descendentes de Abraão em Cristo, os remanescentes. Paulo indaga: "Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?" Romanos 3:1. Vê-se a resposta emergir nas páginas sagradas, quando o dito apóstolo exorta: "E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem, estando ele também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhe seja imputada." Romanos 4:11. Dentro deste contexto, merece destacar o fato do renomado apóstolo vincular circuncisão com justiça pela fé, leia-se, a circuncisão está umbilicalmente ligada à justiça de Cristo, removendo as impurezas da natureza pecaminosa reconciliando o penitente pecador com Deus. Nos elucidativos escritos da lavra de Waggoner, Elliet J. Carta aos Romanos, ele diz:

Se nos lembramos de que a circuncisão foi dada como sinal da justiça pela fé, e que a herança prometida a Abraão e sua semente foi segundo a justiça da fé; compreenderemos que a circuncisão era a garantia (ou hipoteca) dessa herança. O apóstolo declara, obtemos a herança em Cristo: “Tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade…” (Efés. 1:10-14). A possessão prometida a Abraão e à sua semente foi assegurada tão-somente mediante o Espírito de justiça; portanto, desde o princípio não existiu circuncisão autêntica divorciada do Espírito.
Waggoner, Elliet J. Carta aos Romanos

Olhando por esse prisma, conclui-se, a circuncisão em Cristo ou imputação de sua justiça no coração, regenera o pecador aperfeiçoando o crente, "Também, nele, estas aperfeiçoados. Ele é a cabeça de todo principado e potestade. Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio e mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo." Colossenses 2:10-11.

Nesse compasso, é inadequado relacionar circuncisão com mera incisão na carne cumprindo cerimonialismo. Desde seu nascedouro, a circuncisão vincula-se a imputação da justiça de Cristo no coração. A circuncisão empunha o mesmo significado, tanto no princípio da exigência pelo Senhor, quanto em momento subsequente. Em qualquer fase da igreja a circuncisão significa justiça da fé, dá-se por exemplo o Patriarca Abraão: "Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça." Gênesis 15:6. É necessário não perder de vista os esclarecedores ensinamentos do profeta Jeremias: "O Senhor Justiça Nossa." Jeremias 23:6. Na ótica do profeta, o pecador não possui justiça, a justiça exercitada pelos descendestes de Adão é emprestada por Cristo. Em assim sendo, Cristo, o único e verdadeiro descendente de Abraão, segundo o plano de Redenção, substitui a natureza pecaminosa por sua divina natureza, aperfeiçoando o pecador penitente reconciliando-o com Deus. Destarte, resta esclarecer, o pecador desnudo da justiça de Cristo (natureza divina), não se encontra circuncidado, certamente não será selado pelo anjo escrivão. A única forma de manter a igreja imaculada, separada do mundo e dos ritos do paganismo é adquirindo a justiça de Cristo através da circuncisão do coração, se Cristo habitar o coração imputando seu Espírito, com certeza haverá renovação, amor e obediência ao Criador e a sua lei. Os Remanescentes não podem cometer o erro dos judeus. WAGGONER acrescenta:

Os judeus cometeram o equívoco de pensar que era suficiente ter o sinal (da circuncisão na carne). Chegaram finalmente a dar guarida à ideia de que a posse do sinal traria a realidade, precisamente do mesmo jeito, muitos professos cristãos de nossos dias supõem que o cumprimento de certas ordenanças os fará membros do corpo de Cristo e participantes de sua justiça. Porém, a circuncisão da carne por si só não pode representar a justiça (natureza divina), mas o pecado original (natureza pecaminosa), quando sustentada por mero formalismo

De fato, os judeus desprezavam gentios, cunhados de incircuncisos, por não apresentarem o sinal na carne, na verdade nem precisavam, segundo o concilio de Jerusalém: "Pois pareceu bem ao Espirito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais." Atos 15:28, embora devedores da circuncisão na carne, os gentios foram circuncidados no coração, aceitando Cristo e sua justiça, ressurgiram nova criatura: "Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura." Gálatas 6:15. Sem resquício de dúvida, os judeus se perderam sufocados pelo formalismo, desprezaram a circuncisão do coração apegando-se a circuncisão apenas na carne, com isto, rejeitaram o Messias, morreram asfixiados pela justiça própria. Não nasceram de novo, muito menos, foram transformados pela natureza divina em nova criatura.

Cumpre observar o teor dos escritos de Paulo, em sua ótica, a circuncisão na carne não nos torna verdadeiro judeu, o verdadeiro judeu é no espirito e a verdadeira circuncisão é a do coração: "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus." Romanos 2:28-29. Os termos aqui empregados pelo apóstolo Paulo, “circuncisão” e “incircuncisão” não tem o condão de abordar ritos ou sua ausência, refere-se a duas classes de pessoas. A incircuncisão, sem sombra de dúvidas, aponta os gentios, adoradores de outros deuses: "Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão. Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios." Gálatas 2:7-8. O fato do crente ser ou não circuncidado na carne não é relevante, mas, sim a circuncisão do coração por Cristo: "Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo." Colossenses 2:11. Cristo habita no coração de seus servos, os remanescentes, mediante o seu Espírito Santo compelindo-os amarem e obedecerem a Lei de Deus, só assim conseguem guardar os mandamentos de Deus: "Ser circuncidado nada significa, e ser incircunciso não significa nada; o que significa alguma coisa é guardar os mandamentos de Deus." I Coríntios 7:19. Quem não for circuncidado no coração por Cristo, resistirá ao Espirito Santo e a verdade, tornando-se transgressor dos mandamentos de Deus, estes são: "Homens de dura cerviz e incircunciso de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espirito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis." Atos 7:51. A circuncisão do coração é salutar e de vital importância para a igreja de Deus, noutro giro, a circuncisão na carne para nada aproveita. A circuncisão do coração possibilita ao crente receber natureza divina para obedecer aos mandamentos de Deus. Os verdadeiros circuncidados, membros da igreja Remanescente se mantém firmes na manutenção da doutrina e obediência a Lei do Senhor conduzidos pelo Espírito Santo: "Porque nós somos os circuncisos, nós que adoramos pelo Espírito de Deus e que fazemos do Messias Jesus nossa confiança! Não confiamos em qualificações humanas." Filipenses 3:3. Por fim, conclui-se com segurança, o fato da circuncisão significar o selo da justiça de Cristo, descortina sua importância para os servos do Senhor, os crentes circuncidados no coração por Cristo, amam e guardam os seus mandamentos, logo, a lei não foi anulada pela fé, muito menos abolida, nessa esteira, Paulo preconiza: "Visto que Deus é um só, que justifica pela fé a circuncisão, e por meio da fé a incircuncisão. Anulamos, pois, a Lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei." Romanos 3:30-31. A verdadeira fé é compartilhada com os servos de Deus, cujo coração foi circuncidado por Cristo, dedicando-se perseverantemente na manutenção da doutrina e amor a santa Lei.



Aliança do Sinai

E de bom tom encetar o presente estudo abordando a aliança sinaítica (no Sinai), haja vista, a análise alhures de antigas alianças firmadas pelo Senhor de Adão até Abraão. Desse modo, se faz necessário invocar o Tratado de Teologia Adventista definindo a supracitada aliança da forma seguinte:

A aliança da Graça com Abraão (Gn 12:1-3; 15:1-5; 17:1-14) é fundamental para todo o curso da salvação (Gl 3:6-9; 15-18). Por meio da semente de Abraão, que não se refere apenas a seus numerosos descendentes, mas em particular a seu único descendente, Cristo (v.16), Deus abençoou o mundo. Todo os quantos fariam parte da semente de Abraão descobririam que Deus é seu Deus, e que eles são seu povo. A circuncisão seria um sinal (Gn 17:11) desse correto e já existente relacionamento com Deus constituído pela fé (Gn 15:6; Rm 4:9-12). A aliança sinaítica, celebrada no contexto da redenção do cativeiro egípcio (Exo. 19:4; 20:2), continha as providências sacrificais divinas para a expiação e o perdão de pecado. Também era uma aliança de graça e uma reiteração das principais ênfases contidas na aliança abraâmica, incluindo a relação especial de Deus com seu povo.
DEDEREN, Raoul. Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia. V.9. 1.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, pág. 311

No aludido período a lei foi codificada, os sacrifícios, cerimonias e cultos sofreram contundente transformação em sua forma e organização apontando o Messias.

Nesse passo, diga-se, a lei codificada no Sinai é a mesma lei mencionada pela primeira vez nas Escrituras, quando o Senhor revelou sua vontade a Isaque em Gerar: "Porque Abraão obedeceu à minha palavra e guardou os meus mandamentos, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis." Gênesis 26:5. Segundo assertivas do Tratado de Teologia adventista (2011). Guardar a lei, da forma obedecida por Abraão, significa aderir a Jeová, à sua pessoa, às suas instruções e vontade. Para Abraão, a aliança e a lei de Deus eram uma só convivendo harmoniosamente. Abraão não guardava revelações e instruções divinas de maneira acidental ou esporádica, mas de forma voluntária, intensa e por amor divino estimulado pelo Espírito de Deus. A promessa de Deus firmada com Isaque estendeu-se a Jacó por decreto e a Israel, por aliança perpétua: "Ele é o Senhor, nosso Deus; os seus juízos permeiam toda a terra. Lembra-se perpetuamente da sua aliança da palavra que empenhou para mil gerações; da aliança que fez com Abraão e do juramento que fez a Jacó por decreto e a Israel, por aliança perpétua." I Crônicas 16:14-17. O inevitável advento do Messias prometido, vinculou Cristo a aliança e o aperfeiçoamento da Lei por toda a eternidade: "Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa." Gálatas 3:17. Cumpre observar, o advento do Messias não invalidou a aliança com os descendentes de Abraão, muito menos invalidou os Mandamentos. A Lei foi esculpida em tabuas depois de quatrocentos e trinta anos de cativeiro egípcio, leia-se, ela existia desde a criação, no entanto foi codificada no Sinai pelo dedo de Deus e entregue a Moisés, confirmando solidamente a aliança firmada entre Deus e os descendentes de Abraão em Cristo Jesus.

Dito isso, é inarredável destacar a importância da lei, bem como sua validade; baseada na vontade de Deus. A aliança exige obediência, todavia o homem é incapaz de obedecer sozinho, a lei é a expressão de vontade divina e a base de sua aliança. Destarte, quando o povo se desvincula da justiça de Cristo, obedece à lei por meros princípios formais de conduta ou ordenanças cultuais, despido de consagração e amor quebrando a aliança, a exemplo dos Hebreus, assim sendo, Deus enviou seu profeta para repreender Israel: "Eles transgrediram a minha aliança e rebelaram contra a minha lei." Oséias 8:1. Obediência carente de amor é rebelião, na ótica divina, o pecador despido de natureza divina, é movido pela natureza pecaminosa trapo de imundície.

Dentro deste contexto, é forçoso destacar a existência de duas alianças: Segundo as Escrituras, antiga e a nova aliança, entrementes, a princípio se faz necessário analisar a antiga aliança.

Quando Israel foi liberto do Egito, conduzido por Moisés ao monte Sinai, os mandamentos do Senhor eram passados de pai para filho oralmente vitalizando a sagrada aliança, no Sinai, o pacto ou aliança de Deus com Israel foi codificado com a seguinte proposta: "Tendo partido de Refidim, vieram ao deserto do Sinai, no qual se acamparam; ali, pois, se acampou Israel em frente do monte. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardares a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa." Êxodo 19:2;5-6. Ouvindo os termos da aliança, todo o povo aceitou com juramento: "Tudo o que o Senhor falou faremos." Êxodo 19:8. Após ratificar aliança com Israel, o Senhor entregou a Moisés os dez mandamentos escritos com seu próprio dedo: "E o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e nelas tinha escrito conforme todas aquelas palavras que o SENHOR tinha falado convosco no monte, do meio do fogo, no dia da congregação." Deuteronômio 9:10, a aliança estabelecida visava orientar o povo, a nação santa a viver consagrados em estrita obediência aos mandamentos, preceitos e leis do Criador. Evitando absorver contaminações e práticas das nações pagãs, neste sentido o Senhor advertiu: "Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andeis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andares neles. Eu sou o Senhor vosso Deus." Levítico 18:3-4. A aliança sinaítica celebrada com Israel, foi à primeira aliança codificada, vinculando a guarda dos dez mandamentos, estatutos, preceitos e leis, semelhante a aliança verbal firmada com Abraão em (Gênesis, 26:5), conforme preconiza as sagradas Escrituras: "Então, vos anunciou ele sua aliança, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra. Também o Senhor me ordenou, ao mesmo tempo, que vos ensinasse estatutos e juízos, para que os cumprísseis na terra a qual passais a possuir." Deuteronômio 4:13-14. Deveras, os hebreus prometeram respeitar a aliança firmada no Sinai, obedecendo mandamentos, estatutos, preceitos e leis por amor, segundo a exigência divina: "Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que eu hoje te ordeno, para o teu bem?" Deuteronômio 10:12-13. Entrementes, Israel não atentou para este particular, fracassou inundada em formalismo e justiça própria descumprindo o pacto firmado com o Criador, guardou a lei formalmente despido de amor, essa foi à causa da fragilidade e fracasso desta aliança forçando o renomado apóstolo Paulo exortar: "Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justificação, vieram a alcança-la, todavia, a que decorre da fé; e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei. Por quê? Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras. Tropeçaram na pedra de tropeço." Romanos 9:30-32. Como visto alhures, em Cristo os gentios alcançaram a promessa firmada entre Deus e Abraão, não confiaram em sua justiça, mas, no redentor: "Jesus, o Messias, fez isto para que, em união com ele, os gentios pudessem receber a benção anunciada a Abraão a fim de que, mediante a confiança e a fidelidade pudéssemos receber o que fora prometido, isto é, o Espirito." Gálatas 3:14. De outro lado, Israel tentou alcançar a justiça por obras meritórias, cumprimento de dever legalista, tentaram o impossível, homem algum é capaz de obedecer à lei desvinculado da fé no redentor e sua justiça. Ademais, a justiça pela fé é à base dos ensinos de Moisés sobre a obediência da lei e a todos os fundamentos do Antigo Testamento, de igual modo, são os lídimos fundamentos dos ensinos de Paulo no Novo Testamento.

Ademais, obedecer à lei não anula o relacionamento de fé entre Deus e seu povo. É o contrário: "Anulamos, pois, a Lei por causa da fé? De modo algum! Ao contrário, confirmamos a Lei." Romanos 3:31, somente revestido da fé e justiça de Cristo é possível obedecer a Lei. Quando a obediência é lustrada pela justiça própria, leia-se, obediência por esforço, capacidade humana ou justiça própria, um abismo se abre entre Deus e pecador, pautado na visão divina como imundície: "Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia." Isaías 64:6. No sentido do texto, esforço humano direcionado na obediência ao Senhor e sua Lei, dissociado da natureza divina do Messias, não passa de trapo de imundícia, a natureza pecaminosa herdada de Adão (pecado original), é o fio condutor separando criatura e Criador: "Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça." Isaías 59:2. Quando a obediência da lei é sustentada por justiça própria, o esforço humano encontra-se despido de fé, natureza divina, por esta razão, a lei não pode alcançar sua finalidade de apontar o pecado lustrando a vida religiosa, a pobre alma receberá a morte espiritual, distanciamento do Senhor e de sua verdadeira doutrina: "E o mandamento que fora para a vida, verifiquei que este mesmo se me tornou para morte." Romanos 7:10. Perdida está a alma asfixiada pela justiça própria, pensam guardar os mandamentos, no entanto exaltam formalismo e jactância, não passam de fétidos cadáveres espirituais, mortos para Deus: Por este singelo motivo o apostolo Paulo escreveu aos gálatas, alertando-os do perigo da obediência legalista da lei, ou como ele chamou pelas obras da lei, os tais, estão em maldição por rejeitar a justiça do Messias. A única forma do homem obedecer a lei de Deus, é pela fé e amor compelido pela natureza divina imputada no coração: "Pois todo aquele que confia na observância legalista dos mandamentos da lei vive sob maldição, porque está escrito: Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da lei. É evidente que ninguém será declarado justo por Deus mediante o legalismo, porque a pessoa que é justa obterá a vida mediante a confiança e a fidelidade." Gálatas 3:10-11. Nesta esteira, Paulo fez uma equiparação entre a aliança do Sinai e a maldição ou escravidão em outras traduções, mencionada no aludido texto em Gálatas.

A aliança do Sinai, por seu turno, não retrata maldição ou escravidão aos fiéis, obedientes ao grande Legislador acobertado pela fé no Redentor, livres da justiça própria e obras da lei. Em verdade, quando a Lei é dissociada da promessa e da fé, alimenta justiça própria, trapo de imundícia, consequentemente a aliança se desvirtua, trazendo como resultado escravidão no lugar da liberdade. Nesse viés, confiar na justiça própria escraviza o pecador, cativo a satisfação de suas vontades e não a de Deus. Pensam prestar serviço a Deus, quando na realidade satisfazem a si próprios, alimentando a natureza pecaminosa naufragam no fanatismo. Com efeito, os Hebreus não guardaram a lei de Deus por amor, ferindo frontalmente a Aliança firmada no Sinai pelo fétido formalismo, com isto, foi necessária uma segunda aliança, fundamentada no amor e justificação pela fé em Cristo Jesus, neste sentido Paulo asseverou: "De fato, se a primeira aliança não tivesse dado espaço para a descoberta de erros, não haveria a necessidade da segunda. Ao usar o termo nova, ele tornou a primeira aliança antiga; e tudo o que se torna antigo, e passa pelo processo de envelhecimento, está a caminho do desaparecimento total." Hebreus 8:7;13. O grande erro do judaísmo foi confiar em sua justiça, tentaram obedecer à lei por seus méritos, nutriram natureza pecaminosa, e não a imponente justiça divina do Messias: "Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus." Romanos 10:3, ao seu viso, a circuncisão na carne, obediência formalista ou cumprimento de dever os habilitariam a perpetuar o concerto com o Criador, no entanto, falharam rejeitando o doador da vida e a natureza divina de Jesus, matando-o em uma cruz. Ao apedrejar Estevam no ano 34, sacramentaram sua rejeição final como povo único, eleito e peculiar, separando-se para sempre da aliança, forçando o Senhor estabelecer nova aliança com outro povo, ratificada pelo sangue de Cristo. Enfim, o problema não se encontra na Lei, dormita na forma como pretendiam guardá-la.



Aliança Abraâmica

A princípio, se faz necessário trazer à baila o escopo do plano Divino, santificar o povo, tanto na antiga como na nova aliança. Na antiga aliança, o Altíssimo firmou pacto com Israel no Sinai por intermédio de Moisés, disse o Senhor: "Vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falareis aos filhos de Israel." Êxodo 19:6. Na nova aliança, firmada por intermédio do Messias com os justificados descendentes de Abraão, Jesus disse: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celeste." Mateus 5:48. A nova aliança empunha o condão de restaurar o pecador a semelhança de Adão antes da queda, contudo, existe áspera celeuma gravitando em torno de um problema, o homem perdeu a natureza divina, e com ela a santificação de per si. O pecador só alcança perfeição se Cristo imputar sua justiça em seu coração habilitando-o obedecer a Lei de Deus, santa, justa e perfeita.

Acerca do tema, vê-se a obra de Cristo na nova aliança regenerando o pecador, apresentando sua igreja diante do Altíssimo santa pura e perfeita revestida de sua divina natureza: "Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, com glória, sem mancha, sem ruga, nem qualquer coisa parecida, mas para que seja santa e imaculada." Efésios 5:26-27. O Plano de Redenção visa restituir o pecador penitente a mesma natureza divina ostentada por Adão antes da queda. Contudo, para se realizar o propósito divino, se faz necessário: "Cristo habitar pela fé em vossos corações, enraizados e fincados em amor." Efésios 3:17. A única forma do pecador obedecer aos Mandamentos de Deus, ancora-se na justiça de Cristo, o Senhor Justiça nossa justificando o pecador pela fé. Na nova aliança, Jesus restaura a alma substituindo a natureza pecaminosa por sua justiça, leia-se, o homem recebe a natureza de Cristo enchendo o coração de justiça, habilitando-o a amar e obedecer ao Senhor. Deus mensura a justiça humana pela capacidade de obedecer sua doutrina e a lei, ou seja, "a Lei é santa; e o mandamento é santo, justo e bom." Romanos 7:12, o homem por seu turno, é pecador, injusto e mau. O homem só pode tornar-se justo nascendo de novo mediante recebimento do Espírito de Cristo (Espírito Santo), habilitando-o obedecer a Lei. Deus expressa sua justiça na Lei exigindo obediência por amor. Sem resquício de dúvidas, o pecado se manifesta pela ausência da justiça de Cristo no coração humano quebrando a lei: "Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei." I João 3:4. Como já exaustivamente exposto, o pecado de Adão absorveu a natureza pecaminosa (pecado original) após perder a natureza divina, prejudicando sua capacidade de obedecer por amor, o aludido pecado foi transferido a seus descendentes, cujo fruto produz rebelião e transgressão da lei de Deus. Somente pela nova aliança o crente é justificado pela fé, revestido da justiça de Cristo lustrando seu caráter. Como colírio dissipando trevas, o crente consegue olhar pela fé a manifesta justiça do Criador esculpida na lei resgatando o prazer em obedecer com intenso amor. O crente justificado, dotado da justiça de Cristo se torna tão santo com a Lei, reativando a capacidade de amar, obedecer e defender.

Dito isso, é inarredável avocar a aliança do Sinai, onde os hebreus buscaram a justiça ancorados no formalismo da lei, por seus méritos (obras), inundados de justiça própria ignoraram a justiça de Deus procurando estabelecer sua própria justiça, negaram submissão à justiça de Deus (Romanos 10:3), esta foi à razão do rompimento com a velha Aliança e queda do judaísmo, estabeleceram sua justiça (justiça própria) ignorando a fé na justiça do Messias. Israel ancorou sua salvação na obediência a lei, pelo formalismo, por seus méritos e não pelos de Cristo pela fé. Forçando o Senhor na nova aliança, estabelecer um vínculo pelo Espirito junto com o livre-arbítrio do homem, para obedecer por amor. Na nova aliança, a lei do Senhor, não mais seria esculpida em tábuas de pedra, gélida, sem vida, dormita no coração: "Porei a Minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo." Jeremias 31:33. Na nova aliança, Cristo aperfeiçoou a forma de obediência a Deus e sua Lei, em seu ministério labutou imputando sua justiça para engrandecer a Lei nos corações penitentes: "Foi do agrado do Senhor, por amor da sua justiça, engrandecer a lei e torná-la gloriosa." Isaías 42:21, portanto, não houve eliminação da Lei e da obediência. A obediência da Lei, na nova aliança, foi aperfeiçoada com o salutar auxílio do Espírito Santo, imputando no coração justiça emprestada de Cristo potencializando a espiritualidade humana: "E, de fato, repreendendo-os, Deus diz: Eis que dias vem, diz o Senhor, e que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não como a aliança que fiz com seus pais, no dia em que tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; porque eles não permaneceram na minha aliança, e eu deixei de preocupar-me por eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Colocarei as minhas leis na sua mente e as escreverei em seu coração; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo." Hebreus 8:8-10. No novo concerto o Senhor não só colocou sua lei, mas também seu Espirito no coração humano, habilitando o crente amar e obedecer com coração santificado pela nova natureza, a divina: "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espirito e fareis que andeis nos meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observais." Ezequiel 36:26-27, o supracitado pacto foi firmado pelo Espirito, abastecendo corações de justiça, compelindo o homem obedecer por amor, devoção e alegria, a lei foi cravada no coração, inclusive dos gentios, "estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhe também a consciência e os seus pensamentos." Romanos 2:15, nascido de novo, o pecador goza nova natureza, cativo ao nobre sentimentos de fazer a vontade de Deus, "agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei." Salmos 40:8. Nesse viés, a nova aliança foi norteada por dois princípios fundamentais, o sacrifício expiatório confirmado com sangue e a presença do Espirito, oculto ou não percebido na primeira aliança. A antiga aliança foi sancionada no Sinai, pela letra da lei, e confirmada por sangue de animais oferecidos em sacrifício, tendo Moisés como mediador: "E tomou o livro da aliança e o leu diante do povo, e o povo disse: Nós faremos e obedeceremos tudo o que o Senhor disse. E Moisés tomou o sangue, e o espargiu sobre o povo e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor fez conosco com relação a todas estas coisas." Êxodo 24:7-8. O apostolo Paulo, escrevendo aos hebreus compartilha do supracitado entendimento: "Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue; porque, quando Moisés acabou de proclamar todos os mandamentos segundo a lei a todo o povo, tomou o sangue de bezerros e dos bodes, com água, lã vermelha, e hissopo, e aspergiu não só o próprio livro, como também todo o povo." Hebreus 9:18-19. Deveras, a velha aliança foi confirmada com sangue de animas, no entanto desprovida do Espírito Santo, destarte, caiu em formalismo. Noutro giro, a nova aliança foi sancionada com o precioso sangue de Cristo, confirmada pelo Espírito Santo permanecendo para sempre viva e eficaz.

Nesta senda, o sacrifício sancionador da nova aliança, se realiza no calvário via sacrifício e sangue do Messias na cruz, tendo Jesus como mediador, de acordo com os escritos da lavra de Paulo: "Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! Por esta razão, ele é o Mediador da nova aliança para que os que são chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que a morte ocorreu para resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira aliança." Hebreus 9:14-15. O outro sagrado pressuposto endossando a nova aliança, segundo Paulo, é a aliança do Espírito, transcendendo o código seco sem vida, como fora escrito na antiga aliança, fincado no Espírito de Cristo, ou sua justiça "que nos capacita para ser ministros de uma nova aliança, não de letras, mas, do Espírito; pois a letra mata, e o Espírito vivifica." II Coríntios 3:6. Sem a influência do Espírito Santo, toda tentativa de aliança ou obediência a Lei de Deus é infrutífera, fadada ao fracasso.

De fato, a antiga aliança foi escrita em tábuas de pedra, enquanto a novel aliança é gravada pelo Espírito, ou natureza divina imputada no coração. Destarte, o conteúdo das duas alianças é o mesmo, não houve mudança neste particular, o problema não dormita no conteúdo, a lei de Deus, e sim na forma como tentaram guardá-la. A antiga aliança fracassou mediante severa insistência dos hebreus em obedecer a Lei por obras meritória, tentaram sem sucesso alcançar justiça por guardar a lei formalmente e não pelo espirito, pelo amor e pela fé. Na antiga aliança os judeus focavam na aparência exterior, sua justiça limitava-se ao reconhecimento e louvores dos homens: "Tudo o que fazem é a fim de serem vistos pelos homens; por isso trazem largas faixas e longas franjas nas suas vestes." Mateus 23:5. Diante do alegado, Jesus ensina sua igreja desviar-se do erro fatal, exposto na antiga aliança, sustentada pela justiça própria: "Guardai-vos de praticar vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste." Mateus 6:1. A segunda aliança foca o interior do coração iluminado pela natureza divina, Cristo habita em mim, me compelindo a amá-lo e obedecê-lo. Dentro deste contexto, merece destacar, a lei obedecida sem a natureza divina, sustentada pela natureza pecaminosa, invalida o sacrifício de Cristo rompendo com aliança divina, quando o homem finca seu esforço no simples comportamento humano, comete engano fatal, quem exercita tal procedimento, anula o sacrifício expiatório de Cristo e seus benefícios, se o pecador é capaz de alcançar a santificação por seus méritos, Jesus não precisaria morrer por ele, se o homem fosse capaz por si só, de mudar a natureza pecaminosa, se justificar e santificar, Cristo não precisaria morrer.

Em verdade a aliança perde seu objetivo quando é exercida pela justiça própria, na obediência formalista, apenas para ser visto e exaltado pelos homens. Na nova aliança, o crente recebe vida quando serve ao senhor pelo espírito, com nova natureza concebida por Cristo, e não na obediência da letra da lei, alavancando natureza carnal, fio condutor da morte espiritual, executada pela obediência formalista da lei, nessa toada preconiza Paulo: "Pois quando vivíamos de acordo com nossa velha natureza, as paixões ligadas aos pecados agiam por meio da lei em nossos membros, resultando em fruto para a morte. Mas agora fomos libertados desse aspecto da lei, porque morremos para o que nos dominava, de modo que agora servimos de uma nova forma provida pelo Espírito, e não do antigo jeito de seguir exteriormente a letra da lei." Romanos 7:5-6. Por fim, vale ressaltar, uma única lei modulou as duas alianças, os dez mandamentos. A diferença reside na espécie de obediência prestada, a antiga aliança absorveu obediência legalista, pela justiça própria, ou trapo de imundice na ótica divina: "Mas todos nós somos como o imundo, e toda a nossa justiça, como trapo de imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como vento, nos arrebatam." Isaías 64:6. Os frutos da justiça própria resultam em pecado extraído friamente da letra da lei; na nova aliança a obediência vincula-se ao Espírito, pela natureza divina de Cristo, o Senhor Justiça nossa (Jeremias 23:6), por meio do amor e da fé. Na nova aliança, a lei é gravada na mente imputada nos corações e não em tábuas de pedra, frutificando obediência aos mandamentos do Senhor, alicerçada na natureza divina de Cristo.

Segundo o apostolo Paulo, a graça de Deus se estende a todo pecador, mediante a fé: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus." Efésios 2:8. Com efeito, o homem não é salvo pelas obras ou obediência legalista da lei e muitos menos justificados pelas obras da lei, não é essa a função da lei. "Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado." Romanos 3:20, entende-se por obras da lei, obediência legalista a qual ninguém será justificado: "Portanto, afirmamos o conceito de que a pessoa deve ser considerada justa por Deus com base na confiança, que nada tem em comum com a guarda legalista da lei." Romanos 3:28. É forçoso concluir, a lei não empunha o condão de salvar o pecador, contudo, no supracitado texto, Paulo expõe a real função da Lei, mostrar o pecado, "porque a Lei produz a ira; mas onde não há Lei também não pode haver transgressão." Romanos 4:15. A função da lei é apontar o pecado, em assim sendo, onde não impera a Lei, não há transgressão, liberando a idolatria, chamar o nome de Deus em vão, homicídio, furto, adultério, falso testemunho, cobiça, etc. "Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei." Romanos 5:13. Não havendo Lei o pecado está liberado, tudo é permitido quando não há proibição pela Lei.

De outro cariz, quem visa justificar-se pela obediência legalista da lei, encontra-se vazio da justiça de Cristo, caiu da graça de Deus: "vocês, que tentam ser declarados justos por meio do legalismo, estão separados do Messias! Vocês caíram da graça de Deus." Gálatas 5:4. A salvação esmera-se nos méritos de Cristo, ou seja, a sentença de morte assolando o pecador, foi paga, Cristo morreu na cruz, se fazendo maldito da lei: "Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tiver sido morto, e o pendurares em um madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus." Deuteronômio 21:22-23. O Senhor fez de Cristo pecado por nós, mesmo imaculado, sem nunca ter pecado, foi condenado na cruz em lugar do pecador, vencendo a morte resgatou a descendência de Adão emprestando sua justiça: "Deus fez deste homem sem pecado a oferta pelo pecado a nosso favor, para que unidos a ele possamos participar de forma plena da justiça de Deus." II Coríntios 5:21. Somente através de Cristo é possível receber pela fé o Espirito prometido, a natureza divina, perdida por Adão na concepção do pecado, nos salvando da maldição da lei, ou seja, da sentença de morte: "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo, nosso Senhor." Romanos 6:23. O homem pecou caindo em maldição, Cisto substituiu e resgatou o pecador imputando sua justiça transformando-o em nova criatura para apresentar ao Pai habilitado a amar e obedecer outra vez: "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a benção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido." Gálatas 3:13-14. No calvário, Cristo morreu cumprindo a sentença exigida pela transgressão da lei, renovou a aliança com os descendentes de Abraão, imputou sua justiça em seus corações, cumprindo a promessa de doar o Espírito Santo pela fé: "Deus, porém, demonstra seu amor por nós no fato de o Messias ter morrido a nosso favor enquanto ainda éramos pecadores." Romanos 5:8. Unicamente Cristo poderia morrer em lugar do pecador como cordeiro vicariante, somente Ele tem a mesma substância do Pai, o único capaz de substituir a natureza pecaminosa (pecado original), por sua justiça divina restaurando o pecador.

Com efeito, a graça de Deus e de Cristo não cravou a Lei no calvário, Jesus pagou o preço da condenação exigida pela transgressão, morrendo na cruz em lugar do pecador, devolvendo a vida, onde abundou o pecado, superabundou a graça: "Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor." Romanos 5:20-21. A graça de Deus se resume no lapso de tempo estipulado no Plano de Redenção, para Cristo substituir a natureza pecaminosa (pecado original), por sua justiça ou natureza divina, mediante o sacrifício expiatório, resultando na justificação do pecador com garantia de restaurar a perdida natureza divina ostentada por Adão antes da queda.




Pastor: Walber Rodrigues Belo