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Doutrina


A SANTA CEIA


Santa Ceia, Alterada por Sonhos e Revelações



Em verdade, vale destacar o fato de algumas igrejas celebrarem Santa Ceia aos domingos, outras a celebram mensalmente e existem as celebrantes de três em três meses, com supedâneo em suposições, ilações, comparação, revelação ou sonhos. Como cediço, o Senhor se comunica com seus servos por sonhos, entrementes, todos os sonhos e revelações são de Deus? Sonhos e revelações ferindo um claro Assim diz o Senhor estigmatizado pelas Escrituras são de inspiração divina? Regras seguidas e amadurecidas por séculos na igreja primitiva, escoradas na Lei de Deus acerca da Santa Ceia, pode ser mudada por sonhos ou revelações?

Em princípio, é pertinente trazer à baila elucidativos esclarecimentos de cunho bíblico em resposta às indagações formuladas, segundo o profeta menor: "certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas." Amós 3:7. Sem sombra de dúvidas, o Senhor revela seus segredos aos seus servos, todavia, impende tomar cuidado com a interpretação do versículo, nem sempre as revelações tem o condão de sonhos ou visões, o Senhor comunica-se outrossim pelas Escrituras, conforme esclarece Jesus: "Eles têm Moisés e os Profetas; ouça-nos." Lucas 16:29. Leia-se, eles têm as Escrituras, a elas devem ouvir como autêntica revelação de Deus para sua Igreja, com efeito, é o meio mais seguro do Senhor revelar segredos a seus servos, porque está fincado no límpido Assim diz o Senhor.

Com esse importe, as Escrituras exibem textos relacionados a sonhos, toma-se, por exemplo, o padeiro e copeiro mor de Faraó. Ambos foram atormentados por sonhos na prisão, despertaram no dia seguinte angustiados aguçando a curiosidade dos oficiais de Faraó, compelindo-os a perguntarem: Porque tendes, hoje, triste o semblante? "Eles responderam: Tivemos um sonho, e não há quem o possa interpretar. Disse-lhe José: Porventura, não pertencem a Deus as interpretações?" Gênesis 40:8. A resposta de José é cirúrgica, a interpretação dos sonhos, quando de acordo com as Escrituras, pertencem a Deus, portanto, são sonhos e visões oriundos da inspiração divina, de outro norte, sonhos e revelações colidindo com as Escrituras afrontam os céus. Neste sentido, convém lembrar, Satanás apresentou-se a Jesus no deserto da tentação após o jejum de 40 dias e noites. Lúcifer manifestou-se em forma de anjo, dizendo-se portador de revelação divina, contudo, suas palavras afrontaram as Escrituras forçando Jesus reconhecê-lo de inopino. Jesus não reconheceu Satanás pela aparência, o inimigo apresentou-se em forma de anjo de luz, todavia, quando revelou a mensagem contrária às Escrituras, Jesus reconheceu o inimigo das almas, e o repreendeu.

Ainda no mesmo contexto, vislumbra-se um sonho de cunho divino revelado a José: "Atávamos feixe no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé; e os vossos feixes o rodeavam e se inclinavam perante o meu." Gênesis 37:7. No momento José não soube interpretar o sonho, impressionado, contou a seus irmãos sofrendo dura repreensão, despertando severa ira dos invejosos irmãos, como se pode ver: "Teve José um sonho e relatou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais." Gênesis 37:5. A inocência de José quanto a interpretação do sonho, motivou contá-lo aos irmãos. O sonho esculpia o propósito de Deus, o feixe de José superior em relação ao feixe de seus irmãos, inclinados diante dele, revelava evento futuro, José foi instrumento utilizado por Deus para governar o Egito salvando sua descendência da fome, sede e morte certa.

Tempos depois, o Senhor manifestou-se a José em sonho, novamente foi repreendido pelos irmãos e pelo Pai, Jacó, porque: "Teve ainda outro sonho e o referiu a seus irmãos, dizendo: Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim. Contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o o pai..." Gênesis 37:9-10. Os sonhos de José foram frutos de revelação divina, todavia, José só tomou conhecimento do significado quando se cumpriu.

É de bom alvitre ressaltar, no período patriarcal, antes da codificação da Lei, os ensinamentos eram passados de pai para filho, o Senhor se comunicava com o povo através dos profetas, como se pode notar: "Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas." Hebreus 1:1, sonhos e visões representavam uma das ferramentas de comunicação utilizadas pelo Senhor, através dos iluminados e renomados profetas, neste sentido, confirma as sagradas Escrituras: "Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos." Números 12:6. Neste compasso, vislumbra-se outra forma do Senhor se comunicar com os israelitas, através de Urim e Tumim, duas pedras localizadas no peitoral de Arão, acendiam conforme as respostas de sim ou não, satisfazendo as perguntas formuladas pelo Sumo Sacerdote: "Também porás no peitoral do juízo o Urim e Tumim, para que estejam sobre o coração de Arão, quando entrar perante o Senhor; assim, Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante o Senhor continuamente." Êxodo 28:30. É perfeitamente possível confirmar essa assertiva no evento envolvendo Saul, o rejeitado rei desejava se comunicar com o Senhor utilizando o falecido Samuel após esgotar as formas tradicionais de comunicação com o Senhor: "Consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas." I Samuel 28:6. O exército Filisteu juntou-se para fazer guerra à Israel, Saul, temeroso em face do Senhor desprezá-lo, invocou Samuel por meio de necromante. Com efeito, não foi Samuel quem falou com Saul, o inimigo das almas tomou a forma de Samuel e apresentou-se diante do rei. O Senhor não se comunicou com Saul após a rejeição, como expressou o texto, nem por sonhos, nem por Urim ou profetas.

Como já comprovado, o Senhor utiliza sonhos como meio de comunicação: "Porque Deus fala uma vez. E duas vezes, embora não se repare nisso. Num sonho, numa visão da noite, quando profundo sono cai sobre os homens durante os cochilos sobre a cama." Jó 33:14-15. Acrescenta ainda, nos últimos dias derramará seu espírito sobre toda a carne: "E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões." Joel 2:28. É de bom tom esclarecer a interpretação do encimado texto, o Senhor vai derramar seu Espírito sobre toda a carne, leia-se, sobre sua Igreja na chuva Serôdia. O Senhor não pode falar com os homens face a face em razão da natureza pecaminosa, todavia, quando revestir seus servos com a natureza divina de Cristo, a igreja será reconciliada com o Altíssimo, voltando ao estado de Adão antes do pecado, assim sendo, é possível falar com o Senhor face a face. O fato do Senhor derramar seu Espírito sobre seus servos na chuva Serôdia, não autoriza crer em todos os sonhos e visões, há sonhos oriundos da providência divina e sonhos vinculados a Satanás, como diferenciá-los? Sonhos e visões de cunho profético, encontram-se alicerçados nas Escrituras, de outro norte, sonhos e visões de origem satânica, dilapidam as Escrituras adulterando o contexto.

Neste importe, convém ressaltar a diferença entre sonhos de cunho divino e sonhos naturais, os sonhos oriundos de inspiração divina, são diferentes dos sonhos naturais. Dá-se, por exemplo, o caso de Faraó quando sonhou com as sete vacas gordas e sete vacas magras às margens do Nilo, o Monarca egípcio manifestou espírito perturbado após o sonho. De igual modo, no segundo ano do reinado de Nabucodonosor, o renomado rei foi abalado com um sonho, deixando seu espírito perturbado (Daniel 2:1), como visto, os sonhos de origem divina não são comuns, são reais, tocam na alma, conforme comprova o sonho da mulher de Pilatos: "E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com este justo; porque hoje, em sonho, muito sofri a seu respeito." Mateus 27:19. Finalmente é necessário invocar o caso do profeta Daniel, quando tomado pela visão dos quatros animais, ele relatou: "Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as visões da minha cabeça me perturbaram." Daniel 7:15. Como já ressaltado acima, sonhos de origem divina comovem, tocam e perturbam o espírito, afinados com as Escrituras. Noutro giro, sonhos naturais não causam comoção no espírito ou perturbação na alma, são sonhos simples, oriundos das perturbações da labuta da vida sem vínculo com as Escrituras.

Em verdade, convém reiterar, Satanás também se manifesta em visões e sonhos, contudo, sonhos e visões oriundos de Satanás, com efeito, violam as Escrituras com escopo de afastar os crédulos em suas visões e sonhos, do salutar relacionamento com Deus, sã doutrina e da igreja, tornando-se presa fácil do leão. Não obstante, igrejas remissas descuram calcar suas doutrinas no sólido Assim diz o Senhor, naufragando da fé, arrastadas por gigantescas ondas de promiscuidade, sucumbem na maré de apostasia regada a sonhos, visões, ilações, comparações e suposições.

Ignorando o perigo, considerável número de religiosos adulteram a data da Santa Ceia ancorados em sonhos, visões, revelações, ilações, suposições e comparações na linha de colisão com as Escrituras. Destarte, celebram a Santa Ceia todo domingo, mensalmente ou de três em três meses. Como restou comprovado, sonhos, visões e revelações oriundos dos céus estão afinados com as Escrituras e não afrontando. Dá-se por exemplo a questão quartodecimana, no supracitado episódio, Policarpo, substituto do apóstolo João, defendeu a celebração da Santa Ceia no dia 14 de abibe, uma única vez no ano, estendendo o costume dos apóstolos e da igreja primitiva, com respaldo das Escrituras. Uma verdade com essa envergadura, não pode ser adulterada por sonhos, visões e falsas revelações.



Falsos Sonhos e Falsas Visões



À luz das Escrituras, não existe qualquer resquício de dúvidas quanto à celebração da Páscoa no 14º dia de abibe. Em cumprimento às profecias, Jesus instituiu a Santa Ceia exatamente na data da Páscoa, simplesmente substituiu a forma de cerimônia. A própria Igreja apostólica celebrou a Santa Ceia por faustos anos exatamente na data quartodecimana, 14º dia de abibe. No entanto, nos dias atuais a ordem divina encontra-se adulterada, escorados em sonhos, revelações e visões, alguns celebram a Santa Ceia todo domingo, de mês em mês, ou três em três meses, sem a menor preocupação em verificar as Escrituras, abrindo uma brecha na Lei, sinal vermelho, alerta, perigo.

Neste particular, emerge semelhante fato ocorrido na igreja dos Santos dos últimos dias (Mormos). A referida igreja celebra a Santa Ceia todos os domingos, como se pode ver em seu livro doutrinário:

As escrituras explicam exatamente como deve ser administrado o sacramento. Os membros da igreja se reúnem todos os domingos para adorar e partilhar do sacramento (ver D&C 20:75).
Princípios do Evangelho, pág. 153

A supracitada igreja, molda seu acervo doutrinário respaldada em falsos sonhos e falsas visões. Desprezaram as Escrituras, valendo-se de escrituras próprias esculpida aos delírios do fundador Joseph Smith (1805-1844). O aludido líder tornou-se adepto da poligamia após uma visão, esposou cerca de 40 mulheres, entre elas uma de 14 anos de idade, aflorando sua pedofilia.

Neste prisma, convém temer doutrinas delineadas em sonhos e visões, a exemplo da igreja dos Mormos. Escorados em visões adulteraram os símbolos da Santa Ceia, trocaram o vinho por uso de água na celebração. À luz das Escrituras sagradas admitem Jesus distribuir pão e vinho no Sacramento, todavia, calcados em suposta visão nos últimos dias atropelaram as Sagradas Escrituras, trocaram o vinho representação do sangue de Cristo, por água na celebração da Santa Ceia, mediante duvidosa visão de um membro, pasmem, eis o famigerado texto:

Jesus deu vinho aos discípulos quando introduziu o sacramento. Entretanto, numa revelação dos últimos dias, disse que não importava o que se coma ou o que se beba durante o sacramento, desde que nos lembremos Dele. (ver D&C 27:2-3) Hoje os santos dos últimos dias bebem água em vez de vinho.
Princípios do Evangelho, pág. 153

Se não importa beber vinho ou água, porque trocaram o vinho e conservaram o pão? Ademais, descuraram citar o texto, onde Jesus ordena trocar o vinho por água na Santa Ceia? O aludido texto não existe, a malsinada doutrina foi forjada com amparo em sonhos e visões de origem tenebrosa, satânica.

Neste diapasão, colhe-se no livro dos santos dos últimos dias ou Mórmons Doutrina e Convênios (D&C, 14:17-18;30:1-4), referendando suposta revelação dirigida ao membro David Whitmer, segundo os mórmons, o aludido sonho ou famigerada suposta revelação ordena substituir o vinho por água na Santa Ceia. De igual modo, foi revelado o dever de celebrar a Santa Ceia todo os domingos, fundamentado no dia da ressurreição de Cristo, contrariando severamente as regras estabelecida nas Escrituras, determinando celebrar a Santa Ceia no data quartodecimana (14 de abibe) com vinho e pão.

Diante do exposto, convém perquirir, o Senhor impõe uma ordenança, um Assim diz o Senhor, e depois muda as regras, através de sonhos e visões? É forçoso avocar um salutar texto bíblico para esclarecer a querela. O evento aconteceu em Israel, o Senhor ordenou ao profeta viajar a Betel e repreender o apostatado rei Jeroboão: "Eis que, por ordem do Senhor, veio de Judá a Betel um homem de Deus; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso." I Reis 13:1. O Senhor ordenou por sua palavra, um Assim diz o Senhor, ao profeta repreender Jeroboão em Betel, não comer, nem beber, e voltar por outro caminho, assim ele fez: "Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comereis pão, nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde foste. E se foi por outro caminho; e não voltou pelo caminho por onde viera a Betel." I Reis 13:9-10. Cativo à Palavra do Senhor, o profeta obedeceu à risca a ordem divina, consolidando a sentença proferida pelo Senhor contra o ímpio Rei Jeroboão.

Contudo, segundo dispõe as Escrituras, morava em Betel outro profeta, já idoso, tomando conhecimento dos fatos ocorridos, perguntou por qual caminho o homem de Deus retornou, seus filhos apontaram de imediato: "Morava em Betel um profeta velho; vieram seus filhos e lhe contaram tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel; as palavras que dissera o rei, contaram-nas a seu pai. Perguntou-lhes o pai: Por que caminho se foi? Mostraram seus filhos o caminho por onde fora o homem de Deus que viera de Judá." I Reis 13:11-12. Selando seu jumento o vetusto profeta seguiu em busca do homem de Deus. Quando o encontrou, ficou maravilhado, convidou-o a retornar, comer e beber com ele, então o homem de Deus retrucou, expondo o impedimento de atender sua gentileza, encontrava-se proibido pela palavra direta de Deus: "E foi após o homem de Deus e, achando-o sentado debaixo de um carvalho, lhe disse: És tu o homem de Deus que vieste de Judá? Ele respondeu eu mesmo. Então, lhe disse: Vem comigo a casa e come pão. Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo; não comerei pão, nem beberei água contigo neste lugar. Porque me foi dito pela palavra do Senhor: Ali, não comerás pão, nem beberás água, nem voltarás pelo caminho por que foste.." I Reis 13:14-17. O sábio homem de Deus, respondeu com firmeza, decidido a manter o propósito do Senhor, obedecendo ordem direta.

Com esse enfoque, é de bom alvitre evidenciar o perigo de sonhos e revelações contrariar ordem direta do Altíssimo, um Assim diz o Senhor. O velho homem manifestou-se como profeta, anunciando receber nova mensagem do Senhor em visão, disse: Um anjo de Deus apareceu conduzindo outra mensagem, permitindo ao homem de Deus voltar, comer e beber comigo. Com efeito, o referido anjo era de Satanás, para contrariar ordem divina. O homem de Deus descurou consultar o Senhor, acreditou nas palavras do velho profeta, sofrendo as consequências: "Tornou-lhes ele: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba água. Então, voltou ele, e comeu pão em sua casa, e bebeu água." I Reis 13:18-19. É forçoso contemplar a severa repreensão e castigo do Senhor, o homem de Deus se deixou enganar por Satanás, contudo, esse fato não impediu a execução da Palavra de Deus. Nem o profeta, nem a igreja Remanescente, estão autorizados contrariar uma ordem direta de Deus, sob pena de rebeldia, imagine mudar o dia da celebração da Santa Ceia baseado unicamente em sonhos e visões: "Ouvindo-o o profeta que o fizera voltar do caminho, disse: E o homem de Deus, que foi rebelde à palavra do Senhor; por isso, o Senhor o entregou ao leão, que o despedaçou e matou, segundo a palavra que o senhor lhe tinha dito." I Reis 13:26. A atitude do profeta iguala-se a dos mormos e irmãos remissos, ancorar doutrinas vitais para a salvação em sonhos e visões, a exemplo da Santa Ceia, voltando do caminho ordenado por Deus, delineando nova forma, o fim será o mesmo do homem de Deus, devorado pelo leão envolto (Satanás), rugindo em busca de alguém para devorar.

Nesse compasso, vê-se a pureza da palavra do Senhor refrigerar a alma, as Escrituras contém toda verdade vinculada à salvação, caso se levante um profeta com sonhos e visões contrariando os claros ensinos da Palavra de Deus, convidando seguir outros deuses ou outra forma doutrinária, impende rejeitar de inopino: "Caso se levante no teu meio um profeta ou um sonhador de sonho e ele te dê um sinal ou um portento, e se cumpra o sinal ou o portento de que te falou, dizendo: Andemos seguindo outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los, não deves escutar as palavras deste profeta ou o sonhador daquele sonho, porque Jeová, vosso Deus, vos está pondo a prova para saber se amais a Jeová, vosso Deus, de todo o vosso coração e de toda a vossa alma. Deveis andar segundo a Jeová, vosso Deus, a ele deveis temer, e seus mandamentos deveis guardar, a sua voz deveis escutar, e a ele deveis servir, e a ele vos deveis apegar. E aquele profeta ou aquele sonhador de sonho deve ser morto, porque falou em revolta contra Jeová, vosso Deus, que vos fez sair da terra do Egito e que te remiu da casa dos escravos, para te desviar do caminho em que Jeová, teu Deus, te mandou andar; e tens de eliminar o mal do teu meio." Deuteronômio 13:1-5. Ao Senhor deveis temer, seus Mandamentos guardar e ouvir a sua voz à luz das Escrituras. Quando se levantar irmãos com sonhos e visões contrários aos claros Assim diz o Senhor, deveis consultar as Escrituras, se as visões convergem ao arrepio da sã doutrina, convém rejeitar e condenar como anátema, nos moldes dos ensinos Paulinos.

Neste particular, o apóstolo Paulo se manifestou, chamou os ensinamentos contrários a sã doutrina de evangelho anátema, mesmo ensinado por ele ou por anjos vindo de céu: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue que vá além do que nós temos pregado, seja anátema." Gálatas 1:8. Ressalte-se por oportuno, segundo exortações de Paulo, a veracidade da doutrina não estar vinculada a sonhos e revelações, mas, as verdades cunhadas nas Escrituras no claro Assim diz o Senhor.

Como já exaustivamente exposto, o Senhor se manifesta através de sonhos e visões, no entanto, é necessário lembrar da existência de sonhos naturais da carne: "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; porquanto, sejam poucas as tuas palavras. Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias." Eclesiastes 5:2-3. Convém exortar aos irmãos, evitem contar sonhos carnais na igreja, como já exposto alhures, sonhos inspirados por Deus tem uma forte ligação com as Escrituras e trazem alguma advertência, conselhos ou repreensões para a igreja.

Neste viés, é imponente destacar outro tipo de sonho e visão, exalando maior perigo, trata-se da visão do velho profeta enganando o homem de Deus, dizendo-se portador de nova luz contrariou ordem direta do Altíssimo. Satanás outrossim se manifesta por sonho e visão, dá-se, por exemplo, Israel. Lúcifer usou falsos profetas com sonhos e visões induzindo os hebreus desobedecerem a ordem do Senhor, rejeitaram os conselhos do profeta Jeremias, sofrendo os infortúnios do cativeiro Babilônico promovido por Nabucodonosor. O Senhor enviou o profeta Jeremias, ordenando: "Não deis ouvidos aos vossos profetas e aos vossos adivinhos, aos vossos sonhadores, aos vossos agoureiros e aos vossos encantadores, que vos falam, dizendo: Não servireis o rei de Babilônia. Porque eles vos profetizam mentiras para vos mandarem para longe da vossa terra, e para que eu vos expulse, e pereçais." Jeremias 27:9-10. Os obstinados Hebreus, sedentos por idolatria e paganismo, desprezaram os sábios conselhos de Jeremias, acreditando nos sonhos e visões dos falsos profetas. Resultando na tomada de Jerusalém, destruição do Templo e cativeiro por setenta anos em Babilônia. Neste norte, a Igreja Remanescente compele-se ignorar sonhos e visões revestidos de nova luz, contrariando as Escrituras.

Com esse enfoque, a irmã White alça sua voz como trombeta para anunciar o perigo de acreditar em novas luzes ou doutrinas forjadas com escora em sonhos e visões despidas de iluminação divina, a festejada profetisa elenca dois tipos, sonhos comuns da vida e sonhos e visões inspirados por Satanás, os aludidos sonhos diferem dos sonhos oriundos da providência divina, verbis:

Grande número de sonhos origina-se das coisas comuns da vida, com os quais o Espírito de Deus nada tem a ver. Há também falsos sonhos, bem como falsas visões que são inspiradas por Satanás. Mas os sonhos provenientes do Senhor estão classificados na palavra de Deus com visões, e são tão verdadeiramente frutos do espírito de profecia como as visões. Tais sonhos, levando-se em conta as pessoas que os têm e as circunstâncias sob as quais foram dados contêm suas próprias provas de genuinidade.
WHITE, Ellen Golden. Testemunhos para a Igreja. V.1. 1.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 2000. pág. 569

O supracitado texto é límpido ao distinguir os tipos de sonhos. Os sonhos da carne não possuem vínculo com os céus, portanto não convém contar na igreja, sonhos e visões de cunho satânico, manifesta-se ao arrepio das Escrituras, devem ser rejeitados de imediato, por fim, sonhos de origem divina, manifestam-se com forte vínculo e perfeita harmonia com as Escrituras Sagradas.

Como cediço, a verdade não se mistura com o erro, neste particular, as Escrituras proíbem consolidar doutrina vital para a salvação, como exemplo, toma-se a celebração da Santa Ceia, amparada unicamente por comparações, suposições, deduções, sonhos ou visões em contradição com a sã doutrina solidificada nas Escrituras, neste sentido exorta a irmã White:

Quando o poder de Deus testifica daquilo que é verdade, essa verdade deve permanecer para sempre como a verdade. Não devem ser agasalhadas nenhumas suposições posteriores contrárias ao esclarecimento que Deus proporcionou...
Não devemos receber as palavras dos que vêm com uma mensagem em contradição com os pontos especiais de nossa fé..
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V.1. 3.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1988. pág. 161

Verdades consolidadas, com viés de Assim diz o Senhor, configuram colunas especiais de nossa fé, não podem em nenhuma hipótese sofrer alterações escoradas em sonhos, visões, ilações ou suposição. Caso a igreja remova os velhos marcos, o Senhor retira-se da congregação, deixando-a vagar em completa trevas, destarte, a igreja removerá um marco após outro sucumbindo na absoluta apostasia.

Urge destacar, o grande antídoto de origem divina contra comparações, suposições, deduções, sonhos e visões são um claro Assim diz o Senhor, seguindo sólidos esclarecimentos da Palavra de Deus:

Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro ASSIM DIZ O SENHOR.
WHITE, Ellen Golden. Grande Conflito. 30.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1985. pág. 600-601

Como já exposto, é de boa índole a Igreja Remanescente manter-se arraigada e firme no claro ASSIM DIZ O SENHOR, considerando a principal forma de comunicação do Soberano do universo com sua igreja, as Escrituras, e não sonhos e visões locomovendo-se na rota de colisão com a Palavra inspirada, neste sentido, são os ensinamentos de Ellen White, para o caso:

Como um povo, temos baseado nossa fé nos princípios expostos em sua Palavra. Comprometendo-nos a levar o coração e a mente à obediência à Palavra viva, e a seguir um Assim diz o Senhor. Review and Herald, 19 de agosto de 190. White, 1999.
WHITE, Ellen Golden. E Recebereis Poder. 1.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1999. pág. 31

Em princípio, o povo do Senhor sustenta a sã doutrina ancorados nos sólidos fundamentos esculpidos nas Escrituras, em claro e evidente ASSIM DIZ O SENHOR, sonhos e visões, são recepcionados na Igreja do Senhor, somente quando amparados pelas Escrituras. Sonhos e visões, contrariando o límpido Assim diz o Senhor é rechaçado de inopino.

Com este importe, convém a igreja manter-se hígida na senda da verdade, sem desviar para direita ou esquerda. Seguindo as exortações do apóstolo Paulo, caso desça um anjo do céu munido de revelação para os últimos dias, se contrariar as Escrituras, a mensagem é maldita, neste giro, é imperioso enaltecer, a igreja firmou um concerto com sacrifício, o Senhor espera cumprimento e fidelidade do seu povo, portanto:

Lembrai-vos de vosso concerto com a igreja, no qual concordastes em andar em todos os caminhos do Senhor, já revelados ou por serem ainda revelados. Lembrai-vos de vossa promessa e concerto com Deus, de uns com os outros, de aceitar qualquer luz e verdade que se vos fizesse conhecida pela palavra escrita; mas, além disso, tendes cuidado, eu vos rogo, com o que recebeis por verdade, e comparai-o, pesai-o com outros textos da verdade antes de aceitar.
WHITE, Ellen Golden. Grande Conflito. 30.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1985. pág. 289

Novas luzes aspiram cuidados, como já sobejamente exposto, luzes do passado, presente e futuro necessitam passar pelo crivo da Lei e do Testemunho, a doutrina é amparada pelo ASSIM DIZ O SENHOR. Supostas luzes oriundas de sonhos e visões sem endosso das Escrituras, não provém do Senhor, são frutos do enganador das almas.

É necessário não perder de vista o fato de outras igrejas celebrarem a Santa Ceia de três em três meses, cujo fundamento encontra-se em nota de rodapé esculpido no Testemunho Seletos Vol. I, pág. 517, tentando palidamente explicar o texto da mesma autora nos seguintes termos:

... O lavar os pés e tomar parte na ceia do Senhor, devem ser observados com mais frequência.
WHITE, Ellen Golden. Testemunhos Seletos. V.1. 5.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1984. pág. 517

Dito isso, é inarredável explicar o contexto vivenciado por Ellen White na época. "observar com mais frequência" e "uniformidade na prática" da Santa Ceia, configura advertência simbólica anunciada pela senhora White em 1853, para inibir as constantes confusões dominantes na congregação. Foi uma forma de tolher a confusão na igreja, mergulhada em contenda quanto ao lavar os pés, uns dos outros, alguns rejeitavam essa ordenança contaminados por antigos líderes religiosos, portanto, não foi uma ordem para celebrar Santa Ceia de três em três meses. Com desiderato de dissipar qualquer resquício de dúvida, urge vislumbrar elucidativo esclarecimento no mesmo texto:

Jesus nos deu o exemplo, e disse que fizéssemos como ele fez. Vi que o seu exemplo deve ser seguido o mais exatamente possível.
WHITE, Ellen Golden. Testemunhos Seletos. V.1. 5.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1984. pág. 517

A luz do exemplo de Jesus, é imperioso concluir, a data correta da celebração da Santa Ceia, só pode ser o dia 14 de abibe, deveras, foi esse o legado deixado no exemplo de Jesus, para fazer como ele fez, ou seja, celebrar a Santa Ceia uma vez por ano, no primeiro mês bíblico, Jesus nunca celebrou a Páscoa, mensalmente, todo domingo ou de três em três meses.

É oportuno destacar, os Pioneiros adventistas, celebravam a Santa Ceia uma vez por ano, na data da Páscoa. Seguindo o curso profético vislumbra-se a Santa Ceia ocupar o lugar da Páscoa. Não obstante, crescendo a igreja Adventista escorada na apostasia, migraram para a data consagrada pelo metodismo norte-americano, passaram a celebrar a Santa Ceia a cada três meses, rompendo com os ensinamentos das Escrituras, e assim o fazem até hoje. Neste sentido, confirma o Tratado de Teologia Adventista:

Dentre os primeiros adventistas, alguns defendiam que o rito da comunhão devia ser celebrado apenas uma vez por ano, por entenderem que a cerimônia era uma continuação da páscoa judaica. À medida que a organização se desenvolveu, a Ceia do Senhor passou a ser celebrada uma vez por trimestre, tornando-se conhecida como a reunião trimestral. O plano trimestral parece ter sua origem na tradição metodista norte-americana.
Geralmente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia celebra a Ceia do Senhor uma vez por trimestre, seja num culto sabático de adoração, seja num outro culto especial (ver Manual da Igreja, 2005, 79).
DEDEREN, Raoul. Tratado de Teologia Adventista do sétimo Dia. V.9. 1.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 2011. pág. 669

Em assim sendo, conclui-se, a Igreja Adventista abandonou a data da Santa Ceia consagrada na igreja primitiva e consolidada pelos Pioneiros, acolhendo Ceia trimestral absorvida do metodismo americano. Considerando a importância do sacramento da Santa Ceia, é forçoso perquirir as Sagradas Escrituras com escopo de descobrir a data exata da celebração da primeira Santa Ceia celebrada por Jesus, neste viés, punge estudar a festa das primícias para elucidar a querela.



Que Dia Jesus Celebrou a Última Páscoa e Instituiu a Santa Ceia?



Não obstante, vale mencionar, a Páscoa foi instituída à noite, o cordeiro foi comido à noite: "Deviam comer a carne, assada, com pão asmos e ervas amargosas, à noite, conforme disse Moisés, com os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão: e o comereis apressadamente: esta é a Páscoa do Senhor." Êxodo 12:8-11. A instituição da Páscoa era profética, fazia parte do Plano de redenção compelindo ser observada até o tipo encontrar o antítipo, o cordeiro apontava Jesus, símbolo da Páscoa, após sua morte a Páscoa foi substituída pela Santa Ceia, permanecendo a data da celebração. Nesta senda, insta retroceder a primeira Páscoa celebrava na partida de Israel do Egito:

Em comemoração a este grande livramento, uma festa devia ser observada anualmente pelo povo de Israel, em todas as gerações futuras. Ao observarem esta festa nos anos futuros, deviam repetir aos filhos a história deste grande livramento, conforme lhe ordenou Moisés: Direis: Este é o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios, e livrou as nossas casas.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1989. pág. 280

Cumpre ressaltar, Israel celebrou a Páscoa no dia 14 de abibe até o tipo encontrar o antítipo. Fato ocorrido quando Jesus celebrou a última Páscoa com os discípulos, instituindo a Santa Ceia, houve transição da Páscoa para Ceia, mudaram os símbolos, contudo permaneceu o dia da celebração.

Em verdade, a Santa Ceia foi instituída por Jesus na noite de sua agonia, foi entregue ao martírio depois de celebrar a última Páscoa e instituir a Santa Ceia: "Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim." I Coríntios 11:23-24.. À guisa de informação, convém asseverar, Jesus celebrou a última Páscoa com os discípulos e instituiu a Santa Ceia na noite do dia 14 de abibe, véspera do cumprimento profético. No dia 14 de abibe, Jesus rendeu o Espírito na cruz no exato momento do sacrifício do cordeiro pascoal na nona hora do dia.

Cientes da instituição da santa ceia à noite, convém perquirir em qual dia caiu essa noite e qual festa, segundo o apóstolo: "Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importa comemorar a Páscoa." Lucas 22:7. Nos termos do supracitado versículo a festa era a Páscoa, todavia, se faz necessário recorrer ao Velho Testamento para descobrir a data: "A Páscoa do Senhor, que começa no entardecer do décimo quarto dia do primeiro mês. No décimo quinto dia daquele mês começa a festa do Senhor, a festa dos pães sem fermento." Levítico 23:5-6. O aludido versículo traz à baila informações preciosas, a Festa da Páscoa obrigatoriamente começava no pôr do sol do dia 14 de abibe (primeiro mês) ou data quartodecimana estendendo-se pela noite do dia 15, logo a santa Ceia foi instituída uma noite antes da celebração da Páscoa, por motivos sabiamente explicado pela irmã White:

No cenáculo de uma morada de Jerusalém, achava-se Cristo à mesa com os discípulos. Tinham-se reunido para celebrar a Páscoa O Salvador desejava celebrar essa festa a sós com os doze. Sabia que era chegada a sua hora; ele próprio era o Cordeiro pascoal, e no dia em que se celebrava a páscoa, devia ser sacrificado.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pag. 619

Jesus celebrou a última Páscoa no dia anterior, final do dia 13, contudo, instituiu a Ceia na noite do dia 14 de abibe porque no dia 14 de abibe, os símbolos da Páscoa cumprir-se-iam em sua morte.

Neste particular, Haskell emerge, endossando os ensinamentos da irmã White, Jesus reuniu seus discípulos para celebrar a Páscoa e instituir a Santa Ceia antes do pôr do sol do dia 13 de abibe, quando o sol se pôs, celebrou a Santa Ceia, já era noite do dia 14 de abibe, véspera dos acontecimentos proféticos, como se pode notar:

E na véspera do dia em que o símbolo encontrara o antítipo, Cristo reuniu seus discípulos e instituiu o comovente memorial da Santa Ceia, para comemorar sua morte e sofrimento até a sua segunda vinda (Mateus 26:26-29).
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 109

A explicação é óbvia, Jesus celebrou a Páscoa e instituiu a Santa Ceia um dia antes do povo judeu, por essa razão a Páscoa foi celebrada somente com os discípulos, enquanto o restante do povo celebrava a páscoa na data estipulada, porque Jesus, o Cordeiro de Deus deveria ser sacrificado exatamente no horário de imolar o cordeiro pascoal, as três horas da tarde. Ainda no mesmo contexto, importa deixar claro, o fato de Jesus celebrar a última Páscoa no dia anterior não significa mudança na data da Páscoa e Santa Ceia. Simplesmente o símbolo encontrou o antítipo na data exata da celebração da Páscoa. Doravante, a Santa Ceia, substituta da Páscoa, seria celebrada no pôr do sol do dia 14 de abibe, data quartodecimana, podendo estender-se pela noite.

Neste compasso, vislumbra-se a Bíblia fornecer dados plausíveis da data da última Páscoa celebrada por Jesus, décimo terceiro dia do primeiro mês judaico (abibe ou nisã) e instituição da Santa Ceia na noite do dia 14 de abibe substituindo a Páscoa, na mesma data de sua celebração, mudou a forma, não o dia da celebração. Existem provas sólidas, confirmando a celebração da Santa Ceia pela igreja primitiva, exatamente na data da Páscoa. Com efeito, Jesus obedeceu à lei, celebrou a Páscoa no pôr do sol instituindo a Ceia na mesma data e no mesmo dia, e não todo domingo, todo mês ou de três em três meses. Como prenota as Escrituras, chegando o dia da páscoa: "Ao cair da tarde, foi com os doze." Marcos 14:17. Lembre-se, Jesus havia ordenado aos discípulos preparar o lugar de celebrar a Festa da Páscoa: "Chegada à tarde, pôs-se ele à mesa com os doze discípulos." Mateus 26:20. Ao pôr do Sol Jesus celebrou a Páscoa, em ato continuo instituiu a Santa Ceia, a transição de Páscoa para Ceia foi ratificada com louvor: "Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados." Mateus 26:26-28. Enquanto comiam o cordeiro pascoal, tomou Jesus o pão, abençoou e deu aos discípulos, de igual modo o cálice de vinho, efetuando a transição, sacramentando a ordenança da Santa Ceia até o fim dos séculos. Paulo, por seu turno, endossa a substituição da Páscoa pela Ceia na mesma data, Jesus iniciou a celebração da Páscoa no pôr do sol, quando instituiu a Ceia já era noite: "Pois recebi do Senhor o que também entreguei a vocês. Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo." I Coríntios 11:23-24. Os apóstolos repassaram os ensinos recebidos de Jesus, na noite da traição, dia 14 de abibe, logo após celebrar a Santa Ceia. Ele instituiu a nova aliança, não com cordeiro assado ou ervas amargas, mas, com seu corpo (pão) e seu sangue (vinho). Resta elucidar qual foi à noite da traição, porque nesse dia a Santa Ceia foi instituída, com certeza não foi domingo. Uma análise criteriosa revela, sem resquício de dúvidas, Cristo foi traído e entregue na noite do dia 14 do primeiro mês bíblico, uma quinta-feira, segundo prenota as Escrituras: "Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a véspera do Sábado. Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha sido aberto numa rocha." Marcos 15:42;46. Restou cabalmente comprovado, Jesus morreu sexta-feira, portanto, a primeira Santa Ceia foi celebrada e instituída na véspera de sua morte, ou seja, já era noite de sexta-feira (no calendário judaico o dia começa no pôr do sol), Jesus celebrou à Páscoa um dia antes porque no dia 14 de abibe ou nisã ele deveria morrer exatamente no momento do sacrifício do cordeiro pelos hebreus, como prefigurava a tipificação, o tipo (símbolo) encontrou o antítipo.

Como já afirmado alhures, por ocasião da morte de Jesus, um grande acontecimento literal de cunho profético estava na iminência de acontecer, do tipo encontrar o antítipo, cumprindo mais uma fase do plano de redenção. Como é cediço, o Messias, Jesus, morreu por ocasião da Páscoa (14° dia abibe) e ressuscitou na festa das primícias, ou seja, sua ressurreição foi deflagrada no primeiro dia da semana, correspondendo ao 16º (décimo sexto de abibe), dia dos molhos movidos, o sacerdote, neste ritual, movia o molho perante Deus. Era o dia seguinte ao Sábado. Jesus, de acordo com o Plano de Redenção dos tipos e antítipo, ressuscitaria no referido dia.

Em verdade, a oferta das Primícias simbolizava Jesus (o molho movido), levantado perante o Senhor no terceiro dia da festa dos Asmos. No 14º (décimo quarto) dia do mês de abibe, ou nisan, (Jesus morreu), o décimo quinto dia era Sábado Cerimonial, nesse ano coincidiu com o Sábado semanal, por este motivo foi chamado de grande Sábado (Jesus descansou no sepulcro) e no décimo sexto dia, ou, na literalidade do texto Bíblico, no dia imediato ao Sábado (Jesus ressuscitou com os cativos). Representando as primícias movidas diante do Senhor.

Cumpre observar, o cordeiro deveria morrer no dia 14 de abibe, segundo as Escrituras: "E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o imolará no crepúsculo da tarde." Êxodo 12:6. Entrementes, o cordeiro era imolado no crepúsculo da tarde, por volta da nona hora, correspondendo às três horas da tarde na contagem atual. A Páscoa era celebrada (o cordeiro comido) ao pôr do sol do dia (14) de abibe, o dia (15) era um Sábado cerimonial e o dia seguinte ao Sábado dia (16) os molhos eram apresentados perante o Senhor, nesse dia Jesus obrigatoriamente deveria ressuscitar, como está escrito: "No mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é a Páscoa do Senhor. E aos quinze deste mês é a festa dos Pães Asmos do Senhor: sete dias comereis pães Asmos. No primeiro dia tereis santa convocação: Nenhuma obra servil fareis. Quando entrardes na terra que vos dou, e segardes a sua messe, então trareis um molho das Primícias da vossa messe ao sacerdote. Este moverá o molho perante o Senhor, para que seja aceito: No dia imediato ao Sábado o Sacerdote o moverá. No dia em que moverdes o molho, oferecereis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao Senhor." Levítico 23:5-12. Quando a cevada amadurecia, colhia-se um molho, no dia 16 de abibe o Sumo Sacerdote o levantava perante o Senhor, símbolo da ressurreição de Jesus, favorecendo os justos mortos. Somente após a cerimônia os hebreus lançavam mãos a colheita. O molho movido das primícias era o serviço principal do dia, mas um cordeiro era também sacrificado como oferta queimada. Nenhuma porção das primícias era em qualquer época queimada no fogo, pois representava os seres ressuscitados revestidos da imortalidade.

Nesse diapasão, o décimo sexto dia do mês, do distante ano da morte do salvador, os Judeus, no templo abandonado por Deus, prosseguiram apresentando as primícias ou molho movido de forma vazia, porque Cristo, o Antítipo, ressuscitou dos mortos, tornando-se as Primícias dos justos falecidos. Esta festa foi contemplada no Plano de Redenção, de cunho profético, o ciclo cumpriu-se com o símbolo encontrando o antítipo, segundo o pioneiro Haskell:

Todo ciclo de festas anuais era profético e também simbólico. Sendo o cordeiro pascal imolado cada ano, era uma figura de Cristo, nossa Páscoa, que foi sacrificado por nós. O fato de que o cordeiro podia ser imolado somente no décimo quarto dia do mês de abibe era uma profecia de que o anti-típico cordeiro pascal entregaria sua vida pelos pecados do mundo no décimo quarto dia do mês de abibe.
Um argumento irrefutável de que Jesus é o messias é que ele morreu na cruz justamente nesse dia, e no crepúsculo, exatamente à hora em que o Senhor determinara que o cordeiro pascal devia ser imolado. E Cristo ressurgiu dos mortos no mesmo dia e mês que as primícias tinham sido durante séculos apresentadas. O próprio Deus definitivamente fixou a data para celebração de cada uma das festas do ciclo anual.
O dia em que devia ser celebrada cada uma das ofertas anuais era uma clara profecia do tempo em que o símbolo encontraria seu cumprimento.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 96-97

Com esse enfoque, é forçoso destacar, Jesus ressuscitou no dia 16 de abibe quebrando os grilhões da morte, estendendo as benesses da ressurreição aos pecadores penitentes, portanto, a Festa da Páscoa e Primícias, são tipos do primeiro advento de Cristo.

Vê-se, portanto, na ótica de Haskell, e demais pioneiros, Jesus morreu na sexta-feira do dia 14 de abibe, naquele ano o sábado cerimonial caiu justamente no dia do Sábado semanal, por isso foi chamado o grande Sábado, segundo prenota o festejado pioneiro, os fatos relacionados a morte de Jesus não aconteceram por mera coincidência:

Não se trata de simples coincidência o fato de que a Páscoa tenha ocorrido numa sexta-feira no ano em que Jesus foi crucificado, o sexto dia da semana. Tampouco foi por acaso que aquele sábado cerimonial, o décimo quinto dia de abibe, tenha ocorrido justo num Sábado, o sétimo dia do Senhor. Era o símbolo cumprido pelo antítipo. João, o apóstolo amado, disse: "Pois era grande aquele dia de sábado" João 19:31, cujo termo era utilizado sempre que o sábado cerimonial do ano ocorria junto com o Sábado do Senhor.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 99-100

O fatídico dia da morte de Jesus, antecedeu dois Sábados, explicando melhor, o dia 15 de abibe sábado cerimonial, caiu em dia de Sábado semanal, portanto, o apóstolo chama de o grande Sábado, conotando dois sentidos, o aludida Sábado foi o grande dia, porque, Jesus morreu na cruz, o tipo (símbolo) encontrou o antítipo e os dois Sábados se fundiram.

Como já afirmado anteriormente, Haskell é assaz elucidativo ao aplicar a profecia levítica do tipo ao antítipo em Jesus Cristo, confirmando sua morte na sexta-feira, ele diz:

Não foi por acaso que o Salvador foi crucificado na sexta-feira, o sexto dia da semana. Durante séculos Deus designara que o dia seguinte ao da Páscoa, o décimo quinto dia do mês de Abibe, fosse observado assim como um sábado cerimonial (Levítico 23:6-7), simbolizando assim o fato de que Cristo, a verdadeira Páscoa, seria sacrificado no dia anterior ao Sábado. O cordeiro pascal era morto no crepúsculo da tarde, ou perto da hora nona do dia. O Cordeiro antítipo, ao ser pendurado entre o céu e a Terra como uma oferta pelo homem pecador, por volta da hora nona, clamou: Está consumado.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 92

A confirmação da morte de Jesus sexta-feira, endossa o testemunho apostólico enaltecendo o grande Sábado. Sexta-feira dia 14 de abibe morte de Jesus, sábado cerimonial dia 15 de abibe, caiu dia do Sábado semanal, deflagrando a ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana, cumprindo-se as Escrituras.

Segundo relatos bíblicos, o cordeiro pascal era separado do rebanho no décimo dia de abibe, e abatido no décimo quarto dia. De igual modo, Jesus permaneceu recluso da população, dirigiu-se ao monte das oliveiras durante esse período até ser traído e entregue a seus algozes. O cordeiro era sacrificado no crepúsculo da tarde, ou seja, nona hora bíblica correspondendo a três horas da tarde, nesse sentido, Haskell fornece dados precisos:

No décimo dia do mês de Abibe, o cordeiro pascal era selecionado e mantido separado do restante do rebanho, até o décimo quarto dia do mês, quando era sacrificado. Havia uma hora designada para se imolar o cordeiro _ no crepúsculo da tarde, ou por volta da hora nona do dia, que em nosso horário seria às três horas da tarde (e o guardareis até o décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento de Israel o imolará no crepúsculo da tarde. Êxodo 12:6).
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 90

Neste particular, não há controvérsias, Jesus restou recluso no monte das Oliveiras, quando foi entregue já era noite do dia 14, crucificado à 3 hora do dia (09 da manhã) e rendeu o Espírito na cruz, à hora nona (03 da tarde) do aludido dia 14 de abibe. Cumprindo copiosamente as sagradas Escrituras: "Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou seu espírito." Mateus 27:46;50. Sem resquícios de dúvidas, Jesus morreu exatamente no mesmo horário destinado ao sacrifício do cordeiro pascoal, no crepúsculo da tarde ou nona hora bíblica (três horas da tarde) do dia 14 de abibe.

Como exposto sobejamente alhures, Jesus morreu sexta-feira, dia 14 de abibe, exatamente na hora do sacrifício do cordeiro pascoal. Alinhada com as Escrituras, a irmã White comprova o alegado:

No cenáculo de uma morada de Jerusalém, achava-se Cristo à mesa com os discípulos. Tinham-se reunido para celebrar a páscoa. O salvador desejava celebrar esta festa a sós com os doze. Sabia que era chegada a sua hora; Ele próprio era o Cordeiro pascoal, e no dia em que se celebrava a páscoa, devia ser sacrificado.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 619

Com efeito, Jesus simbolizava o cordeiro, portanto foi sacrificado no mesmo dia e hora do cordeiro pascoal.

Acerca do tema, cumpre trazer à baila o momento da celebração da última Páscoa. Em consonância com a Lei e o Testemunho, Jesus morreu no décimo quarto dia de abibe no crepúsculo da tarde, momento do sacrifício do cordeiro, nesta senda, é forçoso inferir, Jesus celebrou a última Páscoa antes do pôr do sol do dia 13. Quando o sol se pôs já era noite do dia 14 de abibe, em ato contínuo, instituiu a Santa Ceia na noite de sua traição, noite do dia 14 de abibe. Neste norte, amparados na sólida doutrina do renomado pioneiro Haskell, é incabível confundir esta robusta verdade com mera suposição:

E nas vésperas do dia em que o símbolo encontrara o antítipo, Cristo reuniu seus discípulos e instituiu o comovente memorial da Santa Ceia, para comemorar sua morte e sofrimento até a sua segunda vinda (Mateus 26:26-29).
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 109

No teor da elucidativa literatura supracitada. Jesus celebrou a Páscoa na véspera do cumprimento do símbolo, a saber, antes do pôr do sol do dia 13 de abibe, instituiu a Santa Ceia na noite do dia 14 e morreu na nona hora do dia 14 de abibe, exatamente no momento de sacrificar o cordeiro, o tipo encontrou o antítipo cumprindo copiosamente o Plano de Redenção conforme traçou o Senhor.

Em assim sendo, é recomendável trazer à baila preciosos ensinamentos de Uriah Smith. O festejado pioneiro lustra o tema elencando fatos acontecidos com o cordeiro de Deus, Jesus, partindo do momento da celebração da Páscoa com os discípulos antes do pôr do sol de quinta-feira (13 de abibe), narrando os gloriosos desfechos da traição na noite de sexta-feira (quinta-feira à noite hoje) e sua morte, culminando com a ressurreição no décimo sexto dia de abibe, primeiro dia da semana, como se pode notar:

Perto do fim da quinta-feira Ele se preparava para comer a Páscoa com seus discípulos. Na noite seguinte (quinta-feira como hoje definiríamos, sexta-feira, ou sexto dia, sendo então noite) Judas e sua multidão saíram com tochas e espadas e varapaus, e Ele foi entregue em suas mãos. Tudo naquela noite e no dia seguinte, até a terceira hora, estava ocupado com o julgamento, a partir da terceira à nona hora, com a crucificação. A partir de cerca da hora nona até o início do sétimo dia, o sepultamento foi providenciado. Toda aquela noite, o dia seguinte e a noite seguinte foram passados por Ele no túmulo. Logo no início da manhã do primeiro dia da semana, Ele se ergueu da tumba. Isso nos dá três noites completas, dois dias inteiros, e uma parte do terceiro dia, tornando estritamente verdade que ao terceiro dia Ele se ergueu dos mortos.
URIAH, Smith. O Dia da Crucificação e da Ressurreição de Jesus, pág. 16

A narração de Uriah Smith é esclarecedora, comprova o perfeito cumprimento profético, Jesus celebrando a última Páscoa na véspera do símbolo encontrar o antítipo, adicionado das provas da morte de Jesus sexta-feira, diluindo completamente a tese da morte de Cristo quarta-feira.

Ademais, Jesus não poderia celebrar Páscoa no dia 14 de abibe ao pôr do sol e morrer na nona hora (3h da tarde) do mesmo dia, neste viés, diga-se, Judas participou da Páscoa e da Santa Ceia na véspera do cumprimento do símbolo. As Escrituras narram o Mestre lavando os pés do traidor, Judas, o aludido evento ocorreu na Santa Ceia. O apóstolo João comprova Jesus se reunir com os discípulos um dia antes da festa da Páscoa: "Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a Ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus. Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando a mesas, perguntou-lhes: Compreendeis o que lhes fiz?." João 13:1-2;12. Vê-se, Jesus lavar os pés de Judas na Ceia. Conclui-se, portanto, a Páscoa foi celebrada antes do pôr do sol do dia 13 de abibe cumprindo as Escrituras, quando Jesus instituiu a Santa Ceia já era noite do dia 14 de abibe.

Ainda no mesmo contexto, repise-se, Jesus celebrou a Ceia na noite do décimo quarto dia de abibe. Depois de comer a Páscoa com os discípulos antes do pôr do sol do dia 13, instituiu a Santa Ceia no mesmo evento. Segundo as Escrituras, na Santa Ceia, quando Jesus revela o traidor, Judas, ele sai apressado, já era noite do 14° dia: "E, tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E já era noite." João 13:30. Com efeito, era noite de sexta-feira do 14° dia, Jesus foi traído e entregue aos algozes, transcorrendo o julgamento por toda aquela noite, ao amanhecer o dia Jesus foi crucificado na terceira hora e rendeu o espírito na nona hora do dia 14, o tipo encontrou o antítipo. Neste sentido, converge os lídimos ensinamentos de Uriah Smith:

Cristo era o tipo do cordeiro pascal. Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. I Cor. 5:7. O cordeiro devia sempre ser morto no 14° dia do mês, à tarde (Êxo. 12:6), ou seja, entre as 3 horas e o pôr do sol. Então Cristo expirou no prazo legal, no 14° dia do mês, um pouco depois das 3 da tarde. A páscoa que Ele comeu com os discípulos na noite anterior foi por antecipação. Sabemos que o dia em que morreu era o verdadeiro tempo para matar o cordeiro pascal, ou Ele não poderia ter sido um verdadeiro antítipo. No dia seguinte, isto é, o 15° dia, era o primeiro sábado de Páscoa. Lev. 23:6. E no dia seguinte após esse sábado de Páscoa, o molho das primícias era movido perante o Senhor. Lev. 23:11;15.
URIAH, Smith. O Dia da Crucificação e da Ressurreição de Jesus, pág. 33

Sem resquício de dúvidas, Uriah Smith, alinhado com as Escrituras e outros pioneiros, confirma Jesus celebrando a Páscoa no dia anterior do cumprimento do símbolo, instituindo a Santa Ceia no mesmo evento.

Neste compasso, conclui-se, os atos inerentes a instituição da Santa Ceia foram perfeitamente compreendidos pelos discípulos, máxime, o significado do lava pés, contudo, convém observar Judas participar da Santa Ceia antes de entregar Jesus para ser morto, Jesus lavou seus pés:

Se bem que Jesus conhecesse Judas desde o princípio, lavou-lhes os pés. E o traidor teve o privilégio de unir-se com Cristo na participação do sacramento.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 633

Embora agraciado pelo ato mais nobre das Santa Ceia, Judas não compreendeu o significado, seu coração encontrava-se contaminado pelo príncipe das trevas.

Como visto, a Páscoa foi celebrada antes do pôr do sol do 13° dia de abibe e a Santa Ceia instituída na noite do décimo quarto dia de abibe, quando Judas saiu da Santa Ceia para entregar Jesus já era noite do dia 14 de abibe, sexta-feira, os dias eram contados de um pôr do sol a outro:

Surpreendido e confuso ao ser exposto seu desígnio, Judas ergueu-se, apressado, para deixar a sala. Disse, pois, Jesus: O que fazes, fá-lo depressa. Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite. João 13:30.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 632

Na mesma noite, Jesus foi tomado por mãos ímpias, judeus e romanos, levado ao Sinédrio submeteu-se a Julgamento, perdurando por toda a noite, com desfecho da condenação de Jesus e execução na terceira hora, ou nove horas da manhã do dia 14 de abibe, rendendo o espírito na cruz na nona hora ou três horas da tarde, cumprindo os tipos do primeiro advento, quando clamou em alta voz, está consumado.

Desse modo, a igreja primitiva conservou a data quartodecimana (14 de abibe) como base para celebração da Santa Ceia, preceito conservado na igreja primitiva e repassado para a igreja Remanescente.



A última Páscoa em Tipo e Antítipo



À luz dos fundamentos levantados alhures, restou cabalmente comprovado, a Santa Ceia foi instituída no lugar da Páscoa na véspera da morte do cordeiro antítipo, Jesus, conforme aponta os escritos da irmã White lustrando o Plano de Redenção pontuando quais tipos e antítipos se cumpriram no primeiro advento:

Cristo ressurgiu dos mortos como as primícias dos que dormem. Era representado pelo molho movido, e sua Ressurreição teve lugar no próprio dia em que o mesmo devia ser apresentado perante o Senhor. Por mais de mil anos esta simbólica cerimônia fora realizada. Das searas colhiam-se as primeiras espigas de grãos maduros, e quando o povo subia a Jerusalém, por ocasião da Páscoa, o molho das primícias era movido como oferta de ações de graça perante o Senhor. Enquanto essa oferenda não fosse apresentada. A foice não podia ser metida nos cereais, nem estes ser reunidos em molhos. O molho dedicado a Deus representa a colheita. Assim Cristo, as primícias representavam a grande messe espiritual a ser colhida para o reino de Deus. Sua Ressurreição é o tipo e o penhor da ressurreição de todos os justos mortos. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele.
Quando Cristo ressurgiu, trouxe do sepulcro uma multidão de cativos. O terremoto, por ocasião de sua morte, abrira-lhes o sepulcro e, ao ressuscitar ele, ressurgiram juntamente. Eram os que haviam colaborado com Deus, e que a custa da própria vida tinham dado testemunho da verdade. Ascenderam com ele, como troféus de sua vitória sobre a morte e o sepulcro. Estes, disse Cristo, não mais são cativos de Satanás. Eu os redimi. Trouxe-os da sepultura como as primícias de meu poder, para estarem comigo onde eu estiver, para nunca mais verem a morte nem experimentarem a dor.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 754

No teor do supracitado texto, os tipos do primeiro advento cumpriram-se, Jesus ressuscitou como primícias, representado pelos molhos movidos, simbolizando todos os justos mortos ressuscitados, cumprindo-se a Festa da Páscoa e Primícias.

Destarte, no tipo, o primeiro molho colhido conferia certeza de colheita fausta, de igual modo no antítipo, a ressurreição de Cristo garantia a ressurreição dos justos mortos, símbolo da primeira grande colheita de almas: "Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem." 1 Tessalonicenses 4:14. Segundo Haskell, o sacerdote não entrava no templo com apenas um cacho de grãos; ele movia um molho perante o Senhor. Tampouco Cristo ressurgiu sozinho do sepulcro, pois, muitos corpos de santos mortos ressuscitaram, está assertiva da lavra do renomado pioneiro é confirmada pelas Escrituras: "Abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos." Mateus 27:52-53. Quando Jesus ressuscitou, justos mortos de cada século de Adão até Jesus, ressuscitaram com o Messias, cumprindo o tipo.

Na mesma toada, converge os elucidativos ensinos da irmã White, explicando o cumprimento desta fase do Plano de Redenção, em sintonia com a Bíblia e outros pioneiros ela disseca todos os tipos e antítipos desta festa, exaltando os símbolos e seus significados:

Mas os que ressurgiram da sepultura por ocasião da ressurreição de Cristo, ressurgiram para a vida eterna. Foram eles a multidão de cativos que ascendeu com ele, como troféus de sua vitória sobre a morte e a sepultura (Efésios 4:8). Por isso ele diz: "Quando ele ascendeu ao alto, levou consigo cativos; deu dádivas em homens".
Os que ressurgiram com Cristo, apareceram a muitos. Mateus 27:52-54 "eis que a cortina do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo, e a terra tremeu, e as rochas se fenderam. E abriram-se os túmulos memoriais e muitos corpos dos santos que tinham adormecidos foram levantados. E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos".
Cristo foi as Primícias dos que dormem. Foi para a glória de Deus que o príncipe da vida fosse as primícias, o antítipo do molho movido. Esta mesma cena, a ressurreição de Cristo dentre os mortos, fora pelos Judeus celebrada em tipo. Quando amadureciam as primeiras espigas do cereal no campo, eram elas colhidas cuidadosamente; e quando o povo subia a Jerusalém, eram apresentadas ao Senhor como oferta de gratidão. O povo movia perante Deus o molho maduro, reconhecendo-o como o Senhor da seara. Depois desta cerimônia podia ser lançada a foice ao trigo, e juntada a colheita.
WHITE, Ellen Golden. Mensagens Escolhidas. V.1. 2. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1985. pág. 305

Enquanto os primeiros molhos de cevada madura não eram levantados perante o Senhor, os hebreus não podiam colher as searas. De igual modo, enquanto Jesus não vencesse a morte, ressuscitando dos mortos, o pecador não tinha esperança de ressurreição.

Com esse importe, é forçoso esclarecer, a Festa da Páscoa, absorvia igualmente a Festa dos Ázimos, faziam parte do Plano de Redenção, eram tipos do primeiro advento de Cristo. A Páscoa simbolizava a morte vicariante de Cristo pagando o preço pelo pecado, os ázimos ou primícias, com os molhos movidos, simbolizava a ressurreição: "Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as Primícias dos que dormem." I Coríntios 15:20. O renomado pioneiro Uriah Smith, em sintonia com a irmã White, aponta o símbolo dos molhos representando Cristo, portanto seu cumprimento deveria acontecer de acordo com os tipos dessa festa contida no Plano de Redenção, como visto, Cristo e os ressuscitados com ele representavam as primícias:

Cristo é as Primícias como Antítipo do ondulante molho. Os que primeiro receberam o Evangelho são chamados por Tiago (capítulo 1:18).
SMITH, Uriah. As Profecias do apocalipse. 1.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1991. pág. 219

Diante do exposto, percebe-se claramente, os tipos e antítipos são imprescindíveis para cumprir os propósitos de Deus referente à salvação do homem.

Com efeito, Jesus ressuscitou como primícias, venceu a morte e estendeu o direito de ressurreição ao pecador penitente, os santos ressuscitados por ocasião de sua ressurreição representavam os molhos movidos na festa dos ázimos. Jesus subiu ao céu e os apresentou diante do Pai como (primícias) primeiros salvos, em cumprimento da primeira fase do Plano de Redenção:

Ao entrar no céu como um poderoso vencedor sobre a morte e a sepultura perante toda a hoste Angélica e representantes de outros mundos, entrou como um precursor nosso. Ele apresentou o molho movido, aqueles que ressuscitaram das sepulturas por ocasião de sua ressurreição, como uma amostra da raça pela qual ele morreu para redimir.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 66

Doravante a Festa da Páscoa e Primícias perderam o objeto, o tipo encontrou o antítipo, restando apenas a Santa Ceia instituída por Cristo após a transição.

À guisa de informação, indaga-se, quem foram os santos, eleitos por Deus para ressuscitar com Jesus?

Enquanto seres humanos vivos ficaram mudos, ele ressuscitou os santos que dormiam em seus sepulcros para cumprir sua obra determinada. No símbolo os grãos eram movidos no templo. Para cumprir o antítipo, Cristo precisava apresentar-se com a companhia que havia ressurgido com ele perante Deus, no primeiro compartimento do templo celestial.
Paulo menciona que quando Cristo ascendeu ao céu, levou uma multidão de cativos. Efésios 4:8. Falando deles em Romanos 8:29-30, diz como foram escolhidos esses santos ressurretos, que levantaram de seus sepulcros com Cristo. Foram predestinados, chamados, e aos que chamou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou. Isso ocorreu para que ele pudesse ser as primícias dos que dormem. Essa companhia era composta de indivíduos escolhidos de cada século, desde Adão até o tempo de Cristo.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 106-107

Como já exposto alhures, os santos ressurretos com Jesus, cumprindo o símbolo das primícias foram escolhidos de cada século de Adão a Jesus.

Com efeito, os tipos e antítipos da Festa da Páscoa se cumpriram harmoniosamente. Todavia, é forçoso pontuar, existem tipos do primeiro advento de Cristo e tipos do segundo advento de Cristo, neste sentido esclarece a irmã White, distinguindo os tipos e Festas pertencentes ao primeiro advento de Cristo e quais pertencem ao segundo advento de nosso Senhor Jesus Cristo:

Argumentos aduzidos dos símbolos do Velho Testamento apontavam também para o outono como o tempo em que deveria ocorrer o acontecimento apresentado pela “purificação do santuário”. Isto se tornou muito claro ao dar-se atenção à maneira por que os símbolos relativos ao primeiro advento de Cristo se haviam cumprido.
A morte de cordeiro pascal era sombra da morte de Cristo. Diz São Paulo; “Cristo nossa Páscoa foi sacrificado por nós” I Coríntios 5:7. O molho das primícias que por ocasião da Páscoa era movido perante o Senhor simbolizava a ressurreição de Cristo. Falando da ressurreição do Senhor e de todo o seu povo, diz São Paulo: “Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”. I Coríntios 15:23. Semelhantemente ao molho que era agitado constituído pelos primeiros grãos amadurecidos que se colhiam antes da ceifa, Cristo é as primícias da ceifa imortal de resgatados que por ocasião da ressurreição futura, serão recolhidos ao celeiro de Deus.
Aqueles símbolos se cumpriram, não somente quanto ao acontecimento, mas também quanto ao tempo. No dia catorze do primeiro mês Judaico, no mesmo dia do mês em que, durante quinze longos séculos, o cordeiro pascal havia sido morto, Cristo tendo comido a Páscoa com os discípulos, instituiu a solenidade que deveria comemorar sua própria morte.
E, como antítipo dos molhos que eram agitados, nosso Senhor ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, como – as primícias dos que dormem (I Coríntios 15:20) exemplo de todos os ressuscitados justos de igual maneira, os tipos que se referem ao segundo advento devem cumprir-se ao tempo designado no culto simbólico. No cerimonial mosaico, a purificação do Santuário, ou o grande dia da expiação, ocorria no décimo dia do sétimo mês judaico (Levítico 16:29-34), dia em que o sumo sacerdote, tendo feito expiação por todo o Israel, e assim removido seus pecados do santuário, saía e abençoava o povo.
WHITE, Ellen Golden. Grande Conflito. 30.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1985. pág. 397-398

No teor do supracitado texto, os tipos referentes ao primeiro advento de Cristo, se estenderam até o Pentecostes, símbolo da primeira grande colheita de alma, fruto do derramamento da chuva Temporã sobre os apóstolos esculpido em Atos capítulo 2. De igual maneira, os tipos do segundo advento de Cristo, a exemplo da Expiação e a Festa dos Tabernáculos, devem cumprir-se a seu tempo conforme prefigurado no culto simbólico e estipulado no Plano de Redenção. Neste compasso, vale lembrar, a Expiação tipifica o grande juízo Investigativo, em andamento no céu, e a Festa dos Tabernáculos, tipifica a última grande colheita de almas, fruto do derramamento da chuva Serôdia.

À guisa dos fundamentos acima levantados, conclui-se, com a morte de Cristo no 14° dia de abibe, sua ressurreição juntamente com os justos, escolhidos desde Adão até a cruz e o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, os tipos encontraram os respectivos antítipos, destarte, os tipos do primeiro advento perderam totalmente seus significados, embora os judeus continuassem celebrando as aludidas Festas por mero formalismo:

No décimo sexto dia do mês, no ano em que nosso Salvador morreu, os judeus, no templo que Deus havia abandonado, prosseguiram a forma vazia da apresentação das primícias ou molho movido, enquanto Cristo, o antítipo, ressuscitou dos mortos, tornando-se as primícias dos que dormem. I Coríntios 15:20. O símbolo encontrou o antítipo.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 105

Em assim sendo, a Festa da Páscoa, Ázimos e Pentecostes, cumpriram-se, ao recepcionar os respectivos antítipos, configurando tipos do primeiro advento, portanto, passaram para sempre. Restando, tão somente o cumprimento dos tipos do segundo advento de Cristo, contidos na Festa dos Tabernáculos.



Transição da Páscoa para Santa Ceia



Como já exposto, os judeus celebravam a Páscoa no dia 14 de abibe, correspondendo ao fim de março ou começo de abril, era uma festa exuberante, reunia milhões de hebreus abrindo o ciclo anual das três principais festas do povo eleito, cada uma empunhava suas peculiaridades:

A Páscoa era a festa de abertura do ciclo anual dos serviços religiosos, sendo comemorativa e simbólica ao mesmo tempo. Comemorativa do livramento dos filhos de Israel do cativeiro do Egito, e simbólica do livramento da servidão do pecado para todo indivíduo que proclama Cristo como seu cordeiro pascal, e aceita seu sangue para remir seus pecados passados (...Porque Cristo, nossa páscoa, já foi crucificado. I Cor. 5:7).
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 89

As 3 (três) Festas anuais eram típicas, integram o plano de Redenção, Páscoa (substituída pela Ceia) e Pentecostes prefiguravam tipos do primeiro advento de Cristo, enquanto, a Festa dos Tabernáculos, cunha os tipos do segundo advento de Cristo em curso de cumprimento.

Em assim sendo, a Festa da Páscoa era muito comemorada, Jesus a celebrava rodeado de pessoas, no entanto, a última Páscoa celebrada por ele, somente os discípulos participaram. A última Páscoa e instituição da Santa Ceia foi celebrada um dia antes da data oficial celebrada pelos judeus, Jesus precisava cumprir o Plano de Redenção morrendo exatamente no horário do sacrifício expiatório do cordeiro, a nona hora do dia, por essa razão, Jesus desejava celebrar essa festa a sós com os discípulos. As outras Páscoas celebradas por Jesus com os discípulos foram remansosas, calmas e alegres. As ceias pascoais atraiam cenas de especial interesse; mas nessa ocasião Jesus estava perturbado. Tinha o coração oprimido, então ele disse: "Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus." Lucas 22:15-16. Jesus estava prestes a cumprir uma etapa do Plano de Redenção, a Páscoa passaria para sempre, em verdade:

Cristo se achava no ponto de transição entre dois sistemas e suas duas grandes festas. Ele, o imaculado Cordeiro de Deus, estava para se apresentar como oferta pelo pecado, e queria assim levar a termo o sistema de símbolos e cerimônias que por quatro mil anos apontara à sua morte. Ao comer a páscoa com seus discípulos, instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar seu grande sacrifício. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. O serviço que Cristo estabeleceu devia ser observado por seus seguidores em todas as terras e por todos os séculos.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 629

O serviço estabelecido foi a Santa Ceia. O tipo encontrou o antítipo, o Cordeiro de Deus foi sacrificado, a Páscoa perdeu seu objeto, daí para frente a Santa Ceia foi instituída exatamente na mesma data da celebração da Páscoa. As duas festas eram comemorativas, como se pode notar:

A páscoa fora instituída para comemorar a libertação de Israel da servidão egípcia. Deus ordenara que, de ano em ano, quando os filhos perguntassem a significação desta ordenança, a história desse acontecimento fosse repetida. Assim o maravilhoso livramento se conservaria vivo na memória de todos. A ordenança da Ceia do Senhor foi dada para comemorar a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 629

Trata-se de um Assim diz o Senhor, a ordem divina é límpida, de ano em ano a Páscoa deveria ser celebrada, de igual modo, a Santa Ceia substituta da Páscoa, ou seja, Jesus fez a transição de Páscoa para Santa Ceia, contudo, manteve a data da celebração, de ano em ano e não de domingo em domingo, de Mês em mês ou a cada três meses.

Ainda no mesmo contexto, vislumbra-se o ardente desejo de Jesus comer a última Páscoa com seus discípulos, aproximando-se a data, Jesus chamou os doze e disse-lhes: "Chegou o dia da Festa dos Pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa. Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a páscoa para que comamos." Lucas 22:7-8. Os dois discípulos obedeceram prontamente, no entanto, havia entre os discípulos contenda sobre qual deles seria o maior. Essa rivalidade entristeceu Jesus, revelando o despreparo espiritual dos discípulos, não estavam aptos a participarem da primeira Santa Ceia celebrada pelo Mestre e Senhor, contudo: "chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos." Lucas 22:14. Como rezava o costume, Jesus ministrou a ceia pascoal na hora designada pela Lei: "E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos." Marcos 14:22-24. Em seguida instituiu a Santa Ceia ordenando sua celebração todos os anos, na mesma data (14 de abibe) em "memória de mim." A Páscoa perdeu totalmente seu objeto, o tipo encontrou o antítipo com a morte do Jesus:

Era a última vez que Jesus celebrava a Páscoa com seus discípulos. Era também a última Páscoa que jamais devia ser celebrada na terra, porque, sendo o cordeiro da Páscoa o símbolo de Cristo, que devia ser sacrificado pelos pecados do mundo, ele deixaria de ter significação uma vez que esse sacrifício estivesse consumado. Quando os Judeus selaram a sua rejeição de Cristo com dar-lhe a morte, rejeitaram com isto tudo o que podia dar significado e importância àquela festa. Daí em diante essa solenidade se reduziria a uma cerimônia sem valor.
WHITE, Ellen Golden. Vida de Jesus. 59. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1984. pág. 119

No entanto os judeus continuaram celebrando a Páscoa, maculada pelo gélido formalismo, mortos em pecados permaneceram cegos de justiça ao sacrificar não só o cordeiro, mais o próprio Filho de Deus:

Na sua cegueira não podiam ver que Cristo era, ele próprio, o cordeiro da Páscoa, e que matando-o, aquela festa havia de perder toda a sua importância.
WHITE, Ellen Golden. Vida de Jesus. 59. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1984. pág. 155

Como sobejamente exposto, a Páscoa integra o Plano de Redenção, com a morte de Cristo, o Cordeiro Pascal, a Festa perdeu o objeto, os tipos encontraram os antítipos, como tipos do primeiro advento de Cristo.

Como prenota as Escrituras, na cruz Jesus pôs fim ao tipo da Páscoa: "Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito." João 19:30. Nesse exato momento, o tipo encontrou o antítipo: "Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas." Mateus 27:51. Findando todos os tipos, sombras e cerimônias prefigurados no primeiro advento de Cristo, inclusive a Páscoa:

Quando o Salvador rendeu sua vida no calvário, cessou a significação da Páscoa, e a ordenança da ceia do Senhor foi instituída como memorial do mesmo acontecimento de que a Páscoa fora tipo.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1989. pág. 577

No teor do supracitado texto, a ordenança da Ceia ficou no lugar da Páscoa como memorial do mesmo acontecimento e no mesmo dia de celebração. À guisa de informação, diga-se, a Páscoa comemorava a libertação de Israel do cativeiro egípcios, enquanto a ordenança da Ceia comemora a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo, o Cordeiro de Deus.

Restou claro e evidente, Jesus instituiu a Santa Ceia na noite do 14° de abibe, sexta-feira. O tipo encontrou o antítipo, segundo Haskell:

O grande antítipo do serviço celebrado durante séculos cumpre-se plenamente. O Pai aceita as primícias como uma garantia de que toda a hoste dos redimidos será recebida por ele. Então a ordem é dada: “e todos os anjos de Deus o adorem”.
Os primeiros três dias da festa da Páscoa simbolizavam eventos maravilhosos na obra de nosso Salvador. O primeiro dia prefigurava seu corpo moído e sangue derramado. E nas vésperas do dia em que o símbolo encontrava o antítipo, Cristo reuniu seus discípulos e instituiu o comovente memorial da Santa Ceia, para comemorar sua morte e sofrimento até a segunda vinda (Mateus 26:26-29).
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 108-109

O cumprimento da Páscoa apontava, segundo o Plano de Redenção, o sacrifício do cordeiro no primeiro dia da festa, Jesus derramou o seu sangue na cruz, e ao morrer pagou o preço exigido pelo pecado, o segundo dia era um Sábado, Jesus descansou segundo a Lei, e no terceiro dia, um dia após o Sábado, o Sumo sacerdote levantava os molhos movidos, Jesus ressuscitou dos mortos e trouxe muitos santos cativos dos sepulcros como primícias. Desta forma, Jesus:

queria assim levar a termo o sistema de símbolos e cerimônias. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. A Páscoa fora instituída para comemorar a libertação de Israel da servidão Egípcia. A ceia foi dada para comemorar a grande libertação operada em resultado da morte de Cristo.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 629-630

A morte de Cristo pôs fim ao sistema de símbolos e sacrifícios de animais, cumprindo os tipos do primeiro advento e suas respectivas Festas, confirmando a tese da Páscoa integrar o Plano de Redenção, assim como as outras Festas fixas.

Cumpre destacar, a Festa da Páscoa absorvia a Festa dos Asmos, todos os símbolos dessa Festa representavam Jesus como tipo do primeiro advento, como se pode ver:

A Páscoa era seguida pela festa dos sete dias de pães Asmos. No segundo dia da festa, os primeiros frutos da colheita anual, um molho de cevada, eram apresentados ao Senhor. Todas as cerimônias da festa eram símbolos da obra de Cristo. A libertação da Israel de Egito era uma lição objetiva da redenção, que a Páscoa se destinava a conservar na memória. O cordeiro imolado, o pão asmos, o molho dos primeiros frutos, representavam o Salvador.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 66

Com sua morte na cruz, Jesus consumou a primeira fase do Plano de Redenção, fazendo a transição da Páscoa para Santa Ceia, no entanto conservou o mesmo dia de celebração:

Os símbolos da casa do Senhor são simples e facilmente compreensíveis, e as verdades por eles representadas são-nos da mais profunda significação. Ao estabelecer o rito sacramental para substituir a Páscoa, Cristo deixou para a igreja um memorial de seu grande sacrifício em prol do homem. Fazei isto disse ele, “em memória de mim”. Era esse o ponto de transição entre duas dispensações e suas duas grandes festas. Uma iria terminar para sempre; a outra, que ele acabava de estabelecer, iria, substituí-la, e continuar através dos séculos como memorial de sua morte.
WHITE, Ellen Golden. Evangelismo. 2.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1978. pág. 273

A Santa Ceia representa o glorioso memorial da morte de Cristo, compete a sua igreja celebrá-la de ano em ano, no dia 14 de abibe, com lava-pés, ósculo santo, pão e vinho.

Neste compasso, vislumbra-se, no lugar da Páscoa foi instituída a Santa Ceia e o lava-pés, como um marco para a igreja de Cristo em todos os séculos:

Em lugar da festa nacional que o povo Judaico havia observado. Instituiu ele um culto comemorativo, o rito do lava-pés e a ceia sacramental, para serem observados através de todos os tempos por seus seguidores em todos os países.
WHITE, Ellen Golden. Evangelismo. 2.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1978. pág. 275

Não olvidando:

A santa ceia aponta à segunda vinda de Cristo.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 635

Finalizando, conclui-se, o memorial da Santa Ceia foi estabelecida no lugar da Páscoa, conservando a celebração de ano em ano, no dia 14 de abibe.



A Páscoa era Celebrada no Fim de Março ou Começo de Abril



É de bom alvitre esclarecer, o calendário religioso começa na lua nova de março, podendo cair no começo ou fim de março, contudo, para quem adota o veadar é possível cair no princípio de abril:

No primeiro dia: Isto é, o primeiro dia do mês de abibe ou nisã, que seria final de março ou início de abril. Certamente não poderia haver tarefa melhor para o povo no primeiro dia de um novo ano do que começar a construir esse local de adoração.
DORNELES, Vanderlei. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, V.1. 1.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2011. pág. 742

O veadar ou mês suplementar, embolismal é a intercalação ou acréscimo do 13º mês no ciclo de dezenove anos, promovida por Hillel II no calendário judaico.

Com esse importe, compete explicar a controvérsia existente acerca da festa da Páscoa e dos pães Asmos, com tendência de cair no fim de março ou começo de abril, embora o Comentário Bíblico adventista aponte o primeiro dia do mês do calendário Bíblico começando no fim de março ou começo de abril, lembre-se, essa regra é cabível para igrejas acolhedoras do veadar.

Explicando melhor, a Festa da Páscoa começava na lua nova do mês de abibe do calendário Bíblico, segundo relatos dos Testemunhos:

As primeiras destas solenidades, a Páscoa e a festa dos pães Asmos, ocorriam em abibe, o primeiro mês do ano judaico, correspondente ao fim de março e princípio de abril. Era passado o frio do inverno, terminava a chuva serôdia, e toda a natureza se regozijava na frescura e beleza da primavera.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1989. pág. 573

Como visto nos Testemunhos, a Páscoa e a Festa dos pães Asmos, ocorriam com a Lua Nova do mês de abibe, correspondente ao mês de março, dependendo do começo do mês Bíblico, a festa podia cair no fim de março ou começo de abril e não o princípio do mês Bíblico. Se o primeiro dia do mês de abibe começar até o dia quinze de março, as festas vão cair no fim de março, porque conta-se 14 dias para celebração da Páscoa, por outro lado, se o primeiro dia do mês de abibe (lua nova) cair depois do dia quinze de março, com certeza a Páscoa vai cair no princípio de abril. Entendimento endossado nos escritos da lavra da irmã White, segundo a renomada profetisa, a Páscoa era celebrada no fim de março ou princípio de abril e não o começo do mês Bíblico:

O tempo da Páscoa era o fim de março ou começo de abril, e toda a terra estava adornada de flores, alegrada com os cânticos dos pássaros.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 65

Não há motivo para confusão, a Festa da Páscoa podia cair no fim de março ou começo de abril, contudo, o primeiro dia do mês bíblico cai em março.

Como já demonstrado alhures de forma sobeja, a Santa Ceia é celebrada ao pôr sol do dia 14 de abibe, o início da contagem é a lua nova de março. Ou seja, a Ceia foi instituída como memorial no dia 14 de abibe conforme ordenou Jesus. Nesse norte, a Santa Ceia é celebrada periodicamente, leia-se, de ano em ano, dia 14 de abibe:

Nosso Salvador instituiu aqui a Ceia do Senhor, para ser celebrada periodicamente, para manter vívidas na memória de seus seguidores as solenes cenas de sua traição e crucificação pelos pecados do mundo.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1989. pág. 539

Com efeito, Jesus foi responsável pela transição da Páscoa para Santa Ceia, a aludida ordenança foi contemplada pelos atos do lava-pés, pão e vinho, portanto, não compete ao homem adulterar a ordem divina, cobrindo-se com manto de suposição e comparação, alicerçado em sonhos e visões distorcidos das Escrituras, para mudar a data ou substituir vinho por água na celebração do Sacramento.

Por fim, vale ressaltar, a Santa Ceia substituiu a Páscoa, os tipos da Páscoa se cumpriram a seu tempo, e a solenidade da Ceia foi colocada em seu lugar como memorial, devendo ser observada de ano em ano, no dia 14 de abibe e hora (pôr do sol) conforme ordenou Jesus:

No décimo quarto dia do mês, à tarde, celebrava-se a Páscoa, comemorando com suas cerimônias solenes e impressionantes o livramento do cativeiro do Egito, e apontando ao futuro sacrifício que libertaria do cativeiro do pecado. Quando o Salvador rendeu sua vida no calvário, cessou a significação da Páscoa, e a ordenança da Ceia do Senhor foi instituída como memorial do mesmo acontecimento de que a Páscoa fora tipo.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1989. pág. 539

Conforme exorta o apóstolo Paulo: "Porque sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, anunciareis a morte do Senhor até que ele venha." I Coríntios 11:26. Destarte, restou claro, a Festa da Páscoa começava no fim de março ou princípio de abril, para quem ignora o veadar.



A Questão Quartodecimana



Com efeito, trata-se de tema de suma importância para ancorar a celebração do Sacramento no dia 14 de abibe. A princípio, insta relatar a audácia do bispo romano Sixto I, primeiro bispo a usurpar autoridade de Deus, mudando unilateralmente a data de celebração da Santa Ceia com base na ressurreição de Cristo, no ano 120 d.C., foi o aludido bispo, quem começou a exaltar o domingo como dia santo baseado na ressurreição. A guisa de informação, convém elencar a sequência dos primeiros bispos de Roma:

Os líderes da igreja Romana (latina) depois dos apóstolos: Lino, Anencleto, Clemente, Evaristo, Alexandre, Xisto ou Sixto I, Telésforo, Higino, Pio, Aniceto, Sotero, Eleutero, Vítor...
CESARÉIA, Eusébio de. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 409

A nefasta prática foi endossada por Aniceto e Vítor, aflorando a oposição de cristãos sinceros, todavia, a igreja latina manteve a novidade sob pena de excomunhão dos dissidentes.

Neste compasso, Policarpo, bispo de Esmirna, discípulo do apóstolo João, visitou Roma no ano de 155 d.C., nos dias do bispo Aniceto:

Nessa época, quando Aniceto chefiava a igreja romana, Irineu diz que Policarpo ainda vivia e, vindo a Roma, teve um encontro com Aniceto sobe uma questão referente ao dia da páscoa.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 133

Havia desavença entre eles a respeito da data da Santa Ceia, Policarpo defendia celebração da Santa Ceia na data celebrada pelos apóstolos, dia 14 de abibe, de outro lado, Aniceto, defendia a data adulterada por Roma, o primeiro domingo após o dia 14 de abibe, alegando a ressurreição de Cristo nesse dia. Até aqui Eusébio de Cesárea. Por certo, Vale a pena indagar, quem era Policarpo? Eusébio de Cesárea responde:

E Policarpo, homem que fora instruído pelos apóstolos e bem relacionado com muitos que haviam visto a Cristo, tendo sido também nomeado bispo pelos apóstolos na Ásia, na igreja de Esmirna, a quem também vimos em nossa juventude, pois ele viveu longo tempo até idade muita avançada, quando, após glorioso e por demais notável martírio partiu desta vida.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 133

Policarpo liderou as igrejas da Ásia Menor, conservando os princípios herdado dos apóstolos. João, o discípulo amado foi seu mentor espiritual. Nesta senda, Policarpo defendeu a doutrina cristã primitiva, tolhendo dilapidação doutrinária e novidades profanas, ancoradas em suposições, ilações e comparações.

Neste particular, é imperioso frisar, a igreja apostólica, da qual Policarpo fazia parte celebrava a Santa Ceia no dia 14 de abibe, data consolidada nos dias dos apóstolos, quando Sixto I mudou a data para o primeiro domingo após o dia 14 de abibe, houve desavenças e protestos, agravadas durante o governo episcopal de Vitor, culminando com excomunhão de membros da igreja contrários a mudança na data da celebração da Santa Ceia, no entanto as igrejas da Ásia e Antioquia não abandonaram a data consolidada pelos apóstolos, como se pode notar:

Surgiu, nessa época, considerável discussão em consequência de uma diferença de opinião a respeito da observância do período de páscoa. As igrejas de toda a Ásia, dirigidas por uma tradição remota (antiga), supunham que deveriam guardar o décimo quarto dia da lua para a festa da páscoa do Salvador, em cujo dia os judeus tinham ordens de matar o cordeiro pascal; e eles eram incumbidos, todas às vezes, de encerrar o jejum naquele dia, qualquer que fosse o dia da semana em que caísse. Mas não era costume celebrá-la dessa maneira nas igrejas do restante do mundo, que observam a prática que substituiu pela tradição apostólica até o presente, de modo que não seria próprio encerrar nosso jejum em nenhum outro dia, senão no dia da ressurreição de nosso Salvador.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 191-192

Por certo, esta distorção trouxe infortúnio dividindo a igreja, tanto membros como líderes sinceros firmaram as instruções apostólicas, conservando a data da celebração da Santa Ceia no dia 14 de abibe, contrariando a adulteração promovida pelos bispos romanos.

Nesse diapasão, anos mais tarde, as igrejas fiéis aos ensinos apostólicos e contrárias às tradições de Roma foram lideradas por Polícrates, resistindo solidamente à inovação espúria concernente a mudança na data da Ceia, firmando entendimento dos ensinos apostólicos. Uma carta acostada no livro de Eusébio, escrita pelo bispo Polícrates, comprova, sem resquícios de dúvidas, a igreja apostólica celebrava a Santa Ceia no dia 14 de abibe:

Os bispos, porém, da Ásia, perseverando na observância do costume transmitido a eles por seus pais, eram liderados por Polícrates. Este, de fato, havia estabelecido a tradição transmitida a eles numa carta dirigida a Vítor e à igreja de Roma. “Nos, dizia ele, assim, observamos o dia genuíno, sem pôr nem tirar. Pois na Ásia grandes luzes já dormem, as quais ressuscitarão no dia da manifestação do Senhor, em que Ele virá do céu com glória e levantará todos os santos; Filipe, um dos doze apóstolos, que dorme em Hierápolis, e suas filhas virgens idosas. Sua outra filha também, tendo vivido sob influência do Santo Espírito, agora igualmente repousa em Éfeso. Além disso, João, que descansou no seio de nosso Senhor; que também era sacerdote, vestindo a placa sacerdotal (petalon), mártir e também mestre. Ele está sepultado em Éfeso; também Policarpo de Esmirna, ambos bispos e mártires. Também traséias, bispo e mártir de Eumênia, sepultado em Esmirna. Por que eu mencionaria Sagaris, bispo e mártir, que repousa em Laodicéia, além dele, o bendito Papírio e Melito, o eunuco cujo andar e conversão foram totalmente influenciados pelo Espírito Santo, que agora descansa em Sardes, aguardando o episcopado do céu, quando se levantará dos mortos? Todos eles observaram o décimo quarto dia da páscoa de acordo com o evangelho, não se desviando em nada, antes, seguindo a regra da fé. Além disso, eu, Polícrates, o menor de vós todos, de acordo com a tradição de meus parentes, alguns dos quais segui. Pois houve sete bispos parentes meus, sendo eu o oitavo; e meus parentes sempre observaram o dia em que o povo (isto é, os judeus) lançavam fora o fermento. Eu, portanto, irmãos, vivo agora há sessenta e cinco anos no Senhor e, tendo estudado todas as Escrituras Sagradas não me alarmo com essas coisas com que sou ameaçado para me intimidar. Pois os que são maiores que eu disseram: devemos obedecer a Deus e não a homens.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 192-193

Todos os bispos elencados por Polícrates, inclusive o apóstolo João, celebraram a Santa Ceia no dia 14 de abibe, conforme o Evangelho apostólico.

Neste sentido, converge os comentários de Irineu, contemporâneo do Policarpo e bispo da Igreja Patrística, acerca da controvérsia quartodecimana. Uma carta de Irineu encontra-se entre os antedichos extractos, comprovando a divergência acerca da famigerada data da celebração da Páscoa, concebida no pontificado de Sixto I (cerca de 120 d. C.). Ademais, segundo Irineu, Policarpo, igual aos demais asiáticos, guardava a Páscoa no dia catorze da lua, sem importar qual dia da semana caísse, seguindo com isso a tradição derivava do apóstolo João e consolidada na igreja apostólica. Como já exposto alhures, Policarpo viajou a Roma cerca de 155 d. C. para tratar sobre este assunto, mas o Papa Aniceto não pôde o persuadir de desistir da observância quartodecimana, segundo relatos de Eusébio:

Pois nem Aniceto conseguiu persuadir Policarpo a não observá-lo, porque ele sempre o observara como o apóstolo João e o restante dos apóstolos com quem se associara; nem Policarpo persuadiu Aniceto a observá-lo, pois este dizia que era obrigado a manter prática dos presbíteros anteriores a ele.
DE CESARÉIA, Eusébio. Histórias Eclesiásticas. 1.ed. Ed. Casa publicadora das Assembleia de Deus, 1999. pág. 194-195

Policarpo continuou celebrando a Santa Ceia no dia 14 de abibe, enquanto Roma continuou celebrando a Ceia no dia adulterado, posteriormente a Santa Ceia foi transformada em missa pela igreja Católica celebrada todos dias.

Contudo, Policarpo não foi excluído da comunhão pela Igreja romana; Irineu por sua vez, condenou a prática quartodecimana, no entanto, reprovou o Papa Víctor I por excomungar os asiáticos precipitadamente ignorando a moderação de seus predecessores. O assunto assim debatido tratava principalmente da celebração da Santa Ceia, se devia celebrar em domingo, ou se os cristãos deviam observar o dia santo dos judeus, o catorze de nisã ou abibe, podendo ocorrer em qualquer dia da semana. Quem celebrava a Páscoa como os judeus eram chamados quartodecimanos ou terountes (observantes); mas ainda em tempos do bispo Víctor este costume mal se estendeu para além das Igrejas da Ásia Menor. Após as fortes medidas do Papa os quartodecimanos parecem ter mermado (diminuído). Orígenes na “Philosophumena" (VIII, XVIII) parece considerá-los como um punhado de dissidentes obstinados no erro.

De qualquer forma, para pulverizar eventual resquício de dúvida acerca da data adotada na Igreja primitiva, quanto a celebração da Santa Ceia, merece destacar relatos afeto ao tema na obra Patrística da editora Paulus:

Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio apóstolo João... Irineu nos fornece mais alguns dados importantes sobre Policarpo: foi estabelecido bispo na Ásia, na Igreja de Esmirna, pelos próprios apóstolos.
Ainda segundo Irineu, Policarpo empreendeu uma viagem a Roma sob o pontificado de Aniceto, por volta do ano 155, para discutir com ele a data da celebração da Páscoa. Os asiáticos a celebravam no dia 14 do mês judaico de Nisan, qualquer que fosse o dia da semana. Os ocidentais, em Roma, portanto, celebravam-na sempre no domingo, dia da ressureição. No tempo de Irineu, esta tornou-se uma questão aguda. Em 170, o Papa Vítor quer forçar as igrejas da Ásia a aceitar o costume ocidental, ameaçando-as com a separação da comunhão católica. Irineu intervém relatando ao Papa Vítor a entrevista de Policarpo e Aniceto. Esta carta é outro testemunho de primeira grandeza: apelando para a autoridade do apóstolo João, foi a Roma discutir com o Papa Aniceto a data da celebração da Páscoa, em 155, tentando um acordo. (...) Aniceto não persuadiu Policarpo a deixar de observar o que com João, o discípulo de nosso Senhor, e com os outros apóstolos (...), tinha sempre observado.
STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides M. Padres Apostólicos, 1.ed. Ed. Paulus, 1995. pág. 131-132

Vale notar, os discípulos celebravam a Páscoa em 14 de abibe, conforme relatou Policarpo, não só João, segundo a Bíblia, Paulo celebrou uma Santa Ceia ou pão sem fermento, na cidade de Filipos: "Navegamos de Filipos, após a festa dos pães sem fermento, e cinco dias depois nos reunimos com os outros em Trôade, onde ficamos sete dias." Atos 20:6. Com efeito, Paulo navegou de Filipos a Trôade, somente depois de celebrar a festa dos pães sem fermento, cuja data era no dia 14 de abibe. No mesmo sentido são os ensinamentos da irmã White:

Em Filipos demorou-se para celebrar a Páscoa. Só Lucas ficou com ele, partindo os demais membros da comitiva para Troas, a fim de ali o esperarem.
WHITE, Ellen Golden. Atos dos Apóstolos. 3.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1976. pág. 390

Cumpre observar, no teor da Lei e Testemunho, Paulo celebrou a Santa Ceia no dia 14 de abibe. A prática de celebrar Santa Ceia no primeiro domingo após a data quartodecimana era desconhecida na igreja apostólica, certamente, seria repudiada, a famigerada prática foi inventada em 120 d.C, por Sixto I, bispo de Roma.

Por fim, à guisa de informação convém relatar, a celebração da Santa Ceia na data da Páscoa Judaica (14 de abibe) só foi proibida no Concílio de Antioquia, em 341 d.C, e demorou quase 400 anos para igreja abandonar a ordenança apostólica, por pressão do papado, cumprindo-se as Escrituras: "Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do criador, o qual é bendito eternamente." Romanos 1:25. Os fiéis servos de Deus mantiveram a celebração da Ceia conforme os ensinos dos apóstolos, dia 14 de abibe, suportaram excomunhão, perseguição e martírio, contudo, sustentaram com bravura a doutrina entregue aos santos.



Os Discípulos não Estavam Preparados para Tomar a Santa Ceia



Segundo preceitua os límpidos ensinamentos da irmã White, o rito do Batismo e da Ceia do Senhor são duas colunas monumentais, colocados um fora e outro dentro da igreja. Sobre essas ordenanças Cristo inscreveu o nome do Deus verdadeiro. Em assim sendo, amados irmãos, participar destes dois monumentos são de vital importância para vida espiritual do crente. A Santa Ceia é uma ferramenta disponibilizada pelo Pai autorizando participar da comunhão com o Filho e receber maior porção de sua natureza divina, todavia, participar da Santa Ceia indignamente incorre em risco, não só de morte espiritual como literal, neste sentido, o Apóstolos Paulo proíbe participar da Santa Ceia indignamente: "Porque aquele que come e bebe indignamente, come e bebe para sua condenação, não distinguindo o corpo do Senhor doutro qualquer alimento. É por isso que há entre vós muitos enfermos e sem forças, e que muitos dormem." I Coríntios 11:29-30. Com certeza, elevado preparo se faz necessário ao participar do sacramento. Contudo, de outro giro, se o cristão se encontra preparado e não participa, também corre o risco de ser eliminado da comunhão do povo de Deus: "Mas, se alguém está puro, e não se encontra em viagem, e, todavia, não fez a Páscoa, será aquela alma exterminada do seu povo, porque não ofereceu no tempo estabelecido o sacrifício ao Senhor; este levará o seu pecado." Números 9:13. Deveras, a Santa Ceia não pode ser celebrada em qualquer tempo, todavia, de acordo com as Escrituras, ao povo do Senhor compele celebra a Santa Ceia de ano em ano no tempo estabelecido. Qual é o tempo estabelecido? Dia 14 de abibe.

Com esse viés, questiona-se, quando o cristão está preparado? O fato do crente não contender com alguém, está magoado ou magoar o próximo, não ser perdoado ou não perdoar, ofender ou ser ofendido, irritação, palavras ásperas, perda de controle ou algumas das mazelas praticadas pelo cristão decorrente da natureza pecaminosa o impede de participar da Santa Ceia?

É imperioso perquirir as Escrituras em busca de respostas. Jesus ansiava, deveras, comer a última Páscoa com seus discípulos, para isso ele viera ao mundo: "E chegou o dia dos ázimos, no qual se devia imolar a Páscoa. E Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparai-nos a refeição Pascal." Lucas 22:7-8. Enquanto Pedro e João mantinham-se envolvidos com os preparativos da Páscoa, atendendo as ordens de Jesus, a mulher de Zebedeu e seus filhos fizeram um pedido inusitado: "Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda. Mas Jesus respondeu: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe podemos. Então, lhes disse: Bebereis o meu cálice, mas o assentar-se à minha direita e a minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai." Mateus 20:20-24. Com efeito, o coração dos filhos de Zebedeu careciam de humildade, almejavam os primeiros lugares, pior, de elevada posição designada por Deus a seus filhos mais privilegiados, não tinham noção da grandeza do pedido.

Quando os outros discípulos souberam do pedido egoísta, houve desavença, todos desejavam o primeiro lugar, aspiravam posição de supremacia, os corações afloravam mágoas as vésperas de Jesus instituir a Santa Ceia, destarte conclui-se, não estavam preparados para fazer parte do sacramento, forçando Jesus operar em seu favor: "E ouvindo isto os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Mas Jesus, chamando-os, disse-lhes: vós sabeis que aqueles que são reconhecidos como chefes das nações as dominam; e que os seus príncipes têm poder sobre elas. Porém entre vós não deve ser assim, mas o que quiser ser o maior, será vosso ministro, e o que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque também o filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida para redenção de muitos." Marcos 10:41. O Majestoso exemplo estampado por Jesus, não foi suficiente para quebrantar os corações endurecidos dos discípulos. Vê-se, por oportuno, os apóstolos em flagrante contenda, em desarmonia, impedindo o Espírito Santo residir em seus corações, não estavam prontos para participarem do corpo e sangue do seu mestre, no entanto, Jesus mandou-os preparar o local da Ceia, e eles participaram, não com os sentimentos de contenda, Jesus operou um milagre capaz de mudar instantaneamente seus sentimentos habilitando-os a participarem da Santa Ceia (ofertou sua natureza divina). Nos dias atuais é perfeitamente possível o cristão receber os mesmos benefícios, capacitando-o a compartilhar do corpo do Senhor sem incorrer em riscos. Basta observar a obra de Jesus em favor dos discípulos, estimulando-os a abrirem os corações empedernidos:

A cerimônia do Lava-pés na Ceia do Senhor, em sua simplicidade e espiritualidade, devem ser observadas com genuína solenidade e com corações cheios de gratidão. Seus participantes não devem esgotar suas faculdades físicas nem mentais em formalidades e cerimônias externas.
RH, 21/06/1898

O lava-pés, ato de humildade do Filho de Deus, comoveu os discípulos, envergonhados abriram os corações enchendo-o da natureza divina do Mestre, removendo as mazelas da natureza pecaminosa. De igual modo, se o cristão sincero abrir o coração para Cristo operar, com efeito, receberá natureza divina habilitando-o a tomar a Santa Ceia mesmo no momento da celebração, como aconteceu com os apóstolos.

Tratando-se de Santa Ceia, a única forma segura de tomar parte no sacramento sem correr riscos, é entender a cerimônia do lava pés abrindo o coração para Cristo. Destarte, todas as impurezas serão removidas e substituídas pela natureza divina de Cristo, habilitando o penitente pecador a participar do corpo e sangue do Cordeiro de Deus.

Perquirindo o texto sagrado, vislumbra-se Paulo chamar a atenção dos coríntios no tocante a tomarem cuidado na celebração do sacramento. Neste diapasão, convém indagar. Por que a reprovação aos coríntios? "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha, portanto todo aquele que comer este pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, a si mesmo o homem, e assim coma deste pão e beba deste cálice." I Coríntios 11:26-28. Com efeito, os coríntios participavam da Santa Ceia semelhante as festas comuns, com isso:

Os coríntios estavam se afastando bastante da simplicidade da fé e da harmonia da igreja. Continuavam a se reunir para adoração, mas com os corações indispostos entre si. Perverteram o verdadeiro significado da Ceia do Senhor, modelando-a em grande medida conforme as festas idólatras. Reuniam-se para celebrar os sofrimentos e morte de Cristo, mas convertiam a ocasião num período de banquetes e divertimentos egoístas.
Sketches From the Life of Paul, 170

Neste contexto, deveras, os coríntios corriam grande e iminente risco de morrerem espiritualmente e literalmente. Segundo exortação do Apóstolo Paulo, quem participa indignamente da Santa Ceia, come para sua condenação, quem está em condições de participar e recusa, também corre perigo. Em verdade, as Escrituras exigem limpeza de coração para participar da Santa Ceia, sanando as diferenças unindo a igreja, portanto, é necessário empenho no serviço preparatório especial, ato antecedente a celebração da Santa Ceia.



O serviço preparatório exclui indignos da Ceia?



Se faz necessário tecer algumas considerações salutares sobre o tema. Conforme exposto alhures, o fato de estar magoado com o irmão, por si só, não impede de participar da Santa Ceia, Caso a situação seja sanada no serviço preparatório. Uma semana de oração antecedente a Santa Ceia deve ser convocada pela igreja, com escopo de limpar o coração, no decorrer da semana de oração uma reunião de comunhão será celebrada para proporcionar arrependimento, confissões de pecados e reconciliações entre irmãos, elidindo os ressentimentos pendentes. Lembre-se, o serviço preparatório de reconciliação será realizado na Reunião de Comunhão na semana de oração antecedendo a Santa Ceia. Se realizado o serviço preparatório, e o irmão continua dominado pela natureza pecaminosa com os pés sujo (coração), não consegue se harmonizar com o desafeto, ainda resta o ato do Lava Pés, no momento de realizar o nobre ato na Santa Ceia o cristão renitente lança mão de nova oportunidade para abrir o coração e receber natureza divina de Cristo habilitando-se participar da comunhão com o Mestre esquecendo completamente o passado, neste sentido prenota as áureas lições de Ellen White:

O serviço da comunhão não deve ser um período de tristeza. Não é esse o seu designo. Ao reunirem-se os discípulos do Senhor em torno de sua mesa, não devem lembrar e lamentar suas deficiências. Não se devem demorar em sua passada vida religiosa, seja ela de molde a elevar ou a deprimir. Não tragam à memória as diferenças existentes entre si e seus irmãos. O serviço preparatório abrange tudo isso. O exame próprio, a confissão de pecado, a reconciliação dos desentendimentos, tudo já foi feito. Agora chegam para se encontrar com Cristo.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 634

A reunião de comunhão, destinada a lavar os corações contaminados da natureza pecaminosa, é uma ferramenta eficaz, capaz de remover as diferenças mais enrugadas, basta abrir o coração, Cristo lavará os pés contaminados de egoísmo, empoeirados de inveja, malícia, contenda e os ciscos da desunião.

Cabe esclarecer, os discípulos de Cristo são o templo de sua natureza divina, os frutos apresentados tendem a ser semelhantes ao do Mestre, com ele devemos aprender a "suportar uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai-vos; acima de tudo Isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição." Colossenses 3:13. O serviço preparatório realizado antes da Santa Ceia, empunha o condão de remover as sujeiras do coração semeado pela natureza pecaminosa, quando a Igreja é nutrida pela natureza divina de Cristo, as impurezas da natureza pecaminosas são substituídas. O serviço preparatório e o lava pés são os mais poderosos instrumentos para alcançarmos o aludido alvo, e assim fazendo, a semente do amor divino brota nos corações sinceros, "e nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: Se tiverdes amor uns aos outros." João 13:35. Deus é amor, Jesus é amor, e o verdadeiro cristão, nutrido por Cristo, rende frutos de valores morais absorvido no cristianismo oriundos da cruz, portanto, a regra áurea do cristianismo se traduz em amar uns aos outros em Cristo Jesus.

Impende reiterar outro ponto relevante em apreço, trata-se do exemplo dos discípulos, antes da Ceia cultivaram a supremacia, ansiavam o primeiro lugar, na linha de colisão com o exemplo de Cristo, o filho de Altíssimo se fez servo lavou os pés empoeirados (corações sujos) dos apóstolos deixando um glorioso legado a igreja, quem quiser ser o maior, seja o menor, "porquanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus." Mateus 18:4. O lava-pés foi a ferramenta escolhida por Cristo para purificar os corações dos discípulos e banir supremacia, exaltação própria e egoísmo, quebrantando seus corações associando-se com eles. Assim, o serviço preparatório deve banir todo orgulho e imperfeição do coração humano reconciliando-se com Jesus sendo um com ele e o Pai, participando do seu corpo e do seu sangue, seguindo copiosamente os ensinamentos de Ellen White:

Esta ordenança é o preparo designado por Cristo para o serviço sacramental. Enquanto o orgulho, desinteligência e luta por superioridade forem nutridos, o coração não pode entrar em associação com Cristo.
Existe no homem a disposição de se estimar em mais alta conta do que a seu irmão, de trabalhar para si mesmo, de procurar o mais alto lugar; e muitas vezes isso dá em resultado ruins suspeitas e amargura de espírito. A ordenança que precede à Ceia do Senhor, deve remover esses desentendimentos, tirar o homem do seu egoísmo, fazê-lo baixar de seus tacões de exaltação própria à humildade de coração que o levará a servir a seu irmão.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 627

A famigerada exaltação própria é indício suficiente de natureza pecaminosa robustecida, servir ao irmão, preocupar-se e ajudá-lo em suas tribulações, comprova a natureza divina de Cristo alocada no coração penitente do fiel servo de Jesus, testemunhando em favor do verdadeiro cristianismo.

Como é facilmente percebido, dúvidas existem quanto ao preparo dos irmãos ao sentarem-se à mesa para participar do sacramento, alguns erroneamente imaginam, só as pessoas puras e santas podem tomar a Santa Ceia, de outro norte, pessoas impuras são impedidas de participar do corpo e do sangue do nosso Senhor, no entanto, não sabem quem está preparado ou não, ninguém empunha o condão de conhecer ou adentrar o coração de outrem, mesmo porque, no momento de sentar-se à mesa o irmão aparentemente impuro, pode perfeitamente abrir o coração para Cristo e nesse exato momento se purificar. De qualquer forma, as Escrituras proíbem o dirigente retirar ou impedir alguém de sentar-se à mesa na Santa Ceia por julgá-lo indigno, ou pertencer a outra denominação religiosa. A Palavra de Deus autoriza "um estrangeiro habitar entre vós e também celebrar a Páscoa ao Senhor, segundo o estatuto da Páscoa e segundo o seu rito, assim a celebrará; um só estatuto haverá para vós outros, tanto para o estrangeiro como para o natural da terra." Números 9:14. Outrossim, convém esclarecer melhor acerca do estrangeiro, quanto a participar da Páscoa, segundo Haskell, no primeiro momento, quando os hebreus saíram do Egito, nenhum estrangeiro podia participar da festa da Páscoa. Todavia, foi feita provisão nos serviços da lei levítica pela qual um estrangeiro, ao cumprir certas formalidades e cerimônias, tornava-se um Israelita com direito a participar da Páscoa, sob a ótica da Bíblia é perfeitamente possível visualizar as condições exigidas: "Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a Páscoa do Senhor, seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se chegará, e a observará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela." Êxodo 12:48. O encimado texto esclarece, mesmo pessoas estranhas a nossa fé, se compreenderem a importância da ocasião aceitando a doutrina e o significado da morte e ressurreição de Jesus, circuncidando o coração espiritualmente, ou sendo da nossa fé, contudo, ainda não batizou, podem participar do sacramento, consoante lições dos Testemunhos:

Podem entrar pessoas que não são, no íntimo, servos da verdade e da santidade, mas que desejem tomar parte no serviço. Não devem ser proibidas.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 633

Noutro giro, se o estrangeiro não circuncidar o coração para despojar toda malícia, purificando o coração com a justiça de Cristo e consequente aceitação da sã doutrina, tal como disse Paulo em Coríntios, podem efetivamente sofrer as consequências descritas pelo festejado apóstolo.

De plano, vale ressaltar, somente Deus esquadrinha corações, destarte, envia mensageiro celeste para acompanhar o sacramento, nenhuma pessoa presente pode ser removida ou impedida de tomar a Santa Ceia, Jesus lavou os pés de Judas, consoante exortação de Ellen White:

Quando os crentes se reúnem para celebrar as ordenanças, acham-se presentes mensageiros invisíveis aos olhos humanos. Talvez haja um Judas no grupo, e se assim for, mensageiros do príncipe das trevas ali estão, pois acompanham a todo que recusa ser regido pelo Espírito de Deus. Anjos celestes também ali se encontram. Esses invisíveis visitantes se acham presentes em toda ocasião como esta. Acham-se ali testemunhas que estavam presentes quando Jesus lavou os pés dos discípulos e de Judas.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 633-634

É forçoso extrair sérias reflexões do glorioso exemplo, somente os anjos presentes conhecem os corações, a eles cabe anotar quem participa do sacramento com o gélido coração de judas ou dos fiéis servos do Altíssimo, ao Senhor compete separar o trigo do joio.

Neste compasso, vale reiterar, o Senhor não autorizou a igreja tecer juízo de reprovação ou aceitação de quem participa da Santa Ceia, o Pastor tem a obrigação de explicar sabiamente o ato do lava pés, após as devidas explicações com espiritualidade, os irmãos examinem-se a si mesmo e decidam comer o copo e beber o sangue de Cristo dignamente ou indignamente, portanto, ninguém pode ser impedido de participar da Santa Ceia, porque:

O exemplo de Cristo proíbe a exclusão da ceia do Senhor. Verdade que o pecado aberto exclui o culpado. Isto ensina plenamente o Espírito Santo. Além disso, porém, ninguém deve julgar. Deus não deixou aos homens dizer quem se apresentará nessas ocasiões. Pois quem pode ler o coração? Quem é capaz de distinguir o joio do trigo?
Podem chegar a relacionar-se convosco pessoas que não estejam de coração unidas à verdade e à santidade, mas queiram participar desses ritos. Não as impeçais.
WHITE, Ellen Golden. Evangelismo. 2.ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1978. pág. 277

O cerne da questão traduz-se no sentido de irmãos de outra fé, receber a iluminação do Espírito Santo no ato da comunhão do Sacramento, abrindo o coração para natureza divina de Cristo aceitando sua doutrina. Caso seja impedido de participar do Sacramento, sob a égide de suposto zelo, a malgrada atitude oferece a Satanás oportunidade de comer a semente alocada no coração do penitente pecador, endurecendo sua cerviz, rompendo com a luz.

Merece destacar outro ponto relevante, caso o celebrante esteja indigno, pode celebrar a Santa Ceia? Sob a ótica das Escrituras, ele não pode ser impedido e ninguém deve eximir-se de participar do Sacramento, a indignidade do celebrante não macula o rito nem contamina os participantes ou causa algum prejuízo quanto a sua comunhão, seguramente Cristo está presente e revigora com sua natureza divina todos quanto fazem parte do Sacramento com coração limpo, quanto ao ministrante indigno, certamente prestará contas com Deus, portanto:

Ninguém deve se excluir da comunhão por estar presente, talvez, alguém que seja indigno. Todo discípulo é chamado a participar publicamente, e dar assim testemunho de que aceita Cristo como seu Salvador pessoal. É nessas ocasiões, indicadas por ele mesmo, que Cristo se encontra com seu povo, e os revigora por sua presença. Corações e mãos indignas podem mesmo dirigir a ordenança; todavia Cristo ali se encontra para ministrar a seus filhos. Todos quanto ali chegam com a fé baseada nele, serão grandemente abençoados. Todos quanto negligenciam esses períodos de divinos privilégios, sofrerão prejuízos. Deles se poderia quase dizer: Nem todos estais limpos.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 634

A indignidade do celebrante é suprida pelo revigorante Espírito de Cristo nos corações sinceros, destarte, se alguém tomar ou celebrar a Santa Ceia indignamente, sofrerá as consequências, seguindo as exortações de Paulo: "Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Pois qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não distinguindo o corpo do Senhor. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem." I Coríntios 11:27-30. Compete ao cristão examinar a si mesmo, independente da contaminação do celebrante ou outro irmão, decidindo participar do Sacramento mediante sua consciência.

Por fim, vale destacar, no momento de celebrar a Santa Ceia, é comum irmãos e irmãs aflitos, eximirem-se de participar do Sacramento achando-se indigno. No entanto, é de salutar importância esclarecer, as pessoas só estarão aptas a decidir após um exame minucioso de si mesmas, se conhecerem o significado do lava pés não enfrentarão dificuldades para decidir, destarte, o aludido comportamento desesperado é fruto do desconhecimento do significado do lava pés e da Santa Ceia do Senhor, descuraram os antecedentes serviços preparatórios. Jesus lavou os pés de Judas com um majestoso propósito, cada cristão, portanto, mesmo indigno de participar da Santa Ceia, não deve desesperar nem se esquivar do áureo dever, privando receber as bênçãos prometidas, basta abrir o coração a Cristo e lavar as impurezas, fluindo arrependimento, confissão e perdão. Ensina-nos Ellen White:

Por seu Santo Espírito, Cristo ali está para pôr selo a sua ordenança. Está ali para convencer e abrandar o coração. Nem um olhar, nem um pensamento de arrependimento escapa a sua observação. Pelo coração contrito, quebrantado espera Ele. Tudo está preparado para a recepção daquela alma. Aquele que lavou os pés de Judas, anseia lavar todo coração da mancha do pecado.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 634

Jesus sabia da traição de Judas, mesmo assim lavou seus pés, de igual modo, celebrantes indignos e irmãos impuros, podem perfeitamente gozarem das benesses de Cristos, Jesus lavou os pés de judas com propósito de lavar os corações penitentes, removendo a negritude do pecado, lavando e purificando o pecador.

Com esse enfoque, disse o Salvador: "Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos (...) Porque a Minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida." João 6:53-55. Participar da carne e do sangue de Cristo, alimenta o espírito, fortalecendo os laços do fiel servo de Deus com seu Senhor, mantendo a natureza divina viva e revigorada para vencer as tentações.



Atos obrigatórios da Santa Ceia



Dos supracitados textos emerge uma verdade axiomática, a Páscoa foi instituída no deserto, comemorava a saída do povo de Israel do Egito e sua libertação do cativeiro, prefigurando o livramento por excelência, cunhada no Messias salvando Seu povo dos pecados. O cordeiro pascal anunciava Cristo morrendo na cruz, segundo ensina João: "No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" João 1:29. Deveras, com sua morte Cristo cumpriu os tipos da Páscoa, substituindo-a pela Santa Ceia, ordenando celebrar de ano em ano, ao pôr do sol do dia 14 de abibe. Mudou a forma de celebração e instituiu atos obrigatórios no sacramento, o lava-pés, o pão e o vinho.

Nesta senda, cabe destacar, no período apostólico, os discípulos introduziram no Sacramento o ato do ósculo santo depois do lava-pés, os pioneiros Adventista perquirindo a vida da igreja primitiva nos mínimos detalhes, descobriram e adotaram o ósculo santo na Ceia, consoante lições de Ellen White:

Os pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tendo aceito a verdade do sábado, se lançaram zelosamente para seguir a palavra de Deus, em cada pormenor, ao mesmo tempo em que cuidavam para se resguardar contra interpretações distorcidas da Palavra e quaisquer extremismos ou fanatismo. Viram claramente os privilégios e as obrigações da ceia do Senhor, estabelecida para a Igreja por nosso Senhor. Havia a indagação com respeito ao LAVA-PÉS e ao ÓSCULO SANTO. Nessa visão, o Senhor esclareceu alguns pontos delicados que orientariam e protegeriam a Igreja emergente.
O ósculo santo, ou ósculo do amor, era um símbolo de afeto cristão. Parece que havia se tornado um costume entre os Cristãos primitivos trocar essa saudação por ocasião da Santa Ceia do Senhor. Escritos posteriores indicam que não era usual saudar o sexo oposto com ósculo santo. Era costume entre os Adventistas guardadores do Sábado trocar o ósculo no sacramento de humildade. Não há referência quanto a impropriedade explícita da troca de ósculo santo entre homens e mulheres, mas há uma advertência para que se abstenham da aparência do mal.
WHITE, Ellen Golden. Primeiros Escritos. 3. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1988. pág. 301

Os discípulos de Cristo foram revestidos de autoridade, portanto, sob o manto do Espírito Santo recebido no Pentecostes, gozavam de conhecimento divino capaz de complementar o Sacramento acrescentando o ósculo santo, aos atos do lava-pés, pão e vinho.

Assim sendo, é recomendável investigar, qual o conceito de ósculo santo? É uma saudação cristã, trata-se de um ósculo ou beijo utilizado pelos irmãos da igreja primitiva como sinal de amizade e comunhão quando os irmãos voltavam de viagem ou passavam um longo período sem comunicação, era usado entre irmãos e entre irmãs, ou seja, irmãos osculavam irmãos e irmãs osculavam irmãs, para furtar-se da aparência do mal. Neste sentido Ellen White relata:

A santa saudação mencionada no Evangelho de Jesus Cristo pelo Apóstolo Paulo deve ser considerada no seu verdadeiro caráter. Trata-se de um ósculo Santo. Deve ser considerada como sinal de amizade para cristãos amigos quando partem, e quando se encontram de novo após semanas ou meses de separação. Em I Tess. 5:26, Paulo diz: “Saudai a todos os irmãos com ósculo santo”. No mesmo capítulo ele diz: “Abstende-vos de toda forma do mal”. (II Tess 5:22). Pode não haver aparência do mal quando o ósculo santo é dado no tempo e em lugar próprio.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 117

Com efeito, o ósculo santo era usado com frequência na igreja primitiva, irmãos osculavam irmãos e irmãs osculavam irmãs, contudo, nos dias modernos, as igrejas abandonaram os costumes da igreja primitiva, inovaram com feliz sábado, bom dia, preferem qualquer saudação secular em detrimento da saudação cristã. Neste contexto, é imperioso frisar, a igreja Remanescente conserva todas as tradições, estatutos, preceitos e virtudes oriundas da igreja primitiva.

Volvendo ao tema em destaque, frisa-se, o ósculo santo foi introduzido na celebração da Santa Ceia pela Igreja apostólica em tempos remotos, contudo, nos últimos dias o glorioso costume foi resgatado pelos pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, assim, o ósculo santo consta como ato obrigatório na celebração da Santa Ceia da Igreja Remanescente.

Com este importe, convém destacar, o primeiro ato obrigatório da Santa Ceia é o lava-pés, todavia, esse tema será estudado separadamente mediante sua importância cunhada na Igreja de Deus. O segundo ato, como se percebe, é o ósculo santo. Sem sombra de dúvidas, o terceiro ato é o pão, no entanto, a Santa Ceia não pode ser celebrada com pão comum de padaria (francês), pão recheado de fermento, símbolo do pecado, em hipótese alguma pão fermentado pode representar o corpo de Cristo, destarte, no Sacramento o corpo de Cristo é representado por pão ázimo, devidamente preparado com trigo e puro azeite de oliva pelo Pastor celebrante. Por fim, o último ato, o vinho, simboliza o sangue de Cristo, portanto não cabe à igreja oferecer refrigerante de uva ou suco de morango, utiliza-se o suco de uva integral sem álcool, símbolo do precioso sangue do Cordeiro, representando nova aliança.

É recomendável reiterar, o pão utilizado na Santa Ceia é ázimo, Jesus instituiu a Ceia por ocasião da Festa dos Pães Asmos, como se vê: "Chegou o dia da Festa dos pães Asmos, em que importava comemorar a Páscoa. Jesus, pois, enviou Pedro e João, dizendo: Ide preparar-nos a Páscoa para que comamos." Lucas 22:7-8. Como é cediço, Israel não consumia fermento por ocasião da Festa da Páscoa instituída no Egito, quando os hebreus partiram para o deserto, era proibido degustar alimentos levedados, sob pena de eliminação do acampamento de Israel, conforme revela o texto sagrados: "Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel." Êxodo 12:15. Em verdade, o fermento era proibido no oferecimento de qualquer oferta de manjares, "nenhuma oferta de manjares, que fizerdes ao Senhor, se fará com fermento; porque de nenhum fermento e de mel nenhum queimareis por oferta ao Senhor." Levítico 2:11. Exceto o pão do Pentecostes, esta era a única oferta oferecida com fermento, esse pão não representava Jesus, simbolizava o crescimento da igreja no período apostólico ou a primeira grande colheita de almas, cumprindo-se o tipo simbólico prefigurado; noutro giro, o pão da Ceia representa Jesus, portanto, é proibido usar com fermento, Jesus é puro sem pecado. Destarte, não restam dúvidas, o pão utilizado por Jesus ao instituir a Ceia era ázimo, sem fermento. Ademais, o fermento é símbolo de impureza, de pecado: "Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade." I Coríntios 5:8. O pecado de Adão maculou o Éden, Jesus ofereceu-se como sacrifício puro e sem defeito para resgatar o pecador penitente, de igual modo, o pão, símbolo de seu corpo precisa ser impoluto.

Outro ponto digno de nota, refere-se ao consumo do pão asmos na Ceia, é distribuído e consumido por todos os participantes. Como se vê, a transição de Páscoa para Ceia aconteceu na noite de sua traição, após cear a Páscoa, Jesus instituiu a Santa Ceia partindo o pão asmos distribuindo entre os discípulos: "Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo." Mateus 26:26, em seguida ordenou aos discípulos celebrar a Ceia em sua memória e assim fizeram como se pode notar no exemplo de Paulo: "Pois recebi do Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim." I Coríntios.11.23-24. E, havendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo dado por vós; fazei isto em memória de mim. O pão asmo simboliza o corpo de Cristo, deve ser comido pelos servos do Senhor como forma de unificação entre Cristo e o seu povo, assim seremos um com Ele, como ele é com o Pai, "Eu e o Pai somos um." João 10:30. Por outro lado, representa a dependência espiritual oriunda da natureza divina de Cristo nutrindo o pecador penitente, transformando o reconciliado pecador em um só corpo com ele, conforme prenuncia as Escrituras: "Pois nós, embora muitos, somos um só pão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão." I Coríntios 10:17. A única forma do pecador ser um com Cristo, traduz-se na reconciliação mediante a justiça de Cristo alocada no coração em substituição da natureza pecaminosa. O simbólico pão asmo da Ceia, representa o corpo de Cristo incorporado ao pecador penitente, sustentando-o em suas tribulações, fraquezas e imperfeições.

Com efeito, o último ato obrigatório da Santa Ceia, é o vinho, representa o sangue derramado na cruz em resgate do pecador penitente costurando nova aliança de Cristo: "pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados." Mateus 26:28. Nesta senda, os benefícios do sacrifício de Cristo são distribuídos aos seus servos, destarte, todos os participantes da Ceia compele-se a consumir o vinho, suco de uva integral, isento de fermentação alcóolica. Jesus distribuiu o vinho a todos os discípulos presentes: "A seguir, tomou o cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos." Mateus 26:27. É inconcebível igrejas celebrarem a Ceia excluindo o vinho dos membros, a exemplo da missa, somente o celebrante toma o vinho excluindo os membros, contrariando a ordem de Jesus: Tomai dele todos. Na mesma toada converge os nobres ensinamentos do festejado apóstolo Paulo: "Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim." I Coríntios 11:25. Excluir o vinho dos membros na Santa Ceia, equivale a exclui-lo do pacto com Cristo. Participar da Santa Ceia é obrigação do servo de Cristo, com lava-pés, ósculo santo, pão sem fermento e vinho isento de fermentação alcóolica.

Em sendo assim, faz-se necessário destacar, deveras, o pão partido representa o corpo de Jesus sacrificado por nós. O vinho simboliza o sangue vertido pelos pecadores de uma nova aliança. A Santa Ceia comemora não apenas a morte de Jesus, mas, a nossa própria morte para o pecado, ocorrida no momento da regeneração, ou seja, na substituição da natureza pecaminosa pela justiça de Cristo, reconciliando o pecador penitente com o Pai. Neste viés, vale ressaltar:

O pão é símbolo do corpo quebrado de Cristo, entregue pela salvação do mundo. O vinho simboliza seu sangue, derramado pela purificação dos pecados de todos quantos a Ele se chegam em busca do perdão e O recebem como Salvador.
WHITE, Ellen Golden. Signs of the times, 25/3/1880

Receber Jesus como Salvador transcende aceitação de lábios, o coração precisa render-se a Deus, renegando o pecado e o Diabo, despojando a natureza pecaminosa, ressurgindo nova criatura revestido da gloriosa justiça de Cristo, com frutos digno de arrependimento, em genuína conversão.

Nesta senda, impende frisar, comer o pão e beber o vinho na Santa Ceia torna-se igualmente um ato simbólico, significa participar dos benefícios da expiação de Cristo, obtida pela comunhão estabelecida entre o Salvador e o resgatado. O pão da Santa Ceia é, portanto, uma imagem do sustento da existência; comê-lo, é alimentar-se espiritualmente: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne." João 6:51. O pecador é dependente de Cristo, sem o auxílio da natureza divina, o pecador é impotente, rendido como escravo ao pecado, sem forças para libertar-se. Cristo, o pão vivo nutre, sustenta e regenera o arrependido pecador com sua justiça.

Por sua vez, o vinho é imagem do sangue, é a vida, conforme ensina o texto sagrado "a alma - ou a vida - da carne está no sangue." Levítico 17:11. bebê-lo, é colocar-se na possibilidade do benefício da transmissão de um fluido vital, como a vara depende da seiva da videira: "Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim." João 6:57. Destarte, o pão e o vinho simbolizam a plenitude da vida comunicada por Cristo a seus dependentes servos fiéis alimentando-os com a seiva de sua natureza divina em seus corações: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele." João 6:56. Semelhante a videira nutrindo os ramos, Jesus nutre seus servos, alimentando-os com a seiva de sua justiça divina. Dessa forma, a natureza divina habita no coração do pecador penitente, revigorando um relacionamento salutar com o Salvador, consoante relatos do apóstolo: "Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor." Efésios 3:17. De outro giro, sem a seiva da natureza divina nutrindo o coração do pecador, é impossível render frutos de amor, zelo e obediência.

É de bom alvitre, aprofundar outro ponto extremamente relevante, como exposto alhures:

O pão partido e o puro suco de uva devem representar o corpo quebrantado e o sangue derramado do filho de Deus. Pão com fermento não deve comparecer à mesa da comunhão; o pão ázimo é a única representação correta da Ceia do Senhor. Nada fermentado deve ser usado. Deve-se utilizar somente o puro fruto da videira e o pão não levedado.
WHITE, Ellen Golden. RH,7/6/1898

É comum ouvir histórias de pastores celebrando a Santa Ceia com pão francês carregado de fermento e refrigerante de uva ou suco de morango. Entrementes, a igreja Remanescente segue os passos dos primitivos cristãos estabelecendo como norma a premissa de não misturar o símbolo do corpo e do sangue de Cristo com impurezas, o filho de Deus é impoluto, de igual modo, são os símbolos sagrados da Ceia, portanto, não podem ser oferecidos maculados com símbolo do pecado:

Cristo está ainda à mesa em que fora posta a ceia pascoal. Acham-se diante dele os pães asmos usado no período da páscoa. O vinho pascoal, livre de fermento, está sobre a mesa. Estes emblemas Cristo empregam para representar seu próprio irrepreensível sacrifício. Coisa alguma corrompida por fermentação, símbolo do pecado e da morte, podia representar o Cordeiro imaculado e incontaminado.
WHITE, Ellen Golden. O Desejado de todas as Nações. 14. ed. Ed. Casa publicadora Brasileira, 1986. pág. 630

Como exposto, a Lei e os Testemunhos comprovaram, o pão da Ceia é livre de fermento, símbolo de pecado, e o vinho livre de fermentação alcoólica, nos moldes ensinados por Jesus e seguido pelos discípulos.

Contudo, cabe aqui registrar um fato inusitado ocorrido na Idade Média, trata-se da famigerada doutrina da transubstanciação (conjunção de duas palavras latinas: Trans e Substância, significa a mudança da substância do pão e do vinho na substância do Corpo e sangue de Jesus Cristo no ato da consagração), os cristãos foram duramente perseguidos e mortos pelo papado, por negar reconhecer a famigerada doutrina espúria. Sob o manto da santidade, o papado fabricou a doutrina da transubstanciação, alegando suposto zelo compeliu os cristãos a reconhecer a hóstia e o vinho oferecidos na missa (imitação da Santa Ceia) como literal, a hóstia se transformava em carne e o vinho se transformava em sangue no momento da benção efetuada pelo sacerdote, acreditando na presença real de Cristo no sacramento.

Como é cediço, a igreja Católica medieval interpretava as Escrituras segundo seus interesses, destarte, examinando o texto escrito por João referente a Ceia, erroneamente interpretaram o pão eo vinho se transformando em carne e sangue literal no momento do sacramento, assim prenuncia o texto citado: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos." João 6:53. Em suma, lançando mão de acurada análise do aludido texto, vislumbra-se o apóstolo exorta de forma figurada, simbólica, no teor do versículo 63 do mesmo capítulo: "O espírito é que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida." João 6:63. Restou cabalmente comprovado, João falou em sentido figurado, retratando o dever cristão de participar da Santa Ceia, consumindo o pão, corpo de Cristo, e vinho símbolo de seu sangue, para lograr vida em Cristo.

Neste compasso, a igreja Latina criava mais uma doutrina divorciada das Escrituras, em verdade, a igreja Latina fabricava doutrinas na linha de colisão com as Escrituras e destruía as doutrinas entregues aos santos. No vertente caso, ensinavam sob pena de morte, uma vez consagrado o pão e o vinho, ficavam idênticos ao corpo e ao sangue de Jesus, se transformavam literalmente em carne e sangue. O papa Nicolau II, disse: depois da consagração, o pão e o vinho se tornavam, em realidade, o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, somente no início do século doze foi sacramentada a controvertida doutrina da transubstanciação (o pão e o vinho são transubstanciado no corpo e no sangue de Cristo), e consolidada oficialmente no concílio de Trento.

Muito embora seja esta a posição dominante imposta pela igreja Católica na época, houve resistência, muitos fiéis servos de Deus pereceram na Idade Média, queimados em fogueiras sob o algoz da inquisição, por recusar a malsinada doutrina da transubstanciação. Essa famigerada doutrina surgiu na resolução do IV Concílio Lateranense, em 1215 da era cristã. O dogma da transubstanciação rezava sob pena de morte para quem resistisse submissão:

Quando o sacerdote eleva a hóstia na missa e o cálice, repetindo as palavras: Este é o meu corpo..., este é o meu sangue, o pão e o vinho deixam de ser pão e vinho e se mudam no verdadeiro corpo e sangue de Cristo. Segundo o catecismo Tridentino, o corpo real de Cristo, que é o mesmo corpo que nasceu da virgem Maria e se assenta à mão direita de Deus, está tão verdadeiramente sobre todo altar em que os sacerdotes ministram, como seu corpo natural esteve sobre a cruz do calvário.
Dr. Davi S. Schaff, Nossa Crença e a de Nossos Pais, pág. 304

A missa é uma adulteração do sacramento do Senhor, trata-se de cerimônia realizada por metade, somente o sacerdote toma o vinho, eximindo os fiéis, contrariando a ordenança de Jesus e substituição unilateral do pão ázimo por hóstia contaminada de fermento. Nesta senda, se a igreja Católica pode usurpar as palavras de Cristo negando o vinho aos membros e condenar inocentes servos de Deus a morte, pode fabricar doutrinas espúrias semelhante a transubstanciação.

Com esse enfoque, é imperioso enaltecer o registro histórico da triunfante igreja de Deus, da bravura e resistência dos irmãos queridos condenados a sucumbir nas chamas ardentes das fogueiras de Roma por negar a famigerada doutrina da transubstanciação, conservando a crença do pão sem fermento e vinho suco puro da uva, não fermentado se transformarem em SÍMBOLOS do corpo e do sangue de Jesus Cristo não literais.

Diante da firmeza dos servos de Deus negando a doutrina Católica da transubstanciação, de cunho meramente humano, a fúria dos apóstatas acendeu contra eles, foram trucidados como ovelhas mudas levadas ao matadouro. Assim, a famigerada doutrina Católica ganhou fôlego em Nicéia. Logo prosperou a doutrina segundo a qual o Pão e o Vinho da Santa Ceia são transformados no corpo e sangue de Cristo, já apresentada no Oriente por ocasião do segundo Concílio de Nicéia em 787, apareceu no Ocidente no século seguinte, em 831, num escrito da autoria de Paschase Radbert, monge de Corbie, dedicado a Carlos, o Calvo. Combatida por Rabam Maur, abade de Fulda, por Ratramne, por Jean Scot Erigéne e mais tarde por Béranger de Tours, triunfou apesar de tudo e a partir do século XII o próprio termo "transubstanciação" impôs-se. O Concílio de Latrão de 1215 (4a. sessão) consagra esta noção e o sacramento do altar suplanta a pregação. Em 1220 o papa Honorius III ordena a elevação da hóstia. Tomás d´Aquino e Alberto, o grande, formularam a teoria da missa no seu conjunto, essa teoria não viria a sofrer grandes alterações. O Concílio de Constança em 1415 (13a. sessão) suprime o cálix aos fiéis e o de Trento formula a doutrina da Eucaristia na sua sessão do dia 11 de outubro de 1551 e a do sacrifício da missa na sessão do dia 17 de setembro de 1562.

Por fim, é forçoso concluir, Jesus está presente na Santa Ceia, contudo, o pão representa seu corpo simbolicamente, o vinho é símbolo do sangue, quem não participa da Santa Ceia não tem parte com Cristo. Assim sendo, vale o esforço de participar dos privilégios da Santa Ceia, comendo o pão e bebendo o vinho, símbolos sagrados de Cristo, auferindo os benefícios do sacrifício expiatório de Jesus na Cruz do Calvário, morrendo em nosso lugar, pagando o preço do pecado.



Impurezas do Corpo



Assim, é de todo recomendável esclarecer, Deus criou Adão puro e perfeito, dotado de natureza divina, todavia, caindo o homem em pecado separou-se do Criador potencializando a impureza do pecado original ou natureza pecaminosa contaminando o coração, vale enaltecer, não foi Deus quem se separou do homem, foram "as suas transgressões que os separam de seu Deus; seus pecados escondem-lhes o rosto de vocês para que ele não ouça." Isaías 59:2. A malsinada patologia só convalesce com o antídoto da justiça de Cristo imputada no coração, sem o antídoto, a doença prolifera, destarte, não há reconciliação com Deus.

Como é cediço, Deus abomina o pecado, contudo, ama o pecador e necessitava habitar no meio do povo eleito, razão de ordenar a Moisés: "E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles." Êxodo 25:8. Em cumprimento a ordem divina o santuário foi levantado no primeiro dia do mês, uma Lua Nova, e consagrado com os utensílios, Arão e todos os sacerdotes para ministrarem na presença do Senhor, nada contaminado poderia penetrar no santuário sob pena de morte. Nesta senda, diga-se, o santuário, residência de Deus na terra é puro, sagrado e impoluto, tanto os utensílios, como as ofertas, os sacerdotes e o povo comum, obrigado a purificar-se para entrar na presença do Senhor nos Sábados, Luas Novas e Festas fixas, Páscoa, Pentecostes e Tabernáculo.

Contudo, existia uma limitação para os sacerdotes, impedindo-os de comer das coisas consagradas: "Ninguém da descendência de Arão que for leproso ou tiver fluxo comerá das coisas sagradas, até que seja limpo; como também o que tocar alguma coisa imunda por causa de um morto ou aquele com quem se der emissão de sêmen." Levítico 22:4. Quem contraísse imundice, da linhagem de Arão, contaminado por lepra, fluxo de sangue, tocar um morto ou derramamento seminal, era impedido de comer das coisas sagradas e oficiar perante o Altíssimo, sob pena morte.

Em outro momento, o Senhor demarcou limites para o povo se aproximar do santuário, por conta de suas impurezas, máxime o pecado original: "E o Senhor disse a Moisés: Desce, adverte ao povo que não ultrapasse o limite até ao Senhor para vê-lo, a fim de muitos deles não perecerem." Êxodo 19:21. Atento às ordens divinas, Moisés exigiu santificação do povo: "Ser-me-eis santos, porque, eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus." Levítico 20:26. Apresentar-se diante do Senhor impuro configurava irreverência punido de morte literal. De igual modo, apresentar-se diante do Senhor com coração imundo, maculado de pecado, sem arrependimento, confissão e conversão, configura irreverência punido de morte espiritual.

Nesse compasso, o povo conservava-se santificado e purificado, com desiderato de participar dos cultos litúrgicos e das ofertas sem correr o risco de perecer, seguindo as instruções do Senhor passadas a Moisés: "Dize-lhes: Todo homem, que entre as vossas gerações, de toda a vossa descendência, se chegar às coisas sagradas que os filhos de Israel dedicam ao Senhor, tendo sobre si a sua imundícia, aquela alma será eliminada de diante de mim. Eu sou o Senhor.." Levítico 22:3. Como visto, em princípio as proibições foram direcionadas para Arão e seus descendentes, todavia, o Senhor estendeu as mesmas proibições para todo o povo, caso estivesse nas mesmas condições de imundície, sofreria as penalidades impostas: "Porém, se alguma pessoa, tendo sobre si imundícia, comer a carne do sacrifício pacifico, que é do Senhor, será eliminada do seu povo." Levítico 7:20. Nesse diapasão, era permitido qualquer do povo comer do sacrifício da oferta pacífica, quando purificado físico e moralmente, em inteira consagração ou suportava as penalidades da Lei. Caso algum do povo descurasse o dever de purificação e maculasse o santuário, a mão do Senhor caia sobre ele de inopino: "Assim, separareis os filhos de Israel das suas impurezas, para que não morram nelas, ao contaminarem o meu tabernáculo." Levítico 15:31. Os israelitas eram meticulosos na observância desta ordem, afinal, suas vidas dependiam de amorosa obediência.

Assim, descortina-se com mediana clareza, o fato do fluxo de sangue gerar impureza e impedimento de participar das coisas sagradas, em especial a menstruação, neste particular, emerge a orientação divina: "Toda mulher também, quando manar fluxo do seu sangue, por muitos dias fora do tempo da sua menstruação ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que o costumado, todos os dias do fluxo será imunda, como nos dias de sua menstruação." Levítico 15:25. Como se pode notar, a mulher não podia comer da oferta pacífica ou Páscoa em estado de menstruação ou qualquer outro fluxo de sangue, enquanto durasse a impureza.

Com esse enfoque, é de todo recomendável destacar o texto referente a Davi e seus homens, quando fugia de Saul, foi a Nobe e dirigiu-se ao sacerdote Aimeleque, cansado e faminto suplicou por alimento: "Respondendo o sacerdote a Davi, disse-lhe: Não tenho pão comum à mão, há, porém, pão sagrado, se ao menos os teus homens se abstiveram das mulheres. Respondeu Davi ao sacerdote e lhe disse: Sim, como sempre, quando saio à campanha, foram-nos vedadas as mulheres, e os corpos dos homens não estão imundos. Se tal se dá em viagem comum, quanto serão puros hoje! Deu-lhe, pois, o sacerdote o pão sagrado, porquanto não havia ali outro, senão os pães da preposição, que se tiraram de diante do Senhor, quando trocados, no divido, dia, por pão quente." I Samuel 21:4-6. Davi apressou-se em defender a pureza corporal de seus seguidores alegando abstinência sexual, afinal, o derramamento seminal é causa impeditiva de comer as coisas sagradas, por esta razão, os casais cristãos precisam abster-se de contato íntimo na semana de oração antecedente a Ceia, assim como no período da Festa de Cabanas.

À luz dos fundamentos levantados, diga-se, não convém ao cristão potencializar a libido, tornando-se escravo do sexo desrespeitando as horas sagradas. Em verdade, após o ato sexual o casal permanece contaminado até o pôr do sol, portanto, impedido de participar das coisas sagradas, semana de oração, Festas Fixas, jejuns e Santa Ceia, destarte, é dever do cristão abster-se de mulheres, mesmo casado. Toma-se como prisma, o caso de Davi e os seus homens, eram casados, contudo, impedidos de comerem os pães da preposição contaminados com sêmen. Na realidade, Davi não poderia comer o pão da preposição de jeito nenhum, só Arão e seus descendentes estavam autorizados a comê-los: "Em cada Sábado, Arão os porá em ordem perante o Senhor, continuamente, da parte dos filhos de Israel, por aliança perpetua. E serão de Arão e de seus filhos, os quais comerão no lugar santo, porque são coisas santíssimas para eles, das ofertas queimadas ao Senhor, como estatuto perpétuo." Levítico 24:8-9. O pão da preposição, tipificava Cristo, o pão da vida, era santíssimo. Declarou-lhes, pois, Jesus: "Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome, e o que crê em mim jamais terá sede." João 6:35. Como exposto, o pão de Preposição era sagrado, símbolo do Messias, ninguém, exceto Arão e sua prole poderia comê-lo, seguindo as regras de purificação, se porventura contraíssem lepra, fluxo de sangue, derramamento seminal, ou qualquer outra impureza, se tonava impedidos de consumi-lo. No aludido caso de Davi, o sacerdote Aimeleque pagou com a vida por sua negligência permitindo Davi comer do pão da preposição, foi assassinado por Doegue, obedecendo ordens expressa do rei Saul.

Com já devidamente exposto, nas Festas fixas do Senhor o impuro não tomava parte, da mesma forma nos dias santos, consoante ensinamentos extraídos das Escrituras: "Escondeu-se, pois, Davi no campo; e sendo a Festa da Lua nova, pôs-se o rei à mesa para comer. Porém, naquele dia, não disse Saul nada, pois pensava: Aconteceu-lhe alguma coisa, pela qual não está limpo, talvez esteja contaminado. Sucedeu também no outro dia, o segundo da Festa da Lua Nova, que o lugar de Davi continuava desocupado, disse, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Porque não veio comer o filho de Jessé, nem ontem nem hoje." I Samuel 20:24;26-27. Os hebreus encaravam o problema da impureza com seriedade e respeito, cumpriam os ritos de purificação em absoluta reverência.

Neste compasso, aplica-se sem dúvidas, o entendimento de não comer o pão nem beber o vinho, representativo do corpo e do sangue de Cristo na Santa Ceia, com impurezas, quer seja moral, espiritual ou física, caso ignore as coerentes advertências levantadas, sofrerá a consequência de acordo com o pecado cometido, neste sentido, exorta Paulo: "Portanto, quem comer o pão do Senhor ou beber do cálice do Senhor de forma indigna será culpado de profanar o corpo e o sangue do Senhor! Por isso, que a pessoa examine a si mesma e, então, coma o pão e beba o cálice; porque a pessoa que come bebe sem reconhecer o corpo, come e bebe juízo sobre si mesma! Essa é a razão pela qual muitos de vocês estão fracos e doentes, e alguns morreram!" 1 Coríntios 11:27-30. A mão do Senhor pode pesar em medida extrema, ceifando a vida do transgressor, ocasionando a morte espiritual ou literal, depende do tamanho da ofensa.

Por fim, é de se concluir, a Santa Ceia é sagrada, exige preparo, revestimento dos valores cristãos, profunda limpeza moral, espiritual e do corpo para participar do pão (carne) e do vinho (sangue) de Cristo. Desse modo, é recomendável fazer uma semana de oração na semana antecedente à Ceia, pedir perdão, confessar pecados na reunião de comunhão e se reconciliar, oferecendo sacrifício agradável a Deus. Nesta senda, é pertinente jejuar na aludida semana de oração, antes de comer o pão, símbolo do corpo e beber o vinho, símbolo do sangue da nova aliança de Cristo.

Autor: Pr. Walber Rodrigues Belo