O Pacto antes do Sinai
À guisa de introdução, urge pontuar a posição de Paulo acerca da Lei, ao viso dos evangélicos é inaceitável obedecer a Lei de Deus depois da morte de Cristo, todavia, na linha de colisão com a aludida tese o festejado apóstolo exorta: Romanos 7:7, do ponto de vista de Paulo, não é pecado obedecer a Lei de Deus, entrementes vislumbra-se crescente ódio nutrido por denominações religiosas, opondo-se ferozmente a vigência da Lei de Deus.
Nesse viés, se faz necessário investigar o significado da palavra lei. No teor do Tratado de Teologia Adventista, Lei ou Torah, significa ordem, instrução divina. Ainda segundo a supracitada obra, Lei é uma expressão do caráter e santidade de Deus, a lei de Deus faz conhecer a justiça do grande Legislador, a Lei é a revelação da justiça de Deus e base de seu governo celestial, alicerçado no amor: I João 4:8. Assim como Deus é perfeito, é perfeita a sua lei: Salmos 19:7-8. Assim como Deus é justo, todos os seus mandamentos são justiça: Salmos 119:172. Assim como Deus é santo a sua lei é santa: Romanos 7:12. Assim como Deus é eterno, são eternos e imutáveis os princípios da lei: Malaquias 3:6. Hebreus 13:8. A santa Lei de Deus nos faz conhecer a justiça do seu grande legislador: Isaías 51:7. Assim sendo, conclui-se, a santidade da Lei de Deus encontra-se alicerçada em sólidos princípios de amor expondo regras justas disponibilizada a todo pecador, todavia os homens perderam a justiça divina, contaminados pelo pecado original tornaram-se carentes de espiritualidade incapacitados de obedecer a Lei de Deus, embora seja um dever de todo homem: Eclesiastes 12:13. Como cediço, a Santa Lei de Deus foi guardada por Adão e Eva antes do pecado, ambos foram criados revestidos da natureza divina, compatível com a santidade exigida pela lei, o casal edênico era perfeitamente capaz de obedecê-la. Como visto, Adão foi criado dotado da natureza divina de Deus, ou, imagem e semelhança do Criador: Gênesis 1:26-27. Segundo Irineu, o pecador conservou a imagem do Criador, leia-se, inteligência, razão, livre arbítrio, entrementes, a semelhança divina espelhando o caráter, a natureza divina de Deus acobertando Adão e Eva como veste de luz, perdeu-se com advento do malsinado pecado.
Com efeito, Adão e Eva eram puros antes do pecado, revestidos de divina natureza:
O primeiro Adão foi criado um ser puro, inocente, sem uma mancha de pecado sobre si, ele era a imagem de Deus.
SDABC, Vol. 5, pág. 1128 (Carta a Baker, 1895)
Em assim sendo, conversavam com Deus face a face em perfeita harmonia com a Lei. Neste lapso de tempo, Satanás desejou ser adorado assemelhando-se ao Altíssimo, engrandecendo-se. Isaías 14:13-14. O nefasto enganador rebelou-se, opondo-se ao governo de Deus, concebeu o pecado original, por este motivo, houve batalha no céu, vencidos, Satanás e seus anjos foram expulsos e precipitados para Terra: Apocalipse 12:7-8. Satanás pecou, maculando o Santuário celestial, de inopino, seduziu Adão e Eva a infringir o comando proibitivo esculpido pelo Senhor no livro de Gênesis: Gênesis 3:3. Induzindo Adão e Eva ao pecado, Satanás alimentava a gélida esperança de receber as benesses da misericórdia divina, caso Adão e Eva fossem perdoados, ele também seria. Noutro giro, se não fosse beneficiado, poderia exercer seu poder na Terra, escravizando os pecadores, cobrindo a augusta criação divina de sombras ao ser precipitado para cá: Apocalipse 12:9. Adão e Eva cederam ao pecado. Satanás foi expulso do céu, precipitado para Terra, neste inóspito planeta permanecerá até o cumprimento do Plano de Redenção, culminando com a eliminação do pecado, pecadores e Satanás, pelo sacrifício expiatório de Cristo.
Nesse viés, após a queda de Adão, criou-se um abismo entre Deus e o homem motivado pela perda da natureza divina, não lhe foi mais permitido ver a face do Criador sob pena de morte: Gênesis 3:8-10. O imponente casal, Adão e Eva perderam a veste de luz e glória, reflexo da natureza divina da qual foram cobertos, despidos, forjaram cobrir sua nudez com folhas de figueira, segundo esclarecimento da renomada autora:
A veste de luz que os rodeava, agora desapareceu, e sob um senso de culpa e a perda de sua divina cobertura um temor tomou posse dele, e procuraram cobrir suas formas expostas.
WHITE, Ellen Golden. História da Redenção. 11. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 2005. pág. 37
Com a perda da veste divina, leia-se, o Senhor retirou deles sua natureza divina ou cobertura de seu Espírito, como uma veste de luz, com isto, a culpa e o temor tomaram posse do casal, foi imputado o pecado original ou natureza pecaminosa em seus corações, substituindo a natureza divina: Gênesis 3:7. Quando Adão perdeu a natureza divina seus olhos abriram para o mal, os sentimentos mudaram contaminados pela natureza pecaminosa (pecado original) concebida por Satanás quando perverteu seu coração motivado pela autossatisfação, o nobre casal, Adão e Eva perderam a capacidade de obedecer ao Senhor e sua lei por amor, em consequência foram expulsos definitivamente do Éden.
Com esse importe, Adão e sua descendência separaram-se do Senhor automaticamente: Isaías 59:2. A Lei foi quebrada, primeiro no céu por Satanás, depois por Adão e Eva, contudo, a Lei não foi invalidada, continua santa, justa e boa: Romanos 7:12. De outro giro, a humanidade degenerou, caiu em pecado, tornando-se impotente, incapaz de amar e obedecer uma lei santa: Romanos 7:14;16. O homem tornou-se cruel, inclinado ao mal, não era mais santo, justo e bom, o problema não está na lei, foi o homem quem perdeu a justiça e não a Lei, desse modo, o Senhor não tem motivo para excluir sua lei. A degeneração humana anseia por restauração, aguarda Cristo cobri-lo com seu manto de justiça devolvendo o status de Adão antes do pecado, segundo prenota os Testemunhos:
Adão e Eva, ao serem criados, tinham conhecimento da lei de Deus; estavam familiarizados com os reclamos da mesma relativamente a si; seus preceitos estavam escritos em seu coração. Quando o homem caiu pela transgressão, a lei não foi mudada, mas estabelecido um plano que remediasse a situação, trazendo novamente o homem à obediência.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 377
Destarte, o Senhor estabeleceu o Plano de Redenção, cujo desiderato repousa na restauração do homem caído, somente um ser com a mesma substância de Deus poderia realizar imponente obra, emprestando sua justiça reconciliando o homem com Deus: Hebreus 1:3-4. Unicamente Cristo, poderia substituir o pecador na cruz, expiar o pecado concebido pela transgressão da lei e reconciliar o pecador penitente com o Pai trocando a natureza pecaminosa por sua natureza divina, restaurando os descendentes de Adão novamente a semelhança do Criador, habilitando-os a guardarem a Santa Lei de Deus por amor, corrigindo a deficiência humana.
Assim sendo, infere-se, Adão de forma verbal ensinou seus descentes obedecerem aos mandamentos do Senhor, mormente a linhagem de Sete, a qual figurava Noé, este andou com Deus, ou seja, obedeceu aos mandamentos: Gênesis 6:9. Da mesma forma, agiu o Pai Abrão, por este motivo o Senhor prometeu multiplicar sua descendência como as estrelas do céu e cumpriu a promessa: Gênesis 26:5. Com efeito, o supracitado texto comprova os ensinamentos da Lei de Deus oralmente de pai para filho antes do dilúvio e durante a era patriarcal, fato facilmente comprovado em outros textos das Escrituras quando diz: Êxodo 18:20. Os renomados patriarcas aqueciam no coração o cuidado de cumprir a determinação divina, ensinando os mandamentos do Senhor a seus filhos e netos: Deuteronômio 11:19. Nos esclarecedores ensinos de SPICER, William A.
A Lei de Deus existe desde o princípio. Quando Adão pecou, transgrediu esta santa lei; pois pecado é a transgressão da lei. A lei de Deus não tinha sido escrita até o tempo de Moisés, quando o Senhor começou a dar por escrito suas revelações aos filhos dos homens. Desde Adão até Moisés, contudo, os preceitos da lei de Deus estiveram ensinando a justiça e convencendo do pecado.
Nossa Época à Luz da Profecia, pág. 184-185
Destarte, é possível identificar os dez mandamentos vigorando antes do dilúvio e período patriarcal, estende-se de Adão a Moisés, esculpido posteriormente em tábuas de pedra pelo dedo de Deus, codificando a Lei.
Outrossim, diga-se, a lei de Deus era conhecida e obedecida pelos servos do Senhor antes da codificação no Sinai pelo grande Legislador. Dá-se por exemplo os dois primeiros mandamentos encontrados nos relatos de Jacó instruindo sua família afastar-se dos ídolos e adorar unicamente o Criador em Betel. Assim ele recomendou: Gênesis 35:2-3. Toda a família de Jacó e demais seguidores atenderam prontamente a determinação, firmando um conserto sólido com o Senhor, o Soberano do Universo.
A terceira norma mandamental proíbe tomar o santo nome de Deus em vão, este comando normativo vem a lume quando Abraão obriga seu servo jurar pelo Senhor, Deus do céu e da terra, comprometendo-se não tomar esposa Cananeia para seu filho Isaac. O compromisso de Eliézer, de não tomar o nome de Deus em vão era evidência da confiança de Abraão em seu servo fiel. Gênesis 24:3. Com efeito, Eliézer cumpriu copiosamente a ordem do Patriarca.
De igual modo, a obediência ao quarto mandamento encontra-se registrada nos primórdios da criação, quando o próprio Deus descansou após concluir sua obra: Gênesis 2:1-3. E antes de Israel chegar ao Sinai quando o Senhor mandou colher maná no sexto dia em dobro para não transgredir o Sábado, o santo dia do Senhor. No teor da Palavra ministrada pelo Senhor a Moisés, no caminho do Sinai, para receberem a Lei: Êxodo 16:28-30. Israel foi duramente repreendido pela transgressão do dia santo, ao colher maná no Sábado contrariou ordem direta do Senhor. Deveria colher em dobro sexta-feira evitando transgredir o Sábado. Como exposto, este fato aconteceu antes de Israel chegar ao Sinai e receber a lei codificada. Indignado, o Senhor pergunta a Israel: até quando vai recuar guardar o Sábado e a Lei, logo, a lei era obedecida antes do Senhor firmar o pacto com Israel no Sinai.
O quinto comando normativo, exige os filhos honrarem os pais, com a promessa de gozarem longa vida sobra a terra, este mandamento está esculpido na conversa do Senhor com seu servo Abraão acerca da destruição de Sodoma e Gomorra. Com esse enfoque, coube a Abraão ordenar seus filhos e sua casa depois dele, visando guardarem o caminho do Senhor praticando justiça e o juízo: Gênesis 18:19. Abraão ordenou sua casa e seus filhos seguiram suas pegadas, máxime, quanto a manutenção da doutrina e obediência da Lei do Senhor.
O sexto mandamento proíbe matar, temos um exemplo contundente no assassinato de Abel por seu irmão Caim: Gênesis 4:8. Este foi o primeiro homicídio registrado na Bíblia, merecendo a dura reprimenda do Senhor.
O sétimo mandamento, não cometerás adultério, é explicitamente encontrado no caso de Judá, ao recusar casar seu filho mais jovem com Tamar, conforme exigia a lei do levirato, ela engravidou do próprio Judá, acusada de adultério recebeu sentença de morte: Gênesis 38:24. E no caso de José quando recusou os encantos da mulher de Putifar, por amar e obedecer a Lei de Deus, quando disse: , este texto prova de forma contundente a existência do adultério como pecado, José temeu transgredir a Lei, logo, a lei do Senhor era obedecida antes do Sinai. Gênesis 39:9. José temia e obedecia a Deus e sua Lei, aprendeu de Jacó seu Pai, esta é mais uma prova cabal do ensino verbal da Lei, passando de pai para filho, logo, a Lei não foi dada no Sinai, como pacto exclusivo com Israel, como advogam alguns pregadores mal intencionado, os servos do Senhor obedeceram a Lei antes de existir Israel.
O oitavo mandamento, não furtarás, era conhecido e obedecido, dá-se por exemplo, os irmãos de José, quando em sua segunda jornada ao Egito, encontraram o copo de prata e o dinheiro no saco de mantimento de Benjamim. Então, os irmãos de José asseveraram: Gênesis 44:8. Observa-se o temor dos irmãos de José em não pecar contra Deus, furtar é pecado ou quebrar a Lei, eles aprenderam de Abraão amar e obedecer a lei do Senhor.
O nono mandamento da Lei do Criador proíbe o falso testemunho, pecado visualizado quando Jacó engana seu irmão Esaú, subtraindo as bênçãos prometida sustentado pelo engano, ele próprio reconheceu quando disse a sua mãe: Gênesis 27:12. Falso testemunho é pecado, desde a criação até os últimos dias da Terra, quem o praticava carregava o temor de receber maldição do Senhor e enfrentar o dia do juízo.
Por fim, o décimo comando normativo da lei do Senhor, proíbe cobiçar a mulher ou a propriedade do próximo. Com efeito, a Bíblia relata o supracitado mandamento na história ocorrida entre Abraão e Faraó do Egito. Gênesis 12: 17-18. E entre Abraão e Abimeleque rei de Gerar, quando Abraão migrou de Cades para Gerar. Esses dois monarcas cobiçaram e pretendiam tomar a esposa de Abraão, no entanto, o Senhor tomou a causa de seu servo fiel impedindo o quebrantamento da lei: Gênesis 20:9-11. Restou solidamente comprovado, a Lei de Deus era amada e obedecida antes da codificação no Sinai, vislumbra-se os dez mandamentos, zelosamente ensinados oralmente de pai para filho, até o Senhor codificar em duas tábuas de pedra no monte Sinai: Êxodo 31:18. Veja as palavras de Abimeleque, quando disse: , logo infere-se, ele tinha conhecimento da existência de tamanho pecado ou segundo a Bíblia, o quebrantamento da Lei do Senhor, caso ele soubesse do matrimônio entre Sarai e Abraão, jamais teria transgredido a lei do Senhor, cobiçando sua esposa, restou claro, a Lei do Criador não foi um pacto firmado exclusivamente com Israel no Sinai, como alguns alegam, com efeito, era amada e obedecida desde tempos remotos, de geração em geração, muito antes de ser codificada, ou mesmo da existência de Israel, em assim sendo é forçoso descartar tal argumento, não serve de munição para apoiar a transgressão da Lei do Senhor.
A Lei Cerimonial
À guisa de informação, diga-se, existiam diferentes tipos de leis no Antigo Testamento outorgada a Israel, cada lei conservava finalidade peculiar, dá-se por exemplo a Lei dos dez Mandamentos, refletia a justiça do Criador apontando o pecado, as leis civis empunhavam o condão de disciplinar à convivência entre os servos de Deus, as leis dietéticas cuidavam da saúde disciplinando regras salutares de higiene, a lei Cerimonial, por sua vez, cuidava dos ritos, cerimônias e formas de culto, com tipos e sombras apontando o Messias vindouro.
Posto isto, é forçoso pontuar, a lei Cerimonial foi estabelecida após a queda de Adão, onde nossos primeiros pais traziam ofertas e as apresentavam perante o Senhor. Abel externou fé no Salvador prometido sacrificando um animal. Não somente apresentou o sangue derramado do sacrifício, mas também à gordura perante o Senhor, revelando disposição em abandonar o pecado, prefigurado na simbólica queima da gordura: Gênesis 4:4. Nos sacrifícios oferecidos sobe o altar, a gordura era queimada simbolizando eliminação do pecado.
De igual modo, vislumbra-se o comportamento dos antigos Patriarcas erigindo rústicos altares visando oferecer sacrifícios. Com notável propriedade, o festejado pioneiro relata:
Antes de o povo de Deus ir para o Egito, seu culto era simples. Os patriarcas viviam em íntima comunhão com o Senhor. Ele não necessitava de muitas formas ou cerimônias para ensinar-lhes a grande verdade de que o pecado poderia ser expiado somente pela morte dAquele que era imaculado. Necessitavam apenas de um altar rústico e um inocente cordeiro para ligar sua fé no imaculado Cordeiro, o penhor, que levaria a culpa das transgressões (I Pedro 2:24; 3:18). Quando os patriarcas viajavam, erigiam seus altares, ofereciam seus sacrifícios e Deus aproximava-se deles, sempre demonstrando que aceitava suas ofertas enviando fogo do céu para consumir os sacrifícios.
HASKELL, Stephen N. A Cruz e sua Sombra. Ed. Vida Plena, 1997. pág. 29
Segundo ensinamentos das Escrituras, todo o sistema cerimonial (lei Cerimonial) do santuário era realizado aludindo à transgressão da lei moral escrita pelo dedo de Deus. Com efeito, a transgressão da supracitada lei motivou a instituição dos sacrifícios: Levítico 4:2-3. Neste particular, emerge esclarecedores ensinamentos de ANDREASEN em sua renomada obra (O Ritual do Santuário), ao seu viso, à transgressão dos mandamentos do Senhor, tornou necessário o sistema de sacrifícios semelhante a penumbra ou sombra apontando a realidade, Cristo. Leia-se, o pecado, violação da lei de Deus viabilizou o ritual do templo. O pecado era o motivo dos sacrifícios matutinos, vespertinos, do cerimonial do Dia da Expiação, do oferecimento do incenso e dos sacrifícios individuais pelos pecados particulares. O ínclito apóstolo João, em visão acerca do santuário celestial, viu a arca da aliança no céu: Apocalipse 11:19. A lei de Deus tem lugar preeminente, mesmo no céu, onde é chamado o templo do tabernáculo do testemunho, o templo da Lei de Deus:
A cidade mais sagrada do Velho Testamento era a cidade que Deus escolhera como sua morada. O lugar mais sagrado daquela cidade era o templo. O lugar mais sagrado do templo era o santíssimo. O objeto mais sagrado do santíssimo era a arca dentro da qual estavam as tábuas de pedra sobre que Deus escrevera com seu próprio dedo os dez mandamentos, a lei da vida, os oráculos de Deus. Essa lei era o centro em cujo redor girava todo o cerimonial; a base e a razão de todo o ritual. Sem a lei, o ritual do templo não teria significação alguma.
ANDREASEN, M. L. O Ritual do Santuário, 2. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira. pág. 166
Seguindo os iluminados esclarecimentos de Andreasen, a Lei ocupava a parte mais sagrada do Santíssimo com todos os símbolos e ofertas circulando em sua volta, sem a lei, o serviço do santuário perderia seu objeto.
Entrementes, na ótica dos evangélicos, a lei de Deus foi abolida na cruz, pelo simples fato de não acreditarem em diferença de leis, para eles, todas as leis talhadas nas escrituras é lei de Moisés, portanto, foi abolida por Cristo na cruz, salvo, a lei dos dízimos, embora esculpida na lei Cerimonial apontada como cravada na cruz por Cristo, defendem sua vigência com afinco.
Lançando mão de vasto arsenal de textos deturpados, os evangélicos montam trincheiras disparando contra a Lei de Deus, apontando os seguintes versos como munição, na vã tentativa de abolir a Lei: Colossenses 2:14. O outro texto, também da lavra de Paulo, relata: Efésios 2:15. Observa-se claramente, grave perversão dos versos citados e invocados como apoio a tese em comento, segundo a débil interpretação, má fé ou ignorância teológica dos evangélicos, não existe diferença de leis. Contudo, os próprios textos alegados em sua defesa, de forma cristalina contrariam os gélidos argumentos. No teor do texto supracitado, a lei cravada na cruz foi a lei de ordenanças, apontada por Paulo quando diz: , logo, está se referindo a lei Cerimonial. A irmã White, de forma contundente preconiza acerca do tema da seguinte forma.
Muitos há que procuram confundir estes dois sistemas, usando os textos que falam da lei Cerimonial para provar que a lei Moral foi abolida; mas isto é perversão das Escrituras. Ampla e clara é a distinção entre os dois sistemas. O Cerimonial era constituído de símbolos que apontavam para Cristo, para seu sacrifício e sacerdócio. A lei ritual, com seus sacrifícios e ordenanças, devia ser cumprida pelos hebreus até que o tipo encontrasse o antitípico, na morte de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Então cessaria todas as ofertas sacrificais. Foi esta Lei que Cristo 'tirou do meio de nós, cravando-a na cruz' Colossenses 2:14. Mas, com referência à Lei dos Dez Mandamentos, declara o Salmista: Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu. Salmos 119:89.
Conquanto a morte do Salvador pusesse termo à lei dos tipos e sombras, não diminuiu no mínimo a obrigação imposta pela Lei Moral. Ao contrário, o próprio fato de que foi necessário Cristo morrer a fim de expiar a transgressão daquela Lei, prova ser ela imutável.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 380
A disparidade entre as duas leis é abissal, a lei Cerimonial constituída de símbolos e cerimônias apontava o Messias, já a imutável Lei Moral não sofreu qualquer alteração com morte de Cristo. A lei continua santa, justa e boa, o homem sim, precisa de ajustes, anseia Cristo imputar sua natureza divina para restaurar seu depravado coração capacitando-o a amar e obedecer a santa lei de Deus.
Como cediço, o pecado causou separação entre Deus e o homem, o Altíssimo não suporta o pecado original, sendo forçado separar-se da impureza, com esse propósito, o Senhor chamou Moisés e disse: Êxodo 25:8. Os singelos ritos e cerimônias da era patriarcal foram aperfeiçoados, o Senhor habitou no meio do povo enriquecendo-os de instruções acerca das cerimônias e do culto. Após o episódio do bezerro de ouro, a tribo de Levi, única a recusar adorar o bezerro, foi contemplada pelo Criador, escolhida como depositária de sua lei, sacerdotes selecionados oficiaram na presença do Altíssimo nos trabalhos do Tabernáculo, a lei Cerimonial foi finalmente definida disciplinando o serviço sagrado. Nessa mesma esteira, preconiza os Testemunhos.
Mediante o prolongado trato com os idólatras, o povo de Israel misturara com seu culto muitos costumes gentílicos; portanto o Senhor lhes deu no Sinai instruções definidas com relação ao serviço sacrifical. Depois de completar-se o Tabernáculo, Ele se comunicou com Moisés da nuvem da glória em cima do propiciatório, e deu-lhes instruções completas a respeito do sistema das ofertas e das formas de culto a serem mantidas no santuário. A Lei Cerimonial foi assim dada a Moisés, e por ele escrita em um livro. Mas a lei dos Dez Mandamentos, proferida no Sinai, foi escrita pelo próprio Deus em tábuas de pedra, e sagradamente guardada na arca.
WHITE, Ellen Golden. Profetas e Reis. 3. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1981. pág. 379
As sagradas Escrituras ratificam estas axiomáticas verdades aludidas pela serva do Senhor, quanto à existência das duas leis, moral e cerimonial, no primeiro momento as Escrituras abordam a Lei Moral: Êxodo 31:18. O Senhor esculpiu a Lei Moral com seu dedo e ordenou a Moisés colocar na arca: Deuteronômio 10:5. Nesse compasso, aplica-se sem dúvidas os sólidos fundamentos cunhados no Novo Testamento, a Lei Moral dos Dez Mandamentos não foi anulada por Cristo na cruz, muito menos abolida, mas confirmada e aperfeiçoada: Romanos 3:31. O aludido texto rascunha ótima oportunidade de Paulo provar a anulação da Lei, no entanto ele diz o contrário, exalta a Lei moral dos Dez Mandamentos.
Quanto a Lei Cerimonial, assim reza as Escrituras: Deuteronômio 31:9. É forçoso concluir, o Senhor escreveu a Lei Moral e ordenou Moisés coloca-la dentro da arca, no entanto, a Lei Cerimonial foi escrita por Moisés e depositada ao lado da arca, sentiram a diferença: Deuteronômio 31:26. Observa-se, deveras, a existência de Leis distintas empunhando essência e alvos peculiares, uma escrita por Deus revela o pecado, outra, escrita por Moisés apontava o Messias, uma posta dentro da arca, outra ao lado da arca, ademais, nesta última lei, a Lei Cerimonial, apontava tipos e sombras, destarte, os tipos referentes ao primeiro advento de Cristo foram cravados na cruz: Colossenses 2:14. Nesse viés, se faz necessário compreender os fatos, a transgressão da Lei Moral, forçou Deus instituir a lei Cerimonial, cumprindo o Plano de Redenção, apontando para o Messias.
Diante do exposto, é prematuro negar a existência de dois tipos de pecados. Ao cair, Adão contraiu natureza pecaminosa (pecado original), egoísta, auto satisfativa culminando com a transgressão da santa lei de Deus, leia-se, é a natureza pecaminosa, pecado original quem estimula o homem transgredir a Lei Moral, gerando frutos, os pecados. Em assim sendo, a lei cerimonial foi instituída por causa da transgressão dos mandamentos, considerando o pecado a transgressão da lei, recheada de símbolos, tipos, sombras, cerimônias e ofertas apontava futura redenção. A lei Cerimonial, composta de regulamentos, empunhava o condão de ensinar o Plano de Redenção mediante símbolos e práticas de culto apontava os tipos do primeiro e segundo advento. Depois do Êxodo, no Sinai, os regulamentos de culto se ampliaram, foram codificados no livro de Levítico, onde se descreve todo o sistema ritual aperfeiçoado no trabalho do templo, assunto objeto de estudo em outro momento.
A Lei Codificada no Sinai
De fato, o Senhor manifesta sua justiça através da Lei, base do seu governo, em assim sendo, não poderia direciona-la unicamente aos Hebreus. Como já exposto, os Hebreus receberam a Lei codificada porque naquele momento eram o povo de Deus, tiveram a honra de receber a Lei, firmando compromisso de obedecê-la. Deuteronômio 5:27. Desse modo, firmaram concerto solene, como súditos fiéis comprometeram-se aceitar o Deus supremo e autoridade da lei, assim sendo, cumpre lembrar, antes do Sinai, os antepassados dos hebreus haviam firmado aliança com o Senhor, como Adão, Noé, Abrão, Isaac e Jacó, destarte, o Senhor apenas renovou o concerto no Sinai ao codificar sua lei. Os hebreus receberam a lei, tratava-se da grande luz do seu tempo. De igual modo, as fases da igreja do Novo Testamento no livro de Apocalipse, Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Cada uma das sete fases da igreja é vivenciada pelo povo de Deus, no seu respectivo tempo, época e cumprimento profético.
Nesta senda, em cada fase, a Igreja de Deus é protagonista da mensagem específica para seu tempo, destarte, o Senhor concedeu o conhecimento especifico para cada época de acordo com o curso profético. Dá-se, por exemplo, o período de 70 semanas proféticos cedido aos Judeus para se arrependerem e receber o Messias. Segundo relatos do profeta. Daniel 9:24. Vislumbra-se neste período, o povo de Israel assegurando seu status como povo peculiar de Deus, fato ocorrido até o fim desse período profético findando no ano 34 com a morte de Estevão. Atos 7:60. Com a morte de Estevão, os judeus rejeitaram o último chamado ao arrependimento e conversão, daí por diante o Senhor não os reconheceu mais como povo eleito e peculiar.
Após a morte de Cristo, os tipos e sombras referentes ao primeiro advento se cumpriram, no entanto, Israel continuou representando a igreja de Deus até o ano 34 d.C. de acordo com o profeta Daniel. Por este motivo, os apóstolos evangelizaram os judeus até o fim desse período profético, a rejeição do Messias e sua doutrina, forçou os apóstolos priorizarem os gentios. Atos 13:46. A título de informação, diga-se, a fase do judaísmo como igreja de Deus não findou na cruz. Quando Jesus foi crucificado e disse “está consumado”, algo importante aconteceu: Mateus 27:51. Neste evento, o véu do templo se rasgou em dois, rompendo com o sistema Cerimonial com seus tipos e sombras, no entanto, o pacto firmado por Deus com Israel, não findou neste evento, de acordo com a profecia de Daniel, findou somente no ano 34 com a morte de Estevão, neste momento, Israel deixou de ser povo de Deus como nação e os apóstolos deram continuidade como igreja de Deus, pregando aos gentios, iniciando as fases das sete igrejas conforme narrada por João no livro de Apocalipse; o povo foi substituído, mas o dever de obedecer a doutrina e consequentemente a lei de Deus não foi removido. Doravante, a igreja primitiva era composta por quem Atos 2:42. Independentemente de serem judeus ou gentios. Houve a substituição do judaísmo pelo Cristianismo, entrementes a igreja cristã de Jerusalém tornou-se modelo das noviças igrejas instaladas: I Tessalonicensses 2:14, desse modo, a novel igreja continuou guardando, ensinando e obedecendo aos Mandamentos do Senhor. Atos 24:14. Neste texto, Paulo expõe o dever da igreja obedecer a Lei alinhada aos ensinos dos profetas, em plena sintonia com o fruto do Espírito Santo: Atos 5:32. Com certeza o Espirito Santo foi derramado sobre os gentios, receberam a natureza divina de Cristo, habilitando-os a guardar a lei de Deus por amor, haja vista, os judeus tentarem o impossível, obedecer a Lei sustentados por justiça própria, rejeitando o sacrifício expiatório do Messias.
Nesse diapasão, o Senhor entregou sua Lei a Moisés no Monte Sinai ensinando as diretrizes do Plano de Redenção, os tipos e sombras simbolizavam o Messias, eram sacrifícios de animais, incapazes de regenerar a natureza caída do homem: Hebreus 10:1. A Lei Cerimonial composta de tipos e sombras, assim como Moisés, simbolizava Cristo: Atos 3:22. Na mesma esteira da axiomática verdade, se coadunam os ensinos da irmã White:
Por esse fulgor era intuito de Deus impressionar Israel com o caráter sagrado e exaltado de sua Lei, e a glória do evangelho se velado por meio de Cristo... Enquanto Moisés estava no monte, Deus apresentou-lhe não somente as tábuas da lei, mas também o plano de salvação. Ele viu que o sacrifício de Cristo era prefigurado por todos o tipos e símbolos da era judaica; e era a luz celestial que fluía do Calvário, não menos que a glória da lei de Deus, que derramava tal fulgor no rosto de Moisés. Aquela iluminação divina simbolizava a glória da dispensação de que Moisés era o mediador visível, representante do único verdadeiro Intercessor. Moisés era um tipo de Cristo
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 339
Com certeza Moisés conheceu o Plano de Redenção e o significado dos tipos e sombras, quando desceu do monte Sinai seu rosto refletia o resplendor da gloria de Deus simbolizando a restauração da semelhança divina do pecador:
Testifica de que, quanto mais íntima for nossa união com Deus, e mais claro o nosso conhecimento de Seus mandos, tanto mais plenamente nos adaptaremos à divina imagem, e mais facilmente nos tornaremos participantes da natureza divina.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 339
Sem revestimento da natureza divina é impossível obedecer à lei. O Senhor entregou a Lei a Moisés cobrindo o rosto do Patriarca com a glória divina, leia-se, para obedecer à Lei o pecador necessita da natureza divina de Cristo, representada pela glória de Deus iluminando o rosto de Moisés: Êxodo 34:29-30, assim como Deus cobriu o rosto de Moisés refletindo sua glória, a natureza divina de Cristo será imputada no coração do pecador, restituindo a semelhança divina garantindo os meios de suprir a deficiência da natureza humana, modelando o caráter de Cristo. O rosto de Moisés foi iluminado pela glória de Deus, assim com Estevão em seus últimos momentos:
Durante aquele prolongado tempo despendido em comunhão com Deus, a face de Moisés refletia a glória da presença divina; sem o saber seu rosto resplandecia com uma luz deslumbrante quando ele desceu do monte. Tal luz iluminou o rosto de Estevão quando fora levado perante seus juízes; então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo. Atos 6:15. Arão, assim como o povo, recuava de Moisés, e temeram de chegar-se a ele. Vendo sua confusão e terror, mas sem saber a recusa, insistiu com eles para que se aproximassem. Apresentou-lhes a garantia da reconciliação com Deus, e lhes assegurou o restabelecimento de seu favor.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 338
A glória de Deus iluminando o rosto de Moisés e Estevão, simboliza a restauração da natureza divina ao pecador. Somente nessa condição, haverá restabelecimento ao estado antes do pecado, reconciliado com o Criador, garantindo meios necessários para obedecer à Lei, em equidade de santificação.
O terror dos hebreus ao contemplar a glória de Deus no rosto de Moisés, tem motivo, Segundo a profetisa White:
Moisés era um tipo de Cristo. Como intercessor de Israel, velou o rosto, porque o povo não podia resistir ao ver a glória do mesmo; assim Cristo, o Mediador divino, velou Sua divindade na humanidade quando veio à Terra. Se tivesse revestido do resplendor do Céu, não poderia ter obtido acesso aos homens em seu estado pecaminoso. Estes não poderiam suportar a glória de sua presença. Portanto Ele humilhou-se, e foi feito em semelhança da carne do pecado. Romanos 8:3, para que pudesse chegar até a raça decaída e levantá-la.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 339-340
Os hebreus tinham medo de morrer, não podiam contemplar a glória de Deus ou Cristo e viver, motivo do Salvador nascer de mulher, revestir-se de natureza pecaminosa. Única forma de cumprir o Plano de Redenção, pagar o preço do pecado na cruz e levantar a humanidade caída, imputando sua divina natureza, recuperando a semelhança divina perdida por Adão, reconciliando com Deus e garantindo santificação capacitando-o obedecer à Lei. Nesse viés, conclui-se, a lei foi codificada, entregue a Moisés, contudo, é dever de todo homem obedecer, santificado pela justiça de Cristo.
Com efeito, se a Lei foi concedida somente para os Hebreus, como afirmam alguns, então, Cristo deveria morrer somente em benefício dos Hebreus, considerando o concerto firmado com Israel como os tipos e sombras prefigurando o Messias. Ou então, Deus é Deus somente dos Judeus? De acordo com a resposta das Escrituras da lavra de Paulo: Romanos 3:29. De igual modo a Lei não foi promulgada apenas para os judeus, mas, também para os gentios. Por evidente, a Lei foi concedida para todos os homens e não apenas aos judeus: Eclesiastes 12:13. Assim como Cristo morreu em benesse de toda a humanidade. É dever de toda alma beneficiada com a justificação pela fé no Messias, guardar seus mandamentos. Ademais, os verdadeiros descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa, são claramente anunciados nos escritos de Paulo: Gálatas 3:7. Gálatas 3:16. Gálatas 3:29. Estes elucidativos textos, de forma cristalina certificam, o Senhor não deu a Lei apenas aos Hebreus, outorgou a todo homem, assim como o sacrifício de Cristo e promessas de salvação se estende a todos os descendentes de Abraão pela fé em Cristo, logo, todo homem arrependido pode confessar seus pecados a Cristo, tornando-se um descendente de Abraão e herdeiro segundo a promessa.
Enalteça-se por oportuno, a Lei de Deus é à base do juízo vindouro, portanto, a Lei encontra-se direcionada a todas as nações, os homens serão julgados pela Lei: Tiago 2:12. Na mesma linha preconiza a profetisa White:
A lei não fora proferida naquela ocasião exclusivamente para o benefício dos hebreus. Deus os honrou, fazendo deles os guardas e conservadores de sua lei, mas esta devia ser considerada como um depósito sagrado para todo o mundo. Os preceitos do decálogo são adaptados a toda a humanidade, e foram dados para a instrução e governo de todos
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9ª. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 311
Como visto alhures, os Hebreus foram honrados com o recebimento da Lei, porque era a igreja de Deus no momento da codificação no Sinai. Todavia, a obediência a Deus e sua lei, não foi confinada unicamente a Israel, mas, a todo homem temente, arrependido, bastando confessar seus pecados para auferir a justificação pela fé em Cristo.
Noutro giro, é forçoso esclarecer, a lei ostenta peculiar finalidade, fazer o homem conhecer o pecado, Paulo ensina: Romanos 7:7. Lei é tradução de Torah, leia-se, é a instrução do Senhor. Segundo o texto acima esculpido, Paulo relata, ele só tomou conhecimento da cobiça como pecado, porque a lei proíbe cobiçar, caso ele venha a cobiçar, está transgredindo a Lei, logo, está pecando. Nesse viés, conclui-se, a proibição de adorar outros deuses, fabricar e adorar ídolos, tomar o nome de Deus em vãos, transgredir o Sábado, desonrar pai e mãe, matar, adulterar, furtar, dizer falso testemunho e cobiçar não foram direcionados unicamente os hebreus no Sinai em um pacto bilateral, mas para todos os povos em todos os tempos. Já imaginou se Jesus realmente tivesse cravado na cruz a Lei de Deus, se essa pretensão defendida por evangélicos fosse verdadeira, poderíamos transgredir todos estes mandamentos elencados e não seria pecado, simplesmente: Romanos 4:15. O Decálogo era ensinado oralmente de geração em geração pelos descendentes de Adão. Quando firmaram aliança com o Senhor no Sinai, os Mandamentos eram cuidadosamente obedecidos, aprouve ao Senhor codifica-los e entregar a Moisés no Monte Sinai: Êxodo 19:10-11. Por conta da natureza pecaminosa (pecado original), o Senhor exigiu purificação dos israelitas estabelecendo limites, deveriam manter distância sob pena de morte: Êxodo 19:12,15. A natureza pecaminosa herdada de Adão é abominável ao Senhor, motivo do povo contemplar de longe a presença do Altíssimo: Êxodo 20:18. Nestes termos, o Senhor desceu sobre o Monte Sinai sem causar a morte dos hebreus, como se pode notar: Êxodo 20:1-2. O grande Legislador escolheu Moisés, ordenando o festejado líder resgatar os descendentes de Abraão do Egito e conduzi-los a terra prometida para lhe adorar e prestar culto, portanto, é compreensível o fato do Senhor entregar as tábuas da lei para Moisés, o líder de sua igreja na época. Seria esdruxulo, se Deus entregasse os Mandamentos aos cananeus, egípcios, romanos ou qualquer outro povo pagão. Com certeza, causaria estranheza se Jesus entregasse a direção da sua igreja a qualquer pagão e não aos discípulos membros de seu ministério. Observe, o fato do Senhor confiar ao povo hebreu e entregar a Moisés as tábuas da Lei, estava amparado pela Escritura, eram o povo de Deus na época deste evento. Então o Senhor: Êxodo 31:18. Estamos falando da única porção da Bíblia escrita pelo dedo de Deus, a sua Lei: Êxodo 32:16. Em atendimento ao comando divina, Moisés colocou as Tábuas do Testemunhos dentro da arca da Aliança: Deuteronômio 10:5. É forçoso frisar, dos dez Mandamentos esculpidos na Lei, apenas um é questionado e odiado pelos inimigos da verdade, qual seja, o quarto mandamento: Êxodo 20:8-11. Dos dez andamentos, apenas o Sábado exalta a obra da criação e o genuíno arquiteto. Satanás ensinou aos homens odiarem este dia, exceto os fiéis seguidores do grande legislador, mesmo quando Moisés estava no monte Sinai, prestes a receber a Lei codificada pelo próprio Criador, o inimigo das almas estimulou os remissos hebreus, máxime, com a populaça vinda do Egito, se rebelarem adorando uma imagem fundida: Êxodo 32:1,4. A imagem escolhida foi um ídolo egípcio, um bezerro, a escolha foi induzida por Satanás premeditadamente, deitando as raízes da adoração ao primeiro dia da semana (domingo), dia consagrado ao deus Ápis pelos egípcios, cujo símbolo era o bezerro. Os egípcios adoravam esse ídolo, e os israelitas se haviam tornado familiarizado com ele durante sua longa permanência no Egito. Quanto ao deus Ápis e seu significado, se faz necessário destacar: “Àpis, touro adorado pelos antigos egípcios, que o consideravam como um símbolo de Osíris, o deus do Nilo, esposo de Isis, e grande divindade do Egito” (Chamber’s Enciclopédia). Outrossim, a Enciclopédia Britânica, no artigo Ápis, referindo-se aos escritores gregos e inscrições hieroglíficas, endossado pela irmã White, diz:
Àpis, touro adorado pelos antigos egípcios, que o consideravam como um símbolo de Osíris, o deus do Nilo, esposo de Isis, e grande divindade do Egito” (Chamber’s Enciclopédia). Outrossim, a Enciclopédia Britânica, no artigo Ápis, referindo-se aos escritores gregos e às inscrições hieroglíficas, diz: Segundo esta opinião, Ápis era a encarnação de Osíris manifesta sob a forma de um touro.
Visto que Ápis era considerado como a manifestação visível de Osíris, devemos saber qual foi o papel de Osíris, a fim de compreendermos o culto dos israelitas ao bezerro. Novamente citamos a Enciclopédia Britânica: “Todos os mistérios dos egípcios, e toda a sua doutrina do estado futuro, prendem-se a este culto (de Osíris). Osíris identificava-se com o sol... O culto ao sol foi a forma primitiva da religião egípcia talvez mesmo pré-egípcia. Era a Osíris que as orações e as ofertas pelos mortos eram feitas, e todas as inscrições sepulcrais, exceto as do mais antigo período, são diretamente dirigida a ele. O touro Ápis, que tem em egípcio o mesmo nome que o Nilo, Hapi, era adorado em Menfis... Ápis era considerado o emblema vivo de Osíris, e assim tinha conexão com o sol e o Nilo”.
Por estes extratos revela-se que o culto que os israelitas prestaram ao bezerro de ouro era realmente a forma egípcia de culto ao sol, forma esta de idolatria que sempre tem sido preeminente em seu antagonismo ao verdadeiro culto a Deus. É na verdade significativo que exatamente naquele tempo em que Deus se manifestou aos israelitas de uma maneira peculiar, tornou-se-lhe conhecido o seu Sábado, tivessem eles retrogradado ao antigo culto ao sol, cujo principal dia de festa – o primeiro dia da semana – tem sempre disputado a supremacia ao dia que é especialmente o distintivo do culto ao verdadeiro Deus.
Os israelita, em sua adoração ao bezerro de ouro, professavam estar adorando a Deus. Assim, Arão, dando inicio ao culto ao ídolo, proclamou: amanhã será festa ao Senhor (Êxodo 32:5). Eles se propunham a adorar a Deus, como os egípcios adoravam Osíris, na semelhança da imagem. Deus, porém, não poderia aceitar esse culto. Embora oferecido em seu nome, o objetivo real de sua adoração era o deus sol, e não Jeová.
O culto de Ápis era acompanhado da mais grosseira licenciosidade, e o registro das Escrituras indica que a adoração ao bezerro levada a efeito pelos israelitas foi acompanhada por toda a devassidão usual no culto pagão. Lemos: E no dia seguinte madrugaram, e ofereceram holocausto, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se a comer e a beber, depois levantaram-se para folgar. (Êxodo 32:6).
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9.ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 841
A desculpa fomentada pelo Diabo para iludir os hebreus, foi a convocação de um culto ao Senhor, com uma imagem visível, representando a divindade do Senhor, ignorando o Deus invisível habitando no coração.
Ademais, insta frisar, no monte Sinai, o Senhor ensinou Israel honrar e santificar o seu santo dia, o Sábado, enquanto isso, Satanás semeava as sementes do culto ao primeiro dia da semana (domingo), para no futuro mudar os tempos e a Lei. Destarte, impende esclarecer, nos dias atuais o Sábado é questionado e ridicularizado pelos adoradores do bezerro de ouro, prestam culto recheados de licenciosidade, êxtase, secularismo exaltando o dia espúrio do domingo. Com efeito, ainda existem Arãos permitindo formas de cultos semelhantes ao culto ofertado pelos israelitas no episódio do bezerro de ouro, são pastores arrivistas, fala manso, não repreendem os pecados, acobertado pelo falso amor, na verdade é uma satisfação da natureza pecaminosa, com escopo de auferir valores pecuniários, nesse sentido preconiza a serva do Senhor:
Quantas vezes em nossos próprios tempos é o amor aos prazeres disfarçado por uma forma de piedade! Uma religião que permite aos homens, enquanto observam os ritos do culto, entregarem-se à satisfação egoísta ou sensual, é tão agradável às multidões hoje como foi nos dias de Israel. E ainda há Arãos flexíveis, que a mesmo tempo em que mantêm posições de autoridade na igreja, cederão aos desejos dos que não são consagrados, e assim os acoroçoarão ao pecado.
WHITE, Ellen Golden. Patriarcas e Profetas. 9. ed. Ed. Casa Publicadora Brasileira, 1989. pág. 326
Uma igreja é nutrida de acordo com a natureza concebida. A natureza divina gera fecundos frutos de amor, zelo, obediência a Lei de Deus, mormente na guarda o Sábado. A natureza pecaminosa, por seu turno, sacia-se com fétidos frutos de luxúria, riquezas, avareza, shows gospel, entretenimento secular, êxtase e a guarda do domingo, em nítida adoração ao deus Ápis. Pela singela e completa ausência do Espírito de Deus em seus corações.
Diante do exposto, se faz necessário enaltecer a salutar codificação da lei no Sinai, expondo norma de justiça disponível a todo cristão revestido da natureza divina de Cristo habilitado a amar, obedecer, e compreender seu dever como homem fiel e sincero, intitulados servos do Altíssimo.