O Sábado, do Éden ao Sinai
No poder de suas palavras o Senhor criou os céus, terra, mar e fonte das águas, pelo espírito de sua boca tudo se fez, conforme atesta o salmista: Salmos 33:6-7;9. Cobrindo a terra de extraordinária beleza. No sexto dia da criação formou Deus o homem dizendo: Gênesis 1:26-27. No áureo texto a inspiração divina revela a genealogia humana, delega sua origem a divindade, não a molusco, vermes, bactérias ou macaco, mas ao Criador, Adão era filho de Deus: Lucas 3:38. Como exposto, o homem foi criado à imagem de Deus na aparência, razão e livre arbítrio, conforme a semelhança no caráter refletindo a natureza divina do Criador. O pecado degenerou a semelhança divina, carecendo de reparo, em assim sendo, Cristo era o único ser capaz de restaurar a raça caída a condição anterior ao pecado: Hebreus 1:3-4. na mesma toada se manifesta a irmã White, descrevendo a semelhança divina de Adão:
Mas o homem foi formado à semelhança de Deus. Sua natureza estava em harmonia com a vontade de Deus. A mente era capaz de compreender as coisas divinas. As afeições eram puras; os apetites e paixões estavam sob domínio da razão. Ele era santo e feliz, tendo a imagem de Deus, e estando em perfeita obediência à sua vontade.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 28
Antes da queda, Adão era santo, refletia a justiça divina, capaz de amar e obedecer. Com a queda, perdeu a divina natureza inclinando o coração ao mal, um abismo se abriu entre Deus e Adão, afetando sua descendência cativa a lei da hereditariedade.
Na exuberância do Éden, Adão era justo, desconhecia pecados, ostentava vestes de luz fruto da justiça divina, refletindo perfeição, nos moldes dos seres celestes: Salmos 104:1-2. A glória do Altíssimo envolvia Adão como um vestido, dispensando vestes artificiais. Neste sentido exorta a irmã White:
Esse casal, que não tinha pecados, não fazia uso de vestes artificiais; estavam revestidos de uma coberta de luz e glória, tal como a usam os anjos. Enquanto viveram em obediência a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 29
Finda a criação, plantou o Senhor Deus um jardim no Éden colocando o noviço casal para habitar e dominar sobre todos os animais criado: Gênesis 2:8. O jardim ou paraíso deriva do idioma Persa, significa parque. Após construir o belo jardim: Gênesis 2:15-17. No Éden, o Senhor descansou no Sábado, abençoou, santificou (separou) e designou para uso santo, dia de adoração, com escopo da humanidade reverenciá-lo no santo dia, em memória ao Criador. Todavia, Adão quebrou a ordem divina degustando o fruto proibido, não importa qual fruto, o pecado não está no fruto, mas na desobediência. Quebrando a confiança do Criador, o imponente casal perdeu a natureza divina inclinando-se ao mal.
Antes do malsinado pecado, concluída a obra da criação após seis dias de trabalho, descansou Deus no sétimo dia instituindo o Sábado, memorial da sua criação. Segundo escritos da lavra de Uriah Smith, o Sábado foi instituído no princípio, ao terminar a primeira semana da criação, fato confirmado nas Escrituras: Gênesis 2:1-3. A semana originou-se na criação, preservada pelos servos do Altíssimo, conforme ratifica a história bíblica. O próprio Deus mensurou a primeira semana como modelo perpetuando-a no viés do tempo. A semana foi construída em sete dias literais. Não prospera a tese da primeira semana formada por milhares de anos, a malsinada alegação fere o quarto mandamento. Não tem sentido Deus gastar milhares de anos para concluir a obra da criação e resumir a sete dias literais em comemoração ao período de milhares de anos sustentada pela supracitada teoria. Adão, após a queda viveu quase mil anos, com certeza ensinou acerca da semana literal a Caim, Abel, Sem, assim aprenderam os homens de Deus como Enoque, Noé, Abraão, Isaac, Jacó e Israel. Confiou o Senhor ao servo fiel os ensinamentos de sua doutrina, entre eles o Sábado: Gênesis 18:19. A semana de sete dias literais de Adão ao Sinai foi preservada, consequentemente o Sábado também, ensinado oralmente, o dia de Sábado não foi perdido no tempo como alegam alguns, a exemplo do episódio do maná: Êxodo 16:22. Deus não errou o dia do Sábado literal, da criação ao evento do maná o Sábado não se perdeu. Segundo o texto era o sexto dia, o dia seguinte o Senhor ordenou Moisés instruir o povo: Êxodo 16:25. Moisés disse, hoje é Sábado, com certeza a contagem semanal estava em harmonia com a semana da criação, Deus não erra.
Com efeito, a contagem da semana, evidenciada durante a era patriarcal foi preservada corretamente, o povo sabia quando chegava o sexto dia, ou parasceve, preparação do Sábado. De igual modo, é possível provar claramente, o sétimo dia do quarto mandamento, instituído no Éden, é o mesmo do Novo Testamento. A prova encontra-se na narrativa de Lucas acerca do sepultamento de Jesus Lucas 23:54. O dia de preparação é o sexto dia. Lucas testemunhou as mulheres santas guardando o Sábado, descansando segundo o quarto mandamento. Os apóstolos não perderam o Sábado no tempo, a contagem permanecia a mesma da semana da criação. O Sábado foi criado para descanso do homem, contudo, o afastamento da humanidade dos caminhos do Senhor para adorar ídolos, forçou o Senhor entregar aos hebreus, descendentes de Abraão.
O Sábado não pode ser mudado, trata-se do memorial da criação, forjado por Deus antes da existência de Israel, destarte, conclui-se, o Sábado não foi instituído no Sinai, o senhor criou o sábado no Éden antes do pecado, segundo Uriah Smith, somente Jeová pode mudar:
É de se notar que o repouso de Deus no sétimo dia tornou-o dia de repouso, ou o Sábado (repouso) do Senhor. Nunca pode deixar de ser o seu dia de repouso, visto que este nunca pode ser mudado. Ele santificou então, ou pôs de parte, esse dia, como nos afirma o relato, e essa santificação nunca pode cessar, a não ser que seja retirado por ato da parte de Jeová tão direto e explícito como aquele pelo qual a colocou sobre o dia no começo.
SMITH, Uriah. As Profecias do Apocalipse, 1.ed. Ed. A Verdade Presente, 1991. pág. 290
O Senhor concluiu a obra da criação descansando no Sábado, em assim sendo, abençoou, santificou e selou como memorial cunhando em sua Lei, contudo, indaga-se, Adão e os patriarcas guardaram o Sábado antes do Sinai?
De acordo com a pena inspirada:
O Sábado foi confiado a Adão, o pai e representante de toda família humana. Sua observância deveria ser um ato de grato reconhecimento, por parte de todos os que morassem sobre a terra, de que Deus era o Criador e legítimo Soberano; de que eles eram a obra de suas mãos, e súditos de Sua autoridade. Assim, a instituição era inteiramente comemorativa, e foi dada a humanidade. Nada havia nela prefigurativo, ou de aplicação restrita a qualquer povo.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 31
Adão foi instruído acerca da santidade do Sábado, nesse sentido se manifesta o renomado pioneiro.
A declaração "abençoou Deus o dia sétimo e o santificou" não é, na verdade, um mandamento para a observância desse dia, mas, sim, o registro de que tal preceito foi dado a Adão. Pois como o Criador "separaria para uso santo" o dia de seu descanso se aqueles por quem o dia seria usado não soubessem nada a esse respeito?
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 18
Com propriedade alerta o festeja pioneiro, se o sábado foi feito para descanso do homem, com certeza, Adão foi o primeiro a tomar conhecimento, guardar e depois da queda ensinar as primeiras gerações acerca da santidade do aludido dia. O Senhor santificou o sábado, leia-se, pôs à parte, separado como dia de repouso para fins religiosos, A exemplo do Criador, o homem deveria repousar, nesse dia refletindo na obra da criação.
A santificação do sábado merece atenção, no sentido de definir o termo santificar. O dia é santificado mediante a expressão
ou porque foi separado para fins religiosos? Apesar dos desavisados evangélicos levantarem tese da santificação pautada na frase , se faz necessário definir o termo santificar:O termo qadas, "santificar", é definido por Youg "separar", "apartar", isto é, "separar ou apartar do uso comum para um fim religioso ou sagrado". O hebraísta Stade define-o: "tornar propriedade de Deus, consagrado a Deus". O sétimo dia, com ser santificado por Deus, depois de terminado o acto do repouso, deixava de ser um dia comum, como os demais, para ser consagrado a um fim santo, isto é, para ser devotado à memoria de Deus. Tal é o facto virtualmente implicado no acto da santificação.
FILHO. Guilherme Stein, O Sábado, Ed. Sociedade Internacional de Tratados do Brazil, 1919. pág. 5
Deus santificou o Sábado atribuindo caráter divino, separando dos dias comuns, tornando-se santo dia de repouso, adoração e louvor. No mesmo sentido se manifesta renomado pioneiro contemporâneo da irmã White:
O dia que já havia sido abençoado por Deus, foi afinal santificado ou consagrado por Ele. Santificar é separar, colocar à parte, destinar como santo, para uso religioso. Consagrar é tornar santo; dedicar, separar para uso santo ou religioso.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 16
Em assim sendo, conclui-se, um dia não é santo por cunhar a expressão Gênesis 2:3. A supracitada expressão foi esculpida no Sinai, quando Moisés recebeu a Lei, contudo os hebreus obedeceram rigorosamente às proibições inerentes ao dia santificado. Diante do exposto é forçoso indagar: o Sábado não era santo do Éden ao Sinai por não empunhar a expressão Com certeza, o Sábado era santo no aludido período, enfraquecendo a malsinada tese levantada por evangélicos desavisados. De igual modo, a Lua Nova, é um dia santo, embora não acompanhada da expressão expressamente, empunha o condão da santificação do ponto de vista da definição santificar, leia-se separar do uso comum para um fim religioso; diferenciar o comum do sagrado. A Lua Nova foi separada para fins religiosos, atraindo os efeitos da santificação, separada para adoração, proibido laborar, comprar, vender e trabalhos servis conservando implicitamente a expressão . O dia é santo quando o Senhor separa destinando a adoração, a expressão é fruto, consequência da santificação do dia, independente de cunhar expressamente ou tacitamente a aludida expressão.
, a exemplo da Lua Nova, se a expressão for parâmetro para santificar um dia, o Sábado não foi santo do Éden ao Sinai, quando foi esculpida a expressão no Pentateuco. Um dia é santo, quando é separado para adoração, louvor, fins religiosos. Ademais, a expressão não é encontrada na instituição memorial do Sábado no Éden:Nesse diapasão, o Todo Poderoso, em sua infinita sabedoria, vislumbrou essencial o repouso sabático. Mesmo no Éden, o homem necessitava pôr de lado seus próprios interesses durante um dia dos sete e dedicá-lo à total adoração ao Criador. Essa é a verdadeira razão de Cristo exortar: Marcos 2:27. Como cediço, o Sábado foi instituído antes do pecado e seria observado para sempre por Adão e Eva, portanto não pode ser prefigurativo, tipo, sombra ou cerimonial, como alguns incautos tentam atribuir forjando interpretações fora do contexto. Segundo exorta Uriah Smith:
O Sábado nada encerra de natureza típica, ou cerimonial porque foi instituído antes de o homem pecar, e por isso pertence a um tempo em que, na própria natureza das coisas, não podia existir um tipo ou sombra.
As leis e instituições que existiram antes da queda do homem foram primárias em sua natureza, saíram da relação entre Deus e o homem e dos homens entre si, e assim continuariam sempre se o homem nunca tivesse pecado e não fossem afetadas pelo seu pecado. Noutros termos, eram, em sua própria natureza de coisas, imutáveis e eternas. As leis cerimoniais e típicas tiveram a sua origem ao fato de o homem ter pecado, e nunca teriam existido se o pecado não tivesse sido um fato. Foram sujeitas a mudanças de dispensação para dispensação. E estas, e só estas, foram abolidas na cruz. A lei do Sábado era primária e, portanto, imutável e eterna.
SMITH, Uriah. As Profecias do Apocalipse, 1.ed. Ed. A Verdade Presente, 1991. pág. 290
Se não houvesse pecado, Deus não criaria lei cerimonial, o Sábado seria guardado para sempre, assim como a Lei moral, imutáveis, nunca foram ab-rogados. Nos primórdios do cristianismo, Patrísticos latinos afetados por ciúme insano, desvincularam-se do Sábado, concebendo tese esdrúxula, defenderam a vigência da lei parcial, em sua ótica, a lei empunhava caráter Moral, nove mandamentos em vigor, e caráter Cerimonial sem vigência, o Sábado. Entrementes, Uriah Smith esclarece de forma primorosa, enterrando o caráter cerimonial do Decálogo, corrigindo distorções defendidas por alguns Patrísticos apostatados.
Com efeito, a queda de Adão deflagrou o pecado, forçando o Senhor apresentar o Plano de Redenção exibindo símbolos, cerimônias, tipos e sombras. O principal símbolo apontado no plano de Redenção diz respeito a justiça perdida por Adão, leia-se, a veste perfeita da justiça de Cristo, simbolizada pelo vestuário de sua Igreja:
Os israelitas que conscienciosamente recusassem misturar lã e linho em suas vestes diárias, e visem nisso a lição que Deus designou ensinar-lhes, também se afastariam do pecado. Todo o seu vestuário, feito de apenas uma qualidade de tecido, continuamente os lembrava da veste perfeita da justiça de Cristo concedida aos fiéis.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 282
O homem caído perdeu a natureza divina, separado de Deus pelo pecado original (Isaías 59:2), absorveu a natureza pecaminosa, necessitava do substituto, somente Cristo, ser igual a Deus, poderia expiar o pecado do homem e pagar o preço exigido pela transgressão da santa Lei de Deus, forçando o Senhor expor o Plano de Redenção com tipos e sombras apontando para cordeiro de Deus, destarte, surgiu a Lei cerimonial, distinta da Lei Moral. Visando elidir dúvidas acerca da veracidade da distinção de leis, convém citar texto da lavra do renomado cristão de fé batista, Billy Graham:
Como é evidente, a palavra lei é usada pelos escritores do Novo Testamento em dois sentidos. Algumas vezes ela se refere à Lei Cerimonial – do Velho Testamento, que se relaciona com matéria ritualista e regulamentos concernentes à manjares, bebidas e coisas desse gênero. Desta lei, os cristãos estão livres na verdade. Mas o Novo Testamento também fala da Lei Moral, a qual é de caráter permanente e imutável e está sumariada nos Dez Mandamentos. Signes oh the Times, 23/08/1955, pág. 4
GONZALEZ, Lourenço. Toda Verdade Sobre o Sábado. 3. ed. Ed. Ados LTDA, 2000. pág. 83
As Leis cerimoniais eram regulamentos utilizados por Deus para ensinar o Plano de Redenção mediante símbolos e práticas de culto. De acordo com WHITE:
As ofertas sacrificais foram ordenadas por Deus a fim de serem para o homem uma perpétua lembrança de seu pecado, e um reconhecimento do mesmo, bem como seriam uma confissão de sua fé no redentor prometido. Destinava-se a impressionar a raça decaída com a solene verdade de que foi o pecado que causou a morte. Para Adão, a oferta do primeiro sacrifício foi uma cerimônia dolorosíssima. Sua mão deveria erguer-se para tirar uma vida, a qual unicamente Deus poderia dar.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 64
Segundo textos do Antigo Testamento a supracitada lei entrou em vigor logo após o pecado; com Caim e Abel oferecendo sacrifícios: Gênesis 4:3-4. Com efeito, a lei cerimonial e ofertas de holocaustos tiveram sua origem à porta do Éden estendendo-se a cruz. Durante toda a era patriarcal, os fiéis servos do Senhor ergueram rústicos altares de pedra, sobre os quais eram oferecidos sacrifícios apontando o Salvador: Gênesis 12:7. No entanto, após o período de servidão no Egito, o povo de Deus naufragou na idolatria, forçando o Senhor ordenar construir um altar de bronze no átrio do tabernáculo visando conter a idolatria. O oferecimento de sacrifício de holocausto pelo pai de família (patriarca), sofreu alteração, obrigado a trazer ofertas ao santuário para o sacerdote oficiante oferecer o sacrifício: Deuteronômio 12:5-6. De fato, o dízimo estava incluso na lei Cerimonial, todavia, não foi cravado na cruz. De outro giro, o Sábado não faz parte da Lei Cerimonial, foi cunhado por Deus na Lei Moral, escrita pelo dedo de Deus, confirmando sua vigência durante o período patriarcal. Leia-se, o Sábado era guardado antes dos hebreus chegarem na planície do Sinai.
Mesmo antes do Sinai, a Lei de Deus, os Mandamentos, Preceitos e Estatutos eram conhecidos, amados e obedecidos pelo povo do Altíssimo durante toda a era patriarcal, do Éden ao Sinai, antes da codificação: Gênesis 26:5. A lei obedecida por Abraão, foi ensinada e seguida por sua descendência, dá-se por exemplo o caso de Tamar, acusada de infringir o sétimo mandamento da Lei de Jeová, o adultério: Gênesis 38:24. Existe outro exemplo, José no Egito obedeceu ao sétimo mandamento: Gênesis 39:9. O supracitado texto comprova de forma contundente, infração aos mandamentos de Deus é pecado, ou seja: I João 3:4-5. José, evitou adulterar, sabia tratar-se de transgressão a Lei do Senhor, logo, a lei era obedecida antes de ser codificada no Sinai. Outro exemplo digno de nota, recai sobre Jacó atendendo observância aos dois primeiros mandamentos, contidos na lei codificada no Sinai: Gênesis 35:2-3. A forma utilizada pelos patriarcas para cunhar obediência do Sábado e da lei como todo era verbal, ensinada de pai para filho, não havia escrita.
Á luz dos fundamentos acima levantados, infere-se, Adão viveu 930 anos. Seus descendestes ouviram as maravilhas desfrutadas por Adão no Éden, conversaram com o único homem capaz de ver, conversar com o Altíssimo face a face e viver. Ouviram de seus lábios a descrição do Éden e a separação do sétimo dia para descanso, o Sábado, desse modo Adão divulgou, ensinou e guardou com seus descendestes o santo Sábado por gerações. De Adão a Abraão, uma sucessão de homens santos, inspirados pelo Altíssimo preservaram o conhecimento de Deus na Terra, segundo Andrews:
Adão viveu até Lameque, pai de Noé, ter 56 anos de idade; Lameque viveu até Sem, filho de Noé, ter 93; Sem viveu até Abraão ter 150 anos de idade. Assim chegamos até Abraão, o pai da fé.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 25
Abraão, segundo a Bíblia obedeceu ao estatuto, preceitos e Leis do Senhor, entre eles o Sábado ensinado por Adão, Lameque, Noé e Sem. Abraão era semita, descendia desta linhagem. Em suma, os antediluvianos foram ensinados por Adão, Enoc, Lameque, o único a preservar os ensinamentos de Deus foi Noé. Após o dilúvio, Noé prosseguiu ensinando, considerando a existência de idioma único, facilitando a pregação.
Como cediço, Satanás induziu homens iníquos a contrariarem ordem divina, o astuto inimigo os reuniu em grande ato na planície de Sinar, edificando cidade e torre cujo topo chegasse ao céu, forçando o Senhor confundir os idiomas gerando povos distinto. No meio da apostasia disseminada surgiu Abraão, ensinando seus filhos verbalmente sobre o caminho do Senhor, costume consagrado em Israel até a codificação da Lei: Êxodo 13:8-9. A Lei do Senhor era ensinada verbalmente antes da codificação no Sinai, os Patriarcas guardavam o Sábado, trata-se do quarto mandamento da Lei, ensinaram seus filhos conservarem a santificação do sétimo dia: Deuteronômio 11:19. Esmerando acurado cuidado, os hebreus esculpiam na mente de seus filhos o dever de obedecer a Lei e consequentemente o Sábado.
Assim como a Lei, o Sábado, o quarto mandamento, com certeza era ensinado e observado desde o Éden pelos servos do Criador, fato comprovado quando Israel chegou ao Sinai, o Senhor ordenou colher maná em dobro no sexto dia, evitando transgredir o Sábado: Êxodo 16:22-23. . Quatrocentos e trinta anos de cativeiro, fragilizou os ensinamentos verbais passados de pais para filhos, forçando o Senhor lembra-los de santificar o Sábado: Êxodo 16:25. Antes de chegar ao Sinai, o Senhor forneceu o maná a seu povo, porém, no sexto dia concedia-lhes em dobro para repousarem no santo dia do Senhor. No Sábado, dia santo, não era encontrado maná nos campos: Êxodo 16:27. Em função de alguns desobedecerem a ordem do Altíssimo, ele ordenou não saírem do lugar para apanhar maná, não foi uma ordem proibitiva impedindo as pessoas de se moverem ao Sábado: Êxodo 16:29-30. A lei expressa limpidamente, lembra-te do dia do Sábado para santificar. Israel havia perdido a santificação do sétimo dia por força do cativeiro. Nos textos elencados, vislumbra-se a santificação do Sábado antes da codificação. O maná foi oferecido antes dos hebreus chegarem ao Sinai. Quando Deus codificou a Lei entregando a Moisés, os Patriarcas já obedeciam ao sagrado mandamento, Israel enfrentou percalços sob grilhões do severo cativeiro egípcio. No concluso capítulo restou comprovada obediência do Sábado por Patriarcas do Éden ao Sinai, antes da codificação da Lei.
O Sábado, Codificado no Sinai
Quando Israel acampou no Sinai, Moisés foi convocado, subiu o monte confiante, após 40 dias em santificação recebeu duas Tábuas de pedra escrita pelo dedo de Deus, a Lei dos Dez Mandamentos codificada: Êxodo 31:18. Codificar, significa escrever em código, as leis ensinadas verbalmente estavam codificadas, escritas pelo dedo de Deus: Êxodo 32:16. Trata-se da única parte da Bíblia escrita por Deus. A lei não foi promulgada com exclusividade aos Hebreus, mas, para todos os homens: Eclesiastes 12:13. Os preceitos morais cunhados no Decálogo foram esculpidos para humanidade amar e obedecer. Destarte, os quatros primeiros mandamentos abrigam deveres do homem para com Deus, noutro giro, os seis últimos apontam deveres direcionados aos semelhantes. Todos os dez mandamentos estão umbilicalmente ligados ao áureo princípio do amor: Lucas 10:27. A resposta de Jesus realça o fundamento da Lei, amor a Deus e ao próximo. Os quatro primeiros mandamentos se obedecidos, provam amar a Deus, da mesma sorte, os seis últimos mandamentos, se obedecidos, provam amar o próximo. Paulo repete o ensino de Jesus fundamentado no Velho Testamento, citando alguns dos comandos normativos do Decálogo referente amar ao próximo: Romanos 13:8-10. Em verdade estes ensinamentos não foram inovados por Jesus nem Paulo, simplesmente citaram o Velho Testamento: Deuteronômio 6:5. O aludido texto, exalta amor a Deus. O texto seguinte, por sua vez, enaltece o amor ao próximo: Levítico 19:18. Entrementes, amar Deus e ao próximo exige graça auxiliadora de Cristo, o pecador não tem o condão de obedecer ao comando normativo pautado em sua justiça, legalismo ou cerimonias religiosas. A justiça de Cristo imputada santifica o pecador, coberto com atributos e afeições de Cristo obedece os quatro primeiros mandamentos porque ama Deus, de igual modo, obedece os seis últimos por amor ao próximo.
Deus codificou o Decálogo, Moisés, por sua vez, escreveu o Pentateuco por inspiração divina. No bojo do Pentateuco encontrava-se a lei Cerimonial escrita por Moisés entregue aos levitas: Deuteronômio 31:24-26. Se faz necessário repisar a diferença abissal envolvendo Lei Moral e Cerimonial. A Lei moral dos Dez Mandamentos foi escrita por Deus entregue a Moisés no Monte Sinai: Neemias 9:13-14. O Sábado chama atenção do povo eleito figurando no quarto mandamento da Lei Moral, sob grilhões do cativeiro egípcio por quatrocentos anos permaneceram privados de obedecer ao Sábado, forçando o Senhor exortar: Êxodo 20:8-11. A expressão , foi extremamente necessária, Israel havia esquecido a observância do Sétimo Dia nos anos de penúria do cativeiro egípcio. Renovada a aliança codificando a Lei, o Sábado foi respeitado, amado e guardado pelo povo de Deus. Eximindo trabalhos servis no santo dia do Senhor, não compravam, nem vendiam, consagrados a adoração de Jeová: Levítico 23:3. O Sábado semanal tornou-se observância nacional. A áurea regra esculpida no Éden, se fez presente no Sinai, o Sábado foi separado para fins religiosos, dia de adorar Jeová, proibido labor, obras servis, comprar e vender no dia santificado: Neemias 10:31. O Sábado era especial, dia de adoração e descanso, em assim sendo, os hebreus recusavam trabalhar e negociar no dia do Senhor. Atendendo proibição divina, não permitiam mercancia com outros povos no dia do Senhor, entrementes, a áurea norma foi profanada: Neemias 13:16-19. O povo caiu em apostasia, afastados do Senhor transgrediram a Lei. Mercadorias eram vendidas no sábado, forçando Neemias impor reformas estancando a profanação do santo dia do Senhor. O destemido reformador ordenou aos guardas proibirem transporte de mercadorias no Sábado, forçando os mercadores comercializarem no domingo. A profanação do Sábado era o pecado mais repudiado e denunciado pelos profetas. Quando os mercadores chegaram Sábado, encontraram os portões fechados, sem compradores, os comerciantes gentios retiveram as mercadorias do lado de fora dos muros tolhendo o comércio profano.
O malsinado pecado repudiado por Neemias, foi palco de acaloradas repreensão de Jeremias, o destemido profeta anunciou o cativeiro babilônico pautado na transgressão do Sábado: Jeremias 17:27. Nesse compasso, os portões de Jerusalém eram fechados no pôr do sol do sexto dia e guardado por sentinelas impedindo comércio no dia do Senhor. Cargas eram transportadas no sétimo dia quebrando a Lei, violando o Sábado, a saber, vinhos, frutas, grãos, peixes, cereais entre outros. Jeremias detalhou a calamidade assolando as ombreiras de Jerusalém. Caso Israel não se arrependesse e insistisse movimentar empreendimentos comerciais profanos, transportando cargas, negociando no Sábado, utilizando as portas de Jerusalém como posto comercial, suportariam 70 longos anos de severo cativeiro na Babilônia, contudo, se o povo abandonasse a profanação sabática, receberia benções do Senhor, nesse viés, Jeremias exortou o povo: Jeremias 17:21. A principal causa do cativeiro babilônico foi a profanação do Sábado, o povo comprava, vendia, negociava no Sábado forçando o Senhor enviar profetas com mensagens de reprovação: II Crônicas 36:16-17. O preço da desobediência foi o cativeiro babilônico. Os setenta anos de cativeiro corresponde ao número de anos sabáticos não observado pelos judeus. Nenhuma carga deveria ser transportada no Sábado por razões comerciais ou particulares, a profanação do sábado era punida com a morte do transgressor.
É penosa a situação suportada por Israel no cativeiro babilônico, contudo, o amargo remédio surtiu efeito. Após 70 anos de cativeiro por transgressão do Sábado, houve acentuada mudança de conduta do povo eleito em relação ao Sábado, migrou de um extremismo a outro. Fato delineado por Flávio Josefo descrevendo ensinos dos mestres judaicos sobre o Sábado:
Eles listaram cerca de 40 trabalhos principais, os quais afirmavam ser proibidos no sábado. Sob cada uma dessas categorias de trabalho, havia numerosos trabalhos secundários, que, segundo eles, também eram proibidos. [...] Dentre os principais trabalhos proibidos estavam o arar, semear, colher, debulhar, limpar, moer etc. na categoria do moer, estava incluído o quebrar ou dividir coisas que antes estavam unidas [...] outra de suas tradições era a de que, visto que debulhar no sábado era proibido, esmagar coisas, uma espécie de debulhar, também não era permitido. Naturalmente, era transgressão do sábado andar na grama verde, pois ela seria esmagada ou debulhada. Da mesma forma, como um homem não podia caçar no sábado, não podia pegar uma mosca, pois se tratava de uma espécie de caça. Como não era permitido transportar carga no sábado, não podia levar água a um animal com sede, pois esta era um tipo de carga; mas havia permissão para derramar água em um cocho e levar o animal até ele.[...] Contudo, se uma ovelha caísse em um poço, eles a tirariam prontamente e a levariam a um lugar seguro [...] Eles diziam que era permitido ministrar aos doentes a fim de aliviar seu sofrimento, mas não com propósito de curar a doença. Podiam cobrir um olho enfermo, ou ungi-lo com bálsamo para aliviar a dor, mas não curar.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 77-78
A tenebrosa mudança de comportamento dos hebreus culminou em tradições substituindo a lei do amor. O Sábado, instituição divina, para deleite do homem descansar e adorar ao criador transformou-se em instituição extremamente opressiva e penosa, necessitando a visita do Senhor do Sábado, Jesus, vir à terra para consertar as distorções empunhada pelas tradições impostas pelo degenerado povo eleito.
Diante do exposto, é forçoso frisar, o povo de Deus adorava Jeová aos Sábados, Luas Novas e dias de Festas, não existe nenhum resquício na Lei Moral, Cerimonial ou em todo o Velho Testamento autorizando a ressurreição de Cristo alterar observância do Sábado para o domingo. Se o Sábado fosse cravado na cruz, como alegam alguns, ele seria tipo, em verdade não é, com certeza o Plano de Redenção indicaria tal mudança no sistema cerimonial, todavia, as Escrituras confirmam o Sábado e Luas Novas como dias de culto e adoração ao Criador: I Crônicas 23:30-31. Os sacrifícios eram oferecidos aos Sábados, Luas Novas e Festividades, nas supracitadas ocasiões, onde o povo adorava o Senhor? A porta do Templo era aberta nos dias de adoração, quais sejam, Sábados, Luas Novas e festividades. Outrossim o profeta Ezequiel convoca Israel e os povos da terra para adorar o Senhor nos aludidos dias: Ezequiel 46:13. Outro texto, chama atenção apontando os dias de adoração, apesar de existir entendimento contrário, os servos do Senhor se congregavam Sábados e Luas Novas, a exemplo da Sunamita: II Reis 4:22-23. O supracitado texto é habilmente explicado pelo Comentário Bíblico Adventista, no seguinte teor:
Não é dia de Festa da Lua Nova nem sábado: Estes dois dias eram sagrados, ocasiões para ofertas e assembleias solenes.
DORNELES, Vanderlei. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia a. V. 2. 1. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 2012. pág. 958
Sábado e Lua Nova foram instituídos no Éden, antes do pecado, santificados ou separados para fins religiosos, regra cumprida pelos patriarcas antes de Israel receber a Lei codificada no Sinai. Com o Decálogo em mãos e o Pentateuco, Israel continuou santificando Sábados e Luas Novas, confirmando a ordem divina oriundas do Éden. No caso da Sunamita, se fosse Sábado ou Lua Nova, não causaria estranheza no marido, eram dias santos, de congregar e adorar o Senhor na beleza de sua santidade.
Ademais, o Sábado não é apenas memorial da criação, trata-se de robusto sinal entre Deus e seu povo: Êxodo 31:13. O Senhor chama meus Sábados. Confirmando sua importância exige fidelidade dos Hebreus na observância do santo dia. O Sábado é sinal do relacionamento entre Deus e seu povo em todas as gerações de sua Igreja. A observância do Sábado é marca ou sinal, quem honra e santifica o Sábado, reconhece o Criador como único e soberano Deus. Utilizando a pena dos profetas, o Senhor repetiu o texto de Êxodo, outorgando o sábado como sinal: Ezequiel 20:12. De fato, a guarda do Sábado é um sinal entre Deus e seu povo, sinal distintivo dos adoradores da besta, guardadores do domingo, dia espúrio, consagrado a idolatria e prazeres profanos. É imperioso ressaltar, o Sábado é um sinal distinguindo Deus dos deuses falsos, fato relatado pelo profeta: Jeremias 10:11-12. O Sábado cunha Jeová como criador, único a empunhar o direito de reivindicar adoração, mormente no seu santo dia. Os ídolos, inanimados, são criados pelas mãos dos homens, o Senhor criou o Universo é digno de ser adorado.
O Sábado é um sinal, lembra aos homens quem é o verdadeiro criador, quem fez os céus a terra e a fontes das águas, portanto, digno de ser adorado no dia santificado: Ezequiel 20:20. O Sábado é um sinal recíproco, lembra as obras da criação enaltecendo o Criador como único e verdadeiro Deus e exige do seu povo santificar, congregar e adorar no seu santo dia em reconhecimento ao Criador:
O sábado é o sinal que Deus estabeleceu em reconhecimento dele, por parte de seu povo, como seu único Deus legítimo.
FILHO. Guilherme Stein, O Sábado, Ed. Sociedade Internacional de Tratados do Brazil, 1919. pág. 22
Na mesma toada se manifesta Ellen White, ao seu viso, o Sábado, sinal entre Deus e seu povo, empunha o condão de preservar seu povo livre da idolatria, adorando unicamente ao Criador:
Ao livrar o Senhor, do Egito, o seu povo Israel, e confiar-lhes sua lei, ensinou-lhes que, pela observância do Sábado, deveriam distinguir-se dos idólatras. Esse deveria ser o sinal da diferença entre os que reconheciam a soberania de Deus e os que recusavam aceitá-la como seu criador e rei.
WHITE, Ellen Golden. Conselhos para a Igreja. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2007, pág. 266
Os filhos de Israel deveriam guardar o sábado como aliança eterna em suas gerações, e sabemos que a descendência de Abraão e herdeiros, são todos os que estão em Cristo. Êxodo 31:16-17. Diante do exposto, se faz necessário questionar, o Sábado foi sinal somente para Israel, ou permanece como sinal para Igreja Remanescente? Com efeito, o Sábado foi sinal para Israel outrora, permanecendo sinal entre Deus e a Igreja dos últimos dias, firmado com os remanescentes. Nos relatos de WHITE:
Assim como o Sábado foi o sinal que distinguiu Israel quando saiu do Egito para entrar em Canaã, é também o sinal que deve distinguir o povo de Deus que sai do mundo para entrar no repouso celestial. O Sábado é um sinal do relacionamento entre Deus e o seu povo, sinal de que este honra a lei de Deus. É o que distingue entre os fiéis súditos de Deus e os transgressores.
O poder que criou todas as coisas é o que torna a restaurar a alma à sua própria semelhança. Para os que guardam o Sábado, esse dia é o sinal da santificação.
O Sábado é o sinal de que Deus os reconhece como seu povo eleito, o penhor de que cumprirá sua parte no concerto.
WHITE, Ellen Golden. Conselhos para a Igreja. 1. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2007, pág. 266-267
Por fim, é forçoso concluir, o sábado, memorial da criação, único mandamento enaltecendo o Altíssimo, sinal firmado entre Deus e seu povo, foi guardado no Éden pelos patriarcas até o Sinai, e com maior propriedade foi santificado por Israel após a codificação da Lei, entrementes, fica a dúvida, Cristo cravou o Sábado na cruz ou a Igreja apostólica obedeceu, santificou e descansou no Sábado? A resposta encontra-se nos estudos seguintes.
O Sábado no Tempo de Jesus
Extrai-se do Novo Testamento informações plausíveis acerca da observância do Sábado. Mormente ensinamentos de Cristo em relação a Lei e ao Sábado. O próprio Mestre enaltece a vigência da Lei e os profetas, portando, ele não veio ab-rogar ou cravar a Lei na cruz: Mateus 5:17-18. Com certeza a Lei não foi abolida, nem mesmo pela fé. Se Cristo cravasse a Lei e o Sábado na cruz, Paulo não replicaria seus ensinamentos confirmando vigência da Lei: Romanos 3:31. Jesus, segundo o profeta, veio engrandecer a Lei nos corações dos homens: Isaías 42:21. Jesus corrigiu distorções forjadas pelos judeus, ofereceu graça auxiliadora para humanidade guardar a lei e consequentemente o Sábado amparados por sua justiça emprestada, em assim sendo, engrandeceu a Lei cravando-a nos corações de pecadores penitentes: Hebreus 10:16. Jesus veio justificar pecadores pela fé, imputar sua justiça santificando o pecador habilitando-o amar e obedecer a Lei: Romanos 2:13. Leia-se, não podemos obedecer à lei para ser justificado, somente os justificados praticam, obedecem a lei. É imperioso mencionar, se Jesus não justifica os simples ouvidores da Lei, imagine quem odeia a Lei e fomenta transgressão: Mateus 5:19. Segundo as Escrituras, paira terrível castigo aos violadores dos mandamentos, assim, quem omite ensinar obediência a lei de Deus ou deturpar a verdade sofrerá as terríveis consequências: Apocalipse 22:19. O simples fato de omitir, falsificar, proibir, remover doutrinas pilares da fé cristã, é suficiente para perder direito de salvação, degustar os frutos da árvore da vida e seu lugar na cidade santa.
Diante do exposto, se faz necessário delinear a mudança comportamental do judaísmo referente ao Sábado nos tempos de Jesus. Explico, segundo Flávio Josefo, antes do cativeiro babilônico, consumidos por rebeldia os judeus enveredaram na idolatria, transgressão e desprezo do Sábado, motivando o supracitado cativeiro por setenta anos. Superado o cativeiro, o povo eleito mudou de postura. Nos tempos de Jesus, mestres judeus elencaram quarenta trabalhos principais, proibindo suas tarefas no Sábado. Sob cada categoria de trabalho, havia trabalhos secundários proibidos, entre eles catalogavam arar, semear, colher, debulhar, limpar, moer, curar, etc. Na categoria moer incluía-se quebrar ou dividir. Debulhar era proibido, assim como esmagar. Era transgressão do sábado andar na grama verde, ela seria esmagada ou debulhada transgredindo o Sábado. Não podia caçar no sábado, nem pegar uma mosca, seria uma espécie de caça. Permitiam cuidar dos enfermos visando aliviar sofrimento, todavia, não com propósito de curar. Era permitido cobrir o olho enfermo, ou ungi-lo com bálsamo para aliviar a dor, mas não curar. Os aludidos ensinamentos referentes à guarda do sábado foram alvos de repreensão de Jesus. Os judeus transformaram o dia criado para deleite do homem no paraíso, uma instituição extremamente opressiva e penosa, adicionando pesado jugo no dia do Senhor, forçando Jesus interferir para corrigir as distorções.
Finda as sessenta e nove semanas profetizadas por Daniel, o Redentor começou seu ministério enfrentando ensinamentos deturpados, os judeus desviaram grandemente o propósito do Sábado causando sofrimento e aflição. O dia do Senhor foi sobrecarregado de tradições rabínicas ofuscando o caráter misericordioso e benevolente do santo dia, destarte, Jesus não perdeu nenhuma oportunidade de corrigir os falsos ensinamentos dos doutores da lei. Pautado no propósito de corrigir formalismo, Jesus escolheu o Sábado para realizar obras de misericórdia, despertando oposição dos doutores da lei. Até este momento, Satanás não havia introduzido a doutrina do sábado cristão (domingo), contudo, é forçoso esclarecer a importância do Sábado na igreja primitiva, desse modo, se faz necessário investigar, Jesus guardava o Sábado ou domingo? De acordo com as Escrituras, Jesus frequentava Sinagoga aos Sábados, segundo seu costume: Lucas 4:16. Sábado é dia de santa convocação, separado para fins religiosos, Jesus cumpriu ordem divina congregando Sábado, o dia do Senhor: Levítico 23:3. Segundo o Dicionário Bíblico Tyndale, o Sábado, criado por Deus, o sétimo dia, é uma oportunidade do povo servir o Senhor cunhando grandes verdades bíblicas. No tempo de Jesus, o Sábado era guardado nos moldes da criação, todo labor cessava do pôr do sol do sexto dia ao pôr do sol do Sábado:
O Sábado era um dia (da noite de sexta-feira até a noite de sábado, nos tempos de Jesus) quando todo trabalho rotineiro era interrompido.
COMFORT, PHILIP W; ELWELL, Walter A. Dicionário Bíblico Tyndale. 1. ed. Ed. Geográfica, 2015. pág. 1606
O estabelecimento do Sábado na criação vincula a humanidade a sua obediência, e não apenas Israel. Nos dias do Messias, o santo dia era obedecido, conforme os preceitos divinos.
Era costume de Jesus frequentar a sinagoga, congregar Sábado, solenizando o dia santo do Senhor, harmonizado com a Lei Jesus guardava o sétimo dia, Sábado. O fato de Jesus guardar o mesmo dia dos judeus, o sétimo dia da semana, confirma a contagem do tempo correta, o Sábado não perdeu a contagem após a criação, passando pelo Sinai, Jesus não guardaria o dia errado ou perdido nas sombras do tempo. Antes da crucificação, no monte das oliveiras, Jesus exortou com pesar: Mateus 24:15-20. Jesus evidencia terríveis calamidades pairando sobre o povo, com a completa destruição de Jerusalém e do templo, conforme profetizou Daniel. Jesus, forneceu sinal para o povo fiel abandonar a cidade, a saber, Jerusalém sitiada por exército inimigo. O sinal foi captado e narrado por Flávio Josefo:
Caso tivesse dado continuidade ao cerco por um pouco mais, ele certamente teria tomado a cidade; mas, suponho eu, foi por causa da aversão que Deus já tinha contra a cidade e o santuário que ele foi impedido de dar fim à guerra naquele mesmo dia. Ocorreu então que Céstio, sem ter conhecimento do nível de desânimo dos sitiados em obter sucesso, nem da falta de coragem do povo para lutar contra ele, recolheu seus soldados do lugar e, perdendo toda esperança de tomar a cidade, sem ter sofrido qualquer infortúnio, retirou-se da cidade, sem nenhum motivo no mundo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 89
Quando o sinal aconteceu, os discípulos sabiam da proximidade da desolação de Jerusalém e fugiram para cidade de Pela. O Salvador orou para não acontecer em dia de inverno, e no Sábado, dia santo. A oração de Jesus visava evitar violação do Sábado, conservando a santidade do sétimo dia por quarenta longos anos até a destruição de Jerusalém. A observância do sétimo dia perdurou na igreja apostólica, mormente a igreja de Antioquia, os cristãos siríaco nunca abandonaram a guarda do Sábado, firmando a doutrina até a Reforma do Século XVI.
Jesus iniciou seu ministério engrandecendo a Lei nos corações dos homens, tornando-a espiritual, noutro giro, Satanás manipulava instrumentos dentro do judaísmo, como rabinos, para tornar a Lei e o Sábado frio, formal e jugo. Os Judeus criaram tradições ao longo dos séculos, acusando Jesus de transgredi-las, assim foi quanto ao tributo a César, no entanto, a primeira controvérsia sabática diz respeito à licitude dos discípulos colherem espigas em dia de Sábado: Lucas 6:1-2. O texto em questão não diz respeito a trabalho secular no Sábado, havia fariseus no grupo, certamente vinham da sinagoga. Os fariseus questionaram o fato dos discípulos colherem espigas Sábado, debulhando com as mãos. A atitude dos discípulos era compatível com a lei cunhada no Velho Testamento, permitia colher espigas com as mãos para saciar a fome, todavia, os fariseus, cegos pelas tradições, desconsideravam a permissão divina. Cultivando zelo cego, judeus ortodoxos se apegavam as tradições, máxime, do Mishnah e Talmude, estes livros contêm tradições rabínicas proibitivas de certas ações em dia de Sábado. Isolando pontos principais da Lei sufocaram a misericórdia, amor e fé, forçando Jesus ensiná-los o verdadeiro sentido da Lei, amor a Deus e ao próximo. O texto esculpido por Lucas fala de Sábado segundo-primeiro, supõe-se tratar-se de uma Lua Nova, segundo o primeiro do mês. Os fariseus acusaram Jesus de praticar ato ilícito colhendo espigas Sábado, contudo, era infundada, Jesus conhecia as Escrituras, amparado por uma Lei no Velho Testamento: Deuteronômio 23:25. Diante do exposto, diga-se, Jesus e os discípulos não cometeram qualquer ilícito, tiveram cuidado de arrancar espigas com as mãos nos moldes do comando normativo, era permitido apanhar espigas e debulhar com as mãos para comer, não podia usar foice, logo, não houve transgressão do Sábado, Jesus infringiu as tradições contidas no Mishnah e Talmude, segundo esses livros, cometeram dois ilícitos, colher e debulhar. Forçando Jesus chamar atenção para façanha de Davi quando teve fome, comeu os pães da preposição e ficou sem culpa. E finalizou dizendo: o Filho do Homem supera o templo em glória, é Senhor do Sábado criado para o homem repousar, adorar e louvar. A visão tacanha dos fariseus acerca da santidade do sábado, os impedia de ver a misericórdia de Jesus suavizando sofrimento dos famintos e angústia dos enfermos.
Na ótica legalista dos Fariseus, vinculada às tradições talmúdica, ao colherem espigas, os discípulos tornaram-se culpados de segar, ao esfregá-las com as mãos, eram culpados de debulhar, ao separar os grãos da palha, eram culpados de joeirar; e, por todo processo eram culpados de preparar refeição no Sábado. Guilherme Stein elenca vários formalismos criados pelos Rabinos, visando alcançar santificação pelas obras da lei. Segundo o supracitado autor:
As ideias então reinantes a respeito da Lei de Deus e professadas pelos doutores da Lei eram das mais disparas, sobretudo no que dizia respeito ao repouso do sétimo dia. O caráter verdadeiramente sublime do repouso do Sábado e o seu fim altamente significativo tinham eles completamente perdido de vista. A observância do Sábado se resumia para eles numa absoluta abstenção de tudo quanto de alguma maneira pudesse interferir com o repouso meramente material, acumularam ordenanças e preceitos de sua própria lavra.
Assim, por exemplo, era terminantemente proibido aos Sábados, segundo os preceitos acumulativos desses doutores, atar um nó ou desatá-lo com dois pontos que fossem; rasgar um pano ou remenda-lo com dois pontos que fosse; escrever duas letras ou apagá-la (o que equivalia a construir ou demolir), espremer uma fruta para extrair o suco (o que era tido como uma espécie de trilhar), mergulhar em água um membro fraturado, comer um ovo que tivesse sido posto no Sábado. Atam fardos pesados, e põe-nos sobre os ombros dos homens, entretanto que eles mesmos nem com o dedo querem movê-lo. (Luc. 11:46).
FILHO. Guilherme Stein, O Sábado, Ed. Sociedade Internacional de Tratados do Brazil, 1919. pág. 64
A estreita concepção extremista dos zeladores da lei em Israel, motivou severas ofensivas contra Jesus, com acaloradas acusações de transgressão do Sábado. Na realidade, Jesus os repreendeu com atitudes esmeradas na misericórdia, piedade e amor, curando, aliviando sofrimentos e ensinando no Sábado, dia de deleite, de adoração. Jesus não transgrediu o Sábado, simplesmente ignorava as tradições humanas, forjadas para criar jugo e afastar almas da verdadeira adoração no dia do Senhor.
Com efeito, os fariseus desviaram o Sábado do verdadeiro curso, motivado pelas tradições dos doutores da Lei abriram valas de formalismo. Jesus nunca transgrediu a Lei, muito menos o Sábado, era seu costume guarda-lo, contudo, repreendia os mestres judeus condenando suas tradições, criavam fardo pesado, contudo, não queriam carregá-las, disse Jesus: Mateus 23:4. Segundo tradições rabínicas, Jesus transgrediu o sábado colhendo espigas para saciar a fome, as acusações ancoram-se em 39 tradições esculpidas no talmude, dissecadas por FERRAZ, Itanel:
Nos seus comentários talmúdicos sobre Torá ou Lei, tinham trinta e nove restrições para o Sábado, entre os quais se achavam nadar, dançar e pular. Quando Jesus e seus discípulos apanhavam alguns grãos, era supostamente uma violação da terceira restrição delas, que proibia a colheita no Sábado. E essas trinta e nove restrições foram divididas em quase inúmeras restrições menores. Assim não se podia nem mesmo apanhar uma pulga no Sábado, visto que isto significava caçar, o que era proibido. Andar na grama era também proibido, visto que pisar na grama significava realmente debulha-lha. Tinha que ter cuidado com a alimentação das galinhas, para que não ficasse nem um único grão no chão, visto que pudesse brotar e a pessoa seria culpada de semear no dia do Sábado.
FERRAZ, Itanel. Segue-me, 1987, pág. 143
Diante dos fundamentos acima levantados, Jesus não transgrediu o sábado, a Lei permitia adentrar searas, colher espigas e debulhar com as mãos para saciar a fome. A misericórdia divina permitia o sedento saciar a fome, mesmo em dia de Sábado. O pecado reside nas tradições dos doutores da lei, carentes de misericórdia e benevolência.
Em outro momento, acusaram Jesus por curar um homem de mão ressequida no Sábado, embora as normas codificadas no Mishnah, segundo Tratado de Teologia Adventista, vol. 9, trata-se de livro codificando tradições rabínicas escrita no 3° século d.C e o Talmude, permitiam pessoas doentes ou acidentadas receberem tratamento no Sábado, entrementes somente em caso de risco de vida, segundo as restrições extremistas:
O Talmude não permitia nem mesmo dar alívio a alguém que sofresse no Sábado, a menos que estivesse ameaçado de morte. No Sábado não podia endireitar um osso quebrado, nem se podia aplicar um cataplasma ou uma atadura a um tornozelo deslocado. Uma prova dos extremos a que iam na exaltação do Sábado é na sua declaração de que os pecados de todo aquele que observar estritamente toda a lei do Sábado, embora seja ele adorador de ídolos ser-lhe-ão perdoados.
FERRAZ, Itanel, 1987, Segue-me, pág. 143-144
As extremistas tradições, algoz da misericórdia e benevolência, forçou Jesus condenar o formalismo, repudiar as aludidas tradições rabínicas e repreender os judeus: Mateus 23:24. Os guias judeus ensinavam e exigiam do povo estrita obediência às restrições rabínicas, dentro desse contexto, Jesus repudia tradições humanas inimigas da misericórdia divina, negando atender às necessidades humanas. A situação do homem em comento, com mãos ressequida, não se encaixava na exceção esculpida nas tradições, no teor do texto: Mateus 12:10-12. A resposta de Jesus é límpida, o Sábado é dia de fazer o bem, dia de adoração, visitar, evangelizar, socorrer os necessitados, cuidar dos doentes, dia dedicado a trabalho espiritual. No Sábado, labores pessoais violam a Lei tornando-se pecado, contudo, permite trabalho espiritual. No quarto Mandamento o Senhor ordenou: , todavia, os sacerdotes no templo ofereciam sacrifícios de animais no Sábado e dias santos sem cometerem pecado, era obra de Deus. A proibição consiste em fazer tua obra e não a obra do Senhor. Ao viso do Salvador, trabalhar para o Senhor não era e nunca foi transgressão do Sábado. Jesus oponha-se ferozmente as tradições rabínicas não a devida guarda do Sábado, neste sentido comenta o renomado pioneiro:
Qual foi o ato que provocou essa insanidade nos fariseus? Da parte do Salvador, uma palavra; da parte do homem, o fato de estender a mão. A lei do sábado proibia alguma dessas coisas? Ninguém poderia afirmar que sim. Mas o Salvador havia transgredido, em público, a tradição farisaica que proibia fazer qualquer coisa relacionada à cura de um enfermo no sábado. Quão necessário era que essa tradição perversa fosse eliminada, a fim de que o sábado fosse realmente preservado para a humanidade!
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 84
Diante da Lei e dos céus a conduta de Jesus foi irrepreensível, leniu sofrimento de um pobre moribundo, contudo, condenou o formalismo insano. Diante da situação vexatória, os fariseus reagiram, consumidos de ódio contra as repreensões de Jesus denunciado a falsidade de suas tradições publicamente, conspiraram, forjando uma maneira de destruir o Salvador. Rejeitando os pesados fardos das tradições formalistas dos doutores da lei, Jesus agiu em favor da verdadeira obediência do Sábado.
Nesse sentido se manifesta o Patrístico Irineu, discípulo de Policarpo, em seu livro Contra as Heresias, citado por Andrews, afirma:
Portanto, está claro que Ele libertou e vivificou os que como Abraão creem Nele, não fazendo nada contrário à lei, quando curou no dia de sábado. Pois a lei não proibia as pessoas de serem curados nos sábados; [ao contrário], ela que os fazia circuncidar nesse dia, e ordenava que os sacerdotes ministrassem em favor do povo; sim, ela não impedia a cura nem mesmo de animais irracionais. Tanto junto ao tanque de Siloé quanto em outras frequentes ocasiões Ele curou no sábado; motivo pelo qual muitos costumavam recorrer a Ele nos dias de sábado. Pois a lei ordenava que se abstivessem de toda obra servil, isto é, de qualquer ganância pela riqueza, que é obtida pelo comércio e por outros negócios mundanos; mas ela os exortava a cumprir as obras da alma, que consistem em reflexão, e atos de bondade em benefício do próximo. Por isso o Senhor reprovou aqueles que injustamente O culparam por ter curado nos dias de sábado. Pois Ele não anulou a lei, mas, antes, a cumpriu, desempenhando o ofício do sumo sacerdote, outorgando Deus aos homens, purificando os leprosos, curando os doentes, e Ele próprio sofrendo a morte, para que o homem desterrado pudesse se livrar da condenação, e voltasse sem temor, à sua herança. Novamente, a lei não proibia aos famintos no dia de sábado de tomar alimento daquilo que lhes estivesse à mão; mas proibia ceifar e armazenar nos celeiros. — Against Heresies [Contra as Heresias], livro 4, cap. 8, seç. 2 e 3..
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 49-50
Irineu, Patrístico anteniceno (120 d.C. e 140 d.C), viveu nos primeiros séculos, conforme exposto, defendeu a santidade do Sábado e da Lei, ao seu viso, Jesus não violou o Sábado, pelo contrário obedeceu a Lei curando dia de Sábado, a obra era de seu Pai e não particular, terrena. A acusação dos judeus pautou-se na dureza de seus corações influenciados pelas tradições rabínicas. No texto em comento, o Patrístico retrucou a tradição e o costume judeu por criarem normas contarias a Lei de Deus. Destarte, há irrefutável comprovação da igreja primitiva guardar o Sábado após a morte e ressurreição de Jesus.
Como cediço, Jesus congregava no Sábado atraindo as multidões, ensinava com sabedoria divina: Marcos 6:2. Diante da odiosa acusação farisaica, Jesus se manteve firme, enfrentou o formalismo ensinando e curando no dia de Sábado, provando tratar-se de um dia deleitoso, digno dos trabalhos espirituais em favor do pecador, rejeitando tradições pervertidas maculando a santidade do Sábado.
Os fariseus, por sua vez, acusavam Jesus de transgredir suas tradições no Sábado, forçando Jesus questionar a violação dos Mandamentos de Deus em favor de tradições inventadas com verniz de santidade: Mateus 15:1-3. A controvérsia dos fariseus travada com Jesus focava nas tradições. Jesus exalta os mandamentos do Pai repudiando as tradições. Jesus nunca transgrediu o Sábado ou qualquer mandamento do Decálogo, destarte, se Jesus transgredisse qualquer dos mandamentos do Decálogo seria um pecado e ele pecador, porque I João 3:4. Como cediço, Jesus nunca pecou, com certeza, nunca transgrediu a Lei. Quando Jesus curou um paralítico, os judeus protestaram acusando-o de transgredir o Sábado porque o homem carregou o seu leito: João 5:5;8-10. Acusaram Jesus de dois crimes graves, violar o Sábado e igualar-se a Deus. Cristo usou singelas palavras para curar o paralítico, o enfermo apenas estendeu a mão, não houve violação do Sábado, todavia, invalidava as insanas tradições dos doutores da lei. Quanto a carregar o leito, não se coaduna com as proibições esculpidas por Jeremias. Carregar o leito Sábado era algo insignificante, não uma carga, designada a mercancia ou trabalho manual. Não é esse tipo de carga elencada nas Escrituras cunhada de proibição.
Expelindo fúria, os fariseus voltaram a questionar e perseguir Jesus por curar no Sábado: João 5:16-18. A resposta de Jesus comparou a cura com a obra do Pai, a partir da criação. Nesse sentido se manifesta Andrews:
A partir do instante em que o sábado foi santificado no paraíso, o Pai, em Sua providência, havia continuado a derramar sobre a raça humana, inclusive durante o sábado, todos os atos misericordiosos de preservação da raça. Essa obra do Pai era da mesma natureza daquela que Jesus acabara de realizar. Tais atos não podiam ser usados como argumentos de que o Pai até aquele momento não considerara o sábado importante...
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 85
Jesus manteve a obra do Pai em favor do pecador, usando de misericórdia com um enfermo, rejeitando tradições humanas.
Como exposto alhures, o simples carregar leito Sábado não contempla proibição de transportar cargas, a restrição de levar cargas em serviços temporais para satisfação própria era proibida, contudo, levar o próprio leito em situação especial, enfermidade, semelhante ao caso em comento, era proibido pelas tradições rabínicas, não pela lei do Senhor. Baseado em Jeremias 17:22, os doutores da lei proibiam transporte de cargas em dia de Sábado, cunharam no livro de tradições rabínicas Mishnah, exacerbadas regras acerca de mover objeto, carregar uma pena no bolso dia de Sábado era pecado, acusado de carregar peso, arrastar uma cadeira podia fazer sulco e nascer uma semente era acusado de plantar. O Talmude proibia catar pulgas no Sábado, sob alegação de caçar etc. Quando Jesus disse: , ele se referiu ao trabalho espiritual, Jesus não trabalhava como carpinteiro em dia de Sábado, não existe nenhuma evidência nas Escrituras, muito menos texto indicando Jesus exercendo trabalhos manuais Sábado, mas, segundo seu costume, congregava-se Sábado. Deus, em sua providência empenha-se na obra de redenção do homem, atendendo orações, abençoando seus servos, mesmo no Sábado, de igual modo Jesus, estava empenhado na obra de Redenção, de resgate do pecador e aplacando sofrimento dos enfermos, o aludido trabalho é lícito fazer no Sábado ou em qualquer dia. Jesus disse: , na mesma substância e parecer, portanto Jesus não aponta o Pai e Ele transgredindo o Sábado, porque foi o Pai quem descansou, abençoou, santificou e mandou guardar o Sábado.
Em verdade as tradições, cobertas com capa de santidade, surgem por comparações, suposições e ilações destituídas de um Assim diz o Senhor. A título de exemplo, se faz necessário citar o evento do maná. O Criador proibiu aos Israelitas apanharem maná no Sábado, em Êxodo 16:29, ele disse: Os judeus, alicerçados no supracitado texto, criaram a suposição de ninguém se mover em dia de Sábado. Os escribas fixaram limite de 2.000 côvados a distância de caminhada no Sábado, basearam-se nas Escrituras limitando a distância entre o povo e Arca da Aliança: Josué 3:4. Destarte, delimitaram a distância de 2.000 côvados entre o povo e o tabernáculo no acampamento, permitido o judeu andar apenas a aludida distância para assistir aos ritos no tabernáculo Sábado. Desse modo surgiu a tradição da jornada de um Sábado: Atos 1:12. Não existe nenhuma lei promulgada por Deus, proibindo andar mais de 2.000 côvados no Sábado, todavia, baseados nos textos elencados e por suposição criaram a tradição da jornada de um Sábado, limitando a distância de 2.000 côvados, posteriormente a supracitada tradição foi codificada no Mishnah. Se Jesus andasse acima dessa recomendação era acusado de transgredir o Sábado, quando na verdade, Jesus não transgredia o Sábado, rejeitava o formalismo sem vida, desprovido de amor para com o próximo, tratava-se de patologia espiritual atingindo os olhos da fé. Visando curar Israel, Jesus trabalhava espiritualmente no Sábado para abrir os olhos dos judeus cegos pela justiça própria.
Em resumo, para o homem espiritual é óbvio, trabalho espiritual Sábado é perfeitamente compreensível, noutro giro, ao viso do homem dominado pela justiça própria é transgressão. Os fariseus, como visto, criaram leis absurdas, extrabíblica, a exemplo do Talmude proibindo carregar pena, catar pulga, arrastar cadeira e Jornada de um sábado, entre outras, forçando Jesus rejeitar e adicionar esforços para levá-los a verdadeira obediência do Sábado.
Outrossim, vale enfatizar, quando Jesus repousou no túmulo, seus discípulos continuaram guardando o sétimo dia do Senhor, como ele mesmo ensinou. As mulheres cristãs, depois de observar onde o corpo fora posto, prepararam aromas, balsamos e descansaram segundo o mandamento: Mateus 23:54-56. As irmãs descansaram no Sábado, segundo o Mandamento, comprovando a vigência da Lei e do Sábado, guardado por Jesus e seus discípulos. No findar do Sábado, despontando o primeiro dia de trabalho (domingo) dirigiram-se ao sepulcro com unguentos e balsamos: Lucas 24:1. As irmãs guardavam o Sábado, em respeito ao Mandamento, ou seja, ao Decálogo, escrito pela destra de Deus. Com efeito, se as mulheres guardavam o sétimo dia depois da morte do Messias, é sinal de sua vigência pós morte de Cristo. Jesus nunca ensinou de forma diversa dos Mandamentos de Deus, não autorizou nenhuma mudança por conta de sua ressurreição, depois de ressuscitar: Lucas 24:44. Mateus 28:18-20. Após discorrer toda a Escritura e explicar aos discípulos os escritos na Lei, Profetas e Salmos a seu respeito, assim como o cumprimento dos tipos do primeiro advento, não se vislumbra nenhuma evidência de mudança do Sábado do sétimo dia para suposto sábado cristão (domingo). Ele não ensinou nenhuma mudança do Sábado, aqui seria o momento ideal para anunciar tal mudança se fosse verdade. Com certeza, a guarda do Sábado está incluída no "ide e ensinai" autorizando os discípulos ensinarem depois da sua ressurreição. Os apóstolos continuaram guardando o Sábado após a ressurreição de Cristo e nunca o domingo.
O Sábado na Igreja Apostólica Primitiva
De fato, ao longo dos séculos, bispos latinos, papas, teólogos, pastores e historiadores pervertidos, concentram esforços enaltecendo o suposto sábado cristão. Ancorados na expressão, no dia seguinte ao sábado, no primeiro dia da semana, Jesus ressuscitou dos mortos. Em sua ótica, o dia da ressurreição, primeiro dia de trabalho (domingo) substituiu o sétimo dia (Sábado), absorvendo a santidade do sétimo dia, passando, a partir de então, o domingo considerado sábado cristão. Contudo é uma inverdade, conforme restará comprovado no curso do aludido estudo, os apóstolos e a Igreja Patrística não corrompida, continuaram obedecendo o Sábado, sétimo dia como dia do Senhor, sem prestar honra ao primeiro dia de trabalho, domingo.
Como cediço, nos primórdios a raça humana rompeu com o Criador, se corrompeu seguindo caminho próprio, germinaram idolatria frutificando apostasia e rebeldia dos gentios, forçando o Senhor confiar ao amigo Abraão a preservação de sua Lei e consequentemente o Sábado, até o Messias. Ao longo de seu ministério, Jesus engrandeceu a Lei e obedeceu ao Sábado conforme o mandamento. No capítulo em comento, resta investigar, os discípulos guardaram o sábado do sétimo dia, ou substituíram pelo famigerado sábado cristão (domingo) fincados no argumento da ressurreição?
Em princípio, vislumbra-se virtuoso Santuário erigido pelo Senhor no céu, no centro encontra-se a arca da aliança contendo a Lei, objeto de transgressão do pecador: Apocalipse 11:19. Jesus o Sumo sacerdote, ministra diante da arca com seu sangue, intercedendo em favor do pecador penitente. Com efeito, a Lei visualizada por João no céu é a mesma Lei entregue por Deus a humanidade, trata-se do Decálogo cravado no coração do cristão por Jesus, cumprindo a nova aliança. Não tem sentido Jesus abolir a Lei, negando ao pecador o instrumento capaz de pontar o pecado e conservar no céu, aos seres sem pecados. Com efeito, a Lei não perdeu o vigor, continua exercendo sua função, apontar o pecado.
Sem resquício de dúvidas, a igreja apostólica guardou o Sábado do sétimo dia como dia sagrado, assim como os demais mandamentos da Lei. Fato facilmente comprovado na história da Igreja primitiva. Existem várias referências acerca da observância do sábado pelos apóstolos. O primeiro texto aponta a partida de Marcos, Paulo e Barnabé evangelizando Antioquia da Pisídia. Convidado pelos líderes judeus, Paulo dirigiu-se a sinagoga Sábado, fez um belo discurso pregando arrependimento e remissão dos pecados mediante os méritos de Cristo: Atos 13:13-15. Se Paulo não guardasse o Sábado, os líderes judeus jamais permitiriam um apostatado, guardador do venerável dia do sol, primeiro dia de trabalho, discursar ao povo na sinagoga. No pronunciamento do destemido apóstolo restou comprovado, Jesus é o Messias. Paulo pregou boas novas da salvação, judeus e gentios igualmente alimentaram esperança de salvação, tomados de alegria os gentios pediram repetição da exuberante mensagem no Sábado seguinte. Paulo semeou e colheu valiosos frutos, na florescente congregação de Antioquia: Atos 13:42;44-47. No Sábado seguinte Paulo pregou a judeus e gentios, no teor do texto, os gentios aceitaram o Sábado. Se o primeiro dia de trabalho houvesse substituído o Sábado do Senhor, Paulo desperdiçou bela oportunidade de provar a mudança do Sábado para domingo, caso fosse verdade, entrementes, ele pregou no próximo Sábado e não domingo. O discurso de Paulo foi proferido 14 anos após a ressurreição de Cristo e relatado por Lucas no livro Atos dos Apóstolos 30 anos depois, conclui-se, Lucas, Paulo e demais discípulos não dispensaram nenhuma santidade, reverência ou consagração ao dia da ressurreição de Cristo, domingo era dia de trabalho, comum, sem cunho religioso. O Sábado era dia apropriado para culto divino, por isso Paulo pregou aos gentios e judeus no dia do Senhor, sétimo dia da criação. Na Igreja apostólica o primeiro dia de trabalho era desconhecido como substituto do Sábado, pautado na ressurreição de Cristo. Na augusta época da Igreja apostólica não havia nenhuma discussão acerca da mudança do Sábado para domingo, o Sábado era guardado por judeus e gentios conversos ao cristianismo.
Ainda no mesmo contexto, diga-se, os esforços de Paulo renderam frutos, fundando a gloriosa Igreja do Deserto, o Evangelho de Antioquia, contudo, o sucesso do destemido apóstolo despertou inveja dos judeus após o evangelho grassar na Písidia, em sua cegueira, estimularam os pagãos contra o apóstolo, todavia, os gentios receberam a mensagem do evangelho com jubilo: Atos 13:48. O crescimento dos gentios convertidos, estimulou mestres judaizantes (judeus conversos), imporem ritos como norma de salvação, a exemplo da circuncisão: Atos 15:1. Houve controvérsia acerca da circuncisão, um concílio foi organizado para definir as normas de salvação, quais exigências os gentios deveriam se abster, findo o concílio, os discípulos chegaram a seguinte conclusão: Atos 15:28-29. O debate do concílio concentrou-se na temática da circuncisão. A guarda do Sábado não entrou na pauta, portanto, a obediência do Sábado foi mantida para os gentios. Entrementes, o Sábado foi mencionado no concílio como instituição existente em vigor: Atos 15:19-21. O apóstolo Tiago justifica a obediência dos gentios ao sábado, com a expressão, . A supracitada declaração é límpida, foi preservada a obediência do Sábado da criação, tanto para judeus como cristãos gentios. Findo o concílio, a permanência da guarda do sétimo dia, Sábado, foi preservado firmemente, segundo Andrews, ocupando o trono sagrado da fortaleza do quarto mandamento.
É forçoso concluir, as proibições listadas a qual os gentios convertidos deveriam se abster, não incluía o Sábado, nos tempos apostólicos, esse ponto doutrinário era pacífico, todos os discípulos guardavam o Sábado, não existia guarda de domingo na igreja cristã, tão somente os pagãos veneravam o dia do sol (domingo) regado a festas sensuais.
Ademais, frise-se, a doutrina da igreja primitiva foi a mais pura de todos os tempos, simbolizada pelo cavalo branco, quando o Cordeiro abriu o primeiro selo, Apocalipse 6:2. No teor da profecia dos selos, cavalo branco simboliza pureza da doutrina apostólica, logo, ela não foi contaminada por ritos e costumes pagãos, portanto, o domingo nos dias apostólicos não era ponto de controvérsia, esse famigerado dia, foi introduzido com maior vigor na igreja primitiva na época do cavalo negro (apostasia) com Constantino em 313 d.C. Importa observar, Paulo falou no Sábado seguinte a judeus e gentios atendendo pedido, os gentios se congregavam no Sábado, se a ressurreição de Cristo substituiu o sábado ele deveria falar aos gentios no domingo como dia de guarda, contudo, não aconteceu. Paulo fabricava tendas e trabalhava de domingo a sexta, no Sábado repousava do labor, congregando Sábado: Atos 18:3-4. Em Corinto, Paulo encontrou Áquila e Priscila pela primeira vez. Os primeiros membros da igreja do Corinto guardavam o Sábado, sétimo dia. Adotaram a guarda do sábado da igreja de Tessalônica, esta, por sua vez, aprendeu da igreja de Jerusalém: I Tessalonicenses 2:14. As igrejas da Judéia guardavam o Sétimo dia, Sábado, a primorosa igreja modelou os cristãos, exemplo aos conversos, em assim sendo, os cristãos gentios e judeus, guardavam igualmente o sétimo dia, Sábado.
Em visão noturna, Paulo foi conduzido a macedônia, dirigiu-se a cidade de Filipos, principal cidade da Macedônia: Atos 16:13. Trata-se de reunião de gentios no Sábado, e não de judeus. A igreja de Filipos surgiu de piedosos guardadores do Sábado da criação, sem vínculo com a ressurreição. As Escrituras revelam Paulo se reunindo com cristãos fora da sinagoga. Junto ao rio, congregavam-se para orar e adorar o Senhor no Sábado. Como visto, nos textos apontados, 30 anos após a morte de Jesus, a Igreja primitiva guardava e ensinava novos conversos gentios obedecerem ao Sábado do sétimo dia, não há qualquer evidência de congregarem domingo.
Sem resquício de dúvidas, os textos elencados comprovam a natureza sabatista da Igreja primitiva, contudo, gélidos argumentos são levantados por defensores do primeiro dia de trabalho, domingo, fincados na carta destinada aos Coríntios recomendando coletar ofertas: I Coríntios 16:1-2. Ancorados no supracitado texto, argumentam tratar-se de ofertas recolhidas na igreja domingo, ao seu viso, era colheita pública, recolhida no culto, em assim sendo, o domingo, supostamente era dia de adoração em Corinto substituindo o Sábado bíblico. Em verdade existe uma tentativa forçada de santificar o domingo em detrimento ao Sábado. Paulo ordenou as ofertas, logo, caem por terra o argumento de tratar-se de ofertas públicas, recolhidas na igreja em suposto culto. Paulo não considerava o domingo dia santo, o destemido apóstolo ordena aos irmãos recolherem ofertas em CASA e não na igreja. Os irmãos obedeceram a orientação paulina, separando em casa ofertas para acudir os santos. Não há qualquer resquício de mudança do sábado para o primeiro dia de trabalho no texto levantado e maliciosamente interpretado deslocado do contexto legítimo. Em verdade, trata-se do único texto bíblico referindo-se a coleta de ofertas no primeiro dia de trabalho, contudo nega santidade, adoração no supracitado dia, muito menos sustenta qualquer mudança do sábado bíblico para o venerável dia do sol, domingo, salvo, na imaginação de mentes pervertidas pela corrupção.
Com esse importe, visualiza-se Paulo, em seu ministério recorrer às passagens anunciando nascimento, sofrimento, morte e ressurreição de Cristo, todavia não ensinou guardar o domingo, pelo contrário, continuou obedecendo o Sábado, segundo relatos bíblicos, esse era o seu costume, imitar Jesus: Atos 17:2-3. O fato de Paulo pregar por três Sábados na sinagoga, atesta o respeito dos rabinos, por certo Paulo guardava o Sábado, nos dias calamitosos do destemido apóstolo, a Igreja primitiva guardava o Sábado, não havia ventos de doutrina acerca do primeiro dia de trabalho, domingo. Cumpre observar, Paulo nunca pregou observância do domingo, sequer indicou mudança pautada na ressurreição de Cristo.
Próximo ao fim do seu ministério, Paulo foi conduzido a Roma, prisioneiro, o destemido apóstolo alugou uma casa custeada por seu labor sob custódia de um guarda, por dois anos pregou a doutrina de Cristo crucificado, contudo, não pregou contra os costumes: Atos 28:16-17. Os esforços de Paulo surtiram efeito, a congregação medrou, todavia, o cristianismo em ascensão despertou inveja, difamação, ataques e rejeição da doutrina, forçando os judeus perguntaram a Paulo acerca da novel doutrina: Atos 28:22. Os judeus romanos ouviram relatos fraudulentos acerca da doutrina cristã, até então, não alimentavam ojeriza contra os cristãos, em sua defesa, Paulo refuta as acusações infundadas, respondendo: Atos 24:14. Paulo sustentou a fé israelita adorando o mesmo Deus dos Hebreus. Confirma o Velho Testamento acreditando na Lei e escritos dos Profetas, entendimento consolidado na Igreja Primitiva, edificada sob sólidos pilares, ou seja, a igreja estava: Efésios 2:20. Se Paulo acreditava em todas as coisas de acordo com a Lei e os profetas, como poderia guardar o domingo, dia comum na igreja cristã? Segundo Uriah Smith, quatro escritores bíblicos referem-se ao primeiro dia da semana sem atribuir santidade, reverência ou santificação ao venerável dia do sol:
Os únicos outros escritores inspirados que falam do primeiro dia são: Mateus, Marcos, Lucas e Paulo, e falam dele simplesmente como do primeiro dia da semana, nunca distinguindo-o de qualquer outro dos seis dias de trabalho. E isto é notável, para o ponto de vista popular, pois que três deles falam desse dia no próprio tempo em que se diz ter-se tornado o dia do Senhor por se haver realizado nele a ressurreição de Cristo, e dois mencionam-no cerca de trinta anos depois desse acontecimento.
SMITH, Uriah. As Profecias do Apocalipse, 1.ed. Ed. A Verdade Presente, 1991. pág. 25
Nos escritos dos apóstolos, trinta anos após a morte e ressurreição de Cristo, nenhuma distinção é feita dos demais dias de trabalho. Acrescenta ainda, o notável autor:
E o que mais ainda contraria a pretensão em favor do primeiro dia é o fato de que nem Deus nem Cristo jamais reclamaram o primeiro dia como seu, em qualquer sentido diferente do atribuído a qualquer dos outros dias de trabalho. A nenhum deles foi jamais oposta qualquer benção ou atribuída qualquer santidade. Se devesse chamar-se o dia do Senhor por se ter realizado nele a ressurreição de Cristo, a inspiração ter-nos-ia, sem dúvidas, informado disso. Mas há outros acontecimentos igualmente essenciais ao plano de salvação, como por exemplo a crucificação e a ascensão. E na ausência de qualquer instrução sobre esse ponto por que não chamaremos ao dia, em que qualquer deles ocorreu, o dia do Senhor, com tanta razão como ao dia em que Ele ressuscitou dos mortos?
SMITH, Uriah. As Profecias do Apocalipse, 1.ed. Ed. A Verdade Presente, 1991. pág. 25
Como exposto, Mateus, Marcos, Lucas e Paulo tiveram sobejas oportunidades de esclarecer a mudança do Sábado para o primeiro dia de trabalho, contudo, omitiram a desejada informação, contrariando os defensores da famigerada doutrina, porque o sábado continuou em vigor na Igreja apostólica sem qualquer alteração. A mudança do Sábado para domingo é obra humana, fomentada por Satanás conduzindo o pecador a perdição. Em verdade o primeiro lampejo de fundamento levantado em defesa do venerável dia do sol, domingo pagão, foi concebido pelo Bispo romano Aniceto e realizado pelo sucessor Victor I, com a questão quartodecimana contrariando a fé de Policarpo, tema em comento no capítulo seguinte.
O Sábado na Igreja Patrística Fiel
Introdução
De fato, a Igreja do Deserto uniu o passado apostólico ao presente, Igreja Remanescente. A verdade defendida bravamente pela gloriosa igreja de Antioquia encontra-se presente nas áureas doutrinas brilhando na igreja Remanescente nos dias atuais, dissipando espessas trevas doutrinárias. Em assim sendo, a Igreja Remanescente, a última igreja, sucedeu a Igreja do Deserto. Em visão João detalha cenas da Igreja no Deserto ao notável trabalho da igreja Remanescente, usando as seguintes palavras: Apocalipse 12:17. Observa-se, o dragão, Satanás irado contra as duas igrejas, em comum subsiste a guarda dos mandamentos ancorado na justiça pela fé, entre eles o Sábado, sétimo dia, tanto na Igreja no Deserto como na Remanescente, despertando a ira do usurpador.
Segundo os anais da gloriosa Igreja primitiva, navegando na história eclesiástica, se faz necessário conhecer os primórdios da igreja. Em princípio, o evangelho foi pregado aos judeus: Mateus 15:24. As igrejas da Judeia, em especial Jerusalém prosperou modelando as congregações neófitas, tomada como modelo: I Tessalonicenses 2:14. Os primeiros seguidores do Cristianismo foram judeus ou prosélitos, nome comumente referido aos cristãos judeus tementes a Deus. Jerusalém foi o primeiro centro da igreja, de acordo com o Livro de Atos, a sede da primeira igreja cristã. Os apóstolos viveram e ensinaram em Jerusalém por algum tempo regados pelo Pentecostes. Após a destruição da cidade pelos romanos, Jerusalém foi reconstruída como Élia Capitolina, em 130 d.C, todos os judeus foram banidos da cidade. Os líderes da igreja migraram para Antioquia.
A segunda cidade agraciada com a luz do evangelho foi Samaria: Atos 8:5. seguida pela Etiópia. O Espírito Santo conduziu Filipe a estrada de Jerusalém para Gaza, pregando ao eunuco, tesoureiro da rainha etíope, Candace: Atos 8:35-38. O eunuco espalhou a verdade do evangelho na Abissínia, África Central, motivado pelo Espírito Santo gerando o evangelho africano, posteriormente o evangelho migrou para Alexandria, Egito, norte da África.
A terceira cidade beneficiada pelo evangelho foi a Síria especificamente Antioquia: Atos 11:25-26. Antioquia era capital da província romana da Síria. Quando Jerusalém, sede original do cristianismo foi destruída pelos romanos, a liderança passou para Antioquia, permanecendo até a perseguição dos cristãos. A Síria incluía a Palestina, parte da Arábia, estendendo-se até o rio Eufrates. No ministério de Paulo e Barnabé em Antioquia, foi cunhado pela primeira vez o nome cristão. Com a destruição de Jerusalém milhares de judeus migraram para Antioquia convertendo-se ao cristianismo. Quando Paulo e Barnabé foram separados pelo Espirito Santo em Antioquia: Atos 13:2-4. Enviados para ilha de Chipre, fundaram o evangelho Grego. Deslocando-se da Grécia penetraram na Ásia Menor fundando o evangelho Celta, onde as cidades estavam cheias de judeus, semelhante a Síria. Paulo ensinava todos os Sábados na Sinagoga. A igreja primitiva guardava o Sábado, o venerável dia do sol, domingo, era observado por pagãos, entre eles os romanos cultuando o sol. A igreja apostólica não adicionou nenhuma santidade ou veneração ao primeiro dia de trabalho pautado na ressurreição de Cristo.
Por fim, o evangelho Latino, com sede em Roma, não foi fundado por Paulo, o festejado apóstolo apenas regou a igreja romana quando preso por dois anos antes de sua execução. Em suma, as pregações dos destemidos discípulos geraram o Cristianismo Sírio ou siríaco, de língua siríaca, compreendia Antioquia, Pérsia, Índia e China. Cristianismo Celta de língua céltica, abrange, Galácia, França, Irlanda, Escócia, País de Gales e Inglaterra (antes da invasão Saxônica). Cristianismo Grego, língua grega, compõe as cidades de Filipos, Tessalônica, Beréria, Athenas e Corinto. Por fim, o Cristianismo Africano, Abissínia e Alexandria, foram fundidos, uniram-se ao Cristianismo Latino, Roma, Itália. No capítulo seguinte se faz necessário descobrir qual evangelho conservou a doutrina pura, uma vez entregue aos santos (Judas 1:3), sem contaminação.
Antioquia, a Gloriosa Igreja do Deserto
A princípio é forçoso tecer alguns comentários acerca da Igreja de Antioquia e o áureo trabalho desenvolvido por Luciano, batalhando pela fé entregue aos santos: Judas 1:3. Sua missão, conservar o evangelho puro, resistir as ameaças inoculadas no cristianismo com letal veneno da apostasia romana. Coube a Igreja de Antioquia, leia-se, a Teologia de Antioquia, evangelho Sírio, o glorioso encargo de conservar incontaminada as bases originais da verdadeira igreja de Deus. O maior expoente na defesa da fé foi Luciano de Antioquia, nascido nas colinas da Síria em 250, martirizado em 312 d.C.). Recebeu do Senhor Espírito de discernimento privilegiado, acima dos outros homens, regado pela natureza divina de Cristo foi capaz de sustentar e fortalecer as bases da sã doutrina estabelecida pelos apóstolos. Luciano, perspicaz estudioso das Escrituras e do hebraico, colheu habilidade capaz de traduzir o Velho Testamento do hebraico original (Peshitta), posteriormente o Novo Testamento, sua versão foi recebida com louvor pela Igreja Síria e Ásia Menor. A escola teológica, Centro de Treinamento fundada por Luciano, desenvolveu um sistema de teologia real, solidamente fincado nos princípios apostólicos, fundamentado nas Escrituras rejeitou tradições e costumes humanos. Sua exegese diferiu completamente dos Patrísticos alegóricos latinos, Luciano combateu o paganismo romano. Em Antioquia a interpretação alegórica não encontrou guarida, era completamente rejeitada e condenada.
A igreja de Antioquia não se curvou ao bispo romano e suas apostasias. O Senhor capacitou Luciano para enfrentar ensinamentos destrutivos, venenosos, oriundos de Roma, igreja latina, maniqueísmo e gnósticos ameaçando mortalmente o cristianismo. A profecia de Paulo se cumpriu, o mistério da iniquidade operava nos calamitosos dias de Luciano, com efeito, o destemido Patrístico enfrentou e refutou apostasias ameaçando as ombreiras da Igreja, embora, não tenha eliminado por completo a obra de iniquidade da igreja latina e gnósticos. Luciano construiu um abrigo doutrinário, uma nau segura para conduzir os santos ao porto celestial. A cada crente, marinheiro no mar da vida cristã, entregou uma bússola, a versão da Bíblia Peshitta (conservou a mensagem original do Senhor entre as comunidades cristãs de idioma Siríaco). A Peshitta ficou conhecida como textus receptus, base da tradução do Rei Tiago ou King James e maioria das traduções do Novo Testamento da Reforma, visando guiar os crentes com segurança, vencendo as gigantescas ondas de promiscuidade gerada pela tempestade de apostasias disseminadas pelo paganismo da igreja católica romana.
Os mestres místicos do norte da África, Clemente, Panteno e Orígenes, quase contemporâneos de Luciano, uniram-se aos bispos romanos despedaçando a fé entregue aos santos. Em 190 d.C. Vitor I, bispo de Roma, firmou pacto com Clemente de Alexandria garantindo apoio nas manobras para consolidar o domingo como dia santo, de adoração em detrimento do verdadeiro Sábado no Cristianismo latino. Ancorados na bandeira da tradição e costumes humanos, abalaram os fundamentos do evangelho. No centro do conflito, Luciano se manifesta, dotado de natureza divina funda uma escola de teologia conhecida como Centro de Treinamento, sustentado no trabalho textual e exegético, utiliza o método gramático e histórico sobre as Escrituras, combatendo a escola metafísica de Alexandria se opondo aos métodos alegorizantes, mistura de filosofia pagã dos pais alexandrinos e romanos.
O paganismo católico abalou esteios fundamentais do cristianismo, iminente perigo ameaçava a igreja, no teor das Escrituras: Salmos 11:3. Clemente, Panteno e Orígenes misturavam filosofia pagã com cristianismo, fortaleceram a supremacia do bispo de Roma, exaltaram a tradição introduzindo doutrinas pagãs, a saber, oração pelos mortos, velas, não orar de joelhos no domingo, doutrina de nenhuma lei, substituição do Sábado do sétimo dia para domingo entre outros. Luciano foi obrigado tomar posição contra a maré de erros e crescente tsunami do paganismo varrendo as ombreiras da igreja. Em suma, a teologia gnóstica de Alexandria, seguida por Roma, igreja latina, era hostil ao judaísmo e cristianismo judaico, motivo de odiarem o Sábado do sétimo dia. Com esse importe é seguro afirmar, o cristianismo sírio, liderado por Luciano conservou a doutrina incontaminada fugindo do modelo romano, foi organizado segundo os padrões apostólicos, destarte, a igreja foi perseguida fugindo para o deserto por 1260 anos, o evangelho foi conservado puro até a Reforma se estendendo a Igreja Remanescente.
A controvérsia entre igreja Síria (Antioquia), única a conservar o evangelho puro e latina (Roma e Alexandria), gravita em torna da filosofia e ritos pagãos infiltrados na igreja pelos Patrísticos alegóricos amantes do gnosticismo, entrementes, no presente capítulo se faz necessário delimitar a questão da guarda do Sábado.
Como cediço, Jesus obedecia a Lei, portanto guardava o Sábado da Criação, conforme atesta as Escrituras: Lucas 4:16. Jesus obedecia a Lei, motivo de guardar o Sábado, Leia-se, todo Sábado Jesus se reunia na sinagoga. De igual modo os apóstolos, obedeciam aos Mandamentos guardando o Sábado com habitualidade, fato confirmado por Paulo: Atos 17:2. Na época dos apóstolos a igreja obedecia unicamente ao Sábado, não havia controvérsia acerca da inclusão da festa pagã do primeiro dia da semana, fato iniciado após a questão quartodecimana germinando a raiz do domingo na igreja cristã por volta do ano 120 d.C. promovida pelo bispo romano Sixto I:
Pois embora quase todas as igrejas em todo mundo celebravam os mistérios sagrados no sábado de cada semana, no entanto, os cristãos de Alexandria e em Roma, por conta de alguma tradição antiga, deixaram de fazer isso. Aqui nós notamos a união entre a Igreja em Roma e em Alexandria, e seu antagonismo comum ao sábado do sétimo dia.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 45-46
Com efeito, a fusão de Roma e Alexandria, pacto firmado entre Vitor I, bispo de Roma e Clemente de Alexandria germinou as amargas raízes do domingo, florescendo no seio da igreja antagonismo, ódio e desprezo ao Sábado, transformando o verdadeiro Sábado em dia de Jejum e domingo dia festivo. A igreja foi oprimida, muitas congregações cederam às pressões romanas, salvo Ásia Menor e Antioquia, conduzida pelo capitão Luciano, sustentou a verdadeira doutrina como abrigo seguro, combateu a imposição do domingo pagão e as demais apostasias lideradas por Roma.
Luciano tomou posição contra a tenebrosa doutrina de nenhuma lei, levantada pelos Patrísticos alegóricos, ensinou vigorosamente a obrigação de guardar os Dez Mandamentos, entre eles, o Sábado da Criação. O costume dos cristãos primitivos era guardar unicamente o Sábado do sétimo dia, nesse sentido se manifesta WILKINSON:
Por muito tempo os judeus devem ter formado a vasta maioria dos membros da Igreja nascente. Como a maioria dos crentes do Oriente foram por muito tempo judeus conversos, pode ser facilmente visto que o costume geral na igreja oriental era observar o sábado como dia de descanso.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 45
Impende ressaltar, os cristãos primitivos não guardavam o Sábado por ser forjado no costume, mas, em obediência à Lei, tomaram o costume de congregar Sábado amparados pelas Escrituras em obediência a instituição divina. Situação diferente da imposição do domingo, talhado na tradição e costume humano, sem endosso das Escrituras, fundamentado em mera tradição humana.
Com efeito, a crescente oposição ao Sábado fomentado por Roma, criou corpo, os cristãos membros de sua seara passaram a obedecer ao sábado e celebrar a festa pagã do primeiro dia da semana, salvo a Igreja de Antioquia e algumas congregações da Ásia Menor. Luciano, maior opositor do paganismo romano, conservou a guarda do sábado intocada, santificando da forma ensinada por Paulo, segundo WILKINSON era o costume bíblico:
Luciano, embora fosse gentio, é menosprezado pelo cardeal Newman como um judaizante. Por quê? Aqueles que santificaram o sábado por se absterem do trabalho foram estigmatizados como judaizantes. Por que Luciano deveria observar o sábado como dia sagrado? Era o costume geral.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 45
Todas as igrejas cristãs guardavam unicamente o Sábado da Criação, era o costume bíblico ensinado pelos apóstolos. Com a infiltração e pressão dos bispos alegóricos a guarda do domingo foi adotado pelas igrejas dependentes de Roma e posteriormente substituído, fato ocorrido em 365 d.C por decreto católico:
No Sínodo de Laodicéia (365 d. C.), os católicos romanos promulgaram um decreto de que os cristãos não devem judaizar, descansando no sábado, mas devem trabalhar naquele dia.... Mas se alguém for verificado ser judaizante, sejam eles anátema de Cristo. Assim, esta lei da Igreja não apenas proibiu seus seguidores de santificar o sábado, mas também estigmatizou como judaizantes aqueles que santificaram.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 46
Eis a razão de Luciano de Antioquia receber o título de judaizante, o festejado Patrístico santificava e ensinava os cristãos Siríacos obedecer ao Sábado da Criação, condenando o domingo como festa pagã, fechando as portas da igreja para doutrinas pagãs, ancoradas em tradições humanas e costume.
É de bom tom enfatizar, Luciano não estava sozinho na luta contra o mal, do norte da Itália, Milão, o Senhor convocou três grandes escudeiros defensores da verdade somando esforços para conservar e entregar as doutrinas bíblicas pura, para deleite da igreja do Senhor. Estes eram Helvídio, Joviniano e Vigilância. Helvídio, denunciou os erros do arrogante Patrístico Jerônimo, utilizando manuscritos gregos corrompidos na tradução da Bíblia latina do papado, tradução vulgata. Helvídio (250-320 d.C.) O primeiro a se opor às práticas pagãs, superstições, tradições e costumes de Roma, combateu a santificação e a guarda do domingo. Helvídio foi aluno de Auxêncio, bispo de Milão e precursor de Joviniano, guardava o Sábado da Criação. Leia-se, em Milão o Sábado do sétimo dia era santificado e o domingo ignorado, verbis:
Milão, centro do norte da Itália, assim como todas as igrejas orientais, estava santificando o sábado do sétimo dia, enquanto Roma estava exigindo que seus seguidores jejuassem neste dia em um esforço para desacreditá-lo.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 61
A constrangedora situação foi testemunhada pelo célebre bispo de Milão, Ambrósio, descrevendo a famigerada situação, disse ele:
Quando ele estava em Milão guardava o Sábado, mas quando em Roma, jejuava no sábado e observava o domingo.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 61-62
A inusitada situação originou o provérbio divulgado na época: Quando em Roma, faça como Roma Faz. Com certeza por medo de represálias e perseguições dos bispos romanos. A prática pagã infiltrada no cristianismo tinha o condão de relegar o Sábado do sétimo dia ao ridículo e enaltecer o dia pagão do domingo. Situação semelhante enfrentou Agostinho, lamentando o fato entre duas igrejas vizinhas no norte da África, uma observava o Sábado da Criação, e outra jejuava neste dia, celebrando a festa pagã do domingo.
O segundo defensor da verdade, Joviniano (330-390 d.C), oriundo do norte da Itália, atestava notável conhecimento das Escrituras capaz de confrontar os eruditos sectários do papado, Jerônimo, Agostinho e Ambrósio e vencê-los. Os supracitados eruditos papais não conseguiram derrubar os argumentos bíblicos e históricos levantados por Joviniano em defesa da fé, a saber, vigência dos dez mandamentos e descanso no sábado judaico. Joviniano se engajou em acalorado debate teológico com Jerônimo defendendo simplicidade do evangelho e rejeição do celibato. A seu viso, o cristão casado é aceitável a Deus tanto quanto os não casados, comer com ação de graças é tão aceitável quanto abstinência de alimentos, combatendo práticas ascéticas defendidas por Jerônimo. A ira de Jerônimo se acendeu contra as verdades levantadas por Joviniano, sem argumento bíblico e histórico para confrontar, Jerônimo retrucou, chamou as verdades defendidas por Joviniano de assobio da velha serpente, lixo nauseante e mistura venenosa do diabo. Jerônimo recorreu a sua peculiar baixaria por falta de argumentos bíblicos.
O mais antigo líder Valdense, Vigilâncio (364-408 d.C), o terceiro paladino da verdade, nasceu no sul da França próximo a montanha dos Pirineus, empreendeu protesto contra as práticas pagãs de Roma, introduzidas sorrateiramente no cristianismo. Condenou monasticismo e ascetismo anacoreta, observância religiosa transferida de altares pagãos a santuário cristão, a exemplo de culto aos mortos, procissão de luzes de vela e da festa pagã romana Lupercália, práticas introduzidas no cristianismo pela Igreja Católica.
Outros destemidos guerreiros da fé, defensores da doutrina de Antioquia, evangelizaram a Grã Bretanha. Por volta do ano 390 d.C. Patrick, deu seguimento a teologia de Antioquia evangelizando a Irlanda, Em assim sendo, a igreja celta manteve a santidade dos Dez Mandamentos, ancorada na profecia de Isaías,
. O evangelho de Patrick se opunha, divergindo frontalmente dos ensinamentos papal, a exemplo da concepção metafísica da trindade, adoração de imagens de escultura, e outras violações da lei moral. A observância do Sábado foi a pedra de toque, motivo da separação de Patrick e Roma, como se pode notar:Sem negligenciar a adoção de imagens pela igreja Católica Romana – contrário ao segundo mandamento – e outras violações da lei moral que outras organizações se recusaram a tolerar, uma das principais causas de separação foi a observância do sábado. Como será apresentado em outros capítulos, as igrejas gótica, Valdense, armênia e síria, e a Igreja do Oriente, bem como a organização da igreja que Patrick fundou, amplamente santificavam o sábado, o sétimo dia da semana, como o período sagrado de vinte e quatro horas em que Deus descansou após a criação.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 77
A violação dos mandamentos do Decálogo motivou a rejeição da doutrina católica, de Roma, pela Igreja Celta, entre eles a violação do Sábado bíblico. O evento prova a dedicação, respeito e obediência aos mandamentos de Deus e rejeição da tradição e costume de santificar o domingo.
Outro enervante discípulo de Cristo, digno de nota é oriundo da Igreja gótica, trata-se de Ulfilas (311-383 d.C.) seu maior expoente. Sem resquício de dúvidas, Valdenses, Síria, Igrejas do Oriente e as igrejas fundadas por Patrick, obedeciam os Dez Mandamentos, santificavam o Sábado bíblico conforme a Lei engrandecida espiritualmente por Jesus, opondo-se ferozmente a santificação do domingo pagão, descansando prazerosamente no Sábado do sétimo dia. A igreja celta guardou o Sábado, conforme comprova T. Ratcliffe Bartnett, escrevendo acerca da rainha católica da Escócia, tentando em 1060 d.C., destruir os seguidores de Columba, afirmou:
Neste assunto, os escoceses talvez tenham mantido o uso tradicional da antiga igreja irlandesa, que observou o sábado em vez do domingo como dia de descanso.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 78
Com efeito, Columba evangelizador da Escócia, membro da igreja no deserto, ensinou a mesma doutrina conservada por Luciano de Antioquia, divulgada por Patrick na Irlanda. Todos guardavam o Sábado do sétimo dia e conservaram a data da Ceia incólume, no dia 14 de abibe, se opondo a mudança para o domingo subsequente a verdadeira data.
De igual modo, Ulfilas nascido 311 d.C, filho de cristãos, foi capturado pelos godos na Ásia Menor conduzido para Dácia, na época, Luciano de Antioquia encontrava-se no auge de seus ensinamentos, quando Ulfilas prestou considerável trabalho para Cristo convertendo os godos. Seus ensinamentos se aparelhavam aos de Luciano de Antioquia, Patrick e Columba santificando o Sábado do sétimo dia, conforme ensinos da igreja no deserto:
Como seus ancestrais eram da Ásia Menor (as províncias onde o apóstolo Pedro tinha sido especialmente instruído por Deus para implantar o evangelho), Ulfilas foi indubitavelmente influenciado pelas doutrinas do apóstolo aos judeus; e rejeitou os ensinamentos liberais antibíblicos que tinham inundado muitas igrejas ocidentais. Ele era um crente na revelação divina do Velho Testamento, bem como do Novo Testamento. Ele imprimiu na mente do povo gótico, um cristianismo simples e democrático. Como Patrick e Columba, ele aparentemente guardava o sétimo dia como sábado.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 119
A perseverança doutrinária dos servos de Deus incomodava, eram verdadeiras repreensões e resistência ao paganismo difundido por Roma. Derrotados pelas Escrituras e firmeza dos fiéis, Roma apelava ao poder estatal. Por sua influência e decretos forjados em concílios, compeliam os soberanos editarem leis repressoras ancoradas na intolerância religiosa para perseguir e condenar seus oponentes, conforme salienta WILKINSON em sua obra:
Nada leva a tão rapidamente à perseguição como leis dominicais. Em uma terra como a Escócia poderia haver a seita anglo-saxônica observando o domingo, a igreja celta consagrando o sábado desde os dias dos apóstolos, os muçulmanos observando a sexta-feira, e incrédulos não celebrando dia nenhum.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 95
A igreja Síria, gótica, celta, e demais congregações fiéis a Deus, condenavam jejum aos Sábados, obedeciam aos Dez Mandamentos, santificavam o Sábado do sétimo dia e celebravam a ceia no dia 14 de abibe, opondo-se com todo poder as doutrinas pagãs de Roma.
Em linhas gerais, a igreja celta não foi subjugada por Roma. Columbano e Dinoto do País de Gales, tratavam os líderes católicos com cortesia cristã, contudo, recusaram sujeição e submissão conservando a doutrina apostólica pura causando rivalidades, perdurando entre seus sucessores, enfureceram a liderança romana, conforme vislumbra-se na controvérsia travada entre a rainha escocesa católica e seguidores de Columba, forçando o papa emitir uma bula:
Como foi observado na controvérsia entre a rainha católica romana Margaret da Escócia e os sucessores do grande Columba, uma séria diferença entre a igreja celta e a igreja católica romana era a observância do sábado como dia sagrado de descanso. O papa Gregório I, que nos dias de Columbano se opunha à aprendizagem clássica, estava tão enfurecido porque muitos cristãos na cidade de Roma observavam o sábado como sábado judaico que em 602 emitiu uma bula declarando que quando o anticristo viesse, ele guardaria o sábado como sábado judaico.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 164
O despautério da bula papal é abissal, foi o anticristo, papado, quem revestiu o domingo de santidade, portanto guardava o domingo e odiava o Sábado judaico. A forte resistência da Igreja Celta motivou severa oposição e perseguição do papado ao maravilhoso trabalho missionário da igreja no deserto na Irlanda, Escócia, País de Gales e Inglaterra, firmando a doutrina apostólica da santificação do Sábado, data da ceia no 14 dia abibe, rejeitando o domingo pagão, uso de velas, oração pelos mortos, missas, relíquias entre outras violações da Lei moral dos Dez Mandamentos.
É de bom tom, relatar o cristianismo na Espanha antes da influência papal. Durante séculos o cristianismo espanhol, sem intromissão de Roma, conservou a doutrina pura. O avanço das doutrinas pagãs de Roma forçou os valdenses dos Pirineus separarem-se dos erros infiltrados. Os valdenses moravam nos vales, do latim vallis, em português valdesi, no espanhol valdenses, leia-se, valdense, significa moradores do vale. Em 305 d.C. na cidade de Elvira, Espanha, foi realizado um concílio, o conhecido Concílio de Elvira, em seu bojo discussão acerca do Sábado, no Cânon 26 foi decidido:
Quando se trata de indagar qual era a posição dos cristãos na Espanha sobre a observância do sábado, a evidência é clara. O Cânon 26 do Concílio de Elvira revela que a Igreja da Espanha naquela época guardava o Sábado, o sétimo dia. Quanto ao jejum todo sábado: Resolvido, que o erro seja corrigido de jejuar todo sábado. Essa resolução do concílio está em oposição direta à política que a igreja em Roma tinha posto em vigor, de impor o sábado como dia de jejum a fim de rebaixar a torná-lo repulsivo para as pessoas.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 218-219
O supracitado concílio, é prova viva, confirma a igreja primitiva da Espanha, antes do domínio papal, guardar o Sábado, com endosso dos valdenses espanhóis.
Sem resquício de dúvidas, os valdenses eram comprometidos com o Decálogo, em sua ótica, obedecer aos dez mandamentos é dever de todo homem, guardavam o Sábado como dia sagrado do quarto mandamento:
Uma grande proporção dos valdenses, quer fossem chamados por esse ou por outros nomes, acreditavam que a observância do quarto mandamento era obrigatória sobre a raça humana. Por causa disso, foram nomeados com o significativo título de Insabbati, ou Insabbatati. Os agricultores ou cidadãos que iam aos sábados a seus trabalhos ficavam tão impressionados ao verem grupos de cristãos reunidos para adoração naquele dia que os chamavam de insabbatati. O termo sábado quase nunca foi aplicado ao domingo. Falando da lei dominical de Constantino em 321, Robert Cox escreve: Nenhuma evidência tem sido apresentada, de que antes da promulgação desta lei havia observância sabática do Dia do Senhor em qualquer parte da cristandade.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 224
Insabbati, era um dos nomes dados aos valdenses, em especial aos espanhóis, por guardarem o sábado do sétimo dia. A verdade do Sábado bíblico finca-se nas sagradas Escrituras, não há margem para dúvidas. Entrementes, a guarda do domingo pauta-se em concílios, editos imperiais, tradições e costume papal, portanto, trata-se de instituição humana forjada pelo bispo de Roma, consolidado pelo anticristo acreditando possuir poder para mudar os tempos e a lei, substituindo o Sábado pelo domingo pagão.
De acordo com arcebispo Pallavicini, defensor papal do Concílio de Trento, o concílio tem poder de mudar a lei de Deus fincado na tradição, disse o arcebispo:
É então evidente que a igreja tem poder para mudar os mandamentos, porque somente pelo seu poder e não pela pregação de Jesus havia transferido o Sábado judaico do sábado para o domingo. A tradição, concluíram, não era coisa do passado, mas inspiração contínua.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 272
A decisão do Concílio proibiu oposição às regras estabelecidas sob pena de punição. Desde então, o Papa subjugou nações e homens a obedecerem às decisões do Concílio de Trento sem questionamento. Em assim sendo o famigerado Concílio enterrou o Sábado do quarto mandamento, exaltando o dia pagão, domingo nas igrejas cristã latina garantindo sua obediência pela Inquisição. A mudança do sábado para domingo não foi automática, com a morte de Cristo cravando a lei na cruz como defende alguns desavisados, foi uma trama sórdida, satânica, arrastando-se maliciosamente ao longo dos séculos.
Base de Apoio para Exaltar o Venerável dia do Sol, Domingo
Os Pais Antenicenos
Se faz necessário encetar o presente capítulo aludindo à tese Católica do sábado espúrio, domingo, endossada por evangélicos. Visam cunhar a famigerada tese com concílios, editos, e fraudes a exemplo de antigos textos adulterados. Nesse viés, concentram esforços na vã tentativa de provar a mudança do Sábado para o primeiro dia de trabalho ancorado nos escritos dos pais antenicenos (autores cristãos pós período dos apóstolos e anterior ao Concílio de Nicéia, em 325 d.C). Exibem escritos antigos falsificados para sustentar o domingo como dia do Senhor em lugar do Sábado.
Em linhas gerais, destaca-se a epístola de Barnabé, supostamente escrita na época apostólica pelo destemido discípulo de Cristo. Na ótica católica, a supracitada epístola reforça a observância do domingo como dia do Senhor no período dos apóstolos, pautado na ressurreição de Cristo. Segundo a suposta epístola:
Por fim, Ele lhes disse: não consigo suportar suas luas novas e seus sábados. Reflitam no que Ele quer dizer com isso. Os sábados que vocês agora guardam não Me são aceitáveis, mas sim aqueles que Eu fiz. Quando Eu descansar de todas as coisas, darei início ao oitavo dia, isto é, ao começo do outro mundo. Por isso guardamos o oitavo dia com alegria, no qual Jesus ressuscitou dos mortos; e, tendo Se manifestado a Seus discípulos, subiu ao Céu.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 153
O autor faz alusão equivocada a reprovação esculpida no livro de Isaías em consequência da desvairada apostasia dos Judeus. Entrementes, é de bom tom analisar os elencados textos à luz da pena de dois historiadores renomados, defensores da guarda do domingo. Trata-se de Mosheim, escritor do século 18 e Neander, famoso historiador do século 19.
Discorrendo as fontes de informações de Mosheim acerca do tema, ele comenta a famigerada epístola de Barnabé em duas de suas obras, da seguinte forma:
A epístola de Barnabé foi produzida por algum judeu que muito provavelmente viveu nesse século, e cujas modestas habilidades e apego supersticioso a fábulas judaicas mostram, apesar da retidão de suas intenções, que ele deve ter sido uma pessoa bem diferente do verdadeiro Barnabé, companheiro de São Paulo.
No que se refere à sugestão de alguns, a de que a carta foi escrita pelo mesmo Barnabé que foi amigo e companheiro de São Paulo, a inverdade de tal compreensão fica clara por meio da própria carta. Várias das opiniões e interpretações das Escrituras que ela contém possuem tão pouca verdade, dignidade ou força que seria impossível achar que pudessem ter procedido da pena de um homem instruído por Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 153
No elucidativo texto, o ínclito historiador nega autoria da epistola ao festejado Barnabé levantando fundamentos irrefutáveis. Na mesma toada emerge as colocações de Neander, verbis:
É impossível reconhecer que essa epístola foi escrita por Barnabé, o homem digno de ser companheiro dos labores apostólicos de São Paulo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 153
Os dois supracitados historiadores, eram ferrenhos defensores da guarda do domingo, contudo condenam a famigerada epístola de Barnabé, classificando-a como espúria. Trata-se de epístola alegórica, recheada de explicações extravagantes sem respaldo das Escrituras, textos incompatíveis com a iluminação do Espírito Santo, forçando, Eusébio, remoto historiador eclesiástico colocar a aludida epístola em sua lista de livros espúrios, segundo o renomado historiador:
Dentre os livros que devem ser considerados espúrios estão: o livro chamado 'Os Atos de Paulo', o chamado 'Pastor' e o 'Apocalipse de Pedro'. Além desses, há também os livros chamados: 'Epístola de Barnabé' e 'As Instituições dos Apóstolos.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 154
A título de exemplo de narrativas imaginárias, alegóricas, interpretações místicas e fantasias extravagantes, seguem um texto esculpida no bojo da referida epístola da Barnabé, eis o texto:
Não comerás a hiena, isto é, mais uma vez, não sejas adúltero, nem alguém que corrompa os outros, nem sejas semelhante a eles. E por quê? Porque essa criatura muda de sexo todos os anos; às vezes, é macho, às vezes, fêmea.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 155
O conteúdo estupido e irracional contido na epístola de Barnabé, comprova a falsidade de sua autoria. Barnabé, dotado do Espírito Santo não escreveria alegoria e fantasias na Epístola, portanto, a famigerada epístola atribuindo falsamente mudança do Sábado, sétimo dia para o venerável dia do sol, domingo, em virtude da ressurreição é falácia, engodo de Satanás para exaltar o dia do sol em detrimento do santo Sábado observado por Barnabé.
Por fim, impende apresentar o texto esculpido na epístola falsamente atribuída a Barnabé, como prova de santificação do domingo, eis o texto:
Guardamos o oitavo dia com alegria.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 188
O supracitado texto não expõe nenhuma mudança do Sábado para domingo como dia santo, a guarda do oitavo dia era estranho para Barnabé, zeloso observador do Sábado. Ademais, a espúria doutrina foi criada anos após a morte de Barnabé.
Outro Patrístico, Justino Mártir, descreveu a forma de reunião celebrada aos domingos em Roma pelos cristãos latinos, a saber, leitura e explicação da Bíblia, celebração da ceia (missa), recolhimento de ofertas, proibição de jejuar e orar de joelhos domingo, o dia deveria ser de alegria, recreação. Oravam em pé em respeito à ressurreição, segundo Irineu, nenhum joelho poderia se dobrar no dia da ressurreição. A famigerada obra não comprova mudança do sábado para domingo, simplesmente descreve reuniões, cultos de católicos latinos domingo.
Como exposto, o veredito de renomados historiadores, favoráveis à guarda do domingo, condenou a espúria epístola de Barnabé. O terceiro documento utilizado como cunha para sustentar a mudança do Sábado para o domingo, dia do sol, é a carta de Plínio, governador romano da Bitínia, ao imperador Trajano, escrita no ano 104 d.C, o teor da carta trata dos cristãos em sua província, nos termos seguintes:
Eles afirmaram que toda sua culpa ou todo seu erro se resumia no fato de que se reuniam em um certo dia estabelecido, antes do amanhecer, e se dirigiam a Cristo, como a algum deus, por meio de uma oração, comprometendo-se com juramento solene, não a realizar qualquer desígnio mau, mas, sim, a nunca cometer fraude, roubo ou adultério, nunca proferir palavras falsas, nem negar um bem a eles confiado quando chamados a entregá-lo. Depois disso, era costume deles se separar e então se reunir novamente para comer juntos uma refeição inofensiva.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 155-156
A carta de Plinio ao imperador, não distingue qual dia os cristãos guardavam. Não se vislumbra apoio a observância do domingo, acerca do tema Coleman escreveu:
Esta declaração evidencia que esses cristãos guardavam um dia como santo, mas não esclarece se era o último ou o primeiro da semana.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 156
O próprio Tertuliano, voraz defensor do domingo, não reconhece na aludida carta nenhuma referência a observância do venerável dia do sol, domingo, o Patrístico escreveu em 200 d.C, acerca das declarações de Plínio, declarou Tertuliano:
Ele não encontrou nada nos cultos deles, a não ser reuniões, no início da manhã, para cantarem hinos a Cristo e a Deus, e para fazerem, em conjunto, a solene promessa de que, em seu estilo de vida, seriam fiéis a sua religião, proibindo o assassinato, o adultério, a desonestidade e outros crimes.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 156
Sem dúvidas, Tertuliano não encontrou nenhuma referência sustentando a festa do domingo na igreja Cristã. A carta de Plínio retrata congregação cristã comprometida com obediência aos Mandamentos de Deus, pregavam não roubar, adulterar nem levantar falso. Nesse compasso, é aceitável acreditar na observância do Sábado do sétimo dia, haja vista, não haver nenhum indício de adoração ao venerável dia do sol na igreja apostólica. Com efeito, a carta de Plínio não apoia observância do domingo na igreja cristã, o Governador romano fala de um dia santo sem especificar qual dia a igreja descansava.
No centro das atenções, segue o quarto documento utilizado como munição na defesa do venerável dia do sol, trata-se da epístola de Inácio de Antioquia, eis o texto:
Portanto, se eles, que foram criados nessas antigas leis, passaram, não obstante, à novidade de esperança, não mais observando os sábados, mas guardando o dia do Senhor, no qual nossa vida também é erguida por Ele, a quem alguns ainda negam, e por intermédio de Sua morte (mistério este pelo qual fomos levados a crer – razão pela qual esperamos ser considerados discípulos de Jesus Cristo, nosso único mestre), [pergunto:] como então seríamos capazes de viver de maneira diferente Dele, cujos próprios profetas, sendo de fato discípulos, O aceitaram, pelo Espírito, como seu Mestre?
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 157
A ingente maioria de historiadores sérios, consideram a famigerada epístola de Inácio aos Magnésios espúria, não autêntica. A suposta epístola de Inácio aos Magnésios, sofreu acréscimo da palavra dia, para sustentar observância do domingo, leia-se, nada diria a aludida epístola acerca do dia do Senhor, se a palavra dia não fosse acrescentada, explica Andrews:
Esse é o parágrafo do qual a parte de uma frase é citada para mostrar que Inácio testifica em favor da festa do dia do Senhor, ou sábado cristão. Mas o suposto dia do Senhor só é produzido por meio de uma falsa tradução. Esta é a decisiva sentença: meketi sabbatizontes, alla kata kuriaken zoen zontes; literalmente: "não mais sabatizando, mas vivendo de acordo com a vida do Senhor."
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 30
Adulteraram o texto substituindo a expressão vida do Senhor por dia do Senhor, nesse sentido esclarece o notável pioneiro Andrews:
Proeminentes estudiosos do primeiro dia têm chamado a atenção para esse fato, e têm testificado explicitamente que o termo "dia do Senhor" não tem o direito de aparecer na tradução; pois o original não é kuriaken hemeran, dia do Senhor, mas kuriaken zoen, vida do Senhor.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 30
O escritor da famigerada carta, com certeza em tempos posteriores ao de Inácio, estampa nebulosa fraude, tentando ligar os escritos de Inácio ao suposto sábado cristão. Fato inexistente nos dias de Inácio. Os apóstolos, a igreja primitiva, Inácio e Policarpo guardavam o Sábado da Criação, desconheciam a festa pagã do primeiro dia, domingo. A exaltação do domingo germina nos dias de Policarpo, entrementes, na questão quartodecimana, mudança da Páscoa do dia 14 de abibe para primeiro domingo subsequente, pautado na ressurreição e não a mudança do Sábado do sétimo dia para a festa pagã do domingo.
Com efeito, é forçoso apontar o testemunho do Dr. Killen acerca de quinze cartas, a maioria falsificadas atribuindo autoria ao pastor de Antioquia, Inácio, segundo o festeja doutor Killen:
No século 16, quinze cartas foram apresentadas como sendo uma respeitável antiguidade e oferecidas ao mundo como produções do pastor de Antioquia. Os eruditos se recusaram a aceitá-las nos termos propostos, e, logo de início, oito delas foram reconhecidas como falsificações. No século 17, as outras sete cartas restantes reapareceram mais uma vez da obscuridade, um pouco alteradas, afirmando ser obras de Inácio. De novo, críticos com discernimento se recusaram a reconhecer tais pretensões. Mas a curiosidade foi despertada por essa segunda aparição, e muitos expressaram o ávido desejo de ter acesso às próprias epístolas. Grécia, Síria, Palestina e Egito foram revirados em busca delas, e, por fim, três cartas foram encontradas. A descoberta despertou a felicidade geral. Confessou-se que quatro das epístolas tão tardiamente reconhecidas como genuínas eram apócrifas; e afirmou-se com ousadia que as três então disponíveis estavam acima de toda e qualquer contestação. Mas a verdade se recusa a fazer transigências e severamente repudia os que clamam por sua aprovação. As evidências internas dessas três epístolas dão provas abundantes de que, assim como os três últimos livros de Sibila, elas são apenas os últimos artifícios de uma grande mentira.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 157-158
Acerca das três epístolas de Inácio, supostamente autênticas, o professor C.F. Hudson, diz:
Inácio de Antioquia foi martirizado provavelmente em 115 d.C. Das oito epístolas atribuídas a ele, três são genuínas, a saber, as endereçadas a Policarpo, aos efésios e aos romanos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 158
A carta de Inácio com suposto texto enaltecendo o domingo, não está inclusa nas três cartas consideradas genuínas. Trata-se da carta aos Magnésios, portanto, é espúria, falsa, tanto a carta como a doutrina sustentando a observância do domingo na igreja primitiva. Em assim sendo, a citação a favor do domingo não foi extraída de nenhuma das epístolas de Inácio considerada genuína, portanto, trata-se de mais uma fraude arquitetada pelos bispos romanos. Restou claro, a famosa citação não faz referência ao primeiro dia da semana, não fornece nenhuma evidência de Inácio ou a igreja cristã de sua época observar o venerável dia do sol pagão.
Diante do exposto é forçoso indagar, quem tinha interesse de falsificar escritos Patrísticos para sustentar adoração ao venerável dia do sol, santificando dia pagão sem vínculo com Deus Pai, Deus Filho? Em resposta, Andrews cita Ephraim Pagitt, clérigo e heresiógrafo (estuda heresias) inglês, contemporâneo a Reforma protestante, afirma Pagitt:
A igreja de Roma, consciente de seus erros e de suas corrupções, tanto na fé quanto nas práticas, diversas vezes pareceu querer empreender reformas; no entanto, seu grande orgulho e o lucro infinito, proveniente do purgatório, de indulgências e de coisas semelhantes, impediu que tais reformas fossem realizadas. Assim, para manter sua grandeza, seus erros e novos pontos de fé, ela (1) corrompeu muitos dos antigos pais e reimprimiu seus escritos, fazendo-os falar conforme o desejo dela [...], e (2) escreveu muitos livros em nome desses antigos escritores e forjou diversos decretos, cânones de concílios que dão falso testemunho contra eles.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 134
Os bispos romanos, ministério da iniquidade operaram em favor da exaltação do dia pagão, domingo, falsificando e corrompendo escritos Patrísticos em favor da exaltação do domingo como dia do Senhor em detrimento do Sábado do sétimo dia, contudo, foi progressivo, o primeiro bispo romano a vincular o domingo com a ressurreição foi Sixto I na questão quartodecimana.
A Questão Quartodecimana e o Sábado
Aspirando dirimir dúvidas atinente a falsidade dos escritos apresentado como documentos antigos anteniceno, provando suposta mudança do Sábado bíblico para santificação do dia pagão, venerável dia do sol, convém analisar a questão quartodecimana, leia-se, a igreja apostólica celebrava a Santa Ceia no décimo quarto dia (14º) de abibe, daí o nome quartodecimana.
Se faz necessário tecer alguns comentários acerca do precursor da famigerada questão quartodecimana. Trata-se de Sixto I, segundo Eusébio de Cesareia, o sexto bispo de Roma depois da era apostólica. Por volta do ano 120 d.C. o presunçoso bispo removeu a data da santa ceia audaciosamente, celebrada e solidificada pelos apóstolos no dia 14º de abibe, para o primeiro domingo após o décimo quarto dia de abibe pautado na ressurreição de Cristo. Com efeito, o arrogante bispo mudou a data unilateralmente sem endosso das Escrituras, afrontou ordem divina, contrariando a posição dos apóstolos.
É de bom tom observar, os documentos adulterados e apresentados como munição ancorando suposta mudança do Sábado do sétimo dia para sábado cristão, domingo, datam dos tempos apostólicos (Barnabé), cartas de Plínio (104), governador romano e de Inácio, martirizado em 155 d.C, ao ano 170 d.C., com Irineu. Nesse compasso, vale frisar, a questão quartodecimana foi deflagrada aproximadamente entre os anos 120.d.C a 170 d.C. Mesmo período dos documentos apresentados comprovando mudança do Sábado para o venerável dia do sol, domingo. Se a suposta mudança fosse verdadeira, com certeza teria endosso de Policarpo:
Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio apóstolo João... Irineu nos fornece mais alguns dados importantes sobre Policarpo: foi estabelecido bispo da Ásia, na Igreja de Esmirna, pelos próprios apóstolos.
STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides M. Padres Apostólicos, 1.ed. Ed. Paulus, 1995. pág. 331-332
Bispo de Esmirna, ungido por João, Policarpo dirigiu a igreja cristã após tombar o discípulo amado, João, último apóstolo do ministério de Jesus. Policarpo não sucedeu a Pedro, tão pouco foi bispo romano, ungido por João, nunca dirigiu a igreja de Roma, contudo, após a morte de João assumiu a direção da igreja cristã. O supracitado fato quebra a doutrina católica do bispo de Roma auferir direito a supremacia da igreja com base na sucessão de Pedro. Como visto, Irineu forneceu dados a respeito de Policarpo sem mencionar santidade, honra, descanso no domingo ou mudança do Sábado para domingo, pelo contrário reafirmou a posição de policarpo manter a data da Ceia no dia 14 de abibe, contrariando a doutrina de honrar o domingo em respeito a ressurreição de Cristo.
Com efeito, a malsinada doutrina mudando a data da Santa Ceia, do 14º dia de abibe para domingo, em respeito a ressurreição de Cristo causou distúrbio na igreja. A efervescente doutrina gerou desconforto e disputas entre a igreja latina, sediada em Roma, Igreja Grega e mormente Ásia menor. A Igreja de Antioquia era e sempre foi independente, livre dos fermentos romanos, conservou o evangelho puro, livre de contaminação. A controvérsia afetou gravemente a igreja forçando Policarpo, discípulo de João e bispo da igreja de Esmirna, Ásia menor, deslocar-se para Roma em 155 d.C. visitar o sucessor de Sixto I pontífice Aniceto:
Nessa época, quando Aniceto chefiava a igreja romana, Irineu diz que Policarpo ainda vivia e, vindo a Roma, teve um encontro com Aniceto sobre uma questão referente ao dia da páscoa.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 133
A pauta de sua visita ao bispo romano Aniceto, motivador da mudança da data da Ceia, era a questão quartodecimana, fato narrado por Irineu:
Ainda segundo Irineu, Policarpo empreendeu uma viagem a Roma sob o pontificado de Aniceto, por volta do ano 155, para discutir com ele a data da celebração da Páscoa. Os asiáticos a celebravam no dia 14 do mês judaico de Nisan, qualquer que fosse o dia da semana. Os ocidentais, em Roma, portanto, celebravam-na sempre no domingo, dia da ressurreição. No tempo de Irineu, esta tornou-se uma questão aguda. Em 170, o Papa Vítor quer forçar as igrejas da Ásia a aceitar o costume ocidental, ameaçando-as com a separação da comunhão católica. Irineu intervém relatando ao Papa Vítor a entrevista de Policarpo e Aniceto. Esta carta é outro testemunho de primeira grandeza: apelando para a autoridade do apóstolo João, foi a Roma discutir com o Papa Aniceto a data da celebração da Páscoa, em 155, tentando um acordo. (...) Aniceto não persuadiu Policarpo a deixar de observar o que com João, o discípulo de nosso Senhor, e com os outros apóstolos (...), tinha sempre observado.
STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides M. Padres Apostólicos, 1.ed. Ed. Paulus, 1995. pág. 331-332
Policarpo repudiou a mudança, fundamentou sua posição em manter a data da forma observada e ensinada pelos apóstolos, contudo, foi repelido pelo arrogante bispo romano. Em sequência, o bispo Vitor I, obriga os cristãos contrariar o costume apostólico para celebrar a Ceia na data espúria sob pena de excomunhão. Houve acaloradas disputas, punição, excomunhão e divisão, forçando Policarpo defender a causa quartodecimana, o sucessor do apóstolo João se posiciona favorável ao ensino apostólico e contra exaltação do domingo pautado na ressurreição de Cristo. Trata-se da primeira tentativa de exaltar o domingo, não como dia de guarda, mas, celebração da Páscoa, até este momento a igreja Cristã observava o Sábado bíblico. A santificação do domingo surge tempos depois com base na ressurreição por conta da mudança da data quartodecimana.
A data da celebração da ceia do Senhor foi mudada do 14º (décimo quarto) dia de abibe, para primeiro domingo após a supracitada data, por ordenança humana, sob sinceros protestos de Policarpo e Irineu. Ignorando os fatos apresentados na questão quartodecimana, são atribuídos a Irineu texto ordenando observar o domingo em detrimento ao Sábado, eis o texto apresentado pelo Dr. Edwards:
Portanto Irineu, bispo de Lião, discípulo de Policarpo, que fora companheiro dos apóstolos, disse em 167 d.C. que o dia do Senhor era o sábado cristão. Suas palavras são: 'No dia do Senhor, todos nós, cristãos, guardamos o sábado, meditando na lei e nos regozijando nas obras de Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 179
Conforme o texto acima elencado, no ano 155 d.C. Policarpo repudiou a mudança proposta pelos bispos romanos, fato testemunhado e defendido por Irineu, contrariando os falsos escritos atribuídos a ele. O arrogante bispo romano Vitor, sucessor de Aniceto, impõe observância da Ceia no primeiro domingo após a data apostólica, Irineu se opõe fortemente ao bispo, em suas razões cita a posição de Policarpo contra as pretensões do bispo. Irineu se opôs a mudança na data quartodecimana da Páscoa para domingo em comemoração à ressurreição de Cristo, como escreveria ordenando guardar sábado cristão, domingo? Se o festejado discípulo se opôs mudar a data da ceia, imagina mudar a guarda do verdadeiro Sábado instituído por Deus, confirmado por Cristo e ensinado pelos apóstolos a Inácio, Policarpo e por ele, Irineu. Ademais, no tempo de Irineu não existia sábado cristão, na época, o cristianismo observava o Sábado do sétimo dia. O domingo ainda não era guardado na igreja romana, a controvérsia gravitava em torno de celebrar a Páscoa domingo no lugar de 14 de abibe e não a santificação do domingo em lugar do Sábado intitulado sábado cristão.
Em verdade, o Senhor William Domville descortina a teia de falsidade envolvendo o texto em questão, declara imponente fato acerca da citação de Irineu:
Pesquisei com cuidado todas as obras de Irineu disponíveis, e posso afirmar, com toda certeza, que esse texto não se encontra nelas, nem nada semelhante. A edição que consultei foi a de Massuet (Paris, 1710), mas para ter ainda mais certeza, fui em busca das edições de Erasmo (Paris, 1563) e Grabe (Oxford, 1702). Em nenhuma delas é possível encontrar a passagem em questão.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 179
Os defensores do domingo, atribuem a fonte de citação a Dwight's Theology. Leia-se, não está nos escritos de Irineu, foi o Dr. Dwight, o primeiro a empobrecer o mundo teológico com a famigerada citação. Dwight foi acometido de patologia grave perdendo a visão aos 23 anos de idade, em assim sendo, a famosa citação de Irineu, colhida de Policarpo discípulo dos apóstolos, foi apresentada ao mundo por um homem com problema de visão física, moral e espiritual. Em todas as obras de Irineu, não existe nenhuma citação chamando domingo dia do Senhor, sábado cristão ou fomentando substituir o verdadeiro Sábado da Criação. Se Irineu fosse favorável a mudança do sábado para domingo teria se posicionado na questão da ceia. Se o motivo da mudança se fundamenta na ressurreição, Policarpo e Irineu defenderiam a mudança da Ceia e do Sábado, entrementes, condenaram a mudança da Ceia para data da ressurreição. Quanto a mudança do sábado restou o silêncio em razão da observância do Sábado do sétimo dia, se tratar de doutrina pacífica, sem questionamento nos dias dos dois festejados Patrísticos.
A título de informação, diga-se, Irineu, citado como apoiador da causa do sábado cristão, domingo, desmente no supracitado episódio quartodecimana posicionando-se contrário a exaltação ou santificação do domingo baseado na ressurreição de Cristo. Se Irineu defendeu manter o dia 14º (décimo quarto), data quartodecimana, imagine, o Sábado, dia santo, vastamente difundido, amado e observado pela igreja cristã nos primeiros séculos, o eloquente episódio ora em comento, descortina mais uma farsa forjada pela igreja Latina, embriagando com vinho de sua prostituição os incautos.
Ainda no mesmo contexto, diga-se, a famigerada questão quartodecimana impõe questionamentos a respeito da mudança do Sábado para o domingo e dos documentos apresentados, datados do mesmo período. Se Policarpo, ungido por João, bispo de Esmirna, homem mais influente da igreja foi contra mudar a data da Santa Ceia do 14º dia de abibe para domingo em reverência ao dia da ressurreição, imagine mudar o Sábado do sétimo dia para o primeiro dia de trabalho, domingo. O supracitado fato comprova a falsidade dos documentos apresentados. Com efeito, Policarpo não abordou a mudança do Sábado para domingo pautado na ressurreição de Cristo porque o Sábado do sétimo dia na aludida data era ponto doutrinário pacífico, ainda não haviam estendido a mudança da Ceia, pautada na ressurreição para o Sábado, fato realizado anos mais tarde.
Nas palavras de Andrews, se a doutrina santificando o domingo como dia do Senhor for traçada retroativamente até o apóstolo João e demais apóstolos, seguramente alcançaria Policarpo, se a malsinada doutrina fosse verdadeira, o destemido Policarpo confirmaria a mudança do Sábado do sétimo dia para exaltação do domingo sustentado na ressurreição de Cristo, entrementes, é possível, percorrer o supracitado trajeto referente a mudança da data da Ceia ancorados na mesma tese, ressurreição de Cristo, enaltecendo o domingo. A resposta de Policarpo e Irineu descortina a insensatez de forjar doutrina fundamentada na tradição. Com firmeza, Policarpo sustenta ao bispo romano, Aniceto em 155, a posição dos discípulos, na mesma esteira, Irineu em 170 d.C, confirma a posição de Policarpo ao bispo Vitor I. João e os outros apóstolos ensinaram observar a Santa Ceia no 14º (décimo quarto) dia do primeiro mês bíblico, independente do dia da semana, contrariando argumentos dos anciãos romanos, descortinando mais uma mentira de Pedro e Paulo celebrarem Santa Ceia no domingo após a Sexta-feira da Paixão. A igreja latina manipulou obras Patrísticas, criou epístolas alegóricas falsamente atribuída a Barnabé, cartas de Inácio e rolos fraudulentos, com um único propósito, criar vínculo entre o dia pagão, domingo, com os dias apostólicos, rejeitando e ocultando a verdade:
A fim de ocultar esses fatos cruciais – com a aparente intenção de conectar o título à época de Inácio, discípulo de João, e assim estabelecer uma correspondência entre o domingo e o "dia do Senhor" mencionado por aquele apóstolo – uma série de fraudes notáveis foram criadas, as quais tivemos a oportunidade de analisar.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 150
Das oito cartas atribuídas a Inácio, cinco eram falsas, as três restantes não confirmam a doutrina de transformar domingo no dia do Senhor. Outrossim, o dia do Senhor da igreja Católica foi forjado em meados do ano 194 d.C., a 200 d.C. É possível afirmar com certeza, o domingo nunca foi instituição apostólica nas igrejas Cristãs fiéis ao Senhor, a exemplo de Antioquia e Ásia Menor, fato comprovado na posição de Policarpo e Irineu negando santificação ao venerável dia pagão do sol.
De fato, a igreja romana, de forma unilateral, exaltou o domingo paulatinamente, primeiro mudou a data da Ceia ancorados na ressurreição de Cristo, posteriormente a igreja guardou o sábado e festejava no domingo, em sequência foi ordenado a igreja jejuar Sábado e congregar domingo, por fim, substituiu a santidade do Sábado do sétimo dia para o venerável dia do sol, domingo, perseguindo e excomungando opositores. A título de exemplo, impende registrar oito bispos da igreja primitiva conservando a doutrina dos apóstolos, continuaram celebrando Ceia na data bíblica, 14º dia de abibe, conforme relata Eusébio, o bispo Polícrates liderou o movimento opondo-se ferozmente ao arrogante bispo romano, Vitor I:
Os bispos, porém, da Ásia, perseverando na observância do costume transmitido a eles por seus pais, eram liderados por Polícrates. Este, de fato, havia estabelecido a tradição transmitida a eles numa carta dirigida a Vítor e à igreja de Roma. "Nos, dizia nós, assim, observamos o dia genuíno, sem pôr nem tirar. Pois na Ásia grandes luzes já dormem, as quais ressuscitarão no dia da manifestação do Senhor, em que Ele virá do céu com glória e levantará todos os santos; Filipe, um dos doze apóstolos, que dorme em Hierápolis, e suas filhas virgens idosas. Sua outra filha também, tendo vivido sob influência do Santo Espírito, agora igualmente repousa em Éfeso. Além disso, João, que descansou no seio de nosso Senhor; que também era sacerdote, vestindo a placa sacerdotal (petalon), mártir e também mestre. Ele está sepultado em Éfeso; também Policarpo de Esmirna, ambos bispos e mártires. Também traséias, bispo e mártir de Eumênia, sepultado em Esmirna. Por que eu mencionaria Sagaris, bispo e mártir, que repousa em Laodicéia, além dele, o bendito Papírio e Melito, o eunuco cujo andar e conversão foram totalmente influenciados pelo Espírito Santo, que agora descansa em Sardes, aguardando o episcopado do céu, quando se levantará dos mortos? Todos eles observaram o décimo quarto dia da páscoa de acordo com o evangelho, não se desviando em nada, antes, seguindo a regra da fé. Além disso, eu, Polícrates, o menor de vós todos, de acordo com a tradição de meus parentes, alguns dos quais segui. Pois houve sete bispos parentes meus, sendo eu o oitavo; e meus parentes sempre observaram o dia em que o povo (isto é, os judeus) lançavam fora o fermento. Eu, portanto, irmãos, vivo agora há sessenta e cinco anos no Senhor e, tendo estudado todas as Escrituras Sagradas não me alarmo com essas coisas com que sou ameaçado para me intimidar. Pois os que são maiores que eles disseram: devemos obedecer a Deus e não a homens.
DE ESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 192-193
Todos os bispos da Ásia Menor, elencados por Polícrates, inclusive João, celebraram a Santa Ceia no dia 14 de abibe, conforme o Evangelho apostólico. Como exposto, houve forte oposição a mudança arbitrária sem endosso das Escrituras na data da Ceia, do dia quatorze de abibe para o primeiro domingo, sob alegação da ressurreição de Jesus santificar o famigerado dia. Se os bispos, líderes da Igreja primitiva rejeitaram mudar a data da ceia para glorificar o domingo, mesmo sob alegação de Jesus santificar o dia com a ressurreição, imagine, se nesse momento a mudança alegada fosse do Sábado para domingo, com certeza, haveria ferrenha oposição, em proporções ainda maiores comparada com a resistência a mudança na data da Ceia, pelo simples fato do Sábado figurar cunhado no quarto mandamento escrito pelo dedo de Deus.
Os fatos e fundamentos apresentados desmentem a tese dos Patrísticos antenicenos substituírem o Sábado do sétimo dia para o sábado cristão. Na data apontada não existia nenhuma controvérsia ou movimento fomentando mudar o Sábado do sétimo dia para o sábado cristão, domingo.
É de bom tom anotar, o primeiro registro documentado, apontando a tentativa do bispo de Roma dominar a igreja cristã, foi por meio do edito favorável ao domingo. Leia-se, trata-se da primeira tentativa de usurpação papal. Todas as igrejas cristãs observavam a Santa Ceia, entrementes, enquanto as igrejas do Oriente celebravam a Ceia no 14º dia de abibe, não importa em qual dia da semana caísse a data, a igreja Latina, celebrava no primeiro domingo após a sexta-feira santa. Inconformado, tentando dominar o cristianismo, Vitor, bispo de Roma, no ano 196 d.C., impôs o costume romano a todas as igrejas cristãs, compelindo-as observar a Ceia no primeiro domingo após o dia 14º de abibe. A história classifica como mais antiga pretensão de domínio sobre o cristianismo, contudo, as Igrejas da Ásia Menor, informaram ao arrogante bispo, Vitor, a impossibilidade de mudar a data recebida dos apóstolos, para cumprirem ordem arbitrária. Acerca do fato, o historiador Bower relata:
Ao receber essa carta, Victor, dando rédeas a uma paixão impotente e desgovernada, publicou amargas injúrias contra todas as igrejas da Ásia, declarou que elas estavam excluídas da comunhão com ele, enviou cartas excomungando seus bispos e, ao mesmo tempo, a fim de excluí-los da comunhão de toda a igreja, escreveu para os outros bispos, exortando-os a seguir seu exemplo e cortar a comunicação com os insubmissos irmãos da Ásia.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 181
Nos relatos do historiador, ninguém seguiu o conselho de Vitor, ninguém deu atenção a suas cartas excomungando os irmãos da Ásia Menor, nem demonstrou a menor inclinação de apoio a iniciativa repulsiva e tirânica. A respeito do fato em questão, escreveu o renomado historiador Bower:
Depois que a iniciativa de Victor foi frustrada, seus sucessores tomaram o cuidado de não reavivar a controvérsia. Desse modo, os asiáticos seguiram em paz sua antiga prática até o Concílio de Niceia, o qual, como gesto de cortesia a Constantino, o Grande, ordenou que a solenidade da Páscoa passasse a ser observada universalmente no mesmo dia, segundo o costume de Roma.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 181
Um passo grandioso foi alcançado em favor do domingo no Concílio de Nicéia (325), contudo, a vitória em favor do domingo não foi consumada nessa batalha, segundo testemunho de Heylyn:
Até que o grande Concílio de Niceia [325 d.C.], apoiado pela autoridade de um imperador tão poderoso [Constantino], decidiu a questão melhor do que antes; ninguém, exceto alguns cismáticos dispersos que apareciam de quando em quando, ousou se opor à resolução daquele famoso sínodo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 181
Cismáticos dispersos, foram cristãos sinceros, opondo-se a decisão arbitraria, sem endosso das Escrituras, romperam todos os laços com a Igreja latina, entre eles encontram-se os Valdenses. Constantino uso sua influência para induzir o Concílio de Nicéia, decidindo a questão em favor de Roma, obrigando celebrar a Ceia domingo, hoje, popularmente conhecido como domingo de Páscoa. Em sua tese para justificar a páscoa no domingo Constantino afirmou: "Não tenhamos nada em comum com o populacho mais hostil dos judeus". Os Patrísticos latinos, odiavam os judeus, se opondo a qualquer doutrina oriunda do judaísmo, entre elas o Sábado do sétimo dia. As infundadas hostilidades ao judaísmo, justificaram a exclusão do Sábado da Criação na Igreja Latina.
Em assim sendo, uma lei promulgada por Constantino apoiando a instituição pagã do domingo, passou à categoria de ordenança cristã, fundamentado com documentos falsificados atribuindo autoria aos Patrísticos antenicenos. Quatro anos após o edito dominical de Constantino, a vontade da igreja católica prevaleceu, conforme comprovação do Concílio de Nicéia em 325 d.C, ao estabelecer a festa anual da Páscoa celebrada aos domingos em detrimento do 14º dia de abibe, conforme os apóstolos observavam. O paganismo triunfou, a instituição dominical criada na antiguidade longínqua foi elevada ao poder supremo destronando o santo Sábado do sétimo dia na igreja latina. Por fim, diga-se, os amantes da festa pagã, domingo, devem o triunfo a Constantino e ao papa Silvestre. Constantino elevou a festa pagã ao trono do Império romano, transformando-o em dia de descanso de parte das ocupações; noutro giro, o papa Silvestre cobriu a festa pagã, domingo, de santidade, elevando o domingo, ao honroso nome de dia do Senhor, ancorado nas declarações de Tertuliano no ano 200 d.C. Orígenes, Cipriano, Anatólio, Comodiano, Pedro de Alexandria, entre outros, entrementes, nenhum deles reivindicou o famigerado título a qualquer autoridade apostólica, pelo contrário, Tertuliano não omitiu o fato de fundamentar a instituição humana do domingo a autoridade da igreja pautada em tradições e costumes.
O Paganismo Latino
É de bom tom realçar os pilares da igreja primitiva, destacando os evangelhos Latino, Grego, Celta (Ásia Menos) e Antioquia (Siríaco). Os bispos romanos, líderes da igreja Latina, adornaram mentiras com manto de santidade, todavia, a camuflagem não a tornou verdade, continua destilando veneno vitimando almas. No presente capítulo se faz necessário descortinar as mentiras levantadas visando enaltecer a festa pagã, domingo, como dia do Senhor. Em verdade, a festa pagã do dia do sol, domingo, era celebrada antes da concepção do cristianismo, sua origem se perde na escuridão pagã. O inusitado fato, motivou as razões da igreja Latina acolher a festa pagã do domingo, segundo Morer, citado por Andrews:
Não devemos negar que tomamos o nome desse dia emprestado dos antigos gregos e romanos. Reconhecemos também que os antigos egípcios adoravam o sol e, como memorial palpável de sua veneração, dedicaram o primeiro dia a ele. Encontramos, também, pela influência do exemplo deles, outras nações, dentre elas os próprios judeus, prestando homenagem ao sol. Tais abusos, porém, não impediram os pais da igreja cristã, de modo que simplesmente repudiassem ou deixassem de lado, por completo, o dia ou o seu nome, mas, ao contrário, levaram-nos a santificar e fazer uso de ambos, o que também fizeram com os templos pagãos, antes poluídos com ritos idólatras – uma postura que esses bons homens adotaram em outros casos, mostrando-se sempre cuidadosos em efetuar mudanças em coisas que iam além do que era evidentemente necessário, e em coisas claramente inconsistentes com a religião cristã.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 173-174
Eis a origem do sábado cristão, domingo, em verdade não passa de instituição humana, oriunda do paganismo com endosso de alguns Patrísticos alegóricos, papas e filósofos pagãos introduzidos na igreja como lobos em pele de ovelhas.
Com efeito, o domingo não foi santificado por Deus, portanto, não é instituição divina, o domingo foi separado e santificado pelos pagãos antes de surgir cristianismo, em homenagem ao deus sol, ídolo pagão. Andrews cita o lexicógrafo (dicionarista) Webster, definindo o primeiro dia da semana na língua inglesa:
Domingo [Sunday]: assim chamado porque este dia era dedicado ao sol ou a sua adoração na antiguidade. O primeiro dia da semana; o sábado cristão; dia consagrado ao descanso dos afazeres seculares e à adoração religiosa; o dia do senhor.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 171
Com efeito, os demais dias da semana empunham nomes pagãos, entrementes, somente o domingo ostenta título de festa pagã celebrada nos dias apostólicos. Em sua renomada obra, Andrews cita a North British Review [Revista Norte-Britânica], apontando desesperada tentativa de justificar a observância do domingo na seara cristã, chamando o dia de "o feriado solar", festa homenageando o sol, em todas as eras pagãs. Eis o texto:
Os mais antigos povos germânicos eram pagãos e se apropriaram do primeiro dia da semana para adoração especial ao sol, razão pela qual esse dia ainda mantém em nossa língua inglesa o nome de Sunday [domingo – dia do sol]. Eles também adotaram o dia seguinte para adoração especial à lua, razão pela qual o nome Monday [segunda-feira – lit. dia da lua – moon, em inglês] permanece conosco. Dedicaram o dia posterior aos desses grandes astros celestes para a adoração específica a Tuisco, seu grande e célebre deus, razão por que conservamos em nossa língua o nome Tuesday [terça-feira – dia de Tuisco].
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 172
Com precisão cirúrgica, a citada North British Review, narra a introdução da antiga festa pagã na igreja cristã como serpente rastejante:
Aquele dia específico era o Dia do Sol [Sunday] de seus vizinhos pagãos e respectivos conterrâneos; e o patriotismo alegremente os uniu em nome da conveniência, transformando imediatamente o domingo no dia do Senhor e descanso sabático deles. [...] Se a autoridade da igreja for completamente ignorada pelos protestantes, não haverá problema, pois a oportunidade e a conveniência comum tomarão o seu lugar, como argumentos suficientes para uma mudança tão cerimonial como essa, que diz respeito simplesmente ao dia da semana em que se devia observar o descanso e a santa convocação do sábado judaico. De fato, a igreja primitiva não podia escapar de adotar o domingo, até que ele se tornou consolidado e supremo, quando já era tarde demais para fazer outra alteração. E não era irreverente ou desagradável adotar o domingo, uma vez que o primeiro dia da semana já era o dia respeitado pelos pagãos, de qualquer forma; por isso, sua aceitação e civilidade foram recompensadas pela santidade redobrada de sua festa silenciosa.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 172
A igreja latina afastou-se dos princípios da verdade e de Deus unindo-se aos pagãos. Patriotismo e conveniência não são vetores suficientes para mudar a guarda do verdadeiro Sábado, dia do Senhor, para o famigerado domingo na Igreja apostólica. Como visto, o mundo pagão observava o domingo em honra ao deus sol, facilitando a igreja latina, apostatada, substituir lentamente o Sábado da Criação para o famigerado domingo, acobertado com manto de santidade elevado à categoria de sábado cristão.
Como cediço, alguns Patrísticos foram filósofos pagãos antes de aceitarem o cristianismo, infelizmente, trouxeram para o cristianismo práticas pagãs, alegorismos e antigos conceitos e princípios. De modo específico, uniram-se aos pagãos no culto ao sol, aderindo à festa pagã do domingo. O domingo era uma festa semanal, amplamente celebrada em honra ao deus sol pelos pagãos e alguns Patrísticos latino. Entre os afamados Patrísticos alegóricos, encontra-se Justinho Mártir (100-165 d.C), autor de afamada Apologia dirigida ao imperador pagão romano. Justino encontrava-se em Roma quando iniciou severa perseguição contra cristãos no reinado de Antônio Pio, sucessor de Adriano, forçando Justino Mártir escrever a famigerada Apologia em favor dos cristãos dirigida ao Imperador:
Assim, ao apresentar ao imperador pagão de Roma uma "Apologia" em favor de seus irmãos, Justino toma o cuidado de mencionar três vezes que os cristãos realizavam suas reuniões nesse dia geral de guarda. Portanto, o domingo aparece pela primeira vez na igreja cristã como uma instituição idêntica, na época, à festa semanal dos pagãos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 174
Justino Mártir, desvinculado dos princípios apostólicos, bajula o imperador romano enaltecendo o dia de guarda pagã, domingo. Justino Mártir foi o primeiro a mencionar a festa pagã, celebrada ao deus sol domingo, na igreja cristã latina, em assim sendo, o testemunho mais antigo em favor da observância do primeiro dia é da lavra de Justino Mártir, escrito em 140 d.C. Argumentou o alegórico Patrístico:
Nos reunimos [no domingo], nesse dia que foi o primeiro dia em que Deus Se propôs a trabalhar no tenebroso vazio, a fim de criar o mundo, e no qual nosso Salvador Jesus Cristo ressuscitou dos mortos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 178
Em resposta aos gélidos argumentos de Justino Mártir, tentando justificar a observância do dia pagão, O bispo inglês Jeremy Taylor (1613-1667), retrucou apropriadamente:
O primeiro argumento parece mais uma desculpa do que um motivo válido; pois, se alguma parte da criação fosse o motivo para a guarda de um sábado, teria que ser o fim dela, não o início; teria que ser o restante, não a primeira parte da obra; teria que ser a razão que Deus escolheu, e não alguma razão que o ser humano decidisse adotar como justificativa posterior.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 178
Justino Mártir era forte oponente ao Sábado do sétimo dia. O primeiro vestígio de observar domingo na igreja cristã ocorreu em Roma, os bispos romanos não economizaram esforços na implantação do domingo pagão com dia de guarda, transformando-o em sábado cristão.
Vale lembrar, a questão quartodecimana encontrava-se na época em pleno vapor, de 120 d.C., a 196 d.C., justificando a contaminação de Justino Mártir, ferrenho defensor da mudança na data da Ceia do 14º dia de abibe para primeiro domingo após a supracitada data, pautado na ressurreição de Cristo, justificando santidade ao dia pagão, transformado em sábado cristão.
Outro imponente Patrístico alegórico, anteniceno, defensor da festa pagã celebrada domingo foi Tertuliano (160-220), sessenta anos após a famigerada Apologia de Justino Mártir, reconheceu motivos sobejos para as pessoas acreditarem na adoração do sol pelos cristãos latinos, reverenciando domingo, disse o Patrístico:
Mas ele respondeu que, embora adorassem virados para o leste, como os pagãos, e dedicassem o domingo para se alegrar, era por uma razão bem diferente do que a adoração ao sol. Em outra ocasião, ao defender seus irmãos da acusação de adorar o sol, ele reconhece que tais atos – a oração voltada para o oriente e o domingo como dia de festa – de fato davam aos outros a chance de pensarem que o sol era o deus dos cristãos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 174
Tertuliano, testemunha o fato do domingo tratar-se de festa pagã, introduzido na igreja cristã por instituição humana, afrontando a instituição divina do Sábado do sétimo dia. A comprovação do alegado sustenta-se no fato de Tertuliano não apresentar nenhuma justificativa bíblica, preceito divino ou exemplo dos apóstolos para justificar a observância do primeiro dia da semana. Em sua defesa, alega o simples direito de observar o domingo, tanto quanto os pagãos.
Inundado em contradições, fato compreensível no caso de Tertuliano, o Patrístico nasceu próximo a era apostólica conservando conhecimento da igreja primitiva, contaminado pela galopante apostasia vivenciada em seus dias. O sábado era observado pelos cristãos, concomitante com celebração da festa pagã no primeiro dia, contudo, em momento de plena lucidez, Tertuliano deita por terra a pretensão dos defensores da guarda do domingo ancorados nos escritos dos Patrísticos antenicenos. Acerca do Sábado do sétimo dia Tertuliano escreveu:
Pois, até mesmo no caso diante de nós, Ele [Cristo] cumpriu a lei, enquanto interpretava a natureza dela. [Além disso], Ele mostrava em clara luz os diferentes tipos de obras, enquanto fazia aquelas que estavam dentro dos limites da santidade do sábado, [e] enquanto conferia ao próprio dia de sábado, que desde o princípio fora consagrado pela bênção do Pai, uma santidade adicional por meio de Suas próprias ações beneficentes. Pois Ele forneceu salvaguardas divinas a esse dia — um procedimento que Seu adversário teria adotado com relação a outros dias, a fim de evitar a honra ao sábado do Criador e a restituição, devida ao sábado, das obras apropriadas a esse dia. Uma vez que, de maneira semelhante, o profeta Eliseu restaurou à vida, nesse dia, o filho morto da mulher sunamita, veja você, Oh! fariseu, e você também, Oh! Marcião, como era [o uso adequado] dos antigos sábados do Criador para o fazer o bem, para salvar a vida e não destruí-la; como Cristo não introduziu nada novo, que não fosse segundo o exemplo, a gentileza, a misericórdia e também a presciência do Criador. Pois nesse mesmo exemplo Ele faz o anúncio profético de uma cura específica: "As mãos enfraquecidas são fortalecidas", da mesma maneira que "os joelhos débeis" do enfermo paralítico foram fortalecidos. — Tertuliano contra Marcião, livro 4, cap. 12
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 84-85
No supracitado texto Tertuliano confirma o fato de Deus amar o Sábado e não odiar, ao seu viso o Salvador não revogou o Sábado, atribui a origem do Sábado a Criação perpetuado como instituição de salvaguarda divina. Ademais, assevera o Patrístico, o adversário, Satanás, gostaria de adotar santidade aos outros dias da semana. Leia-se, Satanás ficaria feliz caso Cristo adornasse o domingo de santidade, transformando-o em sábado Cristão. Como Cristo não fez a famigerada obra, Satanás se empenhou em revestir o domingo pagão com manto de santidade, transformando-o em sábado cristão. No aludido texto, Tertuliano deu golpe mortal na pretensão dos adoradores do sol moderno, tentando justificar a observância do domingo pautado nos Patrísticos antenicenos. Tertuliano testemunha em favor do Sábado do sétimo dia, da Criação, em seus dias o domingo não passava de instituição humana, originado pela tradição, firmado pelo costume e sustentado pela fé deturpada dos cristãos, ainda não era considerado sábado cristão.
Cento e vinte anos após Tertuliano, o Imperador Constantino (272-337 d.C), promulgou edito favorecendo a festa pagã do sol, declarando domingo dia venerável, com observância obrigatória em todo vasto império romano, tanto na igreja como no Estado. O domingo encontrou guarida na igreja cristã latina como festa pagã, coberto com manto de santidade pautado na ressurreição de Cristo, para justificar seu acolhimento. Atribuir a ressurreição de Cristo ao domingo facilitou transformar o dia pagão de adoração em sábado cristão.
Precisamente no quarto século, um fato marcante declinou a balança em favor da imposição da observância do domingo, não foi da lavra do Senhor, de Cristo ou dos discípulos. Trata-se do edito do Imperador Constantino, em favor do venerável dia do sol, prática pagã acolhida pelo supracitado Imperador romano, em 321, eis o teor do edito:
Que todos os juízes e moradores das cidades, e os trabalhadores de todos os ofícios, descansem no venerável dia do sol; mas que os habitantes dos campos, sem qualquer restrição e em plena liberdade, cuidem do trabalho da agricultura; pois com frequência acontece de nenhum outro dia ser tão apropriado para semear milho e plantar vinhas; para que não aconteça de deixarem passar o momento crítico e perderem os produtos concedidos pelo Céu. Promulgado no sétimo dia de março; Crispo e Constantino sendo cônsules, ambos pela segunda vez.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 225
O Edito de Constantino obriga o povo pagão descansar e guardar o venerável dia do sol, domingo, em todo o Império romano, descansando em todas as cidades e vila, todavia, libera o trabalho nos campos, comprovando não haver pecado trabalhar domingo. Outrossim, o edito trata o dia da ressurreição de Cristo, como venerável dia do sol, dia endereçado à adoração ao sol e não a Cristo. Em verdade Cristo e os discípulos desconhecem santidade e adoração no venerável dia do Sol, portanto, Cristo rejeita adoração no dia separado para adoração pagã com manto de santidade cristã. A lei de Constantino respalda os pagãos adorarem no venerável dia do sol, fato aproveitado pelos bispos latinos para obrigar os cristãos adorar Cristo no dia pagão.
Antes de desfrutarem apoio imperial, os bispos romanos atacam novamente, concentraram grande esforço rebaixando o Sábado da Criação, relegado à categoria de dia de jejum, enquanto o domingo figurava como dia festivo, de alegria e prazer secular. As igrejas orientais, se recusaram cumprir a famigerada ordem antibíblica, as Igrejas da Ásia Menor e Antioquia, mantiveram a observância do Sábado bíblico intacta, partes das igrejas do Ocidente, filiadas a Roma, transformaram o Sábado em dia de jejum, deflagrando grande batalha, fato narrado por Heylyn:
Essa diferença permaneceu por bastante tempo, até que, por fim, a igreja de Roma venceu a causa e o sábado se transformou em um jejum em todas as partes do mundo ocidental. Digo o mundo ocidental e apenas este. As igrejas do Oriente estavam tão longe de mudar seu antigo costume que, no sexto concílio de Constantinopla, em 692 d.C., elas admoestaram as igrejas de Roma para que deixassem de jejuar naquele dia sob pena de censura.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 184
É um suave refrigério, testemunhar igrejas do Oriente, entre elas Ásia Menor e Antioquia, permanecerem fiéis aos princípios apostólicos, observando o Sábado do sétimo dia firmemente contra a usurpação de Roma. O supracitado texto elencado, comprova o fato das igrejas do Oriente guardarem o Sábado como instituição divina, opondo-se ferozmente ao sábado cristão, domingo, por tratar-se de criação humana, pagã.
William James, em sermão proferido na Universidade de Oxford, Inglaterra, narra a época do surgimento do costume de jejuar Sábado na igreja latina, em sua retórica, sustentou, "A igreja ocidental começou a jejuar aos sábados no início do terceiro século". Leia-se, depois do ano 200 d.C. O historiador Neander explica os motivos da igreja romana jejuar Sábado, segundo ele:
Nas igrejas ocidentais, sobretudo na de Roma, onde a oposição ao judaísmo era a tendência predominante, essa oposição levou ao costume de celebrar o sábado especialmente como dia de jejum.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 184
A oposição ao judaísmo, narrada pelo historiador, é na verdade oposição à guarda do Sábado do sétimo dia, como dia de descanso. Fato confirmado pelo Dr. Charles Hase, da Alemanha, na narrativa do historiador o motivo é claro:
A igreja romana considerava o sétimo dia um dia de jejum, em oposição direta àqueles que o viam como um dia de descanso [um sábado]. O domingo continuou a ser uma festividade de júbilo, na qual todo jejum e todos os afazeres mundanos eram tão evitados quanto possível; contudo, o mandamento original do decálogo a respeito do sábado não era aplicado a esse dia [o domingo] naquela época.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 185
O domingo era celebrado como festa de prazeres, não era guardado com as restrições e santidade cabíveis ao sábado. Quem guardava o Sábado bíblico, na época em comento, era desprezado, considerado judaizante e herege. Neste sentido, emerge elucidativos esclarecimentos de Lord King, citado por Andrews:
Algumas das igrejas ocidentais, a fim de não parecerem judaizantes, jejuavam aos sábados, conforme escreve Victorinus Petavionensis: 'Temos o costume de jejuar no sétimo dia. E é nosso hábito jejuar a fim de não parecer, como os judeus, que guardamos o sábado.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 185
O grande esforço da Igreja Latina em suprimir o Sábado do sétimo dia da igreja, passa pela imposição de jejuar no Sábado, parecendo desprezível aos homens, criando obstáculos e desconforto no deleitoso dia do Senhor. Noutro giro, exaltavam o festivo dia pagão, domingo, observado com festa, esportes, orgias e prazeres seculares, acobertado com manto de santidade pautado na ressurreição de Cristo.
Por fim, sem resquício de dúvidas, o Sábado do sétimo dia era guardado na igreja primitiva, enquanto o domingo, copiado do paganismo, foi introduzido na igreja latina, sustentado pela tradição, fortalecido pelo costume e confirmado pela fé. Fato narrado pelo Dr. Heylyn:
Dessa maneira vemos sobre qual alicerce está firmado o dia do Senhor. Primeiro, sobre o costume e consagração voluntária desse dia a reuniões religiosas. Tal costume foi encorajado pela autoridade da igreja de Deus, que tacitamente o aprovou e, por fim, o confirmou e ratificou por meio de príncipes cristãos por todos os domínios deles. Como dia de descanso e interrupção dos negócios, este recebeu sua maior força por parte do magistrado supremo enquanto ele manteve o poder que a ele pertence, bem como, posteriormente, dos cânones, decretos de concílios e nas decretais de papas e ordens de prelados específicos, quando a administração de questões eclesiásticas se restringiu exclusivamente à igreja.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 231
O Sábado da Criação é uma instituição divina, criado por Deus, fundamentado nas Escrituras, Velho e Novo Testamento, obedecido pela igreja de Deus do Éden ao Éden. O domingo, por sua vez, não tem fundamento nas Escrituras, trata-se de instituição pagã, humana, concebido no paganismo foi introduzido na igreja cristã latina usurpando o verdadeiro Sábado da Criação, ancorado na tradição humana, fortalecido pelo costume, confirmado pela fé e imposto por dogmas da igreja, cânones, prelados corruptos, concílios contraditórios e bulas papais. Aos observadores do verdadeiro Sábado, estigmatizados de proscritos, judaizantes e hereges, restou perseguição, fogueira, tortura, desprezo e morte, vítimas da igreja Católica, condenados pelos santos papas sem Deus. Estas almas, esculpidas no livro de Apocalipse como as almas debaixo do altar suplicam por vingança.
A Guarda do Domingo nos Três Primeiros Séculos
Quando a humanidade se afastou de Deus, Satanás os levou a adorar o sol no primeiro dia de trabalho, acobertado com nome de oitavo dia, intitulou como memorial de adoração ao deus sol, unindo-os aos pagãos. Entrementes, nenhum servo de Deus reivindicou autoridade divina para observância do domingo, nenhum deles ouviu falar da mudança do Sábado da criação para o primeiro dia de trabalho, não acreditavam na mudança do Sábado para festa pagã do domingo em continuação do Sábado, nunca foi proibido trabalhar domingo, salvo, nos horários das reuniões. Era exigido abstinência de trabalho secular somente para dirigirem-se à igreja. Nos três primeiros séculos os deveres religiosos reivindicados dos cristãos católicos aos domingos eram, leitura e explicação bíblica, celebração da ceia (missa) e recolhimento de ofertas, o dia deveria ser de alegria, não podia jejuar nem orar de joelhos, segundo Irineu, em comemoração à ressurreição de Jesus ninguém podia dobrar os joelhos, criando-se o costume de orar em pé ou sentado.
Tertuliano, por sua vez, descreve a celebração do domingo nos termos seguintes:
Dedicamos o domingo ao regozijo, e depois acrescenta: Possuímos certa semelhança com aqueles dentre vocês que dedicam o dia de Saturno à tranquilidade e ao prazer.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 188
O domingo era dedicado à recreação, acima da adoração, não havia proibição de atividade laboral, segundo Dr. Heylyn:
Tertuliano nos conta que eles dedicavam o domingo parcialmente à alegria e à recreação, e não totalmente à devoção. Cem anos depois dos dias de Tertuliano, não havia, na igreja cristã, nenhuma lei ou constituição para impedir os homens de trabalhar nesse dia.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 189
Nos três primeiros séculos, o domingo foi introduzido sorrateiramente na igreja latina, como serpente rastejante. Não havia proibição de trabalhar domingo. O Sábado do sétimo dia era guardado de acordo com o Decálogo, a forma ensinada pelos apóstolos. A guarda do domingo citada por Tertuliano assemelha-se a celebração pagã, precisamente germânica, o domingo era separado para adoração e recreação. Tertuliano narra a única declaração anterior à lei dominical de Constantino, escreveu o Patrístico:
Nós, porém (assim como recebemos), somente no dia da ressurreição do Senhor, devemos nos guardar, não só de nos ajoelhar, mas de toda postura e ocupação de preocupação, pospondo até mesmo nossos negócios, para não darmos lugar ao Diabo. De maneira semelhante, também, no período do Pentecostes, o qual distinguimos pela mesma solenidade de exultação.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 189
Quando Tertuliano relata "pospondo até mesmo nossos negócios" aos domingos, trata-se de abster-se de trabalho somente no horário da reunião, não retrata proibição de abstinência de trabalho secular em santificação ao domingo, leia-se, trabalhar no domingo não era pecado. Os cristãos nos primeiros três séculos empunhavam apenas duas proibições no domingo:
Consideramos ilícito jejuar ou se ajoelhar em adoração no dia do Senhor. Nós também nos alegramos no mesmo privilégio desde a Páscoa até o Pentecostes.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 189
Os dois únicos ilícitos considerados profanação do domingo era jejuar e ajoelhar (orar de joelhos) em respeito a ressurreição de Cristo. Nunca mencionaram o trabalho laboral como ilícito no domingo. As aludidas proibições são confirmadas por Pedro de Alexandria, disse ele:
Mas celebramos o dia do Senhor como dia de alegria, porque nesse dia Ele ressuscitou, e nesse dia recebemos o costume de nem mesmo dobrar os joelhos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 190
O autor confirma proibição de jejuar e dobrar os joelhos domingo lastreado no costume, portanto, não há base bíblica para considerar domingo dia de alegria, recreação, festa e muito menos santo.
Outra obra antiga retrata reuniões aos domingos, trata-se da famigerada Constituição Apostólica, revela a forma de culto no terceiro século na igreja cristã latina no termo seguinte:
Todos os dias, de manhã e à noite, cantando salmos e orando na casa do Senhor: de manhã, recitando o salmo sessenta e dois, e à noite, o salmo cento e quarenta, mas principalmente no dia de sábado. E no dia da ressurreição de nosso Senhor, que é o dia do Senhor, reúnam-se com mais diligência, rendendo louvor a Deus, que fez o Universo por meio de Jesus, e O enviou para nós.
Caso contrário, que justificativa apresentará a Deus aquele que não se reúne nesse dia para ouvir a palavra salvífica acerca da ressurreição, no qual oramos três vezes de pé, em memória Daquele que ressuscitou em três dias, no qual é feita a leitura dos profetas, a pregação do evangelho, a oblação do sacrifício e a oferta do alimento santo?
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 18
Nos três primeiros séculos a igreja romana guardava o Sábado, sétimo dia e celebrava a festa dominical. Apesar de honrar o verdadeiro sábado, o autor da Constituição Apostólica destaca a celebração do primeiro dia, domingo, obrigando orar em pé, em respeito à ressurreição de Cristo, exibindo despautério insano.
Com efeito, o Sábado continuava observado pelos cristãos solidamente, ao longo dos séculos introduziram sorrateiramente o domingo paulatinamente nas ombreiras da igreja latina. Leia-se, os cristãos observavam o Sábado do sétimo dia. A obra de apostasia não começa extinguindo automaticamente o Sábado, ardilosamente é introduzida instituição humana, pagã, no caso o domingo, pautado apenas na tolerância, em assim sendo é observado o Sábado verdadeiro e a festa pagã do domingo, o segundo passo foi igualar o dia pagão ao Sábado da Criação, por fim, ordenaram jejuar no Sábado, rebaixando o verdadeiro Sábado como judaizante, herético enaltecendo o domingo pagão. Por influência de Roma, adicionaram observância do festivo dia pagão domingo no cristianismo latino, fato comprovado na famigerada epístola aos Magnésios, atribuída falsamente a Inácio:
E após a observância do sábado, que cada amigo de Cristo guarde o dia do Senhor como uma festa, o dia da ressurreição, o rei e o principal de todos os dias.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 191
Na mesma linha segue as chamadas Constituições Apostólicas, comprovando observância do Sábado do sétimo dia e o domingo na igreja cristã, verbis:
Mas guardem o sábado e a festa do dia do Senhor, pois o primeiro é um memorial da criação, e o segundo, da ressurreição.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 193
Ao apresentar razões para celebrar a festa do domingo, Tertuliano é sincero, afirma não encontrar nas Escrituras textos bíblicos para guardar o domingo, segundo o Patrístico:
Se vocês insistirem em encontrar ordens bíblicas claras para estas e outras regras, não acharão nenhuma. A tradição lhes será apresentada como sua originadora, o costume como aquilo que as fortalece, e a fé como o elemento que conduz à sua observância. Que a razão apoiará a tradição, o costume e a fé, vocês mesmos perceberão, ou aprenderão de quem já o percebeu.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 193
Testemunhos bíblicos atribuindo santidade ao primeiro dia da semana nas Escrituras, é escasso, em verdade inexistente. Os próprios defensores da santidade do domingo reconhecem esse fato, em assim sendo tentam justificar alegando costumes, tradições da igreja Católica, testemunhos de Patrísticos alegóricos, Concílios forjados e adulteração de documentos antigos.
Paulatinamente o bispo de Roma adquiriu prestígio e influência, mormente a partir de Vítor I, cerca do ano 200 d.C., adicionando força e vigor às ambições de predomínio do bispo de Roma sobre a igreja e santificação do domingo. Posteriormente fundamentada na conversão nominal de Constantino (311-335), ratificada pelo edito do imperador Justiniano em 533, proclamando o bispo de Roma como: O cabeça das igrejas e o corregedor dos hereges, consolidaram o papado. Leia-se, em sua visão, hereges são cristãos independentes, quem não aceitava o paganismo romano. A imposição do domingo foi construída paulatinamente, seguindo o avanço da influência do bispo de Roma. Como exposto, consolidado o poder papal, criou-se a máxima: a tradição da igreja iguala as Escrituras, favorecendo impor a santificação do domingo, rebaixando o Sábado ao ridículo, rotulando seus guardadores de judaizantes e hereges. Os fundamentos sustentando a santificação do domingo pagão é recheado de contradições, exigindo relatar dois textos de Eusébio de Cesareia, em sua obra Comentários aos Salmos, o bajulador de Constantino no primeiro momento escreveu:
Portanto, como eles [os judeus] rejeitaram-na [a lei do sábado], a Palavra [Cristo], pela nova aliança, transpôs e transferiu a festa do sábado para a luz matinal, e nos deu o símbolo do verdadeiro descanso, a saber, o salvífico dia do Senhor, o primeiro [dia] da luz, no qual o Salvador do mundo, após todos os Seus esforços entre os homens, conquistou a vitória sobre a morte e passou pelos portais celestiais, após ter realizado uma obra superior à dos seis dias da criação.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 234
Segundo Eusébio, Jesus, rejeitou o Sábado, transferindo a santidade do Sábado da Criação para o domingo pagão, em sua visão, a espetacular ressurreição de Jesus no domingo, excedeu as obras da criação, autorizando Jesus promover a substituição do Sábado para o domingo. Entrementes, em outro texto, da mesma obra, o Patrístico, escreveu:
E todas as coisas que eram deveres a serem cumpridos no sábado, nós as transferimos para o dia do Senhor.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 234
Eusébio se contradiz no mesmo texto, primeiro sustentou nova doutrina justificando a santificação do domingo fincado na transferência da santificação do sábado para domingo amparado na ressurreição, no texto seguinte, seus escritos se coadunam com Tertuliano, expondo a verdade, a saber, a mudança foi promovida pela Igreja Católica, ancorada em tradição e costume, impondo aos cristãos obediência ao domingo sob pena de punição por heresia.
Sem resquício de dúvidas, antes da consolidação do papado e das leis dominicais de Constantino, a observância do domingo, a festa pagã dominical foi sustentada e introduzida na igreja latina ancorada na tradição, costume, imposição, excomunhão e perseguição da igreja de Roma, obrigando os cristãos guardarem o Sábado do sétimo dia e a festa pagã do domingo. Paulatinamente obrigaram os cristãos jejuarem Sábado e recrear domingo, dia festivo de ostentação e prazeres. Como visto não existe ordem bíblica para celebrar o domingo, trata-se de instituição humana, introduzida na igreja arbitrariamente sem endosso das Escrituras.
Nos três primeiros séculos da Igreja apostólica, o Sábado era guardado como norma, requisito de salvação, nesse sentido escreveu Irineu:
Pois Deus, no princípio, advertindo [aos judeus] por meio de preceitos naturais, os quais desde o princípio Ele implantou na humanidade, isto é, por meio do decálogo (e se alguém não os observa, não tem salvação), não exigiu mais nada deles nessa época.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 205
Irineu comparou os mandamentos a lei natural imputada no coração do pecador penitente. Herdada pela raça humana, tornou-se dever de todo homem obedecer. Visando fragilizar a observância do Sábado, os bispos latinos forçaram os cristãos jejuar Sábado do sétimo dia e festejar domingo, por fim substituíram o verdadeiro Sábado pelo dia pagão, transformando-o no espúrio sábado cristão, a supracitada falsidade perdura aos dias atuais, acolhida por Católicos e Evangélicos.
Com efeito, os bispos latinos de Roma, transformaram o sábado do sétimo dia em jejum visando rebaixar sua santidade, transferindo os deveres religiosos paulatinamente elevaram o domingo a categoria de sábado cristão, fato visivelmente percebido na famigerada carta aos Magnésios, falsamente atribuída a Inácio, escrita depois do período de Orígenes, no teor do fragmento da Carta:
Portanto, não guardemos mais o sábado segundo o modo judeu, alegrando-nos em dias de ócio; pois 'aquele que não trabalha, que não coma'. Pois dizem os oráculos [sagrados]: 'Do suor do teu rosto comerás o teu pão'. Mas que cada de um vocês guarde o sábado de maneira espiritual, alegrando-se na meditação da lei, não pelo relaxamento do corpo, mas admirando as obras de Deus, e não comendo coisas preparadas no dia anterior, nem tomando bebidas mornas, ou andando uma distância predeterminada, ou encontrando deleite em danças e aplausos que não têm o menor significado. E, após a observância do sábado, que cada amigo de Cristo guarde o dia do Senhor como uma festa, o dia da ressurreição, o rei e o principal de todos os dias [da semana]. Aguardando ansioso por isso, o profeta declarou: 'Tendo como fim o oitavo dia', no qual nossa vida novamente ressurgiu e a vitória sobre a morte foi obtida em Cristo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 215
O aludido texto, recomenda guardar o sábado do sétimo dia e o domingo. O autor retrata a observância do Sábado judaico, o santo dia era celebrado com culto, abstinência de trabalho laboral, dança e aplauso, ou seja, acompanhar hinos com palmas. De inopino, critica o sábado divino exaltando observância do domingo pagão. Nesse diapasão, é forçoso concluir, no terceiro século o Sábado do sétimo dia era amplamente observado na igreja primitiva, infiltraram a festa pagã do domingo sutilmente, contudo, no quinto século, o Sábado da Criação foi fragilizado, fato confirmada pelo historiador Coleman:
O último dia da semana era guardado de forma estrita, em conexão com o primeiro dia, por um bom tempo depois da destruição do templo e de sua adoração. Até o quinto século, a observância do sábado judaico continuou ocorrendo dentro da igreja cristã, mas seu rigor e solenidade diminuíram gradualmente até que ela foi interrompida por completo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 221
Leia-se, o sábado foi definitivamente banido da igreja cristã latina e filiais, substituído pelo sábado cristão, famigerado domingo pagão.
Por fim, se faz necessário trazer à baila trecho das Constituições Apostólicas (antigo documento escrito no terceiro século e falsamente atribuída aos apóstolos), reivindicando santificação ao domingo sem endosso das Escrituras, adornando o domingo de honras e dignidade acima da instituição divina do verdadeiro sábado. Em assim sendo, é forçoso observar, a famigerada Constituição Apostólica, datada do terceiro século, evidencia o fato do domingo no supracitado século ter alcançado considerável força e influência, proibindo escravos trabalharem Sábado e domingo no horário do culto, verbis:
Que os escravos trabalhem cinco dias; mas que tenham folga no dia de sábado e no dia do Senhor para irem à igreja receber instrução na piedade.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 217
No teor do texto, o escravo seria liberado do labor no horário do culto no domingo, entrementes, em outro texto refere-se apenas ao verdadeiro Sábado da seguinte forma:
Ó Senhor Todo-Poderoso, Tu criaste o mundo por intermédio de Cristo, e instituíste o sábado em memória da Criação, porque nesse dia Tu nos fizeste descansar de nossas obras, para a meditação nas Tuas leis.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 217
A supracitada Constituição Apostólica retrata o costume da igreja latina no terceiro século, os cristãos observavam o verdadeiro Sábado, abstendo-se de trabalho temporal em tempo integral, meditavam nas Escrituras e na Lei, regados a dança sacra e palmas nos cultos. Noutro giro, no sábado cristão, domingo, não era pecado trabalhar, a abstinência dos trabalhos temporais era exigida somente para irem à igreja participar dos trabalhos religiosos.
Sem resquício de dúvidas, o verdadeiro Sábado era amado e obedecido nos primeiros séculos da era cristã, embora oprimidos pela imposição da guarda do domingo, o historiador Morer retrata a observância do Sábado divino na Igreja apostólica da forma seguinte:
Os primeiros cristãos tinham grande veneração pelo sábado, e passavam o dia em devoção e sermões. E não se deve duvidar de que receberam essa prática dos próprios apóstolos, conforme atestam vários documentos sobre o assunto. Guardando tanto esse dia quanto o primeiro da semana, deram ocasião para que, nas eras subsequentes, os dois se unissem e se transformassem em uma só festa, muito embora não houvesse o mesmo motivo para a continuação do costume como houve para dar-lhe início.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 220
Os apóstolos nunca ensinaram obedecer ao primeiro dia da semana, haja vista, a introdução da famigerada doutrina surgir após a morte dos discípulos.
A instituição do domingo na igreja cristã foi obra dos bispos romanos, líderes da igreja latina, Sixto I, Aniceto e Vitor I, endossado por Silvestre, forçaram os cristãos acrescentar observância da festa pagã do domingo, no dia seguinte a observância do verdadeiro Sábado, dia amado, obedecido e ensinado pelos apóstolos para igreja. Nesse sentido, converge a posição do supracitado historiador:
Durante as eras iniciais da igreja, ele nunca foi intitulado 'o sábado'. Tal palavra se restringia ao sétimo dia da semana, o sábado judaico, que, conforme vimos, continuou a ser guardado por vários séculos pelos conversos ao cristianismo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 221
O sábado não foi anulado na cruz, a prova do alegado se confirma quando os bispos romanos introduziram a festa pagã dominical celebrada após a observância do sábado.
O aludido costume perdurou por séculos, conforme testifica Ellen White na história da igreja na Etiópia (Abissínia). A supracitada igreja originou-se com o eunuco da rainha Candace, batizado por Filipe, obedeciam ao Sábado nos tempos apostólicos, por influência dos bispos romanos, adotaram o costume de inserir a festa pagã, o domingo. Por séculos a igreja foi esquecida gozando liberdade religiosa, contudo, em meio as espessas trevas da Idade Média a igreja Católica soube de sua existência se apressando em subjuga-la ao cajado da tirania papal, fato narrado pela profetisa, assim:
As igrejas da África observavam o sábado como este fora guardado pela igreja papal antes de sua completa apostasia. Enquanto guardavam o sétimo dia em obediência ao mandamento de Deus, abstinham-se de trabalhar no domingo, em conformidade com o costume da igreja. Obtendo poder supremo, Roma pisou sobre o sábado do Senhor para exaltar o seu próprio; mas as igrejas da África, ocultas quase durante mil anos, não participaram dessa apostasia. Quando posta sob o domínio de Roma, foram obrigadas a deixar de lado o verdadeiro sábado e exaltar o falso; porém, mal adquiriram a independência, voltaram a obedecer ao quarto mandamento.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 583
Os relatos do passado atestam ódio e inimizade de Roma contra o quarto mandamento. As igrejas da Abissínia sacudiram o jugo romano, em assim sendo, voltaram aos princípios religiosos praticados antes. O exemplo narrado comprova observância do Sábado nos três primeiros séculos, no sexto séculos o Sábado foi banido no catolicismo, substituiu pelo espúrio domingo.
Como exaustivamente comprovado, o Sábado do sétimo dia permaneceu como instituição divina na era apostólica, noutro giro, o sábado cristão, domingo, trata-se de instituição humana, fomentada pelo Diabo. Motivo dos apóstolos não endossarem santidade ao primeiro dia da semana, os discípulos guardaram o Sábado do sétimo dia, seguido pela igreja primitiva. Prática interrompida pelos bispos romanos introduzindo a guarda do domingo concomitante com o verdadeiro sábado, até substituir o Sábado divino pelo domingo pagão no sexto século, com ascensão do papado.
A seguir Coleman relata como o domingo pagão substituiu o Sábado da Criação:
A observância do dia do Senhor foi ordenada enquanto o sábado dos judeus ainda era guardado. O sábado só foi suplantado pelo domingo quando o domingo adquiriu a mesma solenidade e importância que pertencia, a princípio, ao grande dia que Deus havia originalmente ordenado e abençoado. [...] Com o tempo, porém, após o dia do Senhor ser plenamente estabelecido, a observância do sábado dos judeus foi gradualmente descontinuada e, por fim, denunciada como herética.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 222
A igreja latina alcançou seu objetivo, ancorada no Estado, lançou mão da Inquisição para perseguir, torturar, mutilar e assassinar sinceros servos de Deus tementes e obedientes ao quarto mandamento da Lei de Jeová, o Sábado da Criação. Quem ousasse levantar defesa das Escrituras em favor do verdadeiro Sábado era hostilizado considerado judaizante e herege. Julgado pela infame Inquisição eram injustamente sacrificados nas fogueiras, saciando a sede de sangue dos hipócritas católicos latinos, ostentavam aparência de piedade, contudo, se revelavam em abutres ávidos por carniça inclinados a destruir as almas clamando debaixo do altar, suplicando por vingança.
O Sábado na Idade Média (Idade das trevas)
Idade Média ou "Idade das Trevas" é um termo humanista aplicado ao período compreendido entre o século V ao século XV. No campo político a Idade Média começa quando Odoacro, rei dos hérulos conquistou Roma em 476 d.C., caindo o Império Romano do Ocidente. Encerrando com a tomada da capital do Império Bizantino, Constantinopla, pelos turcos-otomanos comandados pelo sultão Mehmed II, em 29 de maio de 1453, caindo o Império Romano do Oriente.
Na seara religiosa, o homem do pecado, filho da perdição avançou, sua obra era visível, o sexto século testemunha o desenvolvimento de grande apostasia consumindo as ombreiras da igreja cristã. Com a queda, o Império Romano do Ocidente foi dividido em dez reinos preparando atuação do chifre pequeno profetizado por Daniel. Por volta do ano 533 d.C., do supracitado século o Imperador Justiniano, por edito, tornou o bispo de Roma líder de todas as igrejas cristãs, estabelecendo o papado, cumprindo a profecia de João: Apocalipse 13:4-8. A aludida ascensão do pontífice romano à supremacia da Igreja cristã, inicia a profecia de 42 meses, os conhecidos tempo, dois tempos e metade de um tempo ou mil duzentos e sessenta anos de absoluta treva espiritual predito por Daniel, confirmado por João.
Se faz necessário abrir um comentário acerca do tema. O dragão Satanás deu poder a besta, papado. Neste momento profético a besta foi adorada, o dragão delegou poder e status de adoração a besta por mil duzentos e sessenta anos. O papa usufruiu de domínio supremo sobre os cristãos, sustentado pelo poder secular Ocidental. Nos últimos dias, o dragão, Satanás, será adorado pela humanidade. Como vai acontecer o tenebroso evento? Simples, os Círculos de Cooperação criado pela URI (Iniciativa das Religiões Unidas) sob liderança de William Swing trabalha para nivelar o cristianismo ao ocultismo, regado ao lixo teosófico da madame Blavatsky, Alice Bailey e seus sequazes da Nova Era, a exemplo de Bárbara Hubbard, segundo ela, na Nova Era haverá um novo Cristo e uma nova religião. Helena Blavatsky esperava o desaparecimento das religiões tradicionais, substituída pela religião dos ancestrais, a nível mundial, para adorar o dragão. Quando todas as igrejas cristãs estiverem niveladas ao espiritismo, adorarão no mesmo templo com muçulmanos, hindus, budistas, feiticeiros, satanistas, espíritas, ocultistas entre outras expressões espirituais. Nesse momento Satanás será adorado pela humanidade. Se faz necessário vislumbrar o fato de Roma, igreja Católica, hoje totalmente cooptada pelo marxismo, não conseguir dominar o mundo religioso, apenas parte do cristianismo Ociental, de outro giro, a URI tem completo domínio sobre todas as religiões do planeta financiada por poderosos globalista da ONU. A Igreja Católica não conseguiu subjugar hindus, muçulmanos, budistas, expressões espíritas, portanto, o dragão não poderia ser adorado. No atual momento, a URI alicerça inter-religiosidade, leia-se, mistura de todas as religiões em uma única fé. A URI conseguiu unificar todas as religiões sob pretexto de promover cultura de paz e fim da guerra religiosa. Nesse viés, Satanás será adorado pela humanidade, independente de sua religião. Deus será esquecido, ridicularizado e desprezado pela humanidade, exceto, por sua pequena e humilde igreja, sob severa perseguição, acusada de reacionária e causadora do caos assolando a Terra.
Voltando ao tema principal, diga-se, a obra do mistério da iniquidade cobriu a Terra de densas trevas espirituais, o papado controlava e dominava o cristianismo perseguindo quem questionava o paganismo romano e canonizando assassinos revestidos de autoridade no Tribunal da Inquisição, forçando a verdadeira Igreja do Senhor buscar refúgio nos lugares insólitos, cumprindo-se a profecia no seguinte teor: Apocalipse 12:6. Apocalipse 12:14. Em profecia, mulher simboliza igreja, no caso em comento, a igreja de Antioquia, (por igreja de Antioquia entende-se Teologia de Antioquia, Luciano) fugiu para o deserto, manteve-se na obscuridade conservando pura a doutrina uma vez entregue aos santos, opondo-se ferozmente ao paganismo crescente oriundo do pontífice de Roma, o papa, filho da perdição, homem do pecado, narrado nas Escrituras.
Um vasto arsenal de paganismo romano, como serpente rastejante envenenou o cristianismo, entrementes, no momento se faz necessário ignorar outras apostasias fatais, delimitando-se a mudança do Sábado para festa dominical. Com efeito, a mudança foi progressiva, em etapas, ao longo dos séculos, em especial quinto e sexto século, na Idade das Trevas, a esse respeito o historiador Heylyn declara sua visão da seguinte forma:
Os fiéis, unindo-se ainda melhor do que antes, tornaram-se mais uniformes em pontos de devoção. Nessa uniformidade, concordaram juntos em dar ao dia do Senhor todas as honras de uma festa sagrada. Todavia, isso não foi feito de uma só vez, mas por etapas. Foram necessários o quinto século e quase todo o sexto antes que ele chegasse a sua elevada posição que desde então tem mantido. Nesses tempos, os imperadores e prelados tinham as mesmas inclinações: ambos estavam ávidos para promover esse dia acima de todos os outros. Com os editos dos imperadores e com as constituições eclesiásticas dos prelados, o domingo tem uma dívida pelos muitos privilégios e isenções que desfruta até hoje.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 244
O texto acima confirma o domingo como instituição humana, estabelecido por edito de imperadores e concílios de prelados, sem respaldo das Escrituras. Neste momento, o domingo ainda não havia adquirido o rótulo de sábado, segundo confirmação de três renomados autores. O Primeiro deles, Brerewood, assevera:
O nome sábado permaneceu apropriado para designar o antigo sábado [do sétimo dia], e nunca foi atribuído ao dia do Senhor, a não ser após muitos séculos depois da época de nosso Salvador.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 244
O segundo autor, Heylyn, refere-se sobre o termo sábado na igreja antiga, explicando:
O sétimo dia da semana não tinha outro nome entre eles além daquele pelo qual era chamado no passado: o sábado [ou seja, 'descanso' em hebraico]. Logo, por mil anos ou mais, quando deparamos com o termo sabbatum em qualquer escritor, não importa o nome, ele não deve ser entendido como nenhum outro dia além do sétimo dia da semana.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 244
O terceiro autor é o bispo de Ely, cidade catedral no condado de Cambridgeshire, localizada na região Leste da Inglaterra, trata-se do teólogo arminiano, Dr. Francis White [1564 – 1638], acerca do tema o apontado bispo declarou:
Quando os antigos pais distinguem os dias específicos da semana e lhes dão nomes próprios, eles sempre chamam o sábado de sabbatum, isto é, dia de descanso; e o domingo, que é o primeiro dia da semana, de dominicum, ou dia do Senhor.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 244
Nos primeiros séculos o termo sábado era aplicado unicamente ao sétimo dia na igreja cristã, nenhuma santidade foi transferida do sétimo dia para festa dominical. Justino Mártir, foi o primeiro a intitular o dia pagão cunhando de domingo, coube a Tertuliano intitular a expressão dia do Senhor ao domingo, entrementes, aplicação oficial do domingo como dia do Senhor foi obra do bispo romano Silvestre (285-335 d.C). Quanto a titularidade do domingo como sábado cristão, o historiador Heylyn escreveu:
O primeiro que usou a expressão para denotar o dia do Senhor (o primeiro com quem me deparei em toda essa pesquisa) foi um certo Pedro Afonso. Ele viveu mais ou menos na mesma época que Rupertus [no início do século 12]. Ele foi o primeiro a chamar o dia do Senhor pelo nome de sábado cristão.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 245
No teor da declaração exposta, o nome sábado cristão não foi obra de Jesus ou dos apóstolos, o termo foi criado por instituição humana inundada de apostasia.
Por mais de seiscentos anos, a Igreja Católica permitiu seus membros trabalharem no famigerado dia do Senhor nas horas vagas, leia-se, fora dos horários religiosos. Contudo, passos foram dados no sentido de santificar a festa pagã do domingo no cristianismo. Sem respaldo das Escrituras, os bispos romanos lançaram mãos de apoio secular, edito de imperadores e religioso, decreto de Concílios e documentos falsos atribuídos aos apóstolos e Patrísticos antenicenos. Dá-se por exemplo o primeiro Concílio de Orleans, França, Morer, destaca sua decisão, escrevendo:
No tempo de Clóvis, rei da França, os bispos se reuniram no primeiro concílio de Orleans [507 d.C.], no qual foi firmado o compromisso de que eles e seus sucessores estariam sempre na igreja no dia do Senhor, exceto em caso de doença ou de alguma enfermidade grave. E como eles, juntamente com outros clérigos daquela época, cuidavam de questões judiciais, foi decretado no concílio de Aragão, realizado por volta do ano 518, no reinado de Teodorico rei dos góticos, que 'nenhum bispo, ou qualquer outro pertencente às santas ordens, deve examinar ou julgar qualquer disputa civil no dia do Senhor.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 245
Os concílios anteriores permitiam os católicos julgarem disputas civis aos domingos, assim como, trabalho agrícola no campo, após os trabalhos religiosos aos domingos. Como exposto, o primeiro Concílio do Orleans proibiu os católicos julgarem causas civis aos domingos, contudo, o trabalho agrícola foi proibido no terceiro Concílio de Orleans, verbis:
O trabalho no campo [aos domingos] só foi proibido no concílio de Orleans, em 538 d.C. Era, portanto, uma instituição da igreja, conforme observou o Dr. Paley. Os primeiros cristãos se reuniam na manhã desse dia para orar e cantar hinos em comemoração à ressurreição de Cristo, e então davam continuidade a suas obrigações costumeiras.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 246
Novo concílio foi realizado em 589, criando leis proibindo trabalho aos domingos, sob pena de sofrer sanções penais:
Aconteceu um concílio em Narbona, o qual proibiu todas as pessoas de qualquer país ou posição de realizar qualquer tipo de obra servil no dia do Senhor. Se alguém ousasse desobedecer a esse cânone, pagaria uma multa se fosse livre, ou seria gravemente açoitado, se fosse servo. Surius apresenta a penalidade do edito promulgado pelo rei Recaredus, mais ou menos na mesma época, no ano de 590 d.C., a fim de dar força aos decretos do concílio: 'Os ricos deveriam ser punidos com a perda da metade de suas propriedades e os mais pobres com o exílio perpétuo'. Foi realizado outro sínodo em Auxerre, cidade de Champagne, no reinado de Clotário da França, no qual se decretou [...] 'que nenhum homem deveria ter permissão para arar, usar carro de boi ou fazer qualquer coisa do tipo no dia do Senhor.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 246
Imperadores, prelados e bispos, somaram esforços para santificar o domingo no sexto século, promulgando editos reais e forjando leis em concílios. Contudo, não foi suficiente, para embasar a fraude, milagres foram fabricados fortalecendo a santidade do domingo, sob pena de cair em descrédito por falta de apoio das Escrituras. Em assim sendo, Gregório de Tours relatou:
Que certo lavrador saiu no dia do Senhor para arar o campo. Enquanto limpava o arado com um ferro, este grudou de tal forma em sua mão que, por dois anos, não conseguiu se livrar dele, mas teve de carregá-lo continuamente para todos os lados, trazendo-lhe grande dor e vergonha.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 247
Na mesma linha, se posiciona o Papa Gregório, exortando os romanos expiar, no dia da ressurreição de Cristo, os trabalhos servis praticados nos outros dias da semana. No fim do sexto século, o mesmo Papa Gregório condena quem guarda o Sábado, verbis:
Na mesma epístola, esse papa condenou um grupo de homens em Roma que defendia a estrita observância tanto do sábado quanto do domingo, chamando-os de pregadores do anticristo.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 247
A condenação de Gregório, revela intolerância do papado contra o verdadeiro Sábado, mesmo alinhado com observância do domingo, imposto pelo bispo romano Vitor I no segundo século. De outro lado, a condenação revela guardadores do Sábado bíblico em Roma no sexto século. Não olvidando o fato da Igreja Católica condenar na fogueira da inquisição quem contrariava os dogmas da igreja, obedecendo o Sábado da Criação.
Outro milagre foi creditado na conta do rei inglês em 1155 d.C., metade do século 12, o rei foi advertido para não tolerar trabalho servil aos domingos, segundo o texto:
Conta-se, a seu respeito, que teve uma visão em Cardiff ([...] no sul do País de Gales) de São Pedro, que lhe ordenou que, em todo o seu domínio, aos domingos, não se deveria comprar, vender, nem realizar qualquer obra servil.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 254
Na vã tentativa de iludir o povo, inventaram mensagem fraudulenta de São Pedro, em visão, ordenando santificar o domingo. Contudo, a santidade do domingo não estava consolidada o bastante, carecia de mandado divino coerente provando a mudança do Sábado do sétimo dia par o domingo. A carência foi suprida, fato relatado pelo historiador de alta reputação, Roger Hoveden, viveu na época da produção das famigeradas provas. Hoveden relatou o fato do abade Eustace, de Flaye, na Normandia, viajar à Inglaterra no ano 1.200 para pregar a palavra do Senhor, acompanhado de muitos milagres maravilhosos, o aludido abade era ferrenho defensor da guarda do domingo. Hoveden narrou o conteúdo da pregação afirmando:
Em Londres também, assim como em muitos lugares através da Inglaterra, ele fez,por sua pregação, que, daquele momento em diante, as pessoas não mais ousassem abrir mercados de produtos expostos para venda no dia do Senhor.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 254
O abade foi repelido da Inglaterra pelos servos do Senhor, Eustace não tinha documentos, nem mandamento do Senhor ordenando guardar o domingo, quando foi pregar na Inglaterra. No mesmo ano, Eustace, abade de Flaye, volta à Inglaterra pregando de cidade em cidade, proibindo vender mercadoria aos domingos, desta vez munido de suposto documento divino.
Trata-se de relatos falsos, acerca de um rolo caído do céu, o autor do rolo foi o papa Inocêncio III, contudo atribuiu autoria a divindade. O abade narrou a falsa história do rolo em suas pregações. Eustace voltou à Inglaterra alegando ordenança divina para guardar o domingo, endossado por ordem papal, asseverou: a carta foi enviada a sua santidade de Jerusalém, por pessoas fiéis, testemunhas oculares da descida do rolo do céu a Jerusalém. A respeito dos fatos alegados, o historiador Matthew Paris, contemporâneo dos fatos, escreveu:
Mas quando o patriarca e o clero de toda a terra santa examinaram com grande diligência o conteúdo dessa epístola, foi decretado por meio de uma deliberação geral que a carta deveria ser enviada para o pontífice romano, a fim de que este a julgasse, uma vez que tudo aquilo que ele decretasse que deveria ser feito agradaria a todos. Quando, por fim, a epístola chegou ao conhecimento do senhor papa, ele imediatamente ordenou mensageiros que foram enviados a diferentes lugares do mundo, a fim de pregar em toda parte a doutrina dessa carta; e o Senhor trabalhou com eles e confirmou as palavras deles por meio dos sinais que se seguiram. Dentre eles, o abade de Flay, chamado Eustachius, homem devoto e instruído, que, tendo entrado no reino da Inglaterra, ali brilhou com muitos milagres.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 257
Após a expulsão do abade Eustace da Inglaterra, o famigerado rolo foi forjado e supostamente encontrado em Jerusalém, no gólgota, suprindo a lacuna com provas da mudança do Sábado para o domingo por determinação divina. No mesmo ano Eustace volta a Inglaterra pregando em todas as cidades o conteúdo do rolo, ou SANTO MANDAMENTO SOBRE O DIA DO SENHOR, com a seguinte mensagem:
Que desceu do céu até Jerusalém e foi encontrado no altar de São Simeão, no Gólgota, onde Cristo foi crucificado pelos pecados do mundo. O Senhor enviou esta epístola, que foi encontrada no altar de São Simeão; e, depois de olhá-la, por três dias e três noites, alguns homens caíram por terra, implorando misericórdia a Deus. E depois da terceira hora, o patriarca se levantou, junto com Acharias, o arcebispo, e eles abriram o rolo e receberam a santa epístola de Deus. E quando eles a tomaram, encontraram ali esta escritura:
Eu sou o Senhor, que ordenei que observem o santo dia do Senhor, e vocês não o têm guardado, nem se arrependido de seus pecados, conforme Eu disse em Meu evangelho: 'Passará o céu e a terra, porém as Minhas palavras não passarão’. Visto que, apesar de Eu ter feito com que fosse pregado a vocês arrependimento e mudança de vida, vocês não creram em Mim, então enviei contra vocês os pagãos que derramaram seu sangue na Terra. Ainda assim vocês não acreditaram; e porque vocês não santificaram o dia do Senhor, sofreram fome por alguns dias, mas logo lhes dei fartura e, depois disso, vocês procederam de forma ainda pior. Mais uma vez, é da Minha vontade que ninguém, da nona hora do sábado até o nascer do sol da segunda, realize qualquer trabalho, a não ser aquilo que é bom.
E se alguém o fizer, deve reparar o dano com penitências. E se não obedecerem a este mandamento, em verdade lhes digo e lhes juro por Meu trono, e pelo querubim que guarda Meu santo trono, que não lhes darei Minha ordem por meio de nenhuma outra epístola, mas abrirei os céus e, em vez de chuva, mandarei pedras, madeira e água quente durante a noite, para que ninguém consiga se precaver contra a calamidade, e assim destruirei todos os ímpios.
Isto lhes digo: por causa do dia santo do Senhor, vocês hão de morrer, e por causa de todas as outras festas de Meus santos que vocês não têm guardado, mandarei sobre vocês bestas com cabeça de leão, cabelo de mulher e rabo de camelo. Elas serão tão vorazes que devorarão sua carne, e vocês desejarão fugir para as sepulturas dos mortos e se esconder de medo. Eu tirarei a luz do sol de diante de seus olhos e enviarei trevas sobre vocês, para que, por não conseguirem enxergar, vocês se matem uns aos outros. Assim, removerei de vocês Minha face e não lhes demonstrarei misericórdia, pois queimarei o corpo e o coração de vocês e de todos aqueles que não guardarem o santo dia do Senhor.
Ouçam Minha voz, para que não pereçam na terra por causa do santo dia do Senhor. Afastem-se do mal e se arrependam de seus pecados. Caso contrário, assim como Sodoma e Gomorra, vocês perecerão. Fiquem sabendo que vocês foram salvos pelas preces de Minha santíssima mãe Maria e de Meus santíssimos anjos, que oram por vocês todos os dias. Eu lhes dei trigo e vinho em abundância, mas mesmo assim vocês não Me obedeceram, pois as viúvas e os órfãos clamam diariamente, e vocês não lhes estendem misericórdia. Os pagãos demonstram misericórdia, mas vocês, de modo algum. Farei as árvores frutíferas secarem por causa de seus pecados. Os rios e as fontes não darão água.
Eu lhes dei uma lei no monte Sinai, que vocês não guardaram. Dei-lhes uma lei com Minhas próprias mãos, que vocês não observaram. Por vocês Eu nasci neste mundo, e Meu dia de festa vocês ignoram. Sendo perversos, não guardam o dia do Senhor de Minha ressurreição. Por Minha destra Eu lhes juro que, se não observarem o dia do Senhor e as festas dos Meus santos, mandarei sobre vocês as nações pagãs para que os matem. E ainda assim vocês cuidam dos negócios alheios e não dão nenhuma atenção a isso? Por esse motivo, enviarei contra vocês bestas ainda piores, que devorarão os seios de suas mulheres. Amaldiçoarei aqueles que têm praticado o mal no dia do Senhor.
Aqueles que agem de maneira injusta com seus irmãos, Eu os amaldiçoarei. Amaldiçoarei também aqueles que julgam injustamente os pobres e os órfãos da terra, pois vocês Me abandonam e seguem o príncipe deste mundo. Deem ouvidos a Minha voz e receberão a bênção da misericórdia. Mas vocês não cessam suas obras más, nem as obras do diabo. Por serem culpados de perjúrios e adultérios, as nações os cercarão e, como bestas, os devorarão.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 255-256
O suposto rolo oriundo do céu, foi obra do papa Inocêncio III, elevando o poder e autoridade papal subjugando reinos e plebeus ao poder de seu cajado. O suposto rolo caindo do céu visa selar caráter divino na guarda do domingo. A obra se assemelha a tentação de Cristo no deserto por Satanás. O inimigo das almas, se apresentou a Jesus em forma de anjo de luz. Dizendo ser enviado do céu sugeriu ao Messias transformar pedra em pão. Jesus, retrucou a sugestão por reconhecer a obra satânica, quando o inimigo contrariou as Escrituras se revelou. De modo semelhante, o rolo descortina a obra satânica quando afronta as Escrituras. No teor do rolo, contrario as Escrituras, rebaixa o Sábado, exigindo obediência ao dia pagão, domingo, intercessão de Maria (mariolatria), dos anjos e festa de santos, doutrinas Católica, divorciada das Escrituras, reforçando a idolatria.
Na idade das trevas, superstição, medo e escuridão espiritual imperavam, facilitando o papa inocência III avançar com sua estratégica de dominar as nações. Segundo declaração do aludido Inocêncio III, o pontífice romano é o representante sobre a Terra, não de um mero homem, senão do próprio Deus, cabendo unicamente ao papa interpretar as Escrituras, facilitando forjar documentos atribuindo santidade divina. Dois anos após Eustace chegar a Inglaterra com o rolo, foi realizado um concílio na Escócia, em 1.203, visando consolidar obediência ao domingo apresentaram o rolo para suprir a falta de testemunho bíblico acerca da santidade do domingo. O historiador Morer, escreveu acerca do concílio, da seguinte forma:
Com essa finalidade, ele foi mais uma vez apresentado e lido em um concílio na Escócia, realizado na época do [papa] Inocêncio III, [...] 1203 d.C., no reinado do rei William, que fez com que suas admoestações [...] se transformassem numa lei segundo a qual o sábado, a partir do meio-dia, deveria ser considerado santo, e que ninguém poderia cuidar de questões mundanas proibidas em dias de festa. Além disso, ao toque de um sino, as pessoas deveriam se ocupar com atos santos, como ouvir sermões e coisas do tipo, continuando assim até a manhã da segunda-feira, sofrendo uma penalidade quem agisse de forma contrária. Por volta de 1214, onze anos depois do concílio, foi promulgado mais uma vez, em um parlamento em Scone, por Alexander III, rei dos escoceses, que ninguém deveria pescar desde a oração da tarde do sábado até o nascer do sol da segunda. Tal lei foi confirmada posteriormente pelo rei James I [da Escócia], para debater a introdução e a consolidação.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 260
Finalmente o papado consolidou o domingo como sábado cristão, atribuindo a ele características do verdadeiro sábado, fundamentando com suposto rolo caído do céu, submetendo reinos e crentes independentes cunhando os oponentes de hereges, sujeitos ao rígido julgamento da Inquisição.
A ascensão religiosa e ideológica da Igreja Católica durante a Idade Média marcou distintamente a Europa entre os séculos V e XV (idade das trevas). Contando com igrejas, mosteiros e catedrais espalhadas pela Europa, e apoio de diversas autoridades políticas da época, o catolicismo dominou o cristianismo amparado pelo Estado.
Nesse tempo, principalmente na Baixa Idade Média, os chamados hereges faziam frente à rígida orientação doutrinária do clero católico, interpretando as Escrituras de forma contrária ao dogma católico. Com isso, a partir do século XIII, as primeiras investigações foram autorizadas pela Igreja contra quem representassem ameaça ao poder da Igreja Católica.
Os guardiões da verdade, Igreja no deserto, permaneceu firme, tornando-se uma ameaça ao poder papal, forçando a Igreja Católica acender as chamas da intolerância alimentando as fogueiras da Inquisição queimando os verdadeiros adoradores do Senhor, defensores da sã doutrina.
A Inquisição, ou Santo Ofício, não foi obra do Império Romano, quando a Igreja Católica criou o tribunal da Inquisição, o Império romano havia caído há muitos séculos. O Tribunal da Inquisição foi uma instituição criada no sistema jurídico da Igreja Católica para combater heresias, blasfêmias, bruxaria e costumes considerados ameaçadores ao poder da igreja. Os inquisidores usavam métodos brutais para extrair confissões de supostos hereges, a saber, tortura, violência, mutilações e terror, forçando o inocente acusado confessar crimes, condenando-os a fogueira. Os inquisidores, por fora apresentavam ourela de santidade, por dentro o negro coração, sedento de sangue se fartava do sofrimento de inocentes defensores da verdade utilizando diversos instrumentos de tortura criados por mente satânica. Estes homens, sepulturas caiadas, podre por dentro e adornado por fora, foram canonizados, título de santos, objeto de adoração pelo catolicismo, quanto mais cruel era o monge, maior as honrarias e estampa de santidade.
Segue exemplos de máquinas de tortura utilizada na Inquisição, fonte: NELSON DE AZEVEDO PAES BARRETO: "O SUPLÍCIO DO CORPO E A DESTRUIÇÃO DO EU: SENSIBILIDADES DIANTE DA TORTURA NA HISTÓRIA RECENTE DO BRASIL". (Dissertação apresentada ao MESTRADO EM HISTÓRIA, da Universidade Católica de Goiás, Goiânia/GO, para obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Reinato. Área de Concentração: Cultura e Poder). Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2010.
Segundo o autor, a origem dos instrumentos de tortura, perde-se nas trevas da História. A maioria estava em uso durante séculos, antes do advento do Tribunal da Inquisição, até onde se sabe, não havia fabricação em massa desses instrumentos. Eles eram impressionantemente duráveis, conservando-se por décadas a fio e, mesmo na época da caça às bruxas, os ferreiros locais conseguiam atender sem dificuldade a demanda por reposições.
No primeiro instrumento, figura a RODA DE DESPEDAÇAMENTO. O acusado era amarrado com as costas na parte externa da roda. Sob a roda, colocavam-se brasas incandescentes. O carrasco, girava lentamente a roda, fazendo o condenado morrer praticamente "assado". Podendo no lugar das brasas colocarem agulhões para estraçalhar os membros inferiores. Esteve em uso na Inglaterra, Holanda e Alemanha, no período de 1100 a 1700.
O segundo instrumento, BERÇO DE JUDAS, era cruel, desumano, trata-se de peça metálica em forma de pirâmide sustentada por hastes. A vítima, sustentada por correntes, é colocada "sentada" sobre a ponta da pirâmide. O afrouxamento gradual ou brusco da corrente manejada pelo executor fazia o peso do corpo pressionar e ferir o ânus, a vagina, cóccix ou o saco escrotal. O Berço de Judas também é conhecido como Colo di Giuda (italiano), Judaswiege (alemão), Judas Cradle ou simplesmente Cradle (inglês) e La Veille (A Vigília, em francês).
Terceiro instrumento, o GARFO, haste metálica com duas pontas em cada extremidade semelhantes a um garfo. Presa por uma tira de couro ao pescoço da vítima, o garfo pressiona e perfura a região abaixo do maxilar e acima do tórax, limitando os movimentos. Este instrumento era usado como penitência para o herege.
Quarto instrumento satânico utilizado na Inquisição da igreja Católica, GARRAS DE GATO, de aparência simples e inofensiva, as garras de gato se assemelhavam às ferramentas conhecidas como tridentes ou rastelos, empunha a diferença dos seus dentes curvos e pontiagudos. Com elas os torturadores cortavam cada vez mais fundo o corpo de suas vítimas, geralmente ficavam suspensas em uma prancha colocada de pé, arrancando-lhes a carne progressivamente, até a exposição dos ossos. Dependendo do tamanho e da espessura das garras usadas, tornava relativamente fácil ao torturador despedaçar músculos e ossos.
Quinto instrumento, PÊRA, metálico em formato semelhante à fruta. O instrumento era introduzido na boca, ânus ou vagina da vítima e expandia-se gradativamente. Era usado para punir principalmente os condenados por adultério, homossexualismo, incesto ou "relação sexual com Satã".
Sexto instrumento, ESMAGA-CABEÇA, semelhante a um capacete, a parte superior deste mecanismo pressiona, através de uma rosca girada pelo executor, a cabeça da vítima de encontro a uma base na qual se encaixa o maxilar. Apesar de ser um instrumento de tortura, há registros de vítimas fatais com os crânios literalmente esmagados por este processo. Neste caso, o maxilar, por ser menos resistente, é destruído primeiro; logo após, o crânio rompe-se deixando fluir a massa encefálica.
Um dos mecanismos mais simples e comuns utilizado na Idade Média. A vítima, com os braços para traz, tinha seus pulsos amarrados (como algemas) por uma corda se estendendo até uma roldana e um eixo. A corda puxada violentamente pelo torturador através deste eixo deslocava os ombros e provocava diversos ferimentos nas costas e braços do condenado.
Outrossim, era comum o carrasco elevar a vítima a certa altura e soltar repentinamente, interrompendo a queda logo em seguida. Deste modo, o impacto produzido provocava ruptura das articulações e fraturas de ossos. Ainda, para intensificar o suplício, algumas vezes, amarravam-se pesos às pernas do condenado, provocando ferimentos também nos membros inferiores. O pêndulo era usado como "pré-tortura", antes do julgamento.
Encerrado o macabro exemplo de instrumentos de tortura utilizado pela igreja católica na Inquisição, convém enfatizar, o Tribunal da Inquisição, também chamada de Santo Ofício, instituição formada pelos tribunais da Igreja Católica para perseguir, julgar e punir pessoas acusadas de desvio de normas de conduta, empunhava claro objetivo de perseguir e combater movimentos religiosos vistos como heréticos, em particular, os cátaros, albigenses e valdenses. Entre os outros grupos investigados pela Inquisição Medieval encontra-se os hussitas, seguidores de Huss e os lollard, seguidores de John Wycliffe. O termo Inquisição Medieval cobre os tribunais do século XII até meados do século XV.
Por fim, é forçoso relatar, o temível tribunal do santo Ofício era um tribunal inquisitivo, leia-se, uma só pessoa acusava, defendia e julgava, exercia o papel do promotor, advogado e juiz, via de regra condenava quem não abjurasse, cedia aos desejos de Roma. Nos tribunais da Inquisição, os acusados eram torturados, forçados a produzir provas contra si, negavam o direito de refutar, questionar acusações ou se defenderem adequadamente. A Inquisição atingiu seu pico quando enfrentou a Reforma Protestante, no século 16, e seu julgamento famoso foi o de Galileu Galilei, em 1633, condenado por postular a teoria científica da Terra girar em torno do sol.
O tenebroso Tribunal do Santo ofício ou Inquisição, mormente o espanhol, foi extinto em 1834, a Inquisição Espanhola condenou mais de 300 mil pessoas. Não houve tribunal inquisitivo no Brasil diretamente, contudo, cerca de 400 brasileiros foram levados a Lisboa, entre 1591 e 1767, onde foram condenados e queimados na fogueira da Inquisição. Portugal matou cerca de 40 mil pessoas com sua Inquisição.
Guardadores do Sábado na Idade Média
Visando reativar a santidade do domingo, a Igreja Católica encontrou apoio do Estado, o fio condutor da ascensão do papado foi o edito do Imperador Justiniano elevando o Bispo de Roma a supremacia sobre a igreja cristã.
Dito isso, é inarredável enfatizar, ascensão do papado em 538 d.C., deu início a Idade das Trevas, cobrindo de densas trevas o mundo civilizado, as sombras da apostasia contaminaram teologia, ciência, educação e artes, o poder papal controlava o mundo cristão e o saber, cunhando de hereges quem questionava o paganismo romano utilizando as Escrituras. Uma tempestade de apostasia inundou a Terra, escuridão de erros fatais contaminaram corações cegando a humanidade pela ignorância, culminando em intolerância religiosa, perseguições, torturas e mortes dos servos do Altíssimo. O Sábado foi aviltado pelo domingo, a sã doutrina hostilizada, a gloriosa Reforma Protestante travou na superstição, erros foram acalentados violando a liberdade de consciência pervertendo a justiça, prevaleceu a arrogância do bispo autoproclamado representante de Deus na Terra. Todavia, as obras maléficas do supracitado bispo comprovam servir ao deus deste século, sem vínculo com o Deus Eterno.
A Igreja Católica, na Idade das trevas, empunhou a Inquisição como ferramenta de opressão, tortura, mutilações e extermínio de opositores, restaram poucos cristãos sinceros. Os diabólicos inquisidores, caluniavam os santos acusando-os de heresias, condenando e queimando na fogueira sinceros cristãos, trata-se das almas debaixo do altar clamando por vingança, conforme escreveu o profeta João no Apocalipse. Os santos foram dizimados, seus escritos destruídos, as pregações dolosamente distorcidas. A política da Igreja Católica era clara, destruir todo vestígio de oposição, a saber, doutrinas, decretos e toda ameaça a supremacia Católica, destarte, livros e registros de hereges eram caçados e lançados nas chamas. Em assim sendo, poucos relatos restaram registrando a vida dos verdadeiros cristãos guardadores do Sábado do sétimo dia na Idade das Trevas, o pouco conhecimento referente a estes valorosos cristãos é encontrado nos escritos de seus algozes, difamando os piedosos pregadores da verdade com pedras de sarcasmos.
Em apenas seis séculos, os seis primeiros, foram suficientes para o chifre pequeno, papado, crescer, criar raiz para suprimir obediência do Sábado das congregações controladas pelo pontífice romano, cumprindo as Escrituras: Daniel 8:9;12. O papado, chifre pequeno, adulterou a instituição do Sábado do sétimo dia, cobriu o domingo, dia pagão com manto de santidade e abriu uma brecha na Lei substituindo o verdadeiro Sábado pelo domingo, contudo, os fiéis, servos da igreja do deserto continuaram firmes na defesa da verdade, guardando o Sábado, mesmo na idade das Trevas: Isaías 58:12. Os moradores da terra foram contaminados, ensinados pelo papa transgredir a Lei de Deus, paganismo foi infiltrado nos ritos e cerimônias, a saber, ofertas pelos mortos, missa, velas, procissões, purgatório, adoração de imagens, mariolatria, indulgência e a santificação do domingo, abalando as bases da igreja afrontando o Altíssimo, conforme profetizou Isaías: Isaías 24:4-6. A mudança do Sábado para o domingo, fez uma brecha na lei de Deus, a terra foi coberta de trevas no período medieval, os estatutos de Deus mudados sem autorização das Escrituras rompendo a aliança eterna.
Empenhado em lançar sombras e escuridão no velho mundo, o Papa Gregório enviou Agostinho para evangelizar a Grã-Bretanha em 596 d.C. Os cristãos da Grã-Bretanha não obedeciam ao Papa, eram cristãos livres, discípulos do presbítero Irlandês Columba, conhecidos como culdianos, com sede na pequena ilha de Iona, Escócia, reduto de Columba ícone da Igreja do deserto. Agostinho conseguiu fazer discípulos no sul da Inglaterra, todavia confrontou-se com os culdianos do norte, evidenciando abissal diferença doutrinária entre os culdianos, discípulos de Columba e Agostinho, discípulo do papa semeador de apostasias.
Columba, ministro dos culdianos combateu o paganismo Católico, guardava o Sábado bíblico, em seu leito de morte falou sobre o dia de descanso, fato narrado pelo Dr. Alvan Butler, da seguinte forma:
Tendo continuado seus esforços na Escócia por 34 anos, ele predisse sua morte clara e abertamente. No sábado [o sétimo dia da semana], dia 9 de junho, falou a seu discípulo Diermit: 'Este dia se chama o sábado [o Shabbat], isto é, o dia de descanso, e é isso que ele verdadeiramente será para mim, pois dará fim a todos os meus labores'.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 265
Na visão de Columba, Sábado é o dia de descanso do povo de Deus, desconsiderava a guarda do domingo, assim como, todas as doutrinas pagãs de Roma.
A gloriosa Escola teológica de Antioquia, deitou raízes profundas, difundiu conhecimento da verdadeira doutrina alcançando China, Rússia e Índia, os cristãos mantiveram a guarda do sábado, a exemplo da comunidade cristã no início da Idade das Trevas:
Assim, o começo do ano 500 d.C, revela comunidade de cristãos em toda Índia. Fiéis em sua vida missionária evangélica eles se reuniam para o culto no dia de sábado.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. p. 263
Prolongamento da igreja Síria, o evangelho de Antioquia perdurou na índia por mil anos. Com a chegada dos sacerdotes católicos na Índia acompanhando os conquistadores Portugueses, o ódio papal acendeu-se contra os cristãos sabatistas, estigmatizando-os de hereges judaizantes, sofreram rígida perseguição, calúnia e punição na fogueira da diabólica Inquisição.
Outro valoroso grupo, os Valdenses, discordavam das doutrinas Católica na idade das Trevas. Em especial a guarda do domingo. Os Valdenses guardavam o Sábado bíblico. A seu respeito escreveu Rainer Saccho, escritor papal, grande conhecedor dos Valdenses, citado por Dean Waddington, reproduzido por Andrews, no seguinte teor:
Não existe outra seita mais perigosa que a dos leonistas por três motivos. Primeiro: é a mais antiga, datando, dizem alguns, da época de Silvestre [papa dos dias de Constantino]; outros afirmam que remonta ao tempo dos próprios apóstolos. Segundo: está disseminada por toda parte. Não há país onde ela não tenha ganhado algum espaço. Terceiro: enquanto outras seitas são profanas e blasfemas, esta conserva grande aparência de piedade. Eles vivem de forma justa perante os homens e não creem em nada que não seja bom a respeito de Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 266
Os Valdenses, povo do vale, eram conhecidos por muitos nomes, entre eles, Leonistas. Nestorianos, Cátaros, Albigenses, Toulosianos etc. Reinerius Saccho, era inquisidor, o mais feroz e cruel perseguidor dos Valdenses porque nunca se submeteram ao paganismo de Roma, por isso cunhados de perigosos hereges dignos da fogueira. Os Valdenses acharam abrigo nos vales, escondidos nas montanhas, nos lugares inóspitos, cumprindo-se a profecia da mulher fugir para o deserto, distante do paganismo, recebeu asas de águia para voar ao deserto onde é sustentada por um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente, no deserto a mulher permaneceu segura por muitas gerações, suportando privações, perseguições e morte, contudo, manteve a doutrina pura, livre da apostasia Católica.
Os registros Valdenses foram destruídos, assim como suas obras, contudo é possível vislumbrar doutrinas Valdenses através da pena caluniosa e rancorosa de seus inimigos, no caso, acusações de um inquisidor romano contra os valdenses da Boêmia no teor seguinte:
Eles sabem dizer de cor grande parte do Antigo e do Novo Testamento. Desprezam as decretais, as palavras e as exposições de homens santos, apegando-se somente ao texto das Escrituras. [...] [Eles dizem] que a doutrina de Cristo e dos apóstolos é suficiente para a salvação, sem a necessidade de qualquer estatuto ou ordenança eclesiástica. Afirmam que as tradições da igreja não são em nada melhores do que as tradições dos fariseus, e que se coloca mais ênfase sobre a observação de tradições humanas do que sobre a guarda da lei de Deus. Por que vocês violam a lei de Deus com suas tradições? [...] Eles desdenham de todos os costumes eclesiásticos aprovados que não encontram no evangelho, como a observância da Candelária [festa da Purificação da Virgem Maria], o Domingo de Ramos, a reconciliação dos penitentes e a adoração da cruz na Sexta-Feira da Paixão. Desprezam a festa da Páscoa e todas as outras festas de Cristo e dos santos, por terem se multiplicado em tão grande número, dizendo que um dia é tão bom quanto o outro. Eles trabalham nos dias santos onde podem fazê-lo sem que sejam notados.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 268-269
A doutrina Valdense é herança apostólica, motivo de orgulho e motivação para enfrentar o paganismo católico, firmando a verdade com sangue, suportando ardentes chamas das fogueiras da Inquisição, mantendo a pureza da doutrina entregue aos santos. Em seus dias os Valdenses acusavam a Igreja Católica como besta do Apocalipse da seguinte forma:
Eles se declaram sucessores dos apóstolos, com autoridade apostólica e as chaves para ligar e desligar. Afirmam que a igreja de Roma é a prostituta de Babilônia, e que todos aqueles que lhe obedecem estão condenados, especialmente o clero que se sujeita a ela desde os tempos do papa Silvestre. [...] Defendem que nenhuma das ordenanças da igreja introduzidas após a ascensão de Cristo devem ser observadas, pois não têm valor algum. Rejeitam terminantemente as festas, os jejuns, as ordens, as bênçãos, os ofícios da igreja e coisas semelhantes.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 269
Entre as rejeições de ordenanças estabelecidas pela igreja Romana depois de Cristo, encontra-se a santificação do domingo e jejum no Sábado, haja vista, os Valdenses obedecerem aos Dez Mandamentos, entre eles o Sábado bíblico, do sétimo dia. O notório escritor calvinista, renomado historiador e jurista suíço, Goldastus, nascido em 1576, citado por Andrews, declara sua visão acerca da obediência dos Valdenses ao Sábado da seguinte forma:
[Eram chamados de] Insabbatati não por serem circuncidados, mas, sim, por guardarem o sábado judaico.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 270
Trata-se de conclusão lógica, se os Valdenses conservaram a doutrina apostólica pura, rejeitaram o domingo pagão e obedeceram o Sábado bíblico, considerando o domingo instituição humana, máxime da Igreja Católica após a ressurreição de Cristo. Entrementes, se faz necessário frisar, os Valdenses se espalharam pelo mundo, conhecidos por vários nomes, em assim sendo, poucas congregações valdenses cederam a pressão de Roma obedecendo o Sábado bíblico e celebrando festa da ressurreição aos domingos, temendo represálias e as temidas fogueiras da Inquisição católica.
No início do século XVI, os Valdenses franceses foram acusados covardemente de cometerem crimes hediondos por seus astutos inimigos católicos, forçando o rei da França, Luís XII, enviar um juiz de alto escalão investigar a questão em toda a França. No final da investigação o confidente real relatou ao soberano:
Ao voltarem, relataram que haviam visitado todas as paróquias nas quais eles moravam e inspecionado seus locais de adoração, mas não encontraram imagens, nem sinais de ornamentos pertencentes à missa, nem qualquer das cerimônias da igreja católica romana; nem haviam descoberto qualquer vestígio de crimes dos quais eles haviam sido acusados. Pelo contrário, eles guardavam o dia de sábado, observavam a ordenança do batismo de acordo com a igreja primitiva e instruíam seus filhos nas crenças da fé cristã e nos mandamentos de Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 273
Outro respeitável historiador Francês, De Thou, escrevendo acerca dos Valdenses, testemunhou:
Os Valdenses guardavam os mandamentos do decálogo e não permitiam nenhuma maldade entre eles, abominando perjúrio, imprecações, brigas, sedições, etc.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 273
Perjúrio, pode ser falso testemunho, falsa acusação, ou negar a fé. Imprecações, por sua vez é desejo ou pedido para acontecer algum mal a outrem, sedições, é revolta, motim contra a doutrina ou autoridade da igreja, práticas não suportadas pelos Valdenses, mediante obediência aos Dez Mandamentos. Por fim, é forçoso concluir, os Valdenses guardaram o Sábado bíblico durante toda sua existência, não apenas na Idade das Trevas.
Os cátaros [do grego Katharos, puro] conhecidos como puritanos, também testemunharam da verdade na Idade das Trevas, a seu respeito é forçoso narrar:
Eram um tipo de cristãos simples, despretensioso, inofensivo e trabalhador, que carregavam com perseverança a cruz de Cristo e, tanto em suas doutrinas como em seus modos, condenavam todo o sistema de idolatria e superstição que imperava na igreja de Roma, afirmando que a verdadeira religião se encontrava na fé, esperança e obediência do evangelho. Eles tinham consideração suprema pela autoridade de Deus em Sua Palavra e regulavam seus sentimentos e suas práticas por esse padrão divino. Mesmo no século 12, grande era seu número nas redondezas de Cologne, em Flandres, no sul da França, em Savoy e Milão. 'Eles cresceram’ – conta Egbert – 'até chegarem a grandes multidões por todos os países'.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 273-274
A rígida oposição dos cátaros ao paganismo romano, adicionado a guarda do Sábado bíblico atraiu a excomunhão do papa. Sofrendo constantes perseguições e extermínio na fogueira da Inquisição, como doença contagiosa precisava ser expurgada para não iluminar os incautos. Os santos evitavam confrontos, contudo eram denunciados por rejeitarem o paganismo romano cultivando a fé primitiva, a exemplo de fato ocorrido:
Nesse ano [1163 d.C.], certos hereges da seita dos cátaros [albigenses], vindos de partes de Flandres para Cologne, começaram a habitar secretamente em um celeiro perto da cidade. Mas, como no dia do Senhor eles não iam à igreja, foram pegos por seus vizinhos e denunciados. Ao serem levados diante da igreja católica, depois de uma longa investigação acerca de sua seita, eles não se convenceram por nenhuma evidência, por mais persuasiva que fosse. Em vez disso, persistiram da maneira mais pertinaz em sua doutrina e resolução, sendo expulsos da igreja e entregues nas mãos dos leigos. Estes, levando-os para fora da cidade, entregaram-nos às chamas, sendo quatro homens e uma garotinha.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 274
A selvageria da igreja católica, sedenta de sangue inocente era ilimitada, não respeitava crianças ou idosos, todos opositores do paganismo católico eram lançados às chamas sem misericórdia, engrossando o número das almas debaixo do altar clamando pela vingança do Senhor. Como visto os cátaros foram denunciados por não se congregar no domingo, erroneamente intitulado dia do Senhor, destarte, qual dia os cátaros guardavam? A resposta é simples:
Os cátaros, ou albigenses, mantiveram a guarda do antigo sábado, conforme atestam seus adversários católicos romanos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 274
Conforme certificam os textos apresentados, os cátaros, testemunharam em favor da verdade nas densas trevas da Idade Média, observando o sábado do sétimo dia, rejeitando o domingo pagão e o rosário de idolatria forjado pela igreja Católica.
Outra igreja da Idade das Trevas, digna de respeito na defesa da fé, são os cristãos da Índia Oriental, precisamente em Malabar. O apóstolo Tomé semeou o evangelho no Oriente, em especial Índia, coube a Igreja de Antioquia regar, adubar e cuidar preparando Ministro para administrar as Congregações indianas, conservando a doutrina apostólica pura por séculos. Sem vínculo com papado, a doutrina permaneceu incontaminada, a igreja indiana desprezava o domingo pagão, assim como relíquias, costumes e tradições humanas, sua fé pautada nas Escrituras era o escudo protetivo contra os inflamados dardos do erro lançado pelo inimigo. A Igreja da Índia guardava o Sábado do sétimo dia. A respeito da resistência a supremacia de Roma pelos cristãos indianos, testemunhou Geddes, citado por Andrews da seguinte forma:
As três grandes doutrinas do papado – a supremacia do papa, a transubstanciação e a adoração de imagens – nunca foram aceitas ou praticadas, em momento algum, nesta antiga igreja apostólica. [...] Acredito que é possível arriscar dizer que, antes do período da Reforma [Protestante], não havia nenhuma igreja, até onde sabemos, nem mesmo a dos valdenses [...] com tão poucos erros doutrinários quanto a de Malabar.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 281
A igreja de Malabar, na Índia, recebeu a teologia de Antioquia, mantendo a doutrina pura, conservaram a doutrina da forma pregada pelos apóstolos mesmo na Idade das Trevas, livre da contaminação católica. Recusaram a supremacia papal, defenderam a verdade primitiva da fé apostólica por um motivo revelado por Massie:
La Croze afirma que eles compunham 1.500 igrejas, e um mesmo número de cidades e vilas. Recusavam-se a reconhecer o papa e declaravam que nunca haviam ouvido falar dele. Defendiam a pureza e a verdade primitiva de sua fé pelo fato de terem vindo do lugar onde os seguidores de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez, de onde também vinham os seus bispos por 1.300 anos.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 282
Qual cidade os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez? Atos 11:26. O evangelho defendido em Malabar era teologia de Antioquia, Igreja do Deserto, sem contaminação romana. Em assim sendo. Convém perquirir, qual dia a igreja de Malabar obedecia? em resposta Yeates revela:
O caráter sabatista desses cristãos. Ele afirma que o sábado "entre eles é um dia de festa, em conformidade com a antiga prática da igreja".
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 282
A cidade onde os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez foi Antioquia, em assim sendo, conclui-se, os cristãos de Malabar receberam a teologia de Antioquia, por 1.300 anos líderes treinados no teor da teologia da supracitada cidade dirigiam a igreja de malabar, conservando a doutrina pura. Entre as doutrinas conservadas encontram-se a guarda do sábado do sétimo dia, antiga prática da Igreja primitiva apostólica, usurpada pela igreja católica enaltecendo o domingo.
Um inusitado fato causou dissabor entre os cristãos de Malabar e os monges romanos, quando confrontados a fazer reverência à virgem Maria, eles retrucaram respondendo, somos cristãos e não idólatras. A resposta enfureceu os perversos frades católicos, estimulando o demoníaco monge jesuíta Francisco Xavier escrever ao papa com a seguinte informação e assustador pedido:
A inquisição foi estabelecida em Goa, nas Índias, por obra de Francisco Xavier [famoso santo católico], que informou em carta ao papa João III, em 10 de novembro de 1545, 'que a impiedade judaica se disseminou cada vez mais nas partes das Índias Orientais sujeitas ao reino de Portugal'. Por isso ele suplicou fervorosamente ao dito rei que, a fim de curar tão grande mal, ele pudesse enviar o ofício da inquisição para aquelas terras.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 2
Em verdade, a ordem jesuíta foi uma doença infecciosa, uma gangrena sulfurando a sã doutrina contaminando o Evangelho de Cristo. Exterminava santos no tribunal de exceção do Santo Ofício, canonizava demônios em forma de monges e explorava economicamente os nativos, contudo, suas atrocidades são recepcionadas como zelo pela doutrina papal, os inquisidores eram vergonhosamente canonizados, considerados santos pelo sangue inocente derramado vítimas de suas calúnias nas fogueiras da inquisição.
Diante do exposto, é seguro afirmar, a igreja indiana era sadia, todavia, foi contaminada pelo catolicismo, o vírus da apostasia infectou a teologia Síria, necrosando a doutrina apostólica com letal veneno do papado inoculado pelos monges, conquistadores portugueses na Índia. Entende-se por impiedade judaica, a observância do Sábado da Criação pelos cristãos de Malabar em conformidade com a prática da igreja apostólica, assim como, o ódio e intolerância da igreja católica contra o Sábado bíblico. A suposta cura, ministrando remédio da inquisição, não passava de veneno letal sufocando a guarda do verdadeiro Sábado e imposição do paganismo desconhecidos dos cristãos de Malabar. A inquisição foi estabelecida, cristãos foram massacrados, a verdadeira doutrina perseguida e o maldito jesuíta Francisco Xavier canonizado, considerado santo, na melhor expressão, condizente com suas obras, é santanaz. A partir da época de Xavier, a Índia passou ao domínio Britânico, migrando de contaminação, de católica para igreja Anglicana.
Seguramente, os guardiões do Sábado bíblico na Idade das Trevas se espalharam pelo mundo, fruto da repressão papal, germinaram sementes da Igreja no Deserto frutificando múltiplos guardadores do Sábado do sétimo dia em outras searas, mesmo sufocados por perseguições, opressão, calúnias e fogueiras, os santos conservaram a doutrina pura.
A luz dos fundamentos acima levantados, conclui-se, o Sábado foi obedecido durante o período da idade das Trevas pelo povo de Deus, embora perseguido, manchando as fogueiras da inquisição católica de sangue inocente, a doutrina foi preservada pura, conforme exemplo da igreja em Goa, Índia, extensão de Antioquia a igreja no deserto, teologia de Luciano, preservada pura para entregar a Reforma Protestante do século XVI alcançando a Igreja Remanescentes. Por fim, diga-se, existiam outras igrejas guardadores do Sábado na Idade das trevas além das igrejas elencadas no presente capítulo, a exemplo dos Anabatistas, Passagínios, Petrobrussianos, Paulicianos, entre outros.
O Sábado na Reforma Protestante
Por intróito, se faz necessário frisar o nobre trabalho de Vigilância no norte da Itália, completado pelos áureos ensinamentos de Columbano na Europa oriental, alcançando a igreja da Armênia, precisamente os Paulicianos, cunhado falsamente como maniqueístas. Os Paulicianos rejeitavam uso de cruzes, velas, relíquias, intercessão dos santos, mariolatria, adoração de imagem, incenso, purgatório, e santificação do domingo. Obedeciam ao verdadeiro Sábado do sétimo dia. A mensagem oriunda dos celtas e albigenses iluminou a reforma do século XVI, leia-se, as igrejas de Deus ao longo dos séculos santificavam o sábado, é notada:
A fúria de Roma contra aqueles que continuavam a acreditar que o sábado, o sétimo dia da semana, era o Sábado do quarto mandamento. Recorde-se que o historiador A.C Flick e outras autoridades afirmam que a igreja celta observou o sábado como seu sagrado dia de descanso, e que a bem conceituada cultura afirmava que os galeses o santificaram como tal até o século XII. O mesmo dia foi observado pelos petrobrussianos e henricianos, e Adeney, e outros, atribuem aos paulicianos a observância do sábado. Há confiáveis historiadores que dizem que os valdenses e os albigenses eram fundamentalmente guardadores do sábado.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 179
As igrejas de Deus por todos os séculos guardaram o Sábado bíblico, dá-se por exemplo as pregações dos Paulicianos na Europa, gerando conflito entre a observância do Sábado do sétimo dia e o domingo pagão, verbis:
Novamente a questão do sábado se tornou proeminente. As igrejas do oriente desde os primeiros dias tinham santificado o sábado como sábado judeu [do pôr-do-sol da sexta ao pôr-do-sol do sábado], e onde quer que o domingo tivesse se infiltrado, os serviços religiosos eram observados em ambos os dias. A Bulgária na época inicial de sua evangelização tinha sido ensinada que nenhum trabalho deveria ser realizado no sábado. Muito antes deste tempo, migrações da igreja pauliciana haviam chegado à Bulgária. Estes paulicianos observavam o sábado do sétimo dia do quarto mandamento. Consequentemente, foram um forte reforço à postura grega nesta questão.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 197
A controvérsia bateu às portas da Reforma, todavia, a contaminação dos líderes da Reforma Protestante resultou em fracasso do movimento reformador, rejeitaram parte da doutrina entregue aos santos, entre elas os Dez Mandamentos e o Sábado.
Vale ressaltar, a Reforma Protestante do século XVI floresceu no seio da Igreja Católica, na época da Reforma o catolicismo havia extirpado o Sábado há muitos anos. Ademais, grande parte dos reformadores eram monges oriundos do catolicismo, treinados a idolatrar o domingo e odiar o Sábado da Criação estigmatizado de judaizante e herético. Os futuros reformadores, foram contaminados pelo paganismo, reforçado no Sínodo de Lião em 1244 d.C., no aludido Sínodo o decreto papal da lavra de Gregório, estabeleceu dias de festas em homenagem aos santos. Educados na seara romana, os reformadores enfrentaram dificuldades para retirar o manto de santidade das festas pagãs atribuídas aos santos para voltar a observar o Sábado do sétimo dia.
Embora os reformadores neguem vigência da Lei de Deus e do Sábado, reconheciam o domingo como imposição da igreja, obedecendo por mera conveniência, como dia santo, conforme esclarece a Confissão de Augsburg:
Na Confissão de Augsburg, elaborada por Melâncton [e aprovada por Lutero], a resposta à pergunta O que devemos pensar sobre o dia do Senhor? É que o dia do Senhor, a Páscoa, o Pentecostes e todos os outros dias santos semelhantes a esses deveriam ser guardados por terem sido estabelecidos pela igreja, a fim de que tudo seja feito com ordem. A observância desses dias, porém, não deve ser entendida como necessária para a salvação, nem a violação deles, se ocorrer sem ofensas aos outros, ser considerada pecado.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 286
Os reformadores chegaram à conclusão da santidade do domingo pertencer ao dogma da igreja sem qualquer autoridade divina, contudo, negaram a máxima defendida pela Reforma, Sola Scriptura [Bíblia é a única regra de fé], aceitando o domingo. Lutero ignorou o supracitado princípio, não teve coragem de romper com o domingo pagão, exaltou regra oposta aos ensinos das Escrituras, lamentavelmente.
É digno de nota, o fato de Lutero estudar obras dos Patrísticos alegóricos e concluir: Os ensinos desses Patrísticos são como extrair leite de um saco de carvão. Com efeito, o domingo é obra criada por esses mesmos Patrísticos criticados pelo supracitado reformador, em assim sendo, é leite extraído de saco de carvão, conduto, Lutero não rompeu com o domingo mesmo admitindo tratar-se de instituição humana sem respaldo das Escrituras contrariando o basilar princípio do protestantismo, passar a doutrina no crivo das Escrituras. Causa estranheza Lutero rejeitar o Sábado bíblico acolhendo dogma papal sem fundamento das Escrituras.
Entrementes, um proeminente e considerado reformador, amigo de Lutero o advertiu acerca da vigência dos Dez Mandamentos, incluindo o Sábado, trata-se do erudito Carlstadt, guardador do Sábado do sétimo dia. Lutero não renegou apenas o Sábado, na ânsia de pregar contra obras meritórias e libertar almas das correntes dos erros papais, Lutero negou inspiração divina, a saber, porção da epístola de Tiago, conforme apresenta o Dr. Sears, citado por Andrews: :
Lutero era tão zeloso na defesa da justificação pela fé que estava disposto até mesmo a questionar a autoridade de alguns trechos da Bíblia que não pareciam se harmonizar com essa ideia. Especialmente ao falar sobre a epístola de Tiago, suas expressões revelam a mais forte repugnância.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 295
A contaminação católica impediu o Espírito Santo concluir a obra no coração de Lutero. Desconhecer o contexto dos versículos de Tiago afeta as obras, provam falta de imputação da justiça de Cristo. Lutero não estava totalmente harmonizado com os céus. A posição do Reformador causou acalorada disputa com Carlstadt, forçando o festejado sabatista combater o entendimento de Lutero. Em 1520:
Ele publicou um tratado 'A Respeito do Cânon das Escrituras', que, embora depreciado por fortes ataques de Lutero, era uma obra de qualidade, que defendia o grande princípio do protestantismo, a saber, a autoridade primordial das Escrituras. Nessa ocasião, ele também defendeu a autoridade da epístola de São Tiago, contrariando Lutero. Ao ser publicada a bula de Leão X contra os reformadores, Carlstadt demonstrou coragem real e honesta ao se manter firme ao lado de Lutero. Sua obra Santidade Papal (1520) ataca, com base na Bíblia, a infalibilidade do papa.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 296
Ao voltar da Dieta de Worms, Lutero foi capturado e confinado no castelo de Wartburg, ordem de Frederico da Saxônia, visando proteger o Reformador, forçando Carlstadt assumir o controle da Reforma implantando corajosa reforma, golpeando o paganismo papal, segundo citação de Andrews:
Em 1521, durante o confinamento de Lutero em Wartburg, Carlstadt assumiu o controle quase que completo do movimento da Reforma em Wittemberg, e era supremo na universidade. Ele atacou a reclusão monástica e o celibato no tratado 'Do celibato, da reclusão monástica e da viuvez'. Seu ponto de ataque seguinte foi a celebração da eucaristia, e um levante de estudantes e jovens cidadãos contra a missa logo se seguiu. No Natal de 1521, ele deu o sacramento de ambos os tipos [pão e vinho] aos leigos, e na língua alemã. Em janeiro de 1522 ele se casou. Seu zelo impetuoso o levava a fazer qualquer coisa que julgasse correta, repentina e arbitrariamente. Mas logo foi além de Lutero, e um de seus maiores erros foi colocar o Antigo Testamento em pé de igualdade com o Novo. Em 24 de janeiro de 1522, Carlstadt conseguiu a adoção de uma nova constituição eclesiástica em Wittemberg, que só tem algum valor por ser a primeira organização protestante da Reforma.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 296
Carlstadt, auxiliado por Bugenhagius, Melâncton, Jonas e Amsdorf implantou profunda reforma na igreja enquanto Lutero encontrava-se confinado, a saber, condenou a doutrina da transubstanciação, suprimiu a missa privativa, oferecendo pão e o vinho aos leigos, aboliu a lei do celibato no clero, retirou as imagens da igreja, entre outras reformas. De fato, a reforma de Carlstadt despertou ciúmes em Lutero, o aludido reformador sufocou a reforma de Carlstadt restituindo alguns pontos ao estado de antes, O Dr. Sears narrou a reação de Lutero ao retornar. Em suas palavras:
Ele [Carlstadt] havia restaurado o sacramento da ceia do Senhor a ponto de chegar a distribuir tanto o vinho quanto o pão aos leigos. Lutero, 'para não ofender as consciências fracas', insistiu na distribuição somente do pão, e prevaleceu. Ele [Carlstadt] rejeitou a prática de enaltecer e adorar a hóstia. Lutero a aceitou e a introduziu novamente.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 297
Outra nefasta doutrina gerando atrito entre os dois reformadores foi adoração à hóstia, Carlstadt rejeitou corretamente toda doutrina católica não autorizada pelas Escrituras, Lutero por sua vez, cultivou entendimento diferente, O Dr. Sears, citado por Andrews, expõe a diferença assim:
Lutero, em contrapartida, afirmava: 'Toda prática que não for contrária às Escrituras é favorável às Escrituras, e as Escrituras a ela. Embora Cristo não tenha ordenado a adoração à hóstia, também não a proibiu'. 'Pelo contrário' – dizia Carlstadt –, 'somos comprometidos com a Bíblia, e ninguém pode decidir segundo as imaginações do próprio coração.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 298
A Reforma foi deflagrada pelas 95 teses de Lutero, motivo de Carlstadt e outros reformadores nutrirem admirável e robusto respeito ao reformador, impedindo imporem suas vontades acima da dele, mesmo estando corretos. Com efeito, as Escrituras proíbem adorar ídolos, não importa se coberto com manto de santidade, exposta em imagem de escultura, secularismo, egoísmo, modas ou hóstia, um pedaço de pão oferecido na Ceia, mesmo simbolizando o corpo de Cristo, caso se transforme em objeto de adoração, é um ídolo, digno de repudio, conforme se manifestou Carlstadt zelosamente.
Carlstadt encontrava-se em posição delicada, o renomado reformador havia suprimido o culto idólatra da igreja Católica no protestantismo, todavia, parte das heresias católica foi restituída por Lutero ao retornar do cativeiro. Martinho Lutero rompeu com a Igreja Católica, contudo manteve parte de suas nefastas doutrinas bloqueando a iluminação divina, causando severo prejuízo a causa da Reforma, gerando atritos com Carlstadt.
Sem resquício de dúvidas, a questão mais aguda disputada entre os dois reformadores, foi a doutrina da eucaristia, causando violenta ruptura entre eles. A doutrina Católica da transubstanciação (o pão e vinho da Ceia se transformam no corpo e sangue de Cristo literais), foi repudiada e banida por Carlstadt, forçando Lutero criar outra doutrina semelhante, trata-se da Consubstanciação (a carne e o corpo de Cristo estão presentes pessoalmente no pão e vinho), o conflito eclodiu em 1524, fato narrado pelo Dr. Sears, citado por Andrews, da seguinte forma:
A diferença mais importante entre ele e Lutero, e a que mais provocou hostilidade da parte de Lutero contra Carlstadt, diz respeito à ceia do Senhor. Carlstadt não apenas se opôs à transubstanciação, mas à consubstanciação, à presença concreta [do corpo de Cristo], e a erguer e adorar a hóstia. Lutero rejeitou o primeiro ponto, defendeu o segundo e o terceiro, e permitiu os dois últimos. Acerca da presença real, Lutero afirmou: No sacramento, encontram-se o corpo real de Cristo e o sangue real de Cristo, de modo que até mesmo os indignos e profanos dele participam; e "participam dele corporalmente" também, e não apenas espiritualmente como alega Carlstadt.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 299
Lutero negou a doutrina católica da transubstanciação, contudo estabeleceu protestantismo exclusivo, criou a doutrina da consubstanciação ratificando prática idólatra de adorar hóstia. Carlstadt, estava correto em seu ponto de vista, o pão e o vinho são apenas símbolos do corpo e sangue de Cristo, assim como, as Escrituras proíbem adorar hóstias. Outro ponto doutrinário de divergência entre os dois reformadores foi o Sábado, Lutero negava vigência dos mandamentos, Carlstad por sua vez, defendia obrigação de obedecer a Lei, inclusive o Sábado do sétimo dia. Lutero abandonou a Igreja Católica, contudo não deixou a contaminação doutrinária da igreja mãe totalmente, fragilizando o movimento reformista. A acalorada disputa com Lutero rendeu a Carlstadt o banimento da Saxônia, vagando pela Europa, migrou para Suíça familiarizando-se com a doutrina ensinada por Úrico Zuínglio.
Carlstadt, era um erudito proeminente, versado no latim, grego e hebraico, agraciado com grande poder intelectual, fato reconhecido pelo próprio Lutero. Carlstadt diferia de Lutero quanto ao uso da Lei moral, para o destemido reformador a Lei e o Sábado estavam em vigor, Lutero, em contrapartida, alimentava forte aversão por ambos, considerando legalista e judaizante. Carlstadt comungava entendimento de abandonar a aguarda do domingo e santificar unicamente o Sábado bíblico, conforme Andrews cita escritos do bispo de Ely:
Essa prática [a observância do sétimo dia], sendo também reavivada nos tempos de Lutero por Carolastadius [Carlstadt], Sternebergius e por alguns sectários dentre os anabatistas, foi, na época e desde então, censurada como judaica e herética.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 302
Lutero escreveu acerca do ponto de vista de Carlstadt sobre o sábado da seguinte forma:
De fato, se Carlstadt escrevesse mais sobre o sábado, o domingo precisaria ser deixado de lado e o sábado – isto é, o sétimo dia – deveria ser santificado.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 302
Carlstadt defendia e pregava a guarda do Sábado do sétimo dia, Lutero defendia a liberdade dos cristãos guardarem qualquer dia como sábado.
Nesse diapasão, Carlstadt merece lugar de destaque na história do Sábado na Reforma Protestante, o proeminente reformador rompeu com a santificação do domingo, se Lutero tivesse ouvido a Carlstadt, segundo Andrews:
Em vez da festa católica do domingo, ele teria guardado e transmitido à igreja protestante o antigo sábado do Senhor.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 303
O descompasso entre os dois reformadores resultou em agudo prejuízo a causa da Reforma, Lutero precisava da firmeza doutrinária de Carlstadt, assim como este, necessitou do auxílio de Lutero, os dois se completariam, somando forças na obra de reforma do Senhor.
A indesejável disputa entre Lutero e Carlstadt, frutificou efeito negativo, contaminando outros reformadores a se voltarem contra os Dez Mandamento e o Sábado, fato confirmado na pena de Benjamim Wilkinson, verbis:
Os reformadores em geral tomaram uma atitude errada sobre os Dez Mandamentos. Eles os respeitavam como código de ensino, mas não como lei obrigatória. A maioria dos reformadores poderia ser citado, mas apenas uma declaração será dada, do reformador inglês Tyndale: quanto ao sábado, uma questão importante, somos senhores sobre o sábado; e podemos ainda mudá-lo para a segunda-feira, ou qualquer outro dia, ao vermos necessidade; ou podemos fazer somente a cada décimo dia um dia sagrado, se virmos uma razão para isso.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 331
A visão equivocada de Tyndale acerca do Sábado, foi compartilhada por Calvino entre outros reformadores. Doutrinadores evangélicos da Reforma, conservaram a convicção do papado rejeitando o Sábado, defenderam a posição da igreja Católica neste particular. Diferindo deles, encontra-se os missionários oriundos da doutrina de Antioquia, sempre, em todos os tempos condenaram o domingo pagão, guardando o Sábado do quarto mandamento.
Diante dos fatos, diga-se, qual a importância da Reforma Protestante? A Reforma Protestante quebrou o paradigma da supremacia papal, questionando e negando a infalibilidade do Papa, supremacia católica, do Papa ser vigário de Cristo na terra, mariolatria, transubstanciação, confessionários, refutou idolatria de imagem, purgatório, indulgência, entre outras apostasias. Lutero estudou profundamente a doutrina da justificação pela fé, quebrando a doutrina católica de intercessão divina de santos e da virgem Maria junto ao Pai, contudo, apesar das inegáveis contribuições para libertar o mundo da escuridão doutrinária engessada pelos erros grosseiros defendidos pelo catolicismo, a Reforma foi incompleta, fracassou negando vigência dos Dez Mandamentos, mormente do Sábado bíblico, cultuando o domingo pagão. A soberba dos Reformadores e a presunção em negar doutrinas vitais, impediu o recebimento de maior porção de luz celestial, causando o fracasso da Reforma. O maior prejuízo da Reforma protestante se ancora na rejeição da justiça pela fé, cerceando a luz celestial brilhar sobre o mundo.
Guardadores do Sábado durante a Reforma Protestante
É de suma importância registrar a obra da igreja no deserto durante a idade das trevas, manteve a verdade com argamassa de sangue para entregar a sã doutrina para Reforma, tal como receberam dos apóstolos. A princípio a Reforma descortinou graves erros doutrinários da igreja Católica libertando almas da perdição. A Reforma ergueu o tenebroso véu dissipando densas trevas, libertando a Europa do poder papal. Durante a Reforma foi descoberta igrejas guardando o Sábado do sétimo dia na Transilvânia, Boêmia, Rússia, Alemanha, Holanda, França e Inglaterra. As aludidas igrejas sabatistas não contraíram o costume de guardar o Sábado com a Reforma, mantiveram a doutrina durante toda a idade das trevas, sem vínculo com a igreja Católica, sua doutrina remonta dos tempos apostólicos.
Nos dias da Reforma, a Transilvânia gozava liberdade religiosa, abrigando fugitivos da Inquisição, tornou-se porto seguro para cristãos perseguidos pela intolerância religiosa. Os batistas da Transilvânia excediam aos outros cristãos em número, seu maior representante foi Francis Davidis, escolhido pelo príncipe para substituir o capelão Luterano Alexius, garantindo liberdade religiosa aos cidadãos. Davidis era pastor batista incumbido de supervisionar as igrejas da Transilvânia. Seu ponto de vista acerca do Sábado é retratado na pena de Robinson da seguinte forma:
Ele supunha que o sábado judaico não fora abolido e, por isso, santificava o sétimo dia. Acreditava também na doutrina do milênio e, sendo honesto, ensinava aquilo em que cria. Era considerado como apóstolo pelas igrejas da Transilvânia e envelheceu a serviço delas. Mas os católicos, luteranos e calvinistas o consideravam um turco, blasfemador e ateu. Seus irmãos batistas poloneses diziam que ele era meio judeu;
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 306
Nos dias de Davidis, os guardadores do Sábado da Transilvânia incomodaram os adversários da verdade. Agindo na surdina seus perseguidores o aprisionaram, na vã tentativa de calar sua voz. Davidis foi segregado nas masmorras do castelo, todavia, o Senhor o fez dormir, frustrando a ânsia de seus perseguidores em saciar sede de sangue promovendo execução pública.
A semeadura de Davidis germinou na Transilvânia gerando frutos, discípulos continuaram sua obra Reformadora, repudiada por ícones da Reforma, a saber, a defesa e pregação do verdadeiro sábado judaico. É forçoso divulgar registro de guardadores do Sábado na Transilvânia, a exemplo de John Gerendi, como se pode notar:
John Gerendi [era] líder dos sabatistas, povo que não guardava o domingo, mas, sim, o sábado, cujos discípulos assumiram o nome de genoldistas.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 307
O repúdio ao domingo pagão e obediência ao Sábado bíblico incomodava católicos e pseudos reformadores ou meio reformadores, gerando confronto e debates doutrinários, por vez terminava em execuções públicas a exemplo de Davidis e Miguel Servet, preso a pedido de Calvino por divergências teológicas.
Nos angustiantes dias da Reforma, floresceu exuberante grupo de guardadores da Sábado na Boêmia, fato registrado por oponentes, escrevendo a seu respeito com sarcasmos e peculiar ironia da forma seguinte:
Ouvimos dizer que, entre os boêmios, surgiu um novo tipo de judeus chamados de sabatistas, os quais guardam o sábado com tanta superstição que, se qualquer coisa lhes cair nos olhos, eles não a retiram – como se não lhes fosse suficiente, em lugar do sábado, o dia do Senhor, que para os apóstolos também era sagrado; ou como se Cristo não tivesse dito expressamente o que se pode fazer no dia de sábado.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 307
Os guardadores do Sábado são retratados por seus perseguidores católicos de supersticiosos, carregam seus relatos de infâmia, exalam desrespeito e amargo dissabor, contudo, seus registros preconceituosos comprovam a existência de guardadores do sábado nos dias da Reforma. Os cristãos guardadores do Sábado foram acusados de abandonar Cristo para seguir Moisés pelo simples fato de rejeitarem o domingo pagão para obedecer ao Sábado bíblico.
O berço da Reforma, Alemanha, foi iluminado com verdadeira doutrina, Uttrer, relata cristãos alemães guardadores do Sábado, eis seus relatos:
No início do século 16, encontram-se vestígios de guardadores do sábado na Alemanha. O antigo livro holandês dos mártires apresenta o relato de um ministro batista chamado Stephen Benedict, um tanto conhecido por batizar em meio a uma forte perseguição na Holanda, o qual, segundo autoridades de confiança, teria guardado o sétimo dia como o sábado. Uma das pessoas batizadas por ele foi Barbary von Thiers, esposa de Hans Borzen, que foi executada em 16 de setembro de 1529. Em seu julgamento, ela declarou que rejeitava o sacramento idólatra do sacerdócio e também a missa.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 310
O testemunho de Barbary reflete segurança, serenidade e firmeza de fé, perfil dos verdadeiros reformadores, rompimento com paganismo católico, repudio ao domingo e obediência ao Sábado, a exemplo do relato acerca de outra mártir reformadora, Christina Tolingerin, como se pode ver:
Acerca dos dias santos e do domingo, ela disse: 'Em seis dias o Senhor fez o mundo e no sétimo dia descansou. Os outros dias santos foram instituídos por papas, cardeais e arcebispos.'
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 3
A consciência dos reformadores exigia provar as doutrinas pautadas no crivo das Escrituras, rejeitando costumes, tradições, editos e concílios humanos. Outro ponto doutrinário repudiado pela Reforma era o batismo infantil e batismo por aspersão. Os reformadores batizavam por imersão.
Sabatistas da Reforma Inglesa
A minguada luz difundida na Reforma Protestante dissipou graves erros doutrinários arquitetados pela igreja católica visando auferir poder civil e religioso. Entre as nefastas doutrinas usurpadoras da verdade encontra-se o sábado cristão, domingo, apoiado por supostas obras Patrísticas antenicenos, aparição de São Pedro, rolo vindo do céu e documentos falsificados. A nefasta doutrina católica introduziu no cristianismo festa pagã do domingo, purgatório, indulgências, culto aos mortos, missa, veneração às imagens, batismo infantil, mariolatria e transubstanciação, cunhados por cânones dos concílios, editos reais, decretos de "santos" autores da igreja católica e bulas papais. Distorções parcialmente corrigidas na Reforma Protestante.
É inarredável fazer alusão à firmeza dos guardadores do Sábado na Inglaterra, atenuando o fracasso da Reforma Protestante. Cristãos obedientes ao sétimo dia se estabeleceram na Inglaterra desde tempos remotos, Maxson, escreveu acerca dos sabatistas ingleses, assim:
Na Inglaterra, encontramos guardadores do sábado desde tempos muito antigos. O Dr. Chambers declara: 'Eles surgiram na Inglaterra no século 16'. Com isso, entendemos que, nessa época, eles se tornaram uma denominação distinta nesse reino.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 311
Os guardadores do Sábado na Inglaterra se estabeleceram com evangelho Celta, pregação de Aidan, contudo, no tempo da rainha Elizabeth acirrou-se questionamento acerca da doutrina católica do domingo, Chambers, relata o episódio assim:
Durante o reinado de Elizabeth, muitos pensadores conscienciosos e independentes chegaram à conclusão (como havia ocorrido antes com alguns protestantes da Boêmia) de que o quarto mandamento exigia, não a observância do primeiro dia, mas, sim, do sétimo dia da semana ali especificado, e um descanso corporal estrito, como serviço então devido a Deus. Já outros, embora convencidos de que o dia fora alterado por autoridade divina, aceitaram a mesma opinião quanto à obrigação bíblica de se abster do trabalho. O primeiro grupo se tornou numeroso o bastante para representar uma quantidade considerável por mais de um século na Inglaterra, sob o título de "sabatistas" – palavra hoje alterada para a denominação menos ambígua de "batistas do sétimo dia."
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 319
O conflito instalou-se na Inglaterra, católicos, posteriormente anglicanos oprimiram o povo forçando obedecer o domingo, noutro giro, cristãos independentes, membros da igreja no deserto, obedeciam e pregavam a luz do verdadeiro Sábado, gerando grande diversidade de opinião entre o povo acerca do dia de repouso, crescendo o número de adeptos defensores da imutabilidade do Sábado do sétimo dia. Os conflitos se acirraram, forçando John Sprint, escritor inglês favorável ao domingo, apresentar os pontos de vista dos defensores do Sábado do sétimo dia, em 1607, da seguinte forma:
Eles alegam que seus motivos provêm: da precedência do sábado à lei e à queda, e leis dessa natureza são imutáveis; da perpetuidade da lei moral; da grande parte dela que trata do [sábado mais] que de todos [os outros preceitos]; e o motivo que torna perpétuo esse preceito da lei: ele é o memorial e a reflexão das obras de Deus, o qual pertence tanto aos cristãos quanto aos judeus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 320
Os pontos de vistas em defesa do Sábado são bíblicos, em todas as fases, a igreja de Deus utiliza os mesmos sólidos argumentos fundamentados nas Escrituras. De outro giro, o domingo, sem endosso das Escrituras se fundamenta no poder papal, promulgando bulas, editos imperiais e documentos falsos.
A controvérsia estimulou John Trask escrever em defesa do Sábado do sétimo dia na época do rei James I, incomodando autoridades da igreja anglicana. Chamado no parlamento, longa e acalorada discussão acerca do sábado foi travada na Câmara Estrelada. Por fim, Trask, acusado falsamente de realizar reuniões religiosas ilegais, facciosas, levando a sedições e comoções pública, chocou o rei, bispos e clero, por fim, foi condenado, amarrado no pelourinho de Westminster, conduzido aos empurrões à Prisão de Fleet como prisioneiro. A sentença cruel foi executada, ele suportou um ano de prisão, minando suas forças retratou-se.
Contudo, sua esposa firmou a doutrina, seu nome, Sra. Trask, professora, trabalhava apenas cinco dias por semana em obediência ao Sábado do sétimo dia motivo de sua prisão, foi ergástulada na prisão de alameda Maiden. Qual crime cometeu? Guardar o Sábado do sétimo dia, diferente do marido a Sra. Trask, era uma cristã de coragem, indomável não comprou sua liberdade com a covarde retratação. Segundo cita Andrews, ela permaneceu firme na fé, morrendo na prisão:
A Sra. Trask ficou presa por quinze ou dezesseis anos por causa de sua opinião quanto ao sábado do sétimo dia. Ao longo de todo esse período, não quis receber assistência de ninguém, por mais que precisasse, alegando que está escrito: "Mais bem-aventurado é dar do que receber". Também não pegava nada emprestado, pois está escrito: "Emprestarás a muitas gentes, porém tu não tomarás emprestado". Por isso, ela considerava uma desonra a seu cabeça, Cristo, pedir esmolas ou pegar emprestado. Sua alimentação durante a maior parte do tempo em que ficou presa, a saber, até pouco antes de sua morte, consistiu em pão e água, raízes e ervas, sem carne, vinho, nem bebida fermentada.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 321
O historiador Pagitt, contemporâneo da Sr. Trask, apresentou os pontos de vista dos sabatistas de sua época, cunhado por ele pelo nome de traskitas da seguinte forma:
As opiniões que eles defendiam acerca do sábado eram estas:
O quarto mandamento do decálogo, 'Lembra-te do dia de sábado para o santificar' [Êxodo 20], é um preceito divino, única e totalmente moral, sem conter nenhum aspecto da lei cerimonial, quer no todo, quer em parte. Por isso, sua observância semanal deve ser perpétua e continuar em vigor e virtude até o fim do mundo.
O sábado, ou o sétimo dia de cada semana, deve ser um eterno dia santo na igreja cristã, e a observância religiosa desse dia é obrigatória a todos debaixo da dispensação do evangelho, assim como era para os judeus antes da vinda de Cristo.
O domingo, ou o dia do Senhor, é um dia comum de trabalho, e se trata de superstição e adoração ao eu tratá-lo como se fosse o sábado do quarto mandamento.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 321
A Sra. Trask e demais sabatistas, foram perseguidos, torturados e mortos por sua profissão de fé no Sábado bíblico. A Sra. Trask suportou os horrores da miserável prisão por 16 anos, até sua morte, sem negar a Cristo e sua doutrina, Deus seja louvado por isso.
A firmeza de fé e clareza dos pontos de vistas bíblicos dos sabatistas renderam frutos para Cristo, a exemplo do ministro anglicano, Theophilus Brabourne, o imponente ministro rompeu com os erros teológicos anglicanos, firmando-se na verdade, escreveu um livro em 1628 defendendo o Sábado. Utter, descreveu o aludido fato da forma seguinte:
Theophilus Brabourne, instruído ministro do evangelho da igreja estatal, escreveu um livro, impresso em 1628, em que argumentou 'que o dia do Senhor não é o dia de sábado por instituição divina', mas 'que o sábado do sétimo dia está agora em vigor'. Brabourne publicou outro livro em 1632, com o título A Defense of that Most Ancient and Sacred Ordinance of God’s, the Sabbath Day [Defesa da Mais Antiga e Sagrada Ordenança Divina, o Dia de Sábado].
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 322
A frase de Brabourne: o dia do Senhor não é o dia de sábado por instituição divina, não se trata do sábado do sétimo dia, em sua época, a igreja católica chamava o domingo dia do Senhor, portanto, Brabourne, quis dizer, o domingo não é o dia do Senhor, o sábado do sétimo dia, sim, está em vigor e não o domingo, instituição humana, pagã.
Inocentemente Brabourne dedicou sua obra ao Imperador Carlos I, visando utilizar sua autoridade para restaurar o verdadeiro sábado, contudo, o rei tinha outros propósitos, ordenou ao bispo de Ely, Dr. Heylyn a ingloriosa missão de escrever uma obra retrucando os pontos de vista de Brabourne. O rei desejava derrotar os sabatistas e seguidores de Brabourne. De inopino, o monarca levou Brabourne diante do arcebispo Laud e da Suprema Corte Eclesiástica da Inglaterra [Court of high Commision]. Abalado pelo destino da Sra. Trask, Brabourne se sujeitou, curvando-se às autoridades da igreja por algum tempo, depois escreveu outra obra defendendo o Sábado bíblico.
O testemunho da Sra. Trask e as obras de Brabourne, fincaram raízes alcançando nobres corações em defesa da verdade, entre eles, Utter, destaca:
Por volta dessa época, Philip Tandy começou a promulgar, na parte norte da Inglaterra, a mesma doutrina a respeito do sábado. Ele foi educado na igreja estatal, da qual se tornou ministro. Após mudar de opinião quanto ao modo de batismo e ao dia de descanso, abandonou essa igreja e 'se tornou alvo de muitos disparos'. Ele teve várias discussões públicas acerca de seus pontos de vista peculiares e muito fez para propagá-los. James Ockford foi outro defensor antigo, na Inglaterra, de que o sétimo dia é o sábado. Ao que tudo indica, estava bem familiarizado com os debates de que Trask e Brabourne participaram. Insatisfeito com a convicção simulada de Brabourne, escreveu um livro em defesa do ponto de vista sabatista, intitulado The Doctrine of the Fourth Commandment [A Doutrina do Quarto Mandamento]. Essa obra, publicada por volta do ano de 1642, foi queimada por ordem das autoridades da igreja estatal.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 323
A insatisfação com a simulação de Brabourne, se refere ao fato do Reformador em questão simular abandonar o Sábado para se livrar da prisão. Por Igreja estatal, entende-se a igreja Anglicana, concebida após cisma por razões políticas entre Londres, rei Henrique VIII e Roma, Papa Clemente VII. O monarca desejava anulação de seu casamento com a rainha católica Catarina de Aragão para casar com a reformista Ana Bolena. A disputa gerou acirradas tensões com Roma, contudo, o papa decidiu em favor da rainha católica, levando ao cisma em 1536, e à excomunhão de Henrique VIII, em 1538, forçando o monarca se tornar chefe supremo da igreja da Inglaterra, igreja anglicana. Tandy continuou a obra de evangelização, ensinando obedecer ao Sábado do sétimo dia condenando o domingo pagão, acendendo o venenoso ódio de seus perseguidores, culminando na queima de sua obra, seu único crime foi defender a bandeira do Sábado cunhado no quarto mandamento.
Se faz necessário tecer alguns comentários acerca da questão em comento. A disputa de Henrique VIII com o papa gerou consequências drásticas no cristianismo inglês. Profundamente aborrecido com a decisão papal em favor de Catarina de Aragão, frustrada sua pretensão em divorciar para casar com Ana Bolena, de origem reformista, o destemido monarca rompeu com a igreja católica e fundou a igreja Anglicana, igreja estatal. A igreja Anglicana herdou as nefastas doutrinas católica, adotando todas as festas ordenadas pelo papado, assim como o domingo pagão, divergindo dos cristãos presbiterianos oponentes das festas católica, contudo, engoliram o domingo pagão, obra da mesma fonte rota, eclodindo grave disputa entre anglicanos e presbiterianos no final do século XVI. Os presbiterianos, se considerando reformadores criticavam as festas católicas adotadas pelos anglicanos por falta de apoio bíblico, estes por sua vez, apontavam inconsistência na discriminação das festas pelos presbiterianos por guardarem o domingo, dia instituído pela igreja Católica semelhante as demais festas. A acalorada disputa foi registrada pelo teólogo alemão Hengstenberg, eis seu testemunho:
A opinião de que o sábado foi transferido para o domingo foi formulada, pela primeira vez, em sua forma perfeita e com todas as suas consequências, em meio à controvérsia que ocorreu na Inglaterra entre anglicanos e presbiterianos. Os presbiterianos, que levaram a extremos o princípio de que toda instituição da igreja deve estar fundamentada nas Escrituras – e não admitiam que Deus dera, a esse respeito, maior liberdade à igreja do Novo Testamento, levada à maturidade pelo Espírito Santo, do que à igreja do Antigo – acusavam os anglicanos de estarem contaminados com o fermento papal e de serem supersticiosos e sujeitos a ordenanças de homens, por observarem as festas da igreja. Os anglicanos, em contrapartida, como prova de que uma maior liberdade fora concedida à igreja do Novo Testamento em questões como essas, apelaram para o fato de que até mesmo a guarda do domingo não passava de uma ordenança da igreja. Os presbiterianos se viram numa posição que os compelia, ou a abrir mão de guardar o domingo, ou a defender que uma ordenança da parte de Deus separava o domingo das outras festas. Sem o primeiro dia não poderiam ficar, pois tinham uma experiência cristã profunda o bastante para reconhecer o quanto a fraqueza da natureza humana torna necessários períodos regulares de revigoramento dedicados ao serviço de Deus. Por isso, decidiram-se pela segunda opção.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 313-314
Na expressão popular seria um sujo falando do mal lavado. Aos presbiterianos restou três alternativas, a primeira, mais coerente, como reformadores, filtrando as doutrinas ao crivo das Escrituras, deveriam guardar o Sábado do sétimo dia, contudo, não o fizeram. A segunda opção, adotar o domingo pagão, também rejeitaram por falta de embasamento bíblico, por fim, acolheram a terceira opção, buscar fundamento bíblico para sustentar a guarda do domingo pagão.
Por séculos, os bispos romanos tatearam na escuridão garimpando luz divina para cobrir o domingo com manto de santidade, nunca encontraram tal fundamento, todavia, ressuscitaram uma antiga doutrina, a sétima parte do tempo como prova bíblica em apoio da ordenança do domingo como sábado cristão. Coube ao reverendo Nicholas Bound, organizar a famigerada doutrina publicando um livro em 1595, promulgando consistentemente pela primeira vez o título de sábado cristão ao domingo. O historiador favorável ao domingo, Lyman Coleman registrou o inusitado acontecimento, eis o texto:
A verdadeira doutrina do sábado cristão foi promulgada pela primeira vez por um dissidente inglês, o reverendo Nicholas Bound, doutor em divindade, de Norton, no condado de Suffolk. Por volta do ano 1595, ele publicou um famoso livro chamado Sabbathum Veteris et Novi Testamenti, ou A Verdadeira Doutrina do Sábado. Nesse livro, defendeu que a sétima parte de nosso tempo deve ser dedicada a Deus – que os cristãos têm o dever de descansar no dia do Senhor assim como os judeus no sábado mosaico, pois o mandamento do descanso é moral e perpétuo; e que não era lícito as pessoas prosseguirem em seus estudos ou trabalhos seculares nesse dia, nem usufruir dos prazeres e das recreações permitidas nos outros dias.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 314
A doutrina da sétima parte do tempo, como rastro de pólvora espalhou-se pelo reino inglês, reformas foram aceitas no sentido de cobrir o domingo da santidade do quarto mandamento do decálogo com apoio das Escrituras, segundo os admiradores da doutrina supracitada. Assim, o dia do Senhor, domingo foi guardado semelhante ao Sábado bíblico. A obra de Bound foi sucedida por tratados defendendo as mesmas práticas. Os presbiterianos aderiram a famigerada doutrina, encontram falso respaldo bíblico para sustentar a guarda do domingo, eximindo-se das críticas dos anglicanos, de guardarem o domingo papal.
Como dito alhures, o reverendo Bound não criou a doutrina da sétima parte do tempo, recebeu mérito de reunir e combinar indícios dispersos dos antecessores, acrescentando argumentos de sua lavra, são estes os fundamentos atribuindo ao domingo correspondência com o Sábado bíblico:
Aquilo que é natural, isto é, que todo sétimo dia deve ser santificado ao Senhor, ainda permanece. Aquilo que é indiscutível, isto é, que o dia que foi o sétimo dia desde a criação deveria ser o sábado, ou dia de descanso, agora está mudado na igreja de Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 315
O autor reconhece a santificação do Sétimo dia, contudo, defende inexistente mudança como arcabouço no ponto central de sua doutrina. Segundo Bound, o sétimo dia do quarto mandamento da Lei corresponde a um gênero, com duas espécies de sétimo dia, a saber, o Sábado dos judeus e sábado dos gentios, o Sábado da Lei e sábado do evangelho, desse modo afirmou:
Então Ele fez o sétimo dia para representar um gênero neste mandamento e para ser perpétuo; e deve-se incluir nele, em virtude do mandamento, duas espécies ou tipos: o sábado dos judeus e o dos gentios, o da lei e o do evangelho. Logo, ambos estão contidos no mandamento, assim como um gênero engloba ambas as suas espécies.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 316
A doutrina da sétima parte do tempo descortina a astúcia de Satanás, não existe qualquer evidência nas Escrituras referendando gênero e espécie nos mandamentos de Deus. Em sua obra, o reverendo Bound por inspiração satânica, impõe o primeiro dia, domingo, com base no quarto mandamento da lei, assim:
Não temos no evangelho um novo mandamento para o sábado [ou dia de descanso], diferente do que estava na lei, mas, sim, um tempo diferente designado, isto é, não o sétimo dia da criação, mas, sim, o dia da ressurreição de Cristo e o sétimo a partir dele; e ambos, em diversos momentos, abrangidos pelo quarto mandamento.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 316
Andrews explica a teoria da sétima parte do tempo da seguinte forma:
Ele quer dizer que o quarto mandamento exige a guarda do sétimo dia desde a criação até a ressurreição de Cristo, e, desde esse acontecimento, requer a observância de um sétimo dia diferente, isto é, o sétimo dia a partir da ressurreição de Cristo. Aqui vemos a perversa sagacidade pela qual os homens conseguem escapar da lei de Deus, dando, ao mesmo tempo, a impressão de que a estão observando fielmente.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 316
No teor da doutrina da sétima parte do tempo, o Sábado do sétimo dia vigorou do Éden a ressurreição, chamado Sábado judaico, da Lei. Com a ressurreição de Cristo houve uma mudança, vigorando um período de sete dias, contados do domingo da ressurreição, ou seja, conta-se sete dias a partir de segunda-feira o sétimo dia cai domingo, dia de descanso, o sábado cristão, dos gentios, do evangelho, segundo a doutrina de Bound.
É forçoso concluir, a doutrina da sétima parte do tempo encontra-se presente nos dias atuais, embora muitos defensores da famigerada doutrina desconheçam seus fundamentos, advogam como verdade suprema. A doutrina atual diverge do original por ancorar o começo da contagem dos sete dias a cada lua nova e não da ressurreição de Cristo. Leia-se, o dia da lua nova é neutro, não existe na contagem, daí conta-se sete dias, no sétimo é um sábado. Infelizmente a supracitada doutrina encontrou guarida nos dias atuais, pasmem, em igreja de Reforma, envergonhando seus membros. Eis a origem da teoria da sétima parte do tempo, ela remove o sétimo dia do quarto mandamento e um dia em sete, a partir da segunda-feira da ressurreição é sutilmente introduzido caindo domingo, essa estratégia salvou o domingo pagão, cobrindo com capa de santidade de arcabouço bíblico. Embora deturpada grosseiramente, a supracitada doutrina foi recebida com entusiasmo pelos ingleses, mormente os presbiterianos. O papado finalmente encontrou um pilar bíblico adulterado para substituir os documentos falsificados, rolos do céu e interpelação de São Pedro para fundamentar a guarda do domingo pagão.
Superada, a controvérsia envolvendo anglicanos e presbiterianos, é pertinente voltar ao tema em comento. É de bom tom destacar o testemunho do célebre ministro anglicano, dotado de múltiplas habilidades, Edward Stennett. O dedicado ministro rompeu com a igreja Anglicana por defender obediência do Sábado do sétimo dia. Divergindo da igreja estatal, foi privado de seu sustento e perseguido impiedosamente, contudo em 1658 publicou augusta obra em defesa do Sábado intitulada The Royal Law Contended For [A Luta da Lei Real]. Em defesa da verdade Edward suportou tribulação, perseguição de irmãos dissidentes, contudo em 1664, publicou outra obra chamada The Seventh Day is the Sabbath of the Lord [O Sétimo Dia é o Sábado do Senhor].
Outro proeminente defensor da verdade, digno de destaque é o ministro sabatista Francis Bampfield, rompeu com a igreja Anglicana em 1662, reunindo-se com sua família para adorar o Senhor foi preso. Por nove anos pregou o evangelho na prisão Dorchester fundando uma célebre congregação. Posto em liberdade, migrou para Londres evangelizando a capital inglesa com sucesso, defendendo o Sábado, Segundo Neale:
Enquanto morava em Londres, fundou, em Pinner’s Hall, uma igreja com os princípios dos batistas sabatistas, princípios que ele defendia zelosamente. Era excelente pregador e homem extremamente piedoso.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 325
No dia 17 de fevereiro de 1682, o imponente pregador defendia a verdade no púlpito quando foi violentamente detido, levado a prisão, julgado e condenado à prisão perpétua em 28 de março, cumprindo pena na prisão de Newgate. Quais crime cometeu? O historiador Cosby responde:
Todos os que o conheceram reconhecem que era um homem muito piedoso, e é muito provável que sua erudição e bom senso também teriam uma boa reputação, não fosse por sua opinião em duas questões, a saber, que não se deveria batizar bebês e que o sábado judaico ainda devia ser guardado.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 325
O destemido pregador, Francis Bampfield publicou duas obras em defesa do sétimo dia, uma em 1672, outra em 1677. Na primeira obra, expõe seu ponto de vista acerca da doutrina do sábado do sétimo dia, a saber:
A lei do sétimo dia foi dada antes da proclamação da lei no Sinai; ela existe desde a criação, sendo dada a Adão [...] e, por meio dele, ao mundo inteiro.30 [...] A obediência do Senhor Jesus Cristo a essa quarta palavra, ao observar, em Sua vida terrestre, o sétimo dia como o sábado semanal, [....] e nenhum outro dia da semana para esse fim, faz parte daquela justiça perfeita que todo cristão sensato deve aplicar a si mesmo a fim de ser justificado aos olhos de Deus – e toda pessoa que passa por essa experiência deve imitar a Cristo em cada ato do Salvador de obediência às dez palavras.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 325
As privações da prisão o debilitaram, no dia 16 de fevereiro de 1683, aos 70 anos de idade faleceu, sua alma descansou confiante nas promessas de Jesus sem desfalecer um milímetro da sã doutrina, entre elas obediência ao Sábado do sétimo dia.
A seguir, o glorioso testemunho de outro defensor do Sábado bíblico, irmão de Francis Bampfield. Trata-se do antigo orador do parlamento de Cromwell, Thomas Bampfield. Sua insistência na defesa do Sábado, motivou ódio e perseguição do poder civil e religioso. Thomas Bampfield foi ergástulado na prisão de Ilchester por conta de seus princípios religiosos culminando em grande perseguição aos guardadores do Sábado em Londres, fato testemunhado por Crosby da seguinte forma:
Por volta desse período [1661 d.C.], no momento em que uma congregação de batistas que defendia o sétimo dia como o sábado estava reunida em seu local de encontro na alameda Bull-Stake, com as portas abertas, por volta das 15h [19 de outubro], enquanto John James pregava, um meritíssimo juiz, o Dr. Chard, juntamente com o Sr. Wood, o prefeito, entraram no recinto. Wood ordenou, em nome do rei, que ele se calasse e descesse, por ter proferido palavras de traição contra o soberano. Mas James, dando pouca ou nenhuma atenção àquilo, prosseguiu.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 325
No curso da perseguição, o reformador inglês John James foi violentamente arrancado do púlpito, levado ao tribunal por forte escolta. No julgamento seus direitos foram violados, acusados de traição contra o rei pautado em relatos de falsas testemunhas o condenaram a forca, estripado e esquartejado. No momento da execução, no cadafalso James orou pelas pessoas, autoras dos falsos testemunhos, por seus algozes, pelo fim das divisões e pelo povo de Deus. Depois de morto, seu coração foi arrancado e queimado, os pedaços de seu corpo esquartejado foram colocados nas portas da cidade, sua cabeça exibida em Whitechapel, presa ao poste em frente à alameda na qual ficava sua casa de oração, fatos narrados pelo historiador Utter.
Os testemunhos elencados, são singelos relatos das atrocidades suportadas pelos guardadores do sábado na Inglaterra na época da Reforma Protestante no século XVI e XVII. A sentença de James, representa o alto preço pago pelos verdadeiros Reformadores defensores do Sábado, vítimas das opressoras leis inglesas e do clero. No século XIX, houve forte declínio dos guardadores do Sábado na Inglaterra, motivado por líderes alimentando a perigosa tese de rebaixar a santidade do Sábado, visando angariar almas. Em assim sendo, consideraram a violação do Sábado coisa banal, sem aplicar penalidades. Os ministros sabatistas quebraram o glorioso encargo recebido do Senhor, assumiram função pastoral em igrejas guardadores do domingo, diziam eles, o Sábado pode ser quebrado sem sofrer sanções. A miscigenação resultou em apostasia e abandono do Sábado nos séculos seguinte, forçando o Senhor despertar o movimento adventista do século XIX.
O Sábado do Adventismo aos Remanescentes
É inarredável falar do Sábado no adventismo sem trazer à baila a bravura dos pais peregrinos. Chamados de peregrinos por fugirem da intolerância e perseguições religiosas de um país para outro. Como cediço, nos séculos XVI e XVII, o continente europeu vivenciou acalorados conflitos provocados pela luz oriunda da Reforma Protestante, movimento iniciado em 1517 com as 95 teses de Lutero, contra abusos da Igreja Católica. No caso específico da Inglaterra, o domínio religioso migrou para igreja Anglicana, conservando a mesma intolerância religiosa do catolicismo, criou leis opressoras forçando a fuga dos cristãos independentes ou separatistas.
O século 17 começa coroado de cruel perseguição religiosa na Inglaterra. A desavença gerada entre o rei Henrique VIII e o papa Clemente III, resultou em ruptura com Roma e criação da Igreja Anglicana, do Estado. Destarte, o rei Jaime I forçou a população inglesa se submeter aos preceitos anglicanos.
Uma pequena comunidade na cidade de Scrooby, no condado de Nottinghamshire, relutou em se curvar aos ritos da Igreja estatal, consideravam sua doutrina semelhante aos católicos, em verdade houve troca apenas de liderança, do papa para a coroa inglesa, o rei exercia função suprema. Na época, todos na Inglaterra eram obrigados por lei a frequentar a igreja Anglicana, igreja do Estado, todavia, em 1606 o supracitado grupo de puritanos se reuniram ilegalmente em uma igreja em Scrooby, Inglaterra.
O aludido grupo sofreu ingente influência dos seguidores de Lutero, especialmente Calvino, acreditavam não haver hierarquias ou intermediários entre Deus e os fiéis. Os Pais peregrinos eram puritanos calvinistas. Liderados por William Bradford, decidiram manter seu culto reformado em segredo. Eram chamados de separatistas, embora mais tarde seriam conhecidos como peregrinos.
Os pais peregrinos eram protestantes puritanos zelosos ávidos por liberdade religiosa, em busca do aludido objetivo contrataram o barco Mayflower com destino ao Novo Mundo, fugindo da intolerância religiosa e perseguição estatal. Com 102 passageiros e tripulantes a bordo o Mayflower zarpou do porto de Plymouth, Inglaterra, em 6 de setembro de 1620 viajando oitenta dias na perigosa travessia do Oceano Atlântico até aportar na baía do Cabo Cod, atual estado de Massachusetts. O navio permaneceu ancorado na baía por dois longos meses, aguardando o inverno passar. Durante esse tempo, muitas doenças acometeram os passageiros. Dos 102 a bordo, 53 sobreviveram. Seus líderes eram John Robinson, William Brewster e William Bradfort.
Os destemidos Pilgrims Fathers, pais peregrinos, foram os primeiros ingleses protestantes a desbravar a América do Norte, fundaram 13 colônias americanas originando os Estados Unidos da América. Esses imigrantes partilhavam da fé puritana.
Destarte, quais as crenças dos pais peregrinos? Mantinham as mesmas crenças religiosas puritanas calvinistas, contudo, ao contrário da maioria dos outros puritanos, sustentavam suas congregações separadas da igreja estatal inglesa, motivo do rótulo de separatistas e cruel perseguição. Os calvinistas, assim como os pais peregrinos não guardavam o Sábado do sétimo dia, conservaram o costume católico e anglicano de congregar no dia pagão do domingo, fato narrado por Lygia de Oliveira da seguinte forma:
Domingo era um dia especial, quando adoravam a Deus e davam graça pelas colheitas. Reuniam-se em um local de reuniões e os homens assentavam-se de um lado e as mulheres do outro. [...] Cantavam salmos, como parte do culto.
OLIVEIRA, Lygia de. Na Trilha dos Pioneiros. 1.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1990. pág. 25
Os puritanos congregavam separando homens de mulheres nos cultos, eram liderados por William Brewster, educado na Universidade de Cambridge dominava latim, grego e hebraico.
Concluída as primeiras considerações, se faz necessário trazer a lume os pioneiros sabatistas da América. O primeiro observador do Sábado na neófita colônia foi enviado da Inglaterra, partiu de Londres em 1664, três anos após o martírio de John James e quarenta e quatro anos após o desembarque dos pais peregrinos em Plymouth, segundo Andrews, trata-se de Stephen Mumford, responsável pela primeira igreja sabatista na América em Newport, Rhode Island. O historiador Isaac Backus, a esse respeito, registrou:
“Stephen Mumford veio de Londres em 1664, trazendo consigo a opinião de que todos os dez mandamentos, da maneira como foram entregues no monte Sinai, eram morais e imutáveis. Ensinava também que foi o poder do anticristo, que cuidaria em mudar os tempos e as leis, que transferiu o dia de descanso do sétimo dia para o primeiro dia da semana. Vários membros da primeira igreja [batista] de Newport aceitaram essa opinião, mas continuaram na igreja por alguns anos, até que dois homens e suas esposas que haviam aderido a esse ponto de vista voltaram a guardar o primeiro dia.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 329
A semente da verdade semeada por Mumford germinou, a doutrina do Sábado floresceu na América iluminando almas sedentas de liberdade religiosa, os primeiros frutos de guardadores do sábado em resposta da semeadura de Mumford é relatado a seguir:
“Stephen Mumford, o primeiro guardador do sábado na América do Norte, chegou de Londres em 1664. Tacy Hubbard começou a guardar o sábado em 11 de março de 1665. Samuel Hubbard começou em 1º de abril de 1665. Rachel Langworthy, em 15 de janeiro de 1666. Roger Baxter, em 15 de abril de 1666 e William Hiscox, em 28 de abril do mesmo ano. Esses foram os primeiros guardadores do sábado dos Estados Unidos. Surgiu uma controvérsia entre eles e os membros da igreja que durou vários anos. Eles desejavam manter o vínculo com a igreja, mas, por fim, foram obrigados a se retirar, para que pudessem desfrutar e guardar em paz o santo dia de Deus.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 330
Mumford repetiu o grave erro dos reformadores ingleses, congregou com irmãos guardadores do domingo, transgressores do Sábado, motivo da queda das igrejas inglesas observadoras do Sábado. Não é possível guardadores do sábado manter comunhão com observadores do domingo, congregando na mesma igreja. Pela providência divina, os irmãos observadores do domingo se opuseram repudiando os sabatistas afastando o perigo.
Constantes atritos surgiam entre sabatistas e guardadores do domingo frequentadores da igreja de Newport em comunhão dividida, acalorados embates teológicos tornaram-se frequentes, em defesa do sábado e do domingo, gerando dissabor entre os membros, a desgastante situação perdurou por anos, finalmente a situação se normalizou, segundo informações de Bailey, citado por Andrews, eis o resultado:
Quando mudaram de opinião e prática [em relação ao sábado bíblico], eles não tinham a menor intenção de fundar uma igreja com essa característica distintiva. Deus, evidentemente, tinha uma missão diferente para eles, e os levou a ela por meio de várias provações que envolveram perseguição. Eles foram forçados a deixar a comunhão da igreja batista ou abandonar o sábado do Senhor seu Deus.
Eles saíram da igreja batista em 7 de dezembro de 1671.
No dia 23 de dezembro, apenas 16 dias depois de deixarem a igreja batista, eles, reunidos, concordaram em organizar sua própria denominação religiosa.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 331
A atitude dos bravos irmãos rompendo a comunhão com transgressores do Sábado, rendeu a criação da primeira igreja genuinamente sabatista na América do Norte.
Segundo Andrews, a segunda igreja sabatista do novo mundo foi criada de forma curiosa. Por volta de 1700, Edmund Dunham repreendeu um irmão acusado de trabalhar domingo, em Piscataway, New Jersey. Questionado a provar autoridade bíblica para sustentar sua reprovação, Dunham pesquisou as Escrituras em busca de embasamento proibindo trabalhar domingo, não encontrou, por fim, se convenceu da autoridade do Sábado do sétimo dia como instituição divina, único dia de descanso semanal bíblico, assim, começou a guardar o Sábado e ensinar criando a segunda igreja sabatista em solo norte americano:
Pouco depois, outros seguiram seu exemplo, e, em 1707, foi organizada uma igreja batista do sétimo dia com 17 membros. Edmund Dunham foi escolhido como pastor e enviado para Rhode Island a fim de ser ordenado.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 331
A Associação Geral da aludida Igreja Batista do Sétimo Dia foi organizada em 1802. Em sua primeira assembleia anual, a denominação contava com oito igrejas organizadas se expandindo pelos Estados Unidos.
A gloriosa luz do Sábado brilhou sobre o adventismo pela primeira vez em Washington, New Hampshire, por meio da irmã Rachel D. Preston, membra da igreja batista do sétimo dia interessada pela doutrina do advento fomentada por Miller. Instruída sobre a proximidade da vinda do Senhor ela ensinou a verdade sobre o sábado e da vigência dos mandamentos ao povo do advento local. Os irmãos, cerca de 40 pessoas, aceitaram a irrefutável doutrina guardando o Sábado em 1844, tornando-se o mais antigo grupo adventistas guardadores do sábado entre os Adventistas do Sétimo Dia.
A pequena chama cresceu alimentando vários ministros adventistas com a verdade, entre eles o pastor T.M. Preble, o primeiro a levar áurea doutrina aos adventistas pelo prelo, publicando um artigo em 13 de fevereiro de 1845 fundamentado com sólidos argumentos bíblicos, em sua ótica, o Sábado não foi mudado pelo Salvador, mas, pela apostasia católica. Destarte, afirmou:
Assim, vemos o cumprimento de Daniel 7:25, com o chifre pequeno mudando 'os tempos e a lei'. Portanto, parece-me que todos aqueles que guardam o primeiro dia como se fosse o sábado, são guardadores do domingo papal e transgressores do sábado divino.
ANDREWS, John Nevins. História do Sábado e o Primeiro dia da Semana. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros, 2018. pág. 334
Em poucos meses a verdade alcançou o pastor J. B. Cook, talentoso escritor, adicionou seus talentos aos de Preble, ambos desfrutaram o privilégio de iluminar outros irmãos adventistas usados pela providência divina por sua piedade, talento e virtude cristã, contudo, cometeram o erro fatal dos irmãos ingleses e Mumford, congregaram com observadores do domingo, oponentes do Sábado. Por três anos congregaram com transgressores do Sábado resultando em lamentável apostasia dos dois talentosos pastores por descumprirem orientação do apóstolo João, a saber: II João 9-11. Onde os dois proeminentes pastores falharam? Na falta de obediência prática do Sábado, conforme a Lei. O enfrentamento de constantes ataques dos transgressores dos mandamentos, minou a fé dos dois pastores, resultado, abandonaram a fé do Sábado, voltaram a guardar o domingo pagão, o porco voltou ao lamaçal. A palavra do Senhor proíbe congregar com transgressores da Lei, não só do Sábado. O domingo é doutrina pagã, introduzido no cristianismo pelo homem do pecado, sem Cristo, segundo João, se não obedecer a doutrina de Cristo não é direito congregar com transgressores, ou Satanás aciona instrumentos para rebaixar a sã doutrina e exaltar mandamentos de homens semeando dúvidas derrubando o servo do Senhor. A situação assemelha-se aos primeiros séculos quando os cristãos foram obrigados pela igreja latina, observar o Sábado e festejar no domingo, culminando em apostasia. A consequência da imprudente ação dos dois renomados pastores, comungando com guardadores e transgressores do Sábado os levou a apostasia, contudo, das cinzas de seus ensinos restou uma brasa, um tição alimentou a chama da verdade no coração de José Bates por volta de 1845
No supracitado ano, caiu nas mãos de Bates um artigo escrito por Preble em defesa do Sábado, ao tomar conhecimento creu na doutrina, começou a obedecer de inopino. Cruzando uma ponte sobre o rio Acushnet, um velho amigo perguntou:
Quais são as novas, Capitão Bates? – perguntou James Maddison Monroe Hall. – As novas- respondeu o capitão – é que o sétimo dia é o sábado do Senhor nosso Deus- Hall observou o sábado seguinte – C. Mervin Maxwell, Tell it to the World, pág. 76.
OLIVEIRA, Lygia de. Na Trilha dos Pioneiros. 1.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1990. pág. 118-119
Confiante, José Bates apresentou a verdade prática sobre o Sábado zelosamente, exigindo obediência da Igreja ao quarto mandamento. Bates não cometeu o erro de Preble e Cook de pregar por metade, ensinou a verdade sobre o Sábado e dos Dez Mandamentos por palavra e exemplo, motivo da luz do Sábado vingar prosperamente, deitando raízes no adventismo.
A visão de Bates voltou-se para doutrina do Santuário, foi o primeiro a entender a importância do móvel central do Santuário, a Arca, dentro encontrava-se a Lei, assim como, a proclamação da Mensagem do Terceiro Anjo sobre os mandamentos de Deus. Entusiasmado com a descoberta da santidade do Sábado, Bates compartilhou os fundamentos bíblicos com Ellen Harnon, antes de casar com Tiago White, qual foi sua reação? Segundo Oliveira:
José Bates conheceu Ellen Harnon (futuramente White) e lhe mostrou na Bíblia o verdadeiro dia de repouso. Mas ela achou que Bates estava dando demasiada ênfase ao sábado como santificado. Depois que Ellen e Tiago White se casaram, ambos estudaram um folheto escrito por José Bates, sobre o sábado. Ellen também recebeu uma visão que mostrava a santidade do sétimo dia da semana e ambos começaram a observar o sábado.
OLIVEIRA, Lygia de. Na Trilha dos Pioneiros. 1.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1990. pág. 119
Poucos meses após Bates receber a Luz, o assíduo estudante das Escrituras Tiago White aceitou a verdade sabatista. Bates conheceu a luz do Sábado lendo artigo de Preble, Ellen e Tiago White, por sua vez, leram o artigo de Bates, confirmado pela iluminação divina, em visão a profetisa viu o quarto mandamento brilhando, excedendo aos outros. Aderindo à reforma do Sábado, Tiago uniu-se a Bates na divulgação da doutrina. Em 1849, Tiago White, sem recursos, divulgou a doutrina sabatista produzindo salutares publicações fincado em sólidos fundamentos bíblicos, foram os primeiros passos para formar eficiente centro de publicações, disseminando a doutrina do advento, saciando os sedentos por salvação.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, pregou a luz do sábado zelosamente até sucumbir no Concílio de Minneápolis em 1888, rejeitando a doutrina da justiça pela fé. A única forma de obedecer ao Sábado e os Mandamentos é pela imputação do princípio de justiça, emprestado de Cristo santificando o penitente pecador.
Em 1931, desponta a luz da Reforma, com Elias Zarub, amadurecendo na década de 50. A reforma é única, a cisão em grupos foi obra de homens sedentos por poder, fragilizando o movimento. Hoje, os grupos de reforma conservaram apenas o nome em suas instituições desprezando a doutrina. Encantados pelo brilho da serpente, refletem secularismo, apostasia envergonhando-se da verdadeira doutrina. Os poucos preceitos praticados por metade causam náuseas nos crentes, a exemplo da alimentação, vestuário e barba, defendem a doutrina com lábios, negam com as obras.
Por fim, restou a Igreja Remanescente, quem é esta Igreja? Com certeza, a igreja mantenedora da doutrina pura, tal como em Éfeso, cultivada pela igreja no deserto, entregue a Reforma e finalmente a Igreja Remanescente. A Igreja de Deus nos últimos dias, a Igreja Remanescente mantém a doutrina apostólica, não se envergonha dos preceitos, obedece alimentada pelo princípio de justiça imputado no coração por Cristo, santificado, o crente habilita-se amar e obedecer aos mandamentos. A igreja no deserto, em termo doutrinário é a igreja Remanescente, segundo afirma Wilkinson da seguinte forma:
Somente quando a igreja emergiu do deserto para se tornar a Igreja Remanescente foi uma verdade apostólica completa a ser restaurada. A Igreja pregaria novamente com poder não só a morte substitutiva de Cristo, mas também a santidade dos Dez Mandamentos, que deveria ser ampliada pela morte de Cristo – especialmente o quarto, santificando o sétimo dia. Não podemos dizer que no tempo do fim o sábado se tornaria um teste? Assim, está escrito pelo revelador: O dragão se irou contra a mulher e foi fazer guerra com o remanescente de sua semente, que guarda os mandamentos de Deus, e tem o testemunho de Jesus Cristo. Apocalipse 12:17.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 335
A igreja remanescente receberá a chuva Serôdia, auxiliada pelo terceiro anjo proclamará o Alto Clamor, pregará os Dez Mandamentos enaltecendo o Sábado bíblico no poder do Espírito Santo. O Sábado foi guardado do Éden ao Éden pelo povo de Deus.
Conclusão
Em seus calamitosos dias, Paulo, vislumbrou apostasia assolando as ombreiras da igreja, escrevendo aos Tessalonicenses predisse a apostasia fortalecendo doutrinas pagãs, alavancando a obra do homem do pecado, filho da perdição, destarte, o festejado apóstolo declarou: II Tessalonicenses 2:1-4. Não vos movais facilmente do vosso entendimento, um claro pedido de firmeza na fé, defesa da sã doutrina e conservação dos princípios apostólicos. Por inspiração divina, Paulo adverte aos irmãos perigo assolando a sã doutrina, erros teológicos preparavam caminho para desenvolvimento do papado. O mistério da iniquidade deitou raízes, levou avante a obra de engano e blasfêmia. Sorrateiramente, o dia pagão, domingo foi introduzido na igreja pelos bispos romanos, filhos da perdição, obrigando os cristãos latinos observar o dia da ressurreição após a guarda do Sábado do sétimo dia. Posteriormente, o domingo foi firmado pela tradição, consolidado pelo costume e mantido pela presunção envernizada de fé. Em lugar da instituição divina do Sábado, a igreja cotejou o dia pagão domingo pautado em tradição e costume. A suposta conversão de Constantino, revestiu com manto de justiça o domingo, produzindo o primeiro edito santificando o domingo. O paganismo tomou fôlego, tornou-se vencedor.
Durante o período do cavalo vermelho, o mistério da iniquidade trabalhou para introduzir o domingo na igreja, transformando o Sábado em dia de jejum.
Contudo, no período do cavalo preto, paulatinamente foi suplantando o Sábado até sua exclusão da igreja, condenando seus guardadores por heresia e judaizar. O supracitado período se estende do ano 313, suposta manifestação de Constantino ao cristianismo a 538 d.C., com ascensão do papado. Constantino valeu-se do cristianismo oficializando em religião do Estado. Entre as doutrinas pagãs introduzidas pelo mistério da iniquidade é possível elencar purgatório, ofertas pelos mortos, culta às imagens, veneração de santos, mariolatria, transubstanciação, procissão, infalibilidade papal, relíquias e cobrança de indulgência. O pior, a instituição divina da Criação Sábado substituída pelo domingo pagão, ancorado na tradição e costume humano. Nesse sentido se manifesta a profetisa, relata a irmã White:
Qual foi a origem desta grande apostasia? Como a princípio, se afastou a igreja da simplicidade do evangelho? Conformando-se com as práticas do paganismo, a fim de facilitar a aceitação da doutrina cristã pelos pagãos. O apóstolo S. Paulo, em seus dias declarou: já o mistério da injustiça opera. II Tessalonicenses 2:7. Durante a vida dos apóstolos a igreja permaneceu relativamente pura. Mas, pelo fim do segundo século, a maioria das igrejas tomou nova forma; desapareceu a primitiva simplicidade, e, insensivelmente, ao baixarem ao túmulo os velhos discípulos, seus filhos, juntamente com os novos conversos, ... puseram-se à frente da causa e lhe deram novo molde.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 484
Os filhos dos apóstolos, e Patrísticos alegóricos, viveram no período conhecido como “era da apostasia”. A apostasia desenvolveu-se paulatinamente. Uma parte da igreja, permaneceu fiel aos princípios cristão, guardava o sábado da Criação, da forma obedecida e ensinada pelos apóstolos, a exemplo da Igreja de Antioquia:
Como a maioria dos crentes do Oriente foram por muito tempo judeus conversos, pode ser facilmente visto que o costume geral na igreja do oriental era observar o sábado como dia de descanso.
Luciano, embora fosse gentio, é menosprezado pelo cardeal Newman como um judaizante. Por quê? Aqueles que santificaram o sábado por se absterem do trabalho foram estigmatizados como judaizantes. Por que Luciano deveria observar o sábado como dia sagrado? Era o costume geral.
WILKINSON, Benjamim George. Verdade Triunfante a Igreja no Deserto. 1.ed. Ed. Adventistas históricos, 2019. pág. 45
Trata-se de Luciano de Antioquia, homem dotado do Espírito de Deus para defender a verdadeira doutrina cristã. Como visto, a Igreja siríaca não se curvou às intransigências de Roma. A igreja de Antioquia liderada por Luciano produziu teologia pura pautada nos ensinos apostólicos, assegurando um porto seguro aos fiéis, conservou obediência da Lei, o quarto mandamento não foi contaminado com acréscimo de celebrar a festa pagã no domingo.
Entrementes, as igrejas subalternas a Roma, observavam o Sábado do sétimo dia e celebravam a festa no domingo pagão em homenagem a ressurreição de Cristo. O caráter progressivo da apostasia na igreja latina no primeiro século é ilustrada pelo historiador eclesiástico Giesler, em sua obra ele assevera:
Enquanto os cristãos da Palestina, que guardavam toda a lei judaica, celebravam, é claro, todas as festas judaicas, os pagãos convertidos observavam apenas o sábado, e, em memória das cenas finais da vida de nosso Salvador, a Páscoa (1 Coríntios 5:6-8), embora sem as superstições judaicas (Gálatas 4:10; Colossenses 2:16). Além desses, o domingo, como o dia da ressurreição do nosso Salvador (Atos 20:7; 1 Coríntios 16:2; Apocalipse 1:10), ἡ κυριακὴ [do Senhor] ἡμέρα [dia], era dedicado ao culto religioso. — Giesler’s Ecclesiastical History [História Eclesiástica de Giesler], vol. 1, seç. 29, edição de 1836.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 114
No período ilustrado, os cristãos guardavam o Sábado, segundo o Mandamento. O domingo foi acrescentado como festa comemorativa da ressurreição de Cristo. O domingo se fortaleceu no segundo século, o paganismo começa a usurpar a instituição divina do Sábado, fato narrado pelo historiador Giesler em sua obra:
Tanto o domingo quanto o sábado eram observados como festas; o último, no entanto, sem superstições judaicas a ele vinculadas.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 114
A adoção dominical visava substituir o Sábado, a pressão dos bispos romanos ganha corpo, as igrejas curvaram-se a instituição pagã em detrimento do Sábado. Já no terceiro século o aludido historiador escreveu em sua obra:
No tempo de Orígenes, os cristãos não tinham festas gerais, exceto o domingo, a parasceve (ou preparação), a Páscoa e a festa do Pentecostes. Logo depois, no entanto, os cristãos no Egito começaram a observar a festa da Epifania, no dia seis de janeiro.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 114
O historiador narrou a evolução do domingo na igreja latina e o declínio do Sábado nos três primeiros séculos.
Outro renomado historiador, Coleman, declara sua visão acerca da substituição do Sábado pelo domingo pagão, da seguinte forma:
A observância do dia do Senhor foi ordenada enquanto o sábado dos judeus ainda era observado. O último só foi suplantado pelo primeiro quando este adquiriu a mesma solenidade e importância que pertencia, a princípio, ao grande dia que Deus havia originalmente ordenado e abençoado. [...] Com o tempo porém, após o dia do Senhor ser plenamente estabelecido, a observância do sábado dos judeus foi gradualmente descontinuada e, por fim, denunciada como herética. — Ancient Christianity Exemplified [Cristianismo Antigo Exemplificado], cap. 26, seç. 2.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 115
Na visão deturpada de alguns Patrísticos, o Sábado era instituição judaica. Destarte, contrariam ordem divina, as Escrituras, sobejamente atestam o Sábado como instituição divina, instituído por Deus na Criação e confirmado no Sinai com aliança. O fato do Senhor ratificar a instituição do Sábado, cunhando no quarto mandamento e entregar aos hebreus, não confirma o Sábado como instituição judaica, mas, divina. Os judeus receberam a Lei porque eram a igreja de Deus na época dos fatos em comento.
Por fim, é forçoso enfatizar, o sábado resistiu bravamente a usurpação do dia pagão, domingo, mesmo no catolicismo, cristãos guardavam o Sábado e por medo de represália de Roma, observavam a festa pagã domingo, este infortúnio perdurou até o Concílio de Laodicéia, em 364 d. C. O supracitado concílio proibiu observância do sábado em definitivo, sob ameaça de maldição, perseguição e morte. O paganismo finalmente triunfou na igreja latina, culminando com ascensão do homem do pecado, filho da perdição, o papado consolidou-se em 538 d.C. acendendo as fogueiras da Inquisição, perseguindo e condenando os verdadeiros servos de Deus.
Os Salvos Guardarão Sábados e Luas Novas na Nova Terra
Finalmente, o restabelecimento da guarda do sábado no Éden pelo povo de Deus, retornando às origens. No Éden, Sábado e Lua Nova serão guardados com maior perfeição, os santos recuperados, revestidos da natureza divina de Cristo, restituído ao estado de Adão antes da queda, serão perfeitamente capazes de obedecerem aos mandamentos com perfeição.
Com efeito, o Sábado foi sedimentado no Éden pelo Altíssimo, como memorial da criação: Gênesis 2:1-3. e ensinado de pai para filho (lei oral) por Adão, linhagem de Set e os patriarcas, o Sábado foi obedecido, ensinado oralmente até o Sinai, nesse sentido escreveu a profetisa:
Santificado pelo descanso e benção do Criador, o sábado foi guardado por Adão em sua inocência no santo Éden; por Adão, depois de caído, mas arrependido, quando expulso de sua feliz morada. Foi guardado por todos os patriarcas, desde Abel até o justo Noé, até Abraão, Jacó. Quando o povo escolhido esteve em cativeiro no Egito, muitos, em meio da idolatria imperante, perderam o conhecimento da lei de Deus; mas, quando o Senhor libertou Israel proclamou-a com terrível majestade à multidão reunida, para que conhecesse a sua vontade, e a Ele temesse e obedecesse para sempre.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 455
No Sinai, o Sábado foi cunhado no quarto mandamento da Lei do Senhor, codificado e entregue a Moisés para o povo voltar a guardá-lo após anos de penúria do degradante cativeiro egípcio.
O Senhor firmou aliança com seu povo, vinculada na promessa. Abraão creu na promessa, a ele foi imputado como justiça. A promessa consiste em santificação para obedecer a Lei, a saber, Deus imputa o princípio de justiça no coração do temente pecador habilitando-o obedecer a Lei. A Lei não pode ser obedecida despida do princípio de justiça, a santificação. De igual modo o Sábado, O Senhor santificou o Sábado, tornando-o sinal, uma aliança eterna, do Éden ao Éden: Êxodo 20:11. Trata-se de uma aliança eterna celebrada com a linhagem de Abraão, no Velho Testamento, Israel, e no Novo Testamento os herdeiros pela fé em Cristo; o Sábado tornou-se sinal perpétuo entre Deus e seu povo: Êxodo 31:16-17. Diante do exposto, infere-se, trata-se do Israel espiritual, os descendentes de Abraão em Cristo, verdadeiros herdeiros segundo a promessa: Gálatas 3:16. Nos últimos dias, trata-se da Igreja Remanescente. Os verdadeiros descendentes de Abraão em Cristo, comungam da mesma doutrina confiada aos santos por Cristo, regada pela igreja no deserto e entregue aos remanescentes. Abraão creu na promessa divina, obedeceu aos mandamentos estatutos e leis, de igual modo, a igreja remanescente se compele obedecer, crendo na Lei e nos escritos dos profetas: Gálatas 3:6-7. Abraão creu, recebeu justiça, santificado, foi capaz de obedecer: Gênesis 26:5. Despido do princípio de justiça imputado pelo Espirito de Deus, Abraão fracassaria em obedecer a Lei, contudo, revestido, santificado pelo Espírito de Deus foi plenamente capaz de obedecer e espelhar sua descendência. Qual descendência? Não os numerosos filhos da carne, mas, um único descendente, Cristo: Gálatas. 3:29. A promessa de Deus a Abraão antes do Sinai, segundo o livro de Gálatas, continua válida, a saber, as promessas não foram feitas a descendência literal de Abraão, mas, ao Israel espiritual, herdeiros pela fé em Cristo, semelhante a Abraão obedecem aos mandamentos, estatutos, preceitos e leis, inclusive o Sábado revestido da natureza divina de Cristo. Estes são os verdadeiros herdeiros de Abraão pela fé no Salvador. Logo, a Lei e o Sábado, não foram instituídos como sinal apenas para o povo literal de Israel no Sinai, mas, para todos os herdeiros de Abraão, em Cristo Jesus até a consumação dos séculos. É dever de todo homem obedecer ao decálogo:
O estabelecimento do sábado na narrativa da Criação significa que esse é um daqueles padrões do AT que são para todo o povo, e não somente para Israel. A inclusão da lei do sábado nos Dez mandamentos reforça essa verdade importante.
COMFORT, PHILIP W; ELWELL, Walter A. Dicionário Bíblico Tyndale. 1. ed. Ed. Geográfica, 2015. pág. 1606
O Decálogo ocupa lugar proeminente na vida do povo de Deus. Diferente de toda instrução de Deus, foi exposto em voz alta: Êxodo 20:1; escrito pelo dedo do Senhor. Êxodo 31:18; e colocado na arca do tabernáculo no coração da adoração de Israel: Êxodo 25:16. A arca terrestre corresponde ao modelo existente no céu. João viu no céu, no santuário de Deus a arca dos Dez Mandamentos, com efeito, entre os mandamentos encontra-se o Sábado.
Esculpido no Novo Testamento, texto da lavra de Paulo aponta um repouso sabático no céu, somente para o povo de Deus, santificado pelo princípio de justiça obedece à lei de Deus por amor, revestidos da natureza divina do Salvador. É notório, neste texto, Paulo mencionar a obra da criação, ou seja, apresenta o Sábado como memorial da criação, quando diz Hebreus 4:3-4; 9. Na visão do renomado pioneiro Andrews, contemporâneo de Ellen White, o descanso sabático apontado por Paulo trata-se da guarda do Sábado literal para o povo de Deus. Paulo alertou, o povo de Deus vai guardar o Sábado eternamente na Nova Terra, Éden. O profeta Isaías completa, o povo de Deus vai guardar o Sábado e a Lua Nova no Éden.
alguns ainda dizem, o único dos dez Mandamentos não encontrado no Novo Testamento foi o Sábado, trata-se de uma inverdade. Outrossim, vale lembrar, o Sábado foi instituído no Éden, confirmado no Sinai, duplamente abençoado com a Redenção de Cristo no Calvário e se firmará eternamente na nova terra, no Éden:Com efeito, o repouso sabático apontado por Paulo está no futuro, representa a guarda do Sábado na Nova Terra. Ademais, vale lembrar, o Senhor convidou os povos da terra para serem herdeiros de Abraão segundo a promessa em Cristo Jesus, obedecendo seu santo dia amparado pelo princípio de justiça, santificado, porque sua salvação está prestes a se manifestar para quem guarda o Sábado, seu santo dia: Isaías 56:1-7. Aqui cabe lembrar a promessa de Jesus, vou preparar lugar aos herdeiros da promessa, e virei buscá-los: João 14:1-3. Dessume-se, o lugar preparado por Cristo cabe aos herdeiros da promessa feita a Abraão endossada pelo profeta Isaías, os herdeiros da promessa em Cristo reverenciam seu santo dia, o Sábado da Criação.
Deus não endossa pecado, nenhum transgressor herdará a vida eterna, gozará as delícias do paraíso e participará do descanso sabático no Éden. As promessas de salvação e gozo pertencem aos santos, eles amam os mandamentos de Deus: João 14:15. São chamados reparadores de brecha, feita na Lei de Deus pelo homem do pecado, filho da perdição. O anticristo tentaria mudar os tempos e Lei, fazendo uma brecha na Lei do Decálogo, retirando o Sábado do quarto mandamento da Lei escrita pelo dedo de Deus, em seu lugar colocou, guardai domingos e festas, contudo em cada geração os servos do Senhor fiéis, perseveraram obedientes a Lei do Senhor, fato testificado pela irmã White da seguinte forma:
Desde aquele dia até ao presente, o conhecimento da lei de Deus tem-se preservado na Terra, e o sábado do quarto mandamento tem sido guardado. Posto que o homem do pecado conseguisse calcar a pés o santo dia de Deus, houve, contudo, mesmo no período de sua supremacia, ocultas nos lugares solitários, almas fiéis que lhe dispensaram honra. Desde a Reforma, alguns tem havido, em cada geração, a manterem-lhe a obediência. Embora frequentemente em meio de ignomínia e perseguição, constante testemunho tem sido dado da perpetuidade da lei de Deus e da obrigação sagrada relativa ao sábado da Criação.
WHITE, Ellen Golden. O Grande Conflito. 30. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1985. pág. 455
Coube aos remanescentes, a honrosa missão de reparar as brechas, defendendo com perigo de vida a obediência a santa Lei de Deus e a guarda do sétimo dia, nesse sentido testifica o profeta: Isaías 58:12-14. É imperioso salientar, tanto a santa Lei de Deus quanto o Sábado são alvos constantes de ataque de Satanás no curso da história eclesiástica. É seu desígnio enfraquecer a fé do povo do Senhor na guarda do sábado, para isto estimula o crente negligenciar deveres neste dia sagrado para Deus e seu povo, utilizando instrumentos para fazer uma ruptura na Lei, segundo esculpiu o profeta Isaías, no entanto, o Senhor chamou os remanescentes para reparar a brecha, revestidos da justiça de Cristo: Amós 9:11. Segundo o Espírito de Profecia, explicando o texto supracitado, no fim dos tempos os remanescentes revestidos com princípio de justiça, restabelecerá as instituições divinas danificadas pela apostasia da humanidade, segundo WHITE:
O profeta descreve aqui um povo que, em tempo de geral abandono da verdade e da justiça, está procurando restaurar os princípios que são o fundamento do reino de Deus. São os reparadores das brechas que têm sido feitas na Lei de Deus – preceitos de justiça, verdade e pureza, cuja obediência é para sua perpétua salvaguarda. No tempo do fim, toda instituição divina deve ser restaurada, a brecha feita na Lei, quando o Sábado foi mudado pelo homem deve ser reparada.
WHITE, Ellen Golden. Profetas e Reis. 3. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1981 pág. 677-678
Completamente cegos, guiados por cegos a seara religiosa caminha ao precipício. Os princípios de justiça são repelidos, substituídos pelo secularismo, paganismo e apostasia inundando as ombreiras das igrejas modernas na maré de pecados. Revestido de natureza pecaminosa os crentes naufragam no egoísmo, ambição política e social, desprezando os princípios fundamentais do cristianismo e o convite a santificação pela justiça de Cristo, o fim será a perdição juntamente com o pai da mentira.
Os filhos de Deus, Igreja Remanescente, edificarão as antigas ruinas restaurando as instituições divinas e os princípios da verdade danificado pelo homem do pecado, com efeito, guardarão o santo Sábado do Senhor com alegria e regozijo: Jeremias 30:20. O secularismo corrói como gangrena a fé cristã, pseudos servos do Senhor tem vergonha dos ensinos antigos, separados da justiça de Cristo, buscam preencher o vazio do coração com entretenimentos, no entanto o Senhor lhes adverte: Jeremias 6:16. Ignorando advertência divina para trilharem as veredas antigas amparados nas verdades da igreja primitiva, respondem, por esse caminho não andaremos, almejam salvação mergulhados na apostasia. Os servos de Deus, por seu turno, não se vergonham da doutrina de Cristo: Atos 2:42. A obediência do povo de Deus incomoda Satanás, em assim sendo a ira do diabo se volta contra os guardadores dos mandamentos, entre eles o Sábado do sétimo dia: Apocalipse 12:17. Pacientemente os Remanescentes esperam, confiam na salvação divina, revestidos da justiça de Cristo nada temem, nem a morte, são exemplo de fé e perseverança: Apocalipse 14:12. O apóstolo João retratou o perfil dos servos de Deus, quem são eles? os santos, verdadeiros guardadores dos mandamentos revestidos da justiça de Cristo, santificados herdarão a vida eterna, vão morar com o Senhor na Nova Terra congregando Sábado e Lua Nova, adorando o Senhor, conforme afirmou o profeta: Isaías 66:22-23. Acerca do supracitado texto cunhado pelo profeta Isaías, o festejado pioneiro Uriah Smith, relata:
. Motivo da congregação dos Remanescentes permanecerem diante do Senhor, protegidos para sempre, revestidos de espírito de justiça:Na nova terra o Sábado, fiel a sua origem e natureza, aparece de novo, e continuará derramar suas bênçãos sobre o povo de Deus por toda a eternidade (Isaías 66:22-23).
SMITH, Uriah. As Profecias do apocalipse, 1.ed. Ed. A Verdade Presente, 1991. pág. 290
De forma singela o festejado pioneiro retrata a vigência do Sábado do Éden ao Éden. Na Nova Terra a obediência do Sábado seguirá seu curso normal, haja vista, o povo de Deus se dedicar com amor e obediência ao santificado dia da Criação de sua origem a obediência eterna, conforme falou Paulo, se regozijando, louvando, celebrando culto ao Altíssimo no descanso sabático do povo de Deus eternamente, com a perfeição da natureza divina recuperada pelo Salvador.
Quando a glória do Senhor encher a terra, restaurando o mundo pecador, o Sábado do Altíssimo e a Lua Nova serão guardados pelos salvos para sempre, permitam repetir o texto de Isaías: Isaías 66:22-23. Na visão de Andrews, o supracitado texto de Isaías é mencionado por Paulo do seguinte modo: Hebreus 4:9-11. Resta um repouso ou guarda do Sábado, mesmo quando os santos forem glorificados, na Nova Terra, nesse sentido explica Andrews:
Será que Paulo não estaria se referindo a esses fatos expressos por Isaías ao afirmar: portanto, resta um repouso [do grego sabbatismo, literalmente UMA GUARDA DO SÁBADO] para o povo de Deus.
ANDREWS, John Nevins. O Sábado e o Domingo nos primeiros três séculos. 1.ed. Ed. Editora dos Pioneiros Adventistas, 2020. pág. 339
Ao viso de Andrews, o descanso sabático enfatizado por Paulo em Hebreus, se refere ao texto do profeta Isaías referente a Nova Terra, motivo da reunião todo Sábado e Lua Nova, reunindo os remidos no Éden em adoração. Segundo o festejado pioneiro, pode ser encontrado no livro de Apocalipse, com a expressão seguinte: Apocalipse 22:1-2. A convocação de todos os santos, para de Sábado em Sábado e Lua Nova em lua Nova se prostrarem e adorar o Senhor, testifica a santidade do Sábado e Lua Nova neste mundo e no porvir, quando a Terra for purificada. Em assim sendo, o Sábado nunca perdeu a vigência, é o dia do Senhor, instituído no Éden pelo Criador estendendo-se ao Éden na purificação da Terra.
Na mesma toada, se manifesta o festejado pioneiro Haskell, em sua ótica, o sábado foi uma ponte de travessia entre Deus e seu povo, fincado em quatro pilares, o sinal eterno firmado por aliança com sua igreja. O apontado pioneiro destaca os pilares edificados pela instituição sabática, a saber, o primeiro pilar, sua instituição no Éden, o segundo, a codificação no Sinai, terceiro pilar o sangue do messias no calvário, Cristo repouso no Sábado segundo a lei, o quarto pilar da ponte, o retorno ao Éden, o sábado guardado pelos remidos eternamente, enquanto durar o céu e a Terra. Eis o texto da lavra de Haskell:
A obra de redenção foi completada no sexto dia. Assim como Deus descansou após concluída a obra da criação, Jesus descansou no sepulcro de José durante as sagradas horas daquele santo Sábado. Seus seguidores também descansaram, pois Ele sempre os havia ensinado a obedecer à Santa Lei de Deus. Ele havia proibido a qualquer um o pensamento de que mesmo um jota ou um til da Lei de Deus poderia ser mudado (Mateus 5:17-18). Por quatro mil anos o Sábado havia sido observado como um memorial da criação, mas após a morte do Salvador sobre a cruz o Sábado foi duplamente abençoado.
O Sábado, como uma grande ponte, abrange todo o tempo. O primeiro pilar que sustenta essa grande instituição foi colocado no Éden, quando, de acordo com o relato encontrado em Gênesis 2:2-3, Deus e o homem repousaram durante as sagradas horas do Sábado. O segundo pilar da ponte foi fundamentado entre os trovões do Sinai, quando Deus, ao proclamar o quarto Mandamento como se encontra em Êxodo 20:8-11, deu como razão para o homem guardá-lo e santificá-lo o fato de Ele ter repousado da obra da criação no sétimo dia. O terceiro pilar da ponte do Sábado foi santificado pelo sangue do Calvário. Enquanto Jesus, no túmulo, repousava da obra da redenção como registrado em Lucas 23:54-56, os seguidores de Cristo descansaram segundo o Mandamento. O quarto pilar dessa maravilhosa ponte será estabelecido na nova terra. Em Isaías 66:22-23 nos é dito que após ser removido o último vestígio da maldição do pecado da terra, toda a carne, de um Sábado a outro, virá adorar perante o Senhor. Enquanto durarem o novo céu e a nova terra, os redimidos pelo amor do Senhor comemorarão o Sábado tanto como um memorial da obra consumada por Cristo na redenção deste mundo caído, como também um memorial de sua criação.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 101
Por fim, é forçoso concluir, de acordo com HASKELL, o Sábado foi instituído como memorial da criação, após consumar as obras da criação, o Senhor repousou e abençoou o sétimo dia, de igual modo, o Messias, morreu no sexto dia e descansou no sétimo, como memorial da Redenção, com isto o Sábado é duplamente abençoado, tanto na criação como na redenção do pecador, com o Senhor do Sábado, Jesus, repousando no sétimo dia após vencer Satanás e resgatar este mundo das garras do enganador. No Sinai, o sábado foi ratificado como sinal eterno de Deus com seu povo, estendendo-se ao Éden, onde será guardado eternamente pela igreja de Deus, logo, o Sábado foi guardado do Éden ao Éden pelo povo do Altíssimo.